Saltar para o conteúdo

Crise humanitária ianomâmi em 2022-2023: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Bageense moveu Crise humanitária ianomâmi em 2022-2023 para Genocídio ianomâmi em 2022-2023: Genocídio. Vide a justificativa na PD
Imagem mais ilustrativa.
Etiqueta: Revertida
Linha 1: Linha 1:
[[Imagem:21.01.2023_-_Anúncio_de_ações_emergenciais_para_a_população_Yanomami_(52640432047).jpg|thumb|[[Luiz Inácio Lula da Silva]] durante anúncio de ações emergenciais para a [[ianomâmis|população ianomâmi]] em [[Boa Vista (Roraima)|Boa Vista]], janeiro de 2023]]
[[Imagem:21.01.2023 - Anúncio de ações emergenciais para a população Yanomami (52640941211).jpg|thumb|[[Luiz Inácio Lula da Silva]] durante anúncio de ações emergenciais para a [[ianomâmis|população ianomâmi]] em [[Boa Vista (Roraima)|Boa Vista]], janeiro de 2023]]
[[Imagem:POVO YANOMAMI Presidente Lula visita território indígena que passa por emergência de saúde.webm|thumb|[[Luiz Inácio Lula da Silva]] vistia [[Terra Indígena Yanomami]] durante a [[crise humanitária ianomâmi em 2022-2023]]]]
[[Imagem:POVO YANOMAMI Presidente Lula visita território indígena que passa por emergência de saúde.webm|thumb|[[Luiz Inácio Lula da Silva]] vistia [[Terra Indígena Yanomami]] durante a [[crise humanitária ianomâmi em 2022-2023]]]]



Revisão das 21h24min de 12 de fevereiro de 2023

Luiz Inácio Lula da Silva durante anúncio de ações emergenciais para a população ianomâmi em Boa Vista, janeiro de 2023
Luiz Inácio Lula da Silva vistia Terra Indígena Yanomami durante a crise humanitária ianomâmi em 2022-2023

Durante a presidência de Jair Bolsonaro (2019-2023), uma série de mortes em massa, fome, deslocamentos forçados e outras grandes violações dos direitos humanos dos ianomâmis ocorreram na Terra Indígena Yanomami no Brasil.[1][2][3] Tais eventos teriam começado ou se agravado a partir de 2019 como consequência da exploração desenfreada de recursos naturais por indivíduos e empresas e negligência do governo e têm sido frequentemente considerados um genocídio contra o povo ianomâmi.[4][5][6]

No dia 20 de janeiro de 2023, o Ministério da Saúde declarou estado de emergência em saúde pública no território ianomâmi e instaurou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para auxiliar na gestão da crise.[7]

Contexto

O descaso do governo, a invasão agrícola e as atividades ilegais que afetam a área precedem a criação da reserva ianomâmi em 1992. Os primeiros contatos entre os povos indígenas ianomâmis e os homens brancos ocorreram de forma esparsa entre 1910 e 1940; nas duas décadas seguintes, tais contatos se intensificaram devido às missões religiosas sediadas na região, e as obras de construção de estradas e projetos de mineração conduzidos pela ditadura militar brasileira começaram na área na década de 1970, quando surgiram os primeiros relatos de epidemias, especialmente de gripe, sarampo e a coqueluche surgiu ligada à dizimação de comunidades ianomâmis inteiras.[8]

Depois de vencer a eleição presidencial em 2018 e assumir o cargo com a promessa de afrouxar as políticas ambientais, especialmente na região amazônica brasileira, o então presidente Jair Bolsonaro revogou vários decretos presidenciais que proibiam a mineração ilegal e a extração ilegal de madeira em todo o país e efetivamente desmantelou as agências de proteção ao meio ambiente.[9][10][11]

Em janeiro de 2023, após o fim do governo de Bolsonaro devido à sua derrota nas eleição presidencial em 2022, novos funcionários do governo nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiram o cargo e foram imediatamente informados sobre uma escalada da crise dos ianomâmis.[12] Em 21 de janeiro de 2023, o Ministério da Saúde do Brasil declarou emergência médica no território indígena.[13] No mesmo dia, Lula e altas autoridades do governo, incluindo a ministra da Saúde Nísia Trindade, o ministro da Justiça, Flávio Dino, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, fizeram uma viagem ao território localizado no extremo norte de Roraima para anunciar um pacote de ajuda federal destinado à região e ao povo ianomâmi.[14]

Incidentes

Embora as estimativas de mortes do povo ianomâmi relacionadas à superexploração de recursos naturais sejam muito dispersas e subnotificadas devido à localização remota do território, relatórios do Ministério dos Povos indígenas revelaram que 99 crianças ianomâmi com 5 anos de idade ou menos morreram em 2022, das quais um terço foi devido a pneumonia,[15][16] e de 2019 a 2023, um total de 570 crianças ianomâmis morreram por desnutrição, fome e envenenamento por mercúrio.[17]

Financiamento da mineração ilegal

Em 24 de janeiro de 2023, duas reportagens do jornal O Globo detalharam que o governo Bolsonaro destinou R$ 872 milhões (aproximadamente US$ 171 milhões) do orçamento federal para os serviços da Missão Caiuá, uma opaca organização não governamental evangélica, de 2019 a 2023. De acordo com líderes indígenas no território ianomâmi, a ONG não atua na região desde que começou a receber verbas do governo Bolsonaro, levantando suspeitas de corrupção generalizada.[18] Além disso, as verbas do governo destinadas ao transporte de médicos e enfermeiros para a região durante o governo Bolsonaro teriam sido direcionadas para empresas de transporte pertencentes a garimpeiros ilegais, que desde então também teriam sido avisados sobre batidas e operações policiais horas ou dias antes de ocorrerem.[19]

Referências

  1. «Amazon gold miners invade indigenous village in Brazil after its leader is killed». The Guardian (em inglês). 28 de julho de 2019. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  2. «Yanomami Amazon reserve invaded by 20,000 miners; Bolsonaro fails to act». Mongabay Environmental News (em inglês). 12 de julho de 2019. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  3. Brum, Eliane (24 de junho de 2020). «Mães Yanomami imploram pelos corpos de seus bebês». El País Brasil. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  4. «Debatedores apontam risco de genocídio dos Yanomami - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  5. «Povos indígenas, genocídio e a sequência de omissões do governo Bolsonaro». Consultor Jurídico. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  6. «Evidence of 'genocide' among Brazil's indigenous Yanomami, says minister» (em inglês). Reuters. 23 de janeiro de 2023. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  7. «Ministério da Saúde declara emergência em saúde pública em território Yanomami». Ministério da Saúde. 21 de janeiro de 2023. Consultado em 27 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2023 
  8. http://biblioteca.funai.gov.br/media/pdf/Folheto50/FO-CX-50-3224-2003.PDF
  9. Peres, João PeresMarcos Hermanson PomarTatiana MerlinoJoão; Pomar, Marcos Hermanson; de 2022, Tatiana Merlino18 de Outubro; 9h07. «Em áudio, militares na Funai prometem atropelar Ibama e liberar garimpo em terras indígenas». The Intercept Brasil. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  10. Londoño, Ernesto (2 de janeiro de 2019). «Jair Bolsonaro, on Day 1, Undermines Indigenous Brazilians' Rights» (em inglês). The New York Times. ISSN 0362-4331. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  11. «Brazil to open indigenous reserves to mining without indigenous consent». Mongabay Environmental News (em inglês). 14 de março de 2019. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  12. «Lula e ministros desembarcam em Roraima para dar apoio aos Yanomami». Congresso em Foco. 21 de janeiro de 2023. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  13. «Brazil declares emergency over deaths of Yanomami children from malnutrition» (em inglês). Reuters. 22 de janeiro de 2023. Consultado em 25 de janeiro de 2023 
  14. Amaral, Eduardo Hahon, Luciana. «Lula viaja a Roraima neste sábado (21) para visitar indígenas Yanomami». CNN Brasil. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  15. «Quase 100 crianças do povo Yanomami morreram em 2022». noticias.uol.com.br. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  16. Poder360 (23 de janeiro de 2023). «33% das mortes de crianças yanomamis foram por pneumonia». Poder360. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  17. «Morte, fome e destruição: conflito histórico dos Yanomami contra o garimpo ilegal». TV Cultura. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  18. «Como Bolsonaro gastou os recursos da saúde indígena? ONG evangélica ganhou R$ 872 milhões». O Globo. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  19. «Plano do Ibama para tirar garimpeiros de terra ianomâmi em seis meses não foi aplicado no governo Bolsonaro, diz MPF». O Globo. Consultado em 28 de janeiro de 2023