Fernando Tavares Marques

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Fernando Tavares Marques
Nascimento 29 de Setembro de 1940
Nacionalidade Português
Ocupação Actor de teatro, cinema e televisão, encenador e poeta

Fernando Tavares Marques (29 de Setembro de 1940) é um actor de teatro, cinema e televisão, encenador e poeta português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carreira teatral[editar | editar código-fonte]

Em 1957 começou a trabalhar como actor de teatro num grupo coordenado por Pedro Lemos, no Centro de Aperfeiçoamento Profissional do Sindicato dos Empregados de Escritório.[1] Em 1966 tornou-se membro do grupo de teatro do Clube BP, e em 1977 estava integrado no Teatro de Ensaio do Barreiro.[1] Em 1982 tornou-se parte do Clube de Teatro 1.º Acto, que depois mudou de nome para Intervalo - Grupo de Teatro.[1] Foi como parte desta associação que cumpriu grande parte da sua carreira como actor, tendo alcançado a posição de director geral.[1] Foi intérprete num grande número de peças de teatro de autores de renome internacional, como Ruzante, Bertolt Brecht, Mihura, Roque e Lyra, William Shakespeare, Eugène Labiche, Georges Feydeau, Anton Tchekhov, Federico Garcia Lorca, Henrik Ibsen, Carlo Goldoni, Pierre de Marivaux, Nikolai Gogol, Joel Costa e Carlos Muñiz (es).[1] Actuou em vários festivais de teatro, tanto em Portugal como no estrangeiro, em Cabo Verde, França, Canadá e Suíça.[1]

Em 1997 colaborou com o encenador Armando Caldas na tradução da obra Four Short Plays de Samuel Beckett, para o espectáculo de teatro Evocações... E não só, produzido pelo Intervalo Grupo de Teatro.[2] Em 2008, foi um de vários actores que participou numa cerimónia de homenagem a Armando Caldas, no Teatro da Trindade, em Lisboa.[3] Em 2011, participou como actor e foi o autor da letra na adaptação teatral As Bodas de Fígaro, de Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais.[4] Em 2012 encarnou a personagem de Miguel Torga na peça Torga, baseada na vida do escritor, e que passou no Auditório Municipal Lourdes Norberto, em Linda-a-Velha.[5] A sua interpretação foi considerada pela Rádio Televisão Portuguesa como «uma imagem clara da vida de Torga com pormenores da sua vida como homem, poeta e dramaturgo de eleição».[5] Foi o autor do poema final na peça O diário de uma criada de quarto, baseada no famoso livro do escritor francês Octave Mirbeau, e que foi estreada em Junho de 2013.[6] Também em 2013, participou como intérprete e foi o responsável pela letra da versão teatral do conjunto de duas peças Mais vale rir do que chorar, escritas originalmente por Georges Courteline e Georges Feydeau.[7] Em Julho de 2015 participou na peça As Faces de Pessoa, organizada em Oeiras nas comemorações do 80º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa.[8] Em 2019 fez a direcção-geral da peça Tio Vânia, de Anton Chekhov,[9] e em 2021 do espectáculo de teatro Há Revista em Linda-a-Velha, com encenação de José Domingos Lobo, e que foi organizado no Auditório Municipal Lourdes Norberto, em Linda-a-Velha.[10] Em Maio de 2021 foi um dos oradores num debate sobre cultura popular, na qualidade de director do Grupo de Teatro Intervalo, organizado no âmbito do festival Palco Oeiras 27.[1]

Exerceu igualmente como encenador, principalmente em obras infantis, tendo por exemplo sido responsável pela adaptação da peça Zuca, Truca, Bazaruca e Artur, em Linda-a-Velha.[11] Em 2008 produziu o espectáculo Os Macacos a Correr... E os Meninos a Aprender,[12] e em 2012 O Cavalo que queria ser Artista, na Casa da Cultura da Sertã.[13] Igualmente em 2012, foi o autor e encenador e participou como intérprete na peça infantil A Quinta do Ti Julião.[14] Em 2015 escreveu e encenou a peça A Fabulosa Máquina... Sem Tempo!.[15]

Carreira na televisão e em cinema[editar | editar código-fonte]

Também actuou num grande número de telenovelas, como Todo o tempo do mundo, Ajuste de contas, Ganância, Amanhecer,O último beijo, Saber Amar, Lusitana Paixão, Queridas Feras, O Teu Olhar, Tempo de Viver, Tu e Eu, A Outra, Deixa-me Amar, e em diversas séries de televisão, como Médico de Família, Pequenos e Terríveis, Jornalistas, Capitão Roby, Uma Aventura, Ana e os Sete, Bando dos Quatro, Floribella, e Equador.[1] A sua carreira também se extendeu ao cinema português e estrangeiro, tendo participado no filme nacional Zona J, na produção francesa Lire la Mort, no filme espanhol Sud-Express, e nas curtas metragens Olhó Passarinho e A morte de Tchaikovsky.[1]

Poesia[editar | editar código-fonte]

Destacou-se igualmente como poeta, tendo a sua obra sido classificada pelo investigador Domingos Lobo como tendo, «como afirmação identitária, uma característica fecunda e hoje rara: é genuína», e que «ao contrário das pessoanas derivações, não nos manda, a nós leitores, sentir: o poeta sente e investe no que escreve e, nessa intimidade conjuntiva do sentir, faz de nós cúmplices.».[16] Elogiou igualmente larga escala estética apresentada por Fernando Tavares Rodrigues, afirmando que percorre «vários estilos e influências, diversos modos de abordagem do fenómeno poético.».[16] Apontou como exemplo os poemas Fábula do Passarinho, que recorda tanto as cantigas de escárnio e maldizer como «a poesia satírica de João de Deus», A Natação, com uma estrutura sintática complexa onde o vocábulo Nada se multiplica ao longo do texto, desafiando a sua leitura em voz alta, e Beija-me na Boca, que considerou como um dos melhores exemplos da sátira e tendências humorísticas que marcam a obra do poeta.[16] O seu poema Invenção de Mim sido musicada por Maria João Pires e Carlos do Carmo no disco Argumentos, lançado em 2012.[17] Em Março de 2007, participou numa manifestação em Lsiboa contra a Guerra do Iraque, onde leu vários poemas, tendo na altura questionado «Em nome de que Deus se matam homens, mulheres e crianças, e se crê que o nosso gesto destrutivo irá ficar impune?».[18]

Trabalhos em televisão[editar | editar código-fonte]

Trabalhos em Cinema[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i «Fernando Tavares Marques». Gerador. 26 de Abril de 2021. Consultado em 28 de Abril de 2022 
  2. FADDA, Sebastiana; COELHO, Rui Pina (2006). «Samuel Beckett: Imagens roubadas ao tempo: 1959-2006» (PDF). Sinais de Cena (5). p. 39. Consultado em 27 de Abril de 2022 – via Instituto Politécnico de Lisboa 
  3. Lusa (13 de Março de 2019). «Morreu o actor e encenador Armando Caldas, fundador do Teatro Moderno de Lisboa». Público. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  4. CLARA, 2018:145
  5. a b «Viva Torga pela mão do Grupo de Teatro Intervalo». Rádio Televisão Portuguesa. 9 de Julho de 2012. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  6. «Intervalo Teatro estreia "O diário de uma criada de quarto"». Rádio Televisão Portuguesa. 22 de Maio de 2013. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  7. CLARA, 2018:121
  8. «As Faces de Pessoa» (PDF). Roteiro Cultural Trinta Dias em Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras. Julho de 2015. p. 28. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  9. «Tio Vânia de Anton Chekhov» (PDF). Roteiro Cultural Trinta Dias em Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras. Setembro de 2019. p. 13. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  10. «"Há Revista em Linda-a-Velha" está em cena no Auditório Municipal Lourdes Norberto». New in Oeiras. 29 de Junho de 2021. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  11. «Zuca, Truca, Bazaruca e Artur». Público. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  12. «High School Musical: The Ice Tour». Público. 13 de Dezembro de 2008. Consultado em 28 de Abril de 2022 
  13. «Sertã: "O Cavalo que queria ser Artista" em palco no próximo sábado». Diário Digital Castelo Branco. 24 de Abril de 2012. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  14. CLARA, 2018:124
  15. «Teatro Infantil». Roteiro Cultural Trinta Dias em Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras. Janeiro de 2015. p. 31. Consultado em 27 de Abril de 2022 – via Issuu 
  16. a b c LOBO, Domingos (9 de Julho de 2019). «MA Arte Poética, de Fernando Tavares Marques». A Voz do Operário. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  17. «Maria João Pires e Carlos do Carmo esgrimem «argumentos» em disco conjunto». SAPO Mag. 12 de Novembro de 2012. Consultado em 27 de Abril de 2022 
  18. Lusa (20 de Março de 2007). «Manifestação em Lisboa assinala quatro anos de guerra no Iraque». Público. Consultado em 28 de Abril de 2022 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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