Saltar para o conteúdo

Corpo de Fuzileiros Navais

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Fuzileiros Navais do Brasil)
 Nota: Para as unidades equivalentes de outros países, veja Fuzileiros Navais.
Corpo de Fuzileiros Navais

Brasão Heráldico do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil
País  Brasil
Corporação Marinha do Brasil
Subordinação Forças Armadas do Brasil
Missão Infantaria Naval
Denominação Fuzileiros Navais
Sigla CFN
Criação 1808
Patrono Almirante Sylvio de Camargo
Marcha •Soldados da liberdade
•Na vanguarda
•Canção do regimento naval
Lema ADSUMUS
Cores Vermelho, Branco e Amarelo             
Logística
Efetivo 18.000
Insígnias
Estandarte
Insígnia
Comando
Comandante Almirante de Esquadra (FN) Carlos Chagas Vianna Braga

O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) é a força de infantaria naval integrante da Marinha do Brasil, responsável pelo combate terrestre e especializada em Guerra Anfíbia, além disso encontra-se presente em quase todo o território nacional, tanto no litoral, quanto nas regiões ribeirinhas da Amazônia e no Pantanal, além da Caatinga e outras regiões. Atuando em tempos de paz na segurança das instalações da Marinha, no apoio às forças de segurança e no auxílio a populações carentes através de ações cívico-sociais desenvolvidas regionalmente pelos Distritos Navais. No exterior, zela pela segurança das embaixadas brasileiras na Argélia, Paraguai, Haiti e Bolívia.

Participou de todos os conflitos armados da História do Brasil, externos e internos.

A Brigada Real da Marinha

[editar | editar código-fonte]

Os fuzileiros navais brasileiros têm sua origem em 1808, quando as tropas da Brigada Real da Marinha (o Corpo de Fuzileiros Navais Portugueses) chegaram ao Brasil, então uma colônia portuguesa, quando a rainha Maria I de Portugal e seu filho, o príncipe-regente Dom João (mais tarde Dom João VI, Rei de Portugal) deslocaram-se para o território sul-americano português durante as Guerras Napoleônicas na Europa.

O batismo de fogo: a conquista de Caiena

[editar | editar código-fonte]

Em retaliação à invasão de Portugal, o príncipe-regente Dom João ordenou a invasão da Guiana Francesa, cuja capital, Caiena, foi capturada em 14 de janeiro de 1809.

Ordem Militar da Torre e Espada

[editar | editar código-fonte]

A 6 de março de 1958, o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil foi feito Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal.[1]

Campanhas históricas

[editar | editar código-fonte]

Após a independência do Brasil, a força recebeu muitos nomes e passou por várias reorganizações. Esteve envolvido em várias guerras e campanhas:

Nesta última, o Corpo conquistou destaque tanto na Batalha do Riachuelo quanto na tomada da fortaleza de Humaitá.

Serviço de Manutenção da Paz

[editar | editar código-fonte]
Fuzileiros navais do Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio Grande (GptFNRG) em Rosário do Sul/RS, armados com fuzis FAL.

O CFN tem participado das ações humanitárias promovidas pela ONU. Suas missões de manutenção da paz passaram pela Bósnia (UNMIBH), Honduras, Moçambique (ONUMOZ), Ruanda, Angola (UNAVEM), Timor Leste e no Haiti (MINUSTAH). Os fuzileiros navais também atuaram como observadores militares da ONU em áreas de conflito como El Salvador, Bósnia, Honduras, Moçambique, Ruanda, Peru e Equador. Em Angola, como Força de Paz, participaram da Missão de Verificação das Nações Unidas (UNAVEM-III) com uma Companhia de Fuzileiros Navais (CiaFuzNav) e um Pelotão de Engenharia. De 1997 a 1999, manteve um pelotão de 49 soldados no país.

Os fuzileiros navais também participaram das missões da OEA na República Dominicana durante a guerra civil de 1965 a 1966, como parte da Força Inter-Americana de Paz (FIP); onde formou o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais formou o núcleo do 2º batalhão da brigada latino-americana. Este foi chamado Batalhão Fraternidade, e era formado por hondurenhos, nicaraguenses, costa-riquenhos e paraguaios sob o comando do Capitão-de-Corveta (FN) Paulo Reis.[2] O CFN também participou das missões desminagem da OEA na Colômbia,[3] Suriname e nas fronteiras entre o Peru e Equador (MARMINAS), na América do Sul, e nas fronteiras de El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Guatemala (MARMINCA) na América Central.

O lema do Corpo de Fuzileiros Navais é "ADSUMUS", expressão em latim que, na língua portuguesa, significa "Aqui estamos!". O lema surgiu no ano de 1958, próximo às comemorações do aniversário de 150 anos do CFN, quando o Almirante-de-Esquadra (FN) Leônidas Telles Ribeiro pediu a sua esposa, sra. Violeta Telles Ribeiro, que sugerisse algo apropriado para ser usado. Após o almirante haver saído para uma caminhada, D. Violeta redigiu o seguinte texto:[4]

Fuzileiros navais em treinamento de proteção em resposta a emergências químicas.

Na maioria dos Distritos Navais há um Grupamento de Fuzileiros Navais a ele subordinados.[5] Essas unidades são empregadas em operações de caráter naval, dentre elas: a defesa de instalações navais e portos; operações de segurança interna; e operações de Garantia de Lei e Ordem (GLO).[6]

  • Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, RJ (1º Distrito Naval)
  • Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador, BA (2º Distrito Naval)
  • Grupamento de Fuzileiros Navais de São Paulo, SP (8º Distrito Naval) (Em ativação)

Batalhões de Operações Ribeirinhas

[editar | editar código-fonte]
Brasão do Batalhão de Operações Ribeirinhas
Fuzileiros navais desembarcando na Amazônia durante treinamento.

Os Batalhões de Operações Ribeirinhas (BtlOpRib) são unidades do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil. Atualmente há três destas unidades, atuando na Região Amazônica e no Pantanal. O 1º BtlOpRib está subordinado ao 9.º Distrito Naval da Marinha do Brasil. O 2º BtlOpRib encontra-se subordinado ao 4.º Distrito Naval da Marinha do Brasil. O 3º BtlOpRib encontra-se subordinado ao 6º Distrito Naval da Marinha do Brasil.

Um BtlOpRib é organizado a 1 Companhia de Comando e Serviços (CiaCSv), 3 Companhias de Fuzileiros Navais (CiaFuzNav), e 1 Companhia de Apoio de Combate (CiaApCmb). A CiaCSv integra subunidades de transporte, comunicações, serviços gerais, suprimentos e polícia. As CiaFuzNav integram subunidades de patrulhas e de assalto/desembarque ribeirinho. Na CiaApCmb encontram-se subordinadas subunidades de pioneiros, operações especiais, metralhadoras pesadas (12,7 milímetros) e morteiros (81 milímetros).[7]

Os batalhões de Operações Ribeirinhas são os únicos batalhões fora da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE).

Especializadas em defesa nuclear, radiológica, biológica e química

[editar | editar código-fonte]
Fuzileiros navais em treinamento de guerra química e biológica.

O CFN possui unidades especializadas para prover ações de descontaminação e combate em guerras químicas, biológicas, nucleares e radiológicas e defesa QBRN. São as seguintes:

  • Centro de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (CDefNQBR), Rio de Janeiro, RJ.[8]
  • Companhia de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (CiaDefNQBR), Duque de Caxias, RJ, subordinado ao Batalhão de Engenharia dos Fuzileiros Navais.[8]
  • Batalhão de Defesa Nuclear, Química, Biológica e Radiológica de ARAMAR (BtlDefNQBR-ARAMAR), Iperó, SP, concebido para prover a segurança física das instalações e de realizar ações de controle de emergências da natureza QBRN, potenciais ou reais, na área do Centro Experimental Aramar.[6]
  • Será criado o Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica de Itaguaí (BtlDefNQBR-Itaguaí), Itaguaí, RJ, onde ficará sediado o primeiro submarino de propulsão nuclear da Marinha brasileira.[9]

Banda marcial

[editar | editar código-fonte]
Desfile da BMCFN.

A Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais (BMCFN) é uma tradicional banda pertencente ao CFN, com base na Fortaleza de São José, na Ilha das Cobras.[10] A banda não possui instrumentos convencionais,[11] sendo composta por mor, auxiliar do mor, schellenbaum, baliza, bombos, caixas de guerra, taróis, surdos, quadriton, pratos, liras, gaitas, flautins, trompetes e trombonitos.[12] Seu som ficou famoso pelo uso da gaita de fole, presenteada ao Brasil pela tripulação do navio USS Saint Louis norte-americano, adquirido pela Marinha em 1951 como o Tamandaré. Os que manuseiam esse instrumento recebem manuais da Escócia e Inglaterra.[10]

Entre os eventos dos quais a BMCFN já participou, além do Dia da Pátria, destacam-se a cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos, a inauguração do Monumento de Abertura dos Portos às Nações Amigas, a abertura dos Jogos Mundiais Militares de 2011 e do Velas Sudamérica 2010 e a comemoração dos 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil.[12] No exterior, também participou do 39º Festival Intercéltico de Lorient, na França,[10] da coroação da rainha Elizabeth II, na Inglaterra, das Comemorações Cabralinas, em Portugal,[13] do Royal Edinburgh Military Tattoo, na Escócia,[14] e da abertura do desfile de 14 de julho em Paris, no "Ano do Brasil na França".[10]

Referências

  1. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Corpo de Fuzileiros N. da Marinha do Brasil". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 16 de abril de 2015 
  2. De Meira Mattos, Coronel Carlos; e oficiais do FAIBRÁS (1965). A experiência do FAIBRÁS na República Dominicana. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do IBGE. p. 17-19. 
  3. Moury, Taciana (13 de abril de 2018). «Brazil and Colombia Expand Cooperation for Humanitarian Demining». Diálogo Américas (em inglês). Consultado em 21 de abril de 2023 
  4. «ADSUMUS». Suplemento Especial Tecnologia & Defesa nº 17 
  5. Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais
  6. a b «Entrevista com o AE Leal Ferreira - "Forças Distritais"». Defesa Aérea & Naval. 19 de maio de 2015. Consultado em 10 de setembro de 2016 
  7. "Ancoras&Fuzis", no. .43, ano XI, set 2012, ISSN 2177-7608
  8. a b Olive, Ronaldo (2 de maio de 2015). «Mostra de ativação do Centro de Defesa NQBR dos Fuzileiros Navais». Tecnodefesa. Consultado em 10 de setembro de 2016 
  9. Lopes, Roberto (26 de setembro de 2015). «DOSSIÊ Impacto do Ajuste Fiscal do CFN: Fuzileiros levarão 15 anos (ou mais) para ativar batalhões nas fronteiras com o Paraguai e a Colômbia». Plano Brasil. Consultado em 10 de setembro de 2016. Arquivado do original em 13 de outubro de 2016 
  10. a b c d Barreto, Lane (7 de junho de 2016). «Banda do Corpo de Fuzileiros Navais mantém tradição com gaitas de fole escocesas». Ministério da Defesa. Consultado em 28 de março de 2017 
  11. Nassif, Luís (5 de janeiro de 2012). «A gloriosa Banda dos Fuzileiros Navais em Paris». GGN. Consultado em 28 de março de 2017 
  12. a b Gaertner, Lívia (24 de julho de 2012). «Banda Marcial de Fuzileiros Navais faz apresentação esta noite em Corumbá». Diário Corumbaense. Consultado em 28 de março de 2017 
  13. «Marinha confirma apresentação da Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais em Imperatriz». Jornal O Progresso. 9 de outubro de 2011. Consultado em 28 de março de 2017 
  14. «Banda da Marinha vai participar de festival na Escócia». Época. 15 de junho de 2015. Consultado em 28 de março de 2017 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]