Gerald Thomas (diretor de teatro)

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 Nota: Para o cineasta britânico com o mesmo nome, veja Gerald Thomas (cineasta).
Gerald Thomas
Gerald Thomas (diretor de teatro)
Nome completo Gerald Thomas Sievers
Nascimento 1 de julho de 1954 (69 anos)
Nova Iorque, NY
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Diretor de teatro
Principais trabalhos Eletra com Creta, The flash and crash days

Gerald Thomas Sievers (Nova Iorque, 1º de julho de 1954), mais conhecido como Gerald Thomas, é um autor e diretor de teatro brasileiro com carreira internacional. Seus trabalhos se dividem entre o Brasil, a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Thomas aprofundou a sua vida teatral no La MaMa de Nova Iorque, espaço dedicado a encenações experimentais, adaptando e dirigindo peças dramáticas e a prosa de Samuel Beckett. Trabalhou com Julian Beck e o Living Theatre, inicialmente em Paris, adaptando novas ficções do autor, entre elas, All Strange Away e That Time com o próprio Julian Beck como ator, em sua única atuação como ator fora do Living.

Com polêmicas adaptações em palcos brasileiros, dirigiu atores importantes como Fernanda Montenegro, Antonio Fagundes, Rubens Corrêa, Sérgio Britto, Tônia Carrero, Marco Nanini e Ítalo Rossi.

Suas peças já foram apresentadas em vários países, em teatros como o Lincoln Center em Nova Iorque, o Teatro Estatal de Munique, o Wiener Festwochen de Viena e eventos como o Festival de Taormina. Nos 15 países em que já se apresentou, suas produções foram, muitas vezes, transmitidas em redes nacionais de TV.

Nos anos 1980, além de Samuel Beckett, Gerald Thomas trabalhou com o autor alemão Heiner Müller, encenando suas obras nos Estados Unidos e no Brasil. Também nessa época começou uma parceria com o compositor americano Philip Glass.[2]

Ópera Seca[editar | editar código-fonte]

Em 1985, Thomas idealiza e dá forma à sua Companhia Ópera Seca, em São Paulo. Com a Companhia, Thomas escreveu e dirigiu grandes sucessos, entre eles:

  • Eletra com Creta
  • A Trilogia Kafka
  • Carmem Com Filtro
  • Mattogrosso
  • The Flash and Crash Days
  • A Trilogia da B.E.S.T.A.
  • M.O.R.T.E

Em 2009, Thomas escreveu um manifesto declarando seu "adeus para o teatro". No entanto, em 2010, radicado em Londres, fundou a Cia. London Dry Opera. Throats, escrito e dirigido por ele, teve sua temporada no Teatro Pleasance em Islington de 18 de fevereiro a 27 de março de 2011. Segundo Thomas, o espetáculo era uma tentativa de exteriorizar o que sentiu testemunhando os ataques de 11 de setembro de 2001, quando ajudou no socorro às vítimas no World Trade Center.[3]

Desgostoso com esse trabalho, por acreditar não ter corrido riscos e ter se plagiado, Thomas reformulou totalmente a peça, dando origem a Gargólios, que estreou em São Paulo em julho de 2011. Segundo o autor, "Fiz cenas que nem eu entendo direito por que estão lá, mas que têm o som da verdade".[3] Com a mesma London Dry Opera, encena Gargólios - que faz viagens mundo afora.[4]

Em 2012 - 2013, Thomas publica livros como Nada Prova Nada (editora Record) e seu livro de desenhos e pinturas Arranhando a Superfície (editora Cobogó) e, finalmente volta aos palcos brasileiros com Ney Latorraca, Edi Botelho e a atriz portuguesa Maria de Lima em Entredentes (de sua autoria) no Sesc Consolação em São Paulo.[5][6]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Foi casado com a cineasta Daniela Thomas, e também com a atriz Fernanda Torres.[7]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Polêmicas[editar | editar código-fonte]

Em outubro de 2003, na apresentação de sua montagem Tristão e Isolda no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, diante das vaias do público, Thomas mostra as nádegas e simula um ato de masturbação. Foi acusado de cometer ato obsceno, mas acabou absolvido no Supremo Tribunal Federal. Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes descaracterizou o crime, considerando que o ato "não passou de um protesto grosseiro contra o público".[8]

Em abril de 2013, na divulgação de um dos seus livros, Gerald tentou levantar a saia de Nicole Bahls durante uma entrevista realizada pelo programa Pânico na Band. Os integrantes do programa disseram que tudo não passou de uma brincadeira e criticaram o  “sensacionalismo da imprensa”.[9] Sobre o fato, o diretor disse que "meteu a mão na menina", mas que "tudo termina em panos quentes", como todas as coisas no Brasil, que é um "paisinho de quarto mundo", um "Corsa que quer ser Mercedes". Gerald Thomas também tentou abrir a braguilha da calça de Daniel Zukerman e enfiar a mão no vestido usado por Wellington Muniz, o Ceará, que estava caracterizado como Me come Bahls.[10] No entanto, nenhuma denúncia formal foi realizada.[11] Ainda no evento, o diretor colocou seu pênis para fora, o que também causou polêmica.[12]

Trabalhos[editar | editar código-fonte]

Obra literária[editar | editar código-fonte]

  • Thomas, G. Scratching the surface (Arranhando a superfície), Editora Cobogó (desenhos e ilustrações, 2012)
  • Thomas, G. Nada Prova Nada!, Editora Record (artigos, 2011)
  • Encenador de Si Mesmo, Editora Perspectiva, 1996
  • Flash and Crash Days" em colaboração com o critico David George
  • Cidadão do Mundo - com Edi Botelho. Autobiográfico. (Editora Aplauso)

Referências

  1. Pereira, Danilo Cava (14 de julho de 2022). «Novo trabalho de Gerald Thomas estreia no Sesc Consolação». Sesc São Paulo. Consultado em 7 de abril de 2024 
  2. Pereira, Danilo Cava (14 de julho de 2022). «Novo trabalho de Gerald Thomas estreia no Sesc Consolação». Sesc São Paulo. Consultado em 7 de abril de 2024 
  3. a b «Gerald Thomas destrói peça para fazer "Gargólios"». Folha.com. 9 de julho de 2011. Consultado em 17 de julho de 2011 
  4. «Dramaturgia em dois tempos». Valor Econômico. 4 de abril de 2012. Consultado em 7 de abril de 2024 
  5. «Gerald Thomas – Arranhando a superfície/Scratching the surface». Editora Cobogó. Consultado em 7 de abril de 2024 
  6. Redação, Por (1 de outubro de 2014). «'Entredentes': estreia no Rio peça de Gerald Thomas para Ney Latorraca». Lu Lacerda | iG. Consultado em 7 de abril de 2024 
  7. «natantunes - Gerald Thomas está noivo pela quarta vez: "Não existe namoro, pra mim a gente casa"». amauryjr.blog.bol.uol.com.br. Consultado em 7 de abril de 2024 
  8. «STF absolve Gerald Thomas por exibir nádegas». Portal Terra. 17 de agosto de 2004. Consultado em 19 de junho de 2011 
  9. «Pânico exibe cena polêmica de Gerald Thomas e Nicole Bahls e critica "sensacionalismo da imprensa"». UOL TV e Famosos. Consultado em 3 de novembro de 2022 
  10. «Internautas relatam 'nojo' do dramaturgo Gerald Thomas». Correio do Estado. 13 de abril de 2013. Consultado em 6 de dezembro de 2022 
  11. «A cultura do estupro gritando – e ninguém ouve». Carta Capital. 11 de abril de 2013. Consultado em 11 de abril de 2013 
  12. «Gerald Thomas: 'Mulher não é objeto. Mas não devia se apresentar como tal'». EGO. 12 de abril de 2013. Consultado em 12 de abril de 2013 

Referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  • FERNANDES, Sílvia. "Memória e invenção: Gerald Thomas em cena. São Paulo: Perspectiva, 1996.
  • FERNANDES, Sílvia e Guinsburg, J. "Encenador de si Mesmo: Gerald Thomas" (1996)
  • BORNHEIM, Gerd. In: CARMEM COM FILTRO 2. Direção Gerald Thomas; texto Gerd Bornheim. Rio de Janeiro, 1989. Programa do espetáculo, apresentado em 1989.
  • GEORGE, David "Flash and Crash Days", Taylor & Francis

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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