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Lebá

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Uma representação de Legbà (Eleguá, no vodu cubano, ou Exu no candomblé).

Lebá (em fon,Legbà), Legbá,[1] Elegbá,[1] Elebá, Légua ou Eleguá (em Cuba)[2] é um vodu precursor do bem e do mal. Na mitologia iorubá e no candomblé, o orixá Exu (Èṣù-Ẹlẹ́gbára) é seu equivalente.

É invocado antes de qualquer cerimônia, para garantir a calma e o bom andamento do ritual. É sempre representado em um montinho de terra e com atributos sexuais exorbitantes.[3] Geralmente instalado na entrada da aldeia, afasta todos os maus espíritos. Entre os fons e os eué, Lebá possui um aspecto eminentemente fálico, e seus iniciados, os lebaces (Legbasi), transportam os sacra de Lebá (assentamento), composto de uma complexa parafernália - na qual predominam cabaças e pequenas esculturas fálicas - para onde quer que forem e vestem uma saieta de ráfia tingida de roxo. Carregam ainda um falo esculpido em madeira (ogo), o qual, nas festas públicas, gostam de esfregar no nariz dos turistas. Lebá pode ser encontrado em todos os templos, pois é ele quem abre o caminho para os demais vodus poderem atuar.

O Lebá, guardião dos templos, das aldeias e casas particulares, montado na forma de um montículo de barro de onde sai um enorme falo ereto, é eminentemente uma entidade coletiva (Abô-Lebá), mas se conhece ainda um Lebá feminino (Assi-Lebá ou Lebaionu) que é montado e cultuado para proteger as mulheres e as crianças da comunidade. Mas, segundo os fons, a mulher de Lebá é Auovi (cujo nome significa "filha do engano" e representa os acidentes), representada por uma estatueta de barro de aspecto feminino, sem cabeça e com os olhos no lugar dos seios, e a boca na altura da vagina. Normalmente é maior do que a representação de Lebá. Minona (representação divinizada dos poder mágico atribuído às mulheres) e Aizã são consideradas ora esposas, ora mães de Lebá.

Embora introduza desordem e confusão no plano divino, Lebá também abre caminho para uma nova ordem, mais dinâmica. Para os fons do Benim, Lebá é um desordeiro, que perturba a harmonia e semeia confusão, mas é reverenciado como um transformador e não visto como um mal.[4]

Vevê de Papa Lebá

No vodu haitiano, Papa Lebá é o protetor do mundo espiritual e o mediador entre o homem e os loás, que são os espíritos ou deuses menores. Costuma aparecer como um homem velho, com uma muleta ou uma bengala, vestindo um chapéu de palha de aba larga e fumar um cachimbo, ou aspersão da água. O cachorro é sagrado a ele. Devido à sua posição como guardião do portão entre os mundos da vida e dos mistérios ele é frequentemente identificado como São Pedro, que detém uma posição comparável na tradição Católica. Mas ele também está representado no Haiti, como São Lázaro, ou Santo Antônio o Grande.[5]

Exu, Elegbara e Legba são, entre os povos ioruba e fon-ewe situados na África Ocidental, divindades mensageiras, dinâmicas, temidas e respeitadas, que devem ser saudadas em primeiro lugar para não atrair confusão ou vingança. São deuses tricksters que questionam, invertem ou quebram regras e comportamentos. São associados aos processos de fertilidade e, sob a forma de um falo ereto, cultuados em altares públicos localizados na frente das casas, nos mercados e nas encruzilhadas. Quando seu culto foi “descoberto” pelos europeus iniciou-se um processo no qual essas divindades foram associadas ao imaginário do mal, da desordem e da repressão sexual (ao demônio cristão e muçulmano) e, posteriormente ao mundo pré-moderno (primitivo), ao imaginário das forças antagônicas da modernidade, entre as quais estava, sobretudo, o pensamento mágico presente nas religiões que não passaram pelo processo da secularização ou burocratização.[6][nota 1]

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O nome Lebá foi utilizado no filme Encruzilhada (Crossroads), de 1986, como nome do demônio para quem a personagem Willie Brown vende sua alma para se tornar um grande bluesman. O filme faz analogia à lenda que diz que o conhecido bluesman Robert Johnson havia feito o mesmo. Este também aparece no filme.[7]

Também é citado na terceira temporada da série American Horror Story: Coven, de 2013.

Notas

  1. Este trecho incorpora texto em licença CC-BY-4.0 da obra citada.

Referências

  1. a b Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Academia Brasileira de Letras.
  2. Castro, Yeda Pessoa de (2001). Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras. p. 227 
  3. «Animisme au Bénin. Attributs extérieurs du Vodoun». Consultado em 13 de janeiro de 2007. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2007 
  4. Britannica Online. Legba - Fon mythology
  5. Legba, gede.org (símbolos, incluindo estátua de Legba (Benin)
  6. Silva, Vagner Gonçalves da (19 de agosto de 2019). «Legba no Brasil - Transformações e continuidades de uma divindade». Sociologia & Antropologia: 453–468. ISSN 2238-3875. doi:10.1590/2238-38752019v925. Consultado em 9 de julho de 2021 
  7. Bhesham S. Sharma, Poetic devices in the Songs of Robert Johnson, King of the Delta Blues TRANS - Transcultural Music Review nº 3 (1997).


Ligações externas

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  • Imagens do culto a Legbasi no Benin: [1], [2],[3].