Odontoma

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Os Odontomas são tumores odontogênicos mistos pois são compostos de tecido dentário mineralizado tanto de origem epitelial quanto de origem mesenquimal. Odontoma é o tipo mais comum de tumores odontogênicos. Sua prevalência excede a de todos os outros tumores odontogênicos combinados representando até 70%. Apesar de tradicionalmente enquadrados como tumores odontogênicos (neoplasias), alguns autores os consideram como malformações de desenvolvimento (hamartomas), em que todos os tecidos dentais estão representados e, como tais distúrbios de formação, passíveis de ocorrer sob uma série de fatores. Quando totalmente desenvolvidos, os odontomas consistem principalmente em esmalte e dentina, com quantidades variáveis de polpa e cemento. Nos estágios mais precoces do desenvolvimento, estão presentes quantidades variáveis de epitélio odontogênico em proliferação e mesênquima.

Etiologia[editar | editar código-fonte]

A etiologia mais aceita relaciona-se a traumas, infecção ou pressão no local da formação, causando perturbação no mecanismo genético e controlador do desenvolvimento dentário.

Classificação[editar | editar código-fonte]

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), classificam-se em dois tipos principais: complexo e composto.

Odontomas compostos[editar | editar código-fonte]

Os odontomas compostos são aqueles que se originam de uma proliferação exagerada da lâmina dentária, em que todos os tecidos dentais estão representados de uma maneira organizada, formando numerosos dentes rudimentares ou em miniaturas contidos em uma matriz fibrosa frouxa.

Odontomas complexos[editar | editar código-fonte]

Nos odontomas complexos, por sua vez, os tecidos dentais representados estão desordenados, ou seja, morfologicamente não remetem à forma de dentes.

Características radiográficas[editar | editar código-fonte]

Radiograficamente, os odontomas compostos se caracterizam como um conjunto de estruturas semelhantes aos dentes, de forma e tamanho variáveis, envoltos por uma zona radiolúcida, sendo sua imagem patognomônica constituída de dois ou mais dentículos de pequeno tamanho, o que, muitas vezes, faz com que o diagnóstico dessa lesão seja puramente clínico e radiográfico. O odontoma complexo aparece como um amento de volume calcificado com a radiodensidade da estrutura dentária, que também está cercada por uma delgada margem radiolúcida. Um dente não erupcionado frequentemente se mostra associado ao odontoma, e o odontoma evita a erupção desse dente. Alguns odontomas pequenos podem estar presentes entre as raízes de um dente erupcionado e não estão associados a alterações na erupção. Os achados radiográficos normalmente são diagnósticos e o odontoma composto raramente é confundido com outra lesão. Um odontoma em desenvolvimento pode mostrar pouca evidência de calcificação e aparecer com uma lesão radiolúcida circunscrita. Um odontoma complexo, contudo, pode ser confundido radiograficamente com um osteoma ou alguma outra lesão óssea altamente calcificada.

Características histopatológicas[editar | editar código-fonte]

Esmalte, dentina, cemento e polpa de aparência normal podem ser vistos nestas lesões. Uma proeminente matriz de esmalte são frequentemente observados em estágios anteriores a maturação final dos tecidos duros. A assim denominada ceratinização de células fantasmas, pode ser ocasionalmente vista nas células formadoras de esmalte de alguns odontomas e indica o potencial de caratinização que estas células epiteliais possuem.

As estruturas representeadas por esmalte maduro das estruturas semelhantes a dente se perdem durante a descalcificação para preparação dos cortes microscópicos, mas quantidades variáveis de matriz de esmalte estão frequentemente presentes. O tecido pulpar pode ser observado na coronal e radicular das estruturas semelhantes a dentes. Em pacientes que apresentam um odontoma em desenvolvimento, estruturas que lembram os germes dentários estão presentes.

Os odontomas complexos consistem, em grande parte, de dentina tubular madura. Essa dentina envolve fendas ou estruturas ocas circulares que costumavam conter o esmalte maduro que foi removido durante a descalcificação. Os espaços podem conter quantidades pequenas de matriz de esmalte ou esmalte imaturo. Pequenas ilhas de células fantasmas epiteliais eosinofilicas estão presentes em aproximadamente 20% dos odontomas complexos. Elas podem representar remanescentes do epitélio odontogênico que sofreu ceratinização e morte celular devido à anoxia local. Uma delgada camada de cemento com frequência está presente na periferia do aumento de volume. Ocasionalmente, um cisto dentígero pode surgir do revestimento epitelial da cápsula fibrosa de um odontoma complexo.

Características clínicas[editar | editar código-fonte]

Clinicamente, são detectados mais comumente nas duas primeiras décadas de vida (a idade média no momento do diagnóstico é de 14 anos), não existindo predileção por gênero. A localização mais frequente do odontoma composto é observada na região anterior da maxila, sendo o dente canino o mais envolvido. Apesar dos odontomas compostos e complexos poderem ser encontrados em qualquer sítio, o tipo composto é mais frequentemente observado na maxila anterior; odontomas complexos ocorrem mais na região de molares de qualquer um dos ossos gnáticos. Ocasionalmente, um odontoma pode se desenvolver completamente dentro dos tecidos moles gengivais. A maior parte dos casos de odontoma são assintomáticos e de crescimento lento devido ao seu desenvolvimento auto-limitante, porém, ocasionalmente podem atingir tamanhos consideráveis causando expansão das corticais ósseas. Geralmente, são descobertos em exames radiográficos de rotina, ou quando se investiga o atraso na esfoliação de dentes decíduos ou posição ectópica dos dentes permanentes, estando estes associados à falta de erupção de dentes.

Tratamento[editar | editar código-fonte]

O tratamento para os odontomas é sua total excisão cirúrgica, com prognóstico bastante favorável, sendo raros os casos de recidiva, e a reparação óssea, realizada com certa facilidade. O tratamento deve ser cirúrgico conservador, sendo considerado de fácil remoção devido à facilidade de clivagem. Quando ocorre retenção dentária causada pela lesão, deve-se realizar todo o empenho para preservar o elemento dentário incluso, oferecendo possibilidades para a sua posterior erupção.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  1. Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JE. Patologia oral & maxilofacial. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.