Sérgio Naya
Sérgio Naya | |
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Nome | Sérgio Augusto Naya |
Data de nascimento | 14 de abril de 1942 |
Local de nascimento | Laranjal, MG |
Data de morte | 20 de fevereiro de 2009 (66 anos) |
Local de morte | Ilhéus, BA |
Ocupação | Empresário, Engenheiro e Político |
Crime(s) | Desabamento de Edificação |
Pena | 137 dias |
Situação | falecido |
Motivo(s) | Engenheiro responsável pela construção do Edifício Palace II que desabou no Rio de Janeiro em 1998 |
Assassinatos | |
Vítimas | 150 famílias dentre 9 vítimas fatais (8mortas em decorrência do desabamento e 1 operário morto durante a execução em decorrência de queda) |
Sérgio Augusto Naya (Laranjal, 14 de abril de 1942 — Ilhéus, 20 de fevereiro de 2009) foi um empresário, engenheiro e ex-político brasileiro, tendo sido deputado federal pelo estado de Minas Gerais, filiado ao Partido Progressista (PP). Tornou-se nacionalmente conhecido em função do Caso Palace II.
Sérgio Augusto Naya | |
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Deputado Federal por Minas Gerais | |
Período | 1°- 17 de março de 1987 até 5 de novembro de 1987 2°- 18 de agosto de 1988 até 23 de setembro de 1988 3°- 26 de outubro de 1988 até 31 de maio de 1989 4°- 1° de fevereiro de 1991 até 1° de fevereiro de 1995 5°- 1° de fevereiro de 1995 até 15 de abril de 1998 |
Partido | PMDB (1986-1994) PPB (1995-2003) PP (2003-2009) |
Início da carreira
[editar | editar código-fonte]Terceiro entre nove filhos de uma família de classe média, formou-se engenheiro no final dos anos 1960 em Juiz de Fora e mudou-se para Brasília, onde muitos empresários da construção civil faziam fortunas. Ainda funcionário de construtora na capital federal, aproximou-se do poder pelas mãos do general Golbery do Couto e Silva, que costumava repetir: "Esse menino tem instinto para ganhar dinheiro". No final dos anos 1970, já sócio da construtora Sersan, o governo militar lhe delegou a construção do polêmico "Bolo de Noiva", que levou nove anos para ser concluído. No governo João Figueiredo, associou-se ao empresário Paulo Octávio, à época genro do ministro da Marinha Maximiano da Fonseca, para a construção do hotel St. Paul, onde a Marinha adquiriu 40 dos 272 apartamentos.
Carreira política
[editar | editar código-fonte]Em 1986, tentou uma vaga para a assembleia constituinte pelo PMDB de Minas Gerais, mas obteve apenas a suplência, vindo a assumir a vaga no ano seguinte, devido à cassação de um deputado por excesso de faltas. Seus negócios então prosperaram ainda mais. Em 1989, enquanto seu amigo Leopoldo Bessone, também deputado pelo PMDB mineiro, era ministro da Reforma e Desenvolvimento Agrário, vendeu a esse ministério um prédio de 21 andares, 7 dos quais interditados pelo Corpo de Bombeiros. A compra foi desfeita, mas as parcelas já pagas ainda não haviam sido recuperadas quase 10 anos depois.
Em 1990, concorreu novamente a deputado federal, sendo o mais votado de Minas Gerais. Sua campanha ficou marcada pelo fato dele chegar de helicóptero a pequenos municípios, onde distribuía máquinas de costura e doava transmissores para rádio comunitárias. Nessa época entrou no ramo de comunicações, chegando a possuir cinco autorizações para retransmitir em Minas Gerais a TV Educativa do Rio de Janeiro (onde em pelo menos uma delas veiculou publicidade, o que é ilegal), além de nove rádios AM e FM.
Obteve um terceiro mandato, desta vez pelo PP, o qual não cumpriu até o final, devido á cassação.[1]
Caso Palace II
[editar | editar código-fonte]Tornou-se nacionalmente conhecido depois do desabamento do edifício Palace II, no Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 1998,[2] que provocou a morte de oito pessoas, além de deixar 150 famílias desabrigadas.[3] A construção havia sido interditada pela defesa civil em 1996, quando a obra já estava atrasada, devido à morte de um operário que caíra no fosso de elevador, que apresentara defeito.[1] Inicialmente, Naya tentou culpar os moradores pelo excesso de carga que teria causado o desabamento.[1][3] A Construtora Sersan, empresa em que Naya era o principal acionista, porém não era o engenheiro responsável, construiu o edifício e foi acusada pelo Ministério Público de negligência por supostamente ter usado material de baixa qualidade na construção do prédio. A empresa já havia sido processada quatro vezes antes do desabamento pela má construção, que impediu a obra de receber o habite-se.[1] Segundo Naya: "se areia de praia desse concreto, mesmo de baixa qualidade, não haveria mais praias no Rio de Janeiro, pois não dá liga para o concreto".[4]
Desdobramentos do caso
[editar | editar código-fonte]Depois do incidente com o Palace, Naya foi para os Estados Unidos, mas conseguiu ser localizado algum tempo depois em Miami.[1] Chegou a ficar preso por 137 dias, em duas passagens pela prisão (26 dias na Polinter, no Rio, em 1999, após ser preso em Brasília, pelas denúncias de ser o responsável pelo desabamento[3] e em 2004, em Porto Alegre, por mais quatro meses, quando tentava fugir para Montevidéu[3]),[5] mas em 2005 foi absolvido por cinco votos a zero do processo criminal que o acusava de causar o desabamento. Ficou comprovado que ele não era o engenheiro responsável pela obra, tendo erro de cálculo do projetista. Quanto ao uso de materiais de baixa qualidade, o laudo não foi convincente o suficiente para a condenação.[6] A anulação da condenação ocorreu porque os promotores, ao apelarem da sentença, desrespeitaram o Código Penal, alterando a classificação do crime de doloso (cabível se o prédio tivesse sido construído com o objetivo de cair) para culposo (o crime ocorreu devido à negligência, desatenção ou descaso).[6]
A construtora Sersan havia se comprometido a pagar indenizações às famílias em até 6 meses, o que não ocorreu.[1] Acionado judicialmente, as contas bancárias de Naya foram bloqueadas.[1] Foi condenado a pagar indenizações que variavam de 200 mil a 1,5 milhões de reais a aproximadamente 120 famílias.[3] Para pagá-las, teve seus bens leiloados, mas as execuções judiciais não haviam terminado até o seu falecimento. Sobre a tragédia, Naya declarou que o desabamento foi uma fatalidade e que a associação das vítimas criou uma indústria de danos morais.[3]
Em 2008, Naya foi denunciado por fraude à execução por ocasião da venda de um terreno avaliado em 20 milhões de reais de propriedade da LPS Participações e Empreendimentos, na qual em 2007 a Construtora Sersan era sócia majoritária. Dois dias antes da venda, a Sersan foi substituída por outra empresa, impedindo que o dinheiro da venda fosse usado para satisfazer as execuções judiciais em andamento contra a construtora.[7]
Cassação
[editar | editar código-fonte]Logo após o desabamento, o Jornal Nacional da Rede Globo divulgou vídeo de reunião política em Três Pontas, interior de Minas Gerais, onde o deputado confessa vários crimes, dentre os quais a falsificação da assinatura do então governador, Eduardo Azeredo.[1] Aberto o processo de cassação em março de 1998, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou a cassação no dia 31 do mesmo mês, sendo enfim cassado em plenário em 15 de abril de 1998, por falta de decoro parlamentar, com o placar de 277 votos favoráveis à cassação e 163 contra.[1]
Patrimônio e amizades
[editar | editar código-fonte]À época da tragédia do Palace II, estimava-se que Naya possuía milhares de imóveis no Brasil, Estados Unidos e Espanha, uma dezena de carros de luxo, três jatinhos, empresas de mineração e de turismo, além de seus negócios no ramo de meios de comunicação.[8] Vivia numa cobertura cinematográfica de mil metros quadrados, além de ceder imóveis para que cerca de 40 amigos e políticos vivessem gratuitamente.[8] Costumava presentear parlamentares com relógios caros, esteiras de ginástica e até dinheiro para a campanha. Conforme dizia o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso, "Não sei nada nem a favor nem contra ele. Sei apenas que ele tem boas amizades no Congresso."
Estilo de vida
[editar | editar código-fonte]Quando tornou-se conhecido nacionalmente, aos 55 anos, continuava solteiro, mas sempre visto ao lado de belas mulheres.[8] Considerado um workaholic, dormia 5 horas por dia, estava sempre cercado de seguranças e tinha fama de truculento, chegando a agredir o então deputado federal Agostinho Valente, que o acusara de envolvimento com o narcotráfico.
Outro acontecimento bastante repercutido envolvendo Sérgio Naya foi um vídeo exibido num programa de televisão em que ele diz não querer tomar champagne numa taça de plástico, alegando que seria "coisa de pobre",[9] já que estava em um lugar muito caro e a bebida era sofisticada para se beber em taças de plástico. Isso aconteceu quando ele se encontrava em Miami, durante o Natal. Em protesto, ex-moradores do Palace II que moravam em residências provisórias se reuniram para comemorar o Ano-Novo com taças de plástico.
Nos últimos anos de vida, tinha como renda a pensão de deputado federal.[9] Planejava, contudo, construir um centro de convivência de idosos e um shopping center em Ilhéus,[10] onde tinha boas relações com o prefeito.[10] Frequentava regularmente a missa na cidade e tinha intenções de fixar residência ali.[10] Hipocondríaco,[8] teve três AVCs e sofria de gota.[5]
Naya morreu em 20 de fevereiro de 2009 devido a um infarto agudo do miocárdio.[11]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e f g h i «Ex-deputado federal, Sérgio Naya ficou conhecido após a tragédia do Palace II, no Rio». Extra Online. Globo. Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ Dez anos após desabamento de edifício no Rio, moradores aguardam indenização - site Agência Brasil
- ↑ a b c d e f «Folha Online - Brasil - Corpo de Sérgio Naya deve ser velado e enterrado em Laranjal (MG) - 21/02/2009». Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ «Jornal do Brasil - País - Morre o empresário Sérgio Naya, diz 'Globonews'». Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ a b "Famílias do Palace 2 ainda vivem em hotel", Clarissa Thomé, O Estado de S. Paulo, 17/2/2008, pág. C6
- ↑ a b «Folha Online - Cotidiano - TJ absolve Sérgio Naya e engenheiro por desabamento do Palace 2 - 07/06/2005». Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ «Folha Online - Cotidiano - Procurador denuncia Sérgio Naya por fraude em venda de terreno». 22 de fevereiro de 2008. Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ a b c d «ISTOÉ Independente - informação não encontrada». Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ a b «Ex-deputado federal Naya ficou conhecido após a tragédia do Palace II, no Rio de Janeiro». Extra Online. Consultado em 20 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c «Folha Online - Brasil - Sérgio Naya tinha planos de construir shopping em Ilhéus, diz prefeito - 20/02/2009». Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ «G1 > Política - NOTÍCIAS - Morre em Ilhéus (BA) o empresário e ex-deputado Sérgio Naya». g1.globo.com. Consultado em 20 de fevereiro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Nascidos em 1942
- Mortos em 2009
- Empresários de Minas Gerais
- Deputados federais do Brasil por Minas Gerais
- Alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora
- Membros do Progressistas de Minas Gerais
- Membros do Movimento Democrático Brasileiro (1980)
- Naturais de Laranjal (Minas Gerais)
- Políticos cassados
- Sobreviventes de acidente vascular cerebral
- Mortes por infarto agudo do miocárdio
- Membros do Progressistas