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Sonambulismo magnético

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Menina sonâmbula com uma venda nos olhos

No espiritismo e no mesmerismo, sonambulismo magnético, artificial, provocado ou induzido seria um estado de emancipação da alma[1] provocado pela ação que um magnetizador exerce sobre outra pessoa, por meio do fluido magnético, onde a lucidez da alma é mais desenvolvida, ou seja, ela vê as coisas com mais precisão e nitidez[2]. Nessa condição o corpo agindo sob o impulso da vontade da alma, dá-se a subjugação corporal à alma[3] O esquecimento absoluto no momento do despertar seria um dos sinais característicos do verdadeiro sono mesmérico, porque a independência da alma e do corpo é mais completa do que no sonho.[2]

Mesmo que presente em alguns países, as práticas do magnetismo animal não são reconhecidas como parte da ciência médica e são considerados por muitos médicos como autossugestão, através do processo universal conhecido como resposta de esperança.[4]

O termo sonambulismo magnético é um neologismo francês (somnambulisme + magnetique), que seria uma espécie de sonambulismo, só que, gravitando nos atributos do magnetismo animal[5].

A palavra sonambulismo (do francês somnambulisme) é uma palavra-valise que provém do latim, somnus, "sono" e ambulare, "marchar, passear"[2].

E da palavra "magnético" (do francês magnetique, por sua ligação raiz ao "magnetismo animal"), vem especificamente qualificá-lo como pertencente aos fenômenos magnéticos.

O sono magnético

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Os adeptos da crença no magnetismo animal defendem que o fluido magnético ao agir sobre o sistema nervoso, produz em certas pessoas, denominadas sonambúlicos, um efeito que se comparou ao sono natural, porém difere-se dele em várias perspectivas. A maior dissemelhança consiste em que, neste estado, o pensamento é inteiramente livre, o indivíduo tem perfeito conhecimento de si mesmo e o corpo pode agir como no estado normal, em razão de a causa fisiológica do sono magnético não ser a mesma que a do sono natural. Não obstante, o sono natural é um estado transitório que precede sempre o sono magnético; a transitoriedade de um a outro é um verdadeiro alertar da alma. Daí a razão daqueles que são postos pela primeira vez em sonambulismo artificial respondem quase sempre "não" a esta pergunta: "dormis?" E, realmente denota-se como verdade, eis que veem e pensam livremente, para eles isso não é dormir no sentido primeiro da palavra[3].

Aceitação científica

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Em sua origem, Mesmer ensejava que o magnetismo animal se tornasse uma ciência coadunante com a filosofia e a religião,[7] buscando a melhor compreensão, não apenas do universo tangível, mas também do que chamava de universo energético e fluídico.[8] Fundamentado como doutrina, o mesmerismo com seu conjunto de aforismos é relatado como um dos primeiros movimentos em larga escala a tentar aproximar do mundo acadêmico ocidental os supostos fenômenos paranormais.[9][10]

Esta teoria vitalista atraiu vários seguidores na Europa e Estados Unidos e foi popular no século XIX. Os praticantes eram conhecidos como magnetizadores, em vez de mesmeristas. Por cerca de 75 anos, desde seu início, em 1779, foi uma importante especialidade médica e continuou a ter alguma influência por cerca de mais de 50 anos. Centenas de livros foram escritos sobre o assunto entre 1766 e 1925.[11]

Depois da descoberta do eletromagnetismo por Hans Christian Ørsted , em 1820, Ampère (1827) e a de Faraday (1831), o entendimento da física do magnetismo progrediu rapidamente. Durante o mesmo período, a medicina avança e descobre que os nervos não são controlados por um fluido magnético. Todas estas descobertas vão contra as ideias do magnetismo animal, que incidia na existência do fluido. Finalmente, em 1887, o experimento de Michelson-Morley demonstra, para a surpresa dos cientistas da época que a velocidade da luz é independente do seu ambiente e, portanto, nenhum éter físico é o suporte da luz e do eletromagnetismo.[12] Hoje em dia é quase inteiramente esquecida[11] e desde o fim do século XIX, as pessoas que ainda defendem a teoria do magnetismo animal são, essencialmente curandeiros e adeptos de ciências ocultas.[12]

Em 1841, James Braid se interessou pelo mesmerismo e concluiu que o "sonambulismo magnético" era, na verdade, um estado de sono nervoso induzido por intensa concentração, rejeitando a ideia de transmissão de fluidos. Em 1842, Braid cunhou o termo "hipnotismo" para descrever esse processo. Sua abordagem científica e a introdução de novos termos estabeleceram as bases para o estudo moderno da hipnose.[13][14]

Referências

  1. Rivail, Hippolyte Léon Denizard, Le Livre des Esprits - questão 425, 1857 (em francês)
  2. a b c Jacques, Konrad (28 de setembro de 1980). «Sonambulismo Magnético». bibliadocaminho.com. Consultado em 13 de agosto de 2015 
  3. a b Allan Kardec (2012). Instruções práticas sobre as manifestações espíritas - 8ª edição. [S.l.]: Casa Editora “O Clarim” – 6.000 exemplares. Matão/SP. 160 páginas. (em português) 
  4. «HYPNOSIS AND PLACEBOS: RESPONSE EXPECTANCY AS A MEDIATOR OF SUGGESTION EFFECTS». Anales de Psicología / Annals of Psychology. 15. ISSN 1695-2294 
  5. Dicionário Aurélio (2008). «Sonambulismo». dicionariodoaurelio.com. Consultado em 13 de agosto de 2015 
  6. Folha Espírita (março de 2005). «Sonambulismo». amebrasil.org. Consultado em 13 de agosto de 2015 
  7. Mesmer, Franz Anton, Aphorismes do M. Mesmer, A Paris- 1785
  8. «Dicionário Larousse - Verbete "magnétisme animal. Consultado em 6 de agosto de 2014 
  9. Alvarado, Carlos S.. Fenômenos psíquicos e o problema mente-corpo: notas históricas sobre uma tradição conceitual negligenciada. Rev. psiquiatr. clín. vol.40 no.4 São Paulo 2013.
  10. Crabtree, Adam, Animal magnetism, Early Hypnotism & Psychical research, 1766-1925, an annotated Bibliography, 1988(em inglês)
  11. a b Adam Crabtree Animal Magnetism, Early Hypnotism, and Psychical Research, 1766–1925 – An Annotated Bibliography ISBN 0-527-20006-9
  12. a b (em inglês) Alan Gauld, A History of Hypnotism, Cambridge University Press, 1992, p. 265-266, ISBN 0-521-48329-8
  13. Gauld, Alan (1995). A history of hypnotism 1. paperback ed ed. Cambridge: Cambridge Univ. Press 
  14. «James Braid | Golfer, Hypnotist & Neurophysiologist | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 26 de junho de 2024