Alessandro Volta: diferenças entre revisões

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==Volta e Galvani==
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[[Imagem:VoltaBattery.JPG|miniaturadaimagem|Pilha Elétrica de Alessandro Volta]]
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[[Luigi Galvani]], físico italiano, por volta do ano 1800 descobriu algo que ele denominou eletricidade animal. Ele descreveu em sua obra ''De Viribus Electricitatis in Motu Musculari Commentarius'' <ref>{{Citar web|url=http://fisiologiafmabc.com.br/historia.asp|titulo=Fisiologia FMABC|acessodata=2016-08-06|obra=fisiologiafmabc.com.br}}</ref> diversos experimentos onde estimulava nervos de rãs eletricamente e podia observar sua contração muscular.
Em 1800, como resultado de uma discórdia profissional sobre a resposta galvânica, defendida por [[Luigi Galvani]] (segundo a qual, os metais produziriam electricidade apenas em contato com tecido animal), Volta desenvolveu a primeira pilha eléctrica (comprovando que, para a produção de electricidade, a presença de tecido animal não era necessária), um predecessor da bateria eléctrica.


Volta fez observações no trabalho de Galvani e realizou também experimentos, concluindo que algo como eletricidade animal não existia, ou seja, que as rãs não produziam eletricidade própria. O que ocorria era que os [[Metal|metais]] utilizados na conexão dos nervos e músculos da rã estavam gerando a eletricidade que causava as contrações. Volta percebeu que as contrações nos músculos das rãs ocorriam e continuavam por um tempo enquanto havia um circuito de dois metais heterogêneos. Disto ele concluiu que o princípio de excitação residia nos metais. Concluiu também que a corrente elétrica surgia quando estes metais estavam separados por um meio condutor, como as pernas da rã ou uma solução salina.  De acordo com o físico italiano, o músculo funcionava apenas como um condutor e detector biológico da corrente elétrica.<ref name=":0">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=eCADAAAAMBAJ|titulo=Popular Science|ultimo=Corporation|primeiro=Bonnier|data=1892-05-01|editora=Bonnier Corporation|lingua=en}}</ref>
Volta determinou que os melhores pares de metais dissimilares para a produção de electricidade eram o [[zinco]] e a [[prata]].


Volta descobriu então que uma [[força eletromotriz]] seria gerada quando dois metais [[Heterogêneo|heterogêneos]] eram colocados em contato. Em 1800 Volta idealizou a [[Pilha de Volta|pilha voltaica]], predecessora da [[Pilha|bateria elétrica]], onde ele dispôs diversos discos metálicos empilhados em série, separados por discos de feltro encharcados de solução condutora.<ref name=":1">{{Citar web|url=http://www.cerebromente.org.br/n18/history/stimulation_p.htm|titulo=Sabbatini, R.M.E.: A História da Estimulação Elétrica Cerebral|acessodata=2016-08-06|obra=www.cerebromente.org.br}}</ref>  
Inicialmente, Volta experimentou células individuais em série, cada célula era um cálice de [[vinho]] cheio de salmoura na qual dois eléctrodos dissimilares foram mergulhados. A pilha eléctrica substituiu o cálice com um cartão embebido em salmoura. O número de células, e consequentemente, a [[tensão elétrica|tensão eléctrica]] que poderiam produzir, estava limitado pela pressão exercida pelas células de cima, que espremiam toda a salmoura do cartão da célula de baixo.


Volta determinou que os melhores pares de metais heterogêneos para a produção de electricidade eram o [[zinco]] e o [[cobre]]. Aumentando o numero de discos e separando-os por tais tecidos embebidos em solução condutora, observou ainda que a intensidade obtida era proporcional ao número de pares.<ref name=":0" />
No período de 1800 a 1815, após a invenção da pilha, houve grande evolução da [[eletroquímica]].

Entre o período de 1800 a 1815, após a invenção da pilha, aconteceu uma grande evolução da [[eletroquímica]].

== Física e biologia ==
A [[eletrofisiologia]] surgiu por influência dos estudos sobre [[eletricidade]]. Pelos experimentos de Galvani e Volta foi observado que as contrações musculares eram provocadas por eletricidade, levando cientistas a estudar o fenômeno e suspeitar que a eletricidade fosse importante para o [[sistema nervoso]].

Volta testou seu aparato em diferentes partes de seu corpo, incluindo orelhas e olhos. Quando passou corrente por suas orelhas ele descreveu uma desagradável sensação e um choque no cérebro que o impediu de repetir os experimentos. Ele acreditou que sua descoberta seria particularmente interessante para a [[medicina]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=Oat2xFNDwKQC|titulo=Science and Technology in Medicine: An Illustrated Account Based on Ninety-Nine Landmark Publications from Five Centuries|ultimo=Gedeon|primeiro=Andras|data=2007-12-31|editora=Springer Science & Business Media|isbn=9780387278759|lingua=en}}</ref>

Implantes [[Cóclea|cocleares]] estão disponíveis desde os anos 1980, mas a ideia de usar estímulos elétricos para ativar o sistema auditivo de indivíduos não é tão nova. Em 1800 Volta relatou que a estimulação elétrica com hastes de metal inseridas em seu [[canal auditivo]] criou uma sensação sonora que descreveu como um estrondo no interior da sua cabeça<ref>{{citar web|url=http://www.asha.org/policy/TR2004-00041/|titulo=Cochlear Implants|acessodata=06/08/2016|publicado=American Speech-Language-Hearing Association (ASHA)}}</ref> seguido de um som similar ao “som de ebulição de uma sopa grossa”. Estas observações incentivaram tentativas esporádicas na investigação do fenômeno, ao longo dos 50 anos seguintes, sendo Volta um dos precursores nesta área.<ref>{{Citar web|url=http://biomed.brown.edu/Courses/BI108/BI108_2001_Groups/Cochlear_Implants/history.html|titulo=History of Cochlear Implants|acessodata=2016-08-06|obra=biomed.brown.edu}}</ref>

Volta pode ter realmente ouvido o som de ebulição de uma sopa por causa das bolhas de [[eletrólise]] com a sua [[corrente contínua]] através da [[solução salina]] em seus canais auditivos. Ele também pode realmente ter estimulado o [[Nervo vestibulococlear|nervo auditivo]]. Ele pode ainda ter experimentado audição eletrofônica - um fenômeno sensorial peculiar ao ouvido que na verdade é apenas uma outra via para a estimulação acústica da audição.<ref>{{Citar livro|url=http://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-642-66082-5_10|titulo=Electrical Stimulation of the Ear in Man|ultimo=Simmons|primeiro=F. Blair|data=1976-01-01|editora=Springer Berlin Heidelberg|isbn=9783642660849|editor-sobrenome=Keidel|editor-nome=Wolf D.|series=Handbook of Sensory Physiology|paginas=417–429|lingua=en|editor-sobrenome2=Neff|editor-nome2=William D.}}</ref>

Experimentos envolvendo estímulos elétricos em tecidos humanos utilizando pilhas voltaicas também foram realizados pelo cientista italiano [[Giovanni Aldini]], sobrinho de Galvani, em 1802. Ele aplicava correntes elétricas em cabeças de cadáveres em espetáculos públicos demonstrando que olhos piscavam e arregalavam, as línguas se movimentavam e as expressões faciais se alteravam. Neste caso pensava-se ainda que o cérebro estava sendo estimulado, porém eram apenas os [[Nervo facial|nervos da face]], pois a corrente elétrica não atravessava os ossos do [[crânio]].<ref name=":1" />

A pilha voltaica foi ainda utilizada por outros cientistas, como o médico e fisiologista Luigi Rolando (1773-1831), que estimulou o cérebro humano, concluindo que partes do órgão eram eletricamente estimuláveis, dando inicio e abrindo caminho para a área da [[neurociência]].<ref name=":1" />


==Homenagens póstumas==
==Homenagens póstumas==

Revisão das 00h30min de 7 de agosto de 2016

Alessandro Volta
Alessandro Volta
Conhecido(a) por Invenção da pilha, descoberta do metano, volt
Nascimento 18 de fevereiro de 1745
Como, Ducado de Milão
Morte 5 de março de 1827 (82 anos)
Como, Reino Lombardo-Vêneto
Nacionalidade Itália Italiano
Prêmios Medalha Copley (1794)
Instituições Universidade de Pavia
Campo(s) Física, química

Alessandro Volta (Como, 18 de fevereiro de 1745 — Como, 5 de março de 1827) foi um físico italiano[nota 1], conhecido especialmente pela invenção da pilha elétrica. Mais tarde, viria a receber o título de conde.

Vida pessoal e trabalhos iniciais

Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta nasceu e foi educado em Como, Ducado de Milão, onde se tornou professor de física na Escola Real em 1774. A sua paixão foi sempre o estudo da electricidade, e como um jovem estudante, ele escreve um poema em latim na sua nova fascinante descoberta. De vi attractiva ignis electrici ac phaenomenis inde pendentibus foi o seu primeiro livro científico. Apesar da sua genialidade desde jovem, começou a falar somente aos quatro anos de idade.

Em 1751, com seis anos de idade, foi encaminhado pela família para a escola jesuítica, pois era de interesse familiar que seguisse carreira eclesiástica, porém, em 1759, com quatorze anos decidiu estudar física, e dois anos depois abandonou a escola jesuítica e desistiu da carreira eclesiástica. Em 1775 aprimorou o eletróforo, uma máquina que produz electricidade estática.

Volta é comumente creditado como o inventor dessa máquina que foi de fato inventada três anos antes.[1] [2]

Estudou a química de gases entre 1776 e 1778.

Após ler um ensaio de Benjamin Franklin sobre "ar inflamável" , cuidadosamente procurou-o em Itália. Volta descobriu o metano.

Em Novembro de 1776, Volta encontrou metano no Lago Maior, e em 1778 ele conseguiu isolar o metano.[3]

Em 1779 tornou-se professor de física na Universidade de Pavia, posição que ocupou durante 25 anos.

Em 1794 Volta casa-se com Teresa Peregrini, filha do conde Ludovico Peregrini. O casal teve três filhos.[4]

Em setembro de 1801 Volta viaja a Paris aceitando um convite do imperador Napoleão Bonaparte, para mostrar as características de seu invento (a pilha) no Institut de France. Em honra ao seu trabalho no campo de electricidade, Napoleão nomeou Volta conde em 1810.

Em 1815, o imperador da Áustria'[nota 1] nomeou Volta professor de filosofia na Universidade de Pádua.

Volta está enterrado na cidade de Como, Itália. O "Templo Voltiano" perto do lago de Como é um museu devotado ao trabalho do físico italiano: os seus instrumentos e as publicações originais estão à mostra de todos.

Volta e Galvani

Pilha Elétrica de Alessandro Volta

Luigi Galvani, físico italiano, por volta do ano 1800 descobriu algo que ele denominou eletricidade animal. Ele descreveu em sua obra De Viribus Electricitatis in Motu Musculari Commentarius [5] diversos experimentos onde estimulava nervos de rãs eletricamente e podia observar sua contração muscular.

Volta fez observações no trabalho de Galvani e realizou também experimentos, concluindo que algo como eletricidade animal não existia, ou seja, que as rãs não produziam eletricidade própria. O que ocorria era que os metais utilizados na conexão dos nervos e músculos da rã estavam gerando a eletricidade que causava as contrações. Volta percebeu que as contrações nos músculos das rãs ocorriam e continuavam por um tempo enquanto havia um circuito de dois metais heterogêneos. Disto ele concluiu que o princípio de excitação residia nos metais. Concluiu também que a corrente elétrica surgia quando estes metais estavam separados por um meio condutor, como as pernas da rã ou uma solução salina.  De acordo com o físico italiano, o músculo funcionava apenas como um condutor e detector biológico da corrente elétrica.[6]

Volta descobriu então que uma força eletromotriz seria gerada quando dois metais heterogêneos eram colocados em contato. Em 1800 Volta idealizou a pilha voltaica, predecessora da bateria elétrica, onde ele dispôs diversos discos metálicos empilhados em série, separados por discos de feltro encharcados de solução condutora.[7]  

Volta determinou que os melhores pares de metais heterogêneos para a produção de electricidade eram o zinco e o cobre. Aumentando o numero de discos e separando-os por tais tecidos embebidos em solução condutora, observou ainda que a intensidade obtida era proporcional ao número de pares.[6]

Entre o período de 1800 a 1815, após a invenção da pilha, aconteceu uma grande evolução da eletroquímica.

Física e biologia

A eletrofisiologia surgiu por influência dos estudos sobre eletricidade. Pelos experimentos de Galvani e Volta foi observado que as contrações musculares eram provocadas por eletricidade, levando cientistas a estudar o fenômeno e suspeitar que a eletricidade fosse importante para o sistema nervoso.

Volta testou seu aparato em diferentes partes de seu corpo, incluindo orelhas e olhos. Quando passou corrente por suas orelhas ele descreveu uma desagradável sensação e um choque no cérebro que o impediu de repetir os experimentos. Ele acreditou que sua descoberta seria particularmente interessante para a medicina.[8]

Implantes cocleares estão disponíveis desde os anos 1980, mas a ideia de usar estímulos elétricos para ativar o sistema auditivo de indivíduos não é tão nova. Em 1800 Volta relatou que a estimulação elétrica com hastes de metal inseridas em seu canal auditivo criou uma sensação sonora que descreveu como um estrondo no interior da sua cabeça[9] seguido de um som similar ao “som de ebulição de uma sopa grossa”. Estas observações incentivaram tentativas esporádicas na investigação do fenômeno, ao longo dos 50 anos seguintes, sendo Volta um dos precursores nesta área.[10]

Volta pode ter realmente ouvido o som de ebulição de uma sopa por causa das bolhas de eletrólise com a sua corrente contínua através da solução salina em seus canais auditivos. Ele também pode realmente ter estimulado o nervo auditivo. Ele pode ainda ter experimentado audição eletrofônica - um fenômeno sensorial peculiar ao ouvido que na verdade é apenas uma outra via para a estimulação acústica da audição.[11]

Experimentos envolvendo estímulos elétricos em tecidos humanos utilizando pilhas voltaicas também foram realizados pelo cientista italiano Giovanni Aldini, sobrinho de Galvani, em 1802. Ele aplicava correntes elétricas em cabeças de cadáveres em espetáculos públicos demonstrando que olhos piscavam e arregalavam, as línguas se movimentavam e as expressões faciais se alteravam. Neste caso pensava-se ainda que o cérebro estava sendo estimulado, porém eram apenas os nervos da face, pois a corrente elétrica não atravessava os ossos do crânio.[7]

A pilha voltaica foi ainda utilizada por outros cientistas, como o médico e fisiologista Luigi Rolando (1773-1831), que estimulou o cérebro humano, concluindo que partes do órgão eram eletricamente estimuláveis, dando inicio e abrindo caminho para a área da neurociência.[7]

Homenagens póstumas

Em 1881, uma unidade eléctrica fundamental, o volt, foi nomeada em homenagem a Volta. Volta aparecia nas antigas notas de dez mil liras italianas, hoje fora de circulação. Também em sua homenagem, uma cratera lunar recebeu o seu nome.

Notas

  1. a b Nessa época, as atuais regiões italianas da Lombardia e do Vêneto eram parte do Reino Lombardo-Vêneto, dominado pelo Império Austríaco.

Referências

  1. Pancaldi, Giuliano (2003). Volta, Science and Culture in the Age of Enlightenment. [S.l.]: Princeton Univ. Press. ISBN 0691122261 , p.73-105
  2. Jones, Thomas B. (July 2007). «Electrophorus and accessories». Thomas B. Jones website. Univ. of Rochester. Consultado em 27 de janeiro de 2012  Verifique data em: |data= (ajuda)
  3. «Methane» (em inglês). BookRags. Consultado em 27 de janeiro de 2012 
  4. Munro, John (1902). Pioneers of Electricity; Or, Short Lives of the Great Electricians. London: The Religious Tract Society. pp. 89 – 102 
  5. «Fisiologia FMABC». fisiologiafmabc.com.br. Consultado em 6 de agosto de 2016 
  6. a b Corporation, Bonnier (1 de maio de 1892). Popular Science (em inglês). [S.l.]: Bonnier Corporation 
  7. a b c «Sabbatini, R.M.E.: A História da Estimulação Elétrica Cerebral». www.cerebromente.org.br. Consultado em 6 de agosto de 2016 
  8. Gedeon, Andras (31 de dezembro de 2007). Science and Technology in Medicine: An Illustrated Account Based on Ninety-Nine Landmark Publications from Five Centuries (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 9780387278759 
  9. «Cochlear Implants». American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). Consultado em 6 de agosto de 2016 
  10. «History of Cochlear Implants». biomed.brown.edu. Consultado em 6 de agosto de 2016 
  11. Simmons, F. Blair (1 de janeiro de 1976). Keidel, Wolf D.; Neff, William D., eds. Electrical Stimulation of the Ear in Man. Col: Handbook of Sensory Physiology (em inglês). [S.l.]: Springer Berlin Heidelberg. pp. 417–429. ISBN 9783642660849 

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