Ignácio Rangel: diferenças entre revisões

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'''Ignácio de Mourão Rangel''' ([[Mirador (Maranhão)|Mirador]], [[Maranhão]], [[20 de fevereiro]] de [[1914]] — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[4 de março]] de [[1994]]) foi um economista brasileiro. Ocupou a cadeira nº 26 da [[Academia Maranhense de Letras]]<ref>{{Citar web |url=http://www.guesaerrante.com.br/2009/2/17/Pagina1108.htm |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2010-04-21 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130121231409/http://www.guesaerrante.com.br/2009/2/17/Pagina1108.htm |arquivodata=2013-01-21 |urlmorta=yes }}</ref>.
'''Ignácio de Mourão Rangel''' ([[Mirador (Maranhão)|Mirador]], [[20 de fevereiro]] de [[1914]] — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[4 de março]] de [[1994]]) foi um [[advogado]], [[economista]] e [[escritor]] [[Brasileiros|brasileiro]]. Ocupou a cadeira nº 26 da [[Academia Maranhense de Letras]] (AML).<ref name=":0">{{Citar web |url=http://www.guesaerrante.com.br/2009/2/17/Pagina1108.htm |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2010-04-21 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130121231409/http://www.guesaerrante.com.br/2009/2/17/Pagina1108.htm |arquivodata=2013-01-21 |urlmorta=yes}}</ref>


== Biografia ==
Foi provavelmente o mais original analista do desenvolvimento econômico brasileiro, segundo o economista [[Bresser Pereira]] (professor da USP), Jose Marcio Rego (professor da FGV) e o geógrafo [[Elias Jabbour]] (professor da [[UERJ]]). Apenas [[Celso Furtado]] tem uma contribuição comparável na análise da dinâmica de nossa economia.


=== Primeiros anos e formação ===
Fez Direito na antiga Faculdade de São Luís, seguindo os caminhos de seus bisavô, avô e pai. Mas seguiu carreira na economia, seara em que foi autodidata. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fazia traduções para a agência [[Reuters]] para pagar as contas e garantir a possibilidade de estudos de economia em casa. Seus textos de análise econômica rapidamente ganharam relevância e foi convidado para fazer parte do grupo de assessoramento econômico de [[Getúlio Vargas]], foi um dos redatores dos projetos de criação da [[Petrobras]] e [[Eletrobras]], duas das mais importantes estatais brasileiras, que teriam seu destino atrelado à história do desenvolvimento do país. Em 1953, além de trabalhar intensamente na assessoria de Vargas, Rangel escreve seu primeiro livro, ''A Dualidade Básica da Economia Brasileira'', publicado em 1957.<ref>PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. RÊGO, José Marcio. ''Um Mestre da economia brasileira: Ignácio Rangel.'' Disponível em: http://www.rep.org.br/pdf/50-6.pdf</ref>
Ignácio Rangel nasceu na cidade de [[Mirador (Maranhão)|Mirador]], cidade no interior do [[Maranhão]] em 1914.<ref>{{citar web |url=http://www.interpretesdobrasil.org/sitePage/79.av |titulo=Ignácio Rangel |acessodata=05/05/2020 |publicado=Intérpretes do Brasil}}</ref><ref>{{citar web |url=https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/mirador |titulo=Mirador |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]]}}</ref> Realizou o curso de [[Direito]] na Faculdade de Direito do Maranhão instituição que foi o embrião do curso na atual[[Universidade Federal do Maranhão]] (UFMA).<ref name=":1">{{citar web |ultimo=Martins |primeiro=Charles |url=https://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/noticias/noticia.jsf?id=43151 |titulo=Ignácio Rangel homenageado com o título de Doutor Honoris Causa in memorian |data=27/03/2014 |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Universidade Federal do Maranhão]]}}</ref> A formação foi muito ligada ao contexto em que nasceu: seu pai era um magistrado e seu avô e bisavô também frequentaram as cadeiras do curso de Direito da instituição.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-63512014000100017&lng=en&nrm=iso&tlng=pt |titulo=Ignácio Rangel e a categoria dualidade básica: uma interpretação do Brasil |data=2014 |acessodata=2021-05-06 |jornal=Nova Economia |número=1 |ultimo=Malta |primeiro=Maria Mello de |ultimo2=Malta |primeiro2=Maria Mello de |paginas=17–31 |doi=10.1590/0103-6351/2103 |issn=0103-6351}}</ref><ref name=":2">{{citar web |ultimo=Nogueira |primeiro=Leonardo |url=https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/31/31131/tde-01032018-122231/publico/Corrigida_LeandroNogueira.pdf |titulo=A interpretação de Ignácio Rangel e o Brasil do "milagre" e "antimilagre" econômico |data=08/12/2017 |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Universidade de São Paulo]]}}</ref>


=== Carreira ===
Nos anos 1950, integrou também os quadros do [[Iseb]] (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), órgão vinculado ao [[MEC]] que produzia estudos aprofundados sobre os caminhos do desenvolvimento brasileiro. Ao lado de intelectuais como os sociólogos [[Hélio Jaguaribe]] e [[Cândido Mendes (escritor)|Cândido Mendes]] e o historiador [[Sérgio Buarque de Holanda]], firmou-se como um dos principais analistas da estrutura formativa do Brasil.
Apesar da formação em Direito, seguiu novos rumos em sua carreira. Mudou-se para o [[Rio de Janeiro]], onde passou a trabalhar como tradutor para a agência [[Reuters]] de notícia para quitar as contas e garantir a possibilidade de estudos de [[economia]] em casa - já que fora um autodidata nos estudos econômicos.<ref>{{citar web |ultimo=Júnior |primeiro=Antônio |url=https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5401/5/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Ant%C3%B4nio%20Gon%C3%A7alves%20Rocha%20J%C3%BAnior%20-%202010.pdf |titulo=HISTÓRIA E POLÍTICA EM IGNÁCIO RANGEL |data=2010 |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Universidade Federal de Goiás]]}}</ref><ref name=":3">{{citar web |ultimo=Pereira |primeiro=Luiz |url=http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1892/TD22.pdf?sequence=1&isAllowed=y |titulo=Um mestre da economia brasileira: Ignácio Rangel |data=1992 |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Fundação Getúlio Vargas]]}}</ref> Seus textos de análise econômica rapidamente ganharam relevância e foi convidado para fazer parte do grupo de assessoramento econômico de [[Getúlio Vargas]], foi um dos redatores dos projetos de criação da [[Petrobras]] e [[Eletrobras]], duas das mais importantes estatais brasileiras, que teriam seu destino atrelado à história do desenvolvimento do país.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-31572014000400003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt |titulo=O centenário de Ignácio Rangel |data=2014 |acessodata=2021-05-06 |jornal=Brazilian Journal of Political Economy |número=4 |ultimo=Pereira |primeiro=José Maria Dias |paginas=544–564 |lingua=pt |doi=10.1590/S0101-31572014000400003 |issn=0101-3157}}</ref><ref name=":4">{{citar web |ultimo=Medeiros |primeiro=Rodrigo |url=http://www.intellectus.uerj.br/Textos/Ano4n1/Texto%20de%20Rodrigo%20L.%20Medeiros.pdf |titulo=ASPECTOS DO PENSAMENTO ECONÔMICO DE IGNÁCIO RANGEL |data=2005 |acessodata=05/05/2021 |publicado=Revista Intellectus ([[Universidade Estadual do Rio de Janeiro]])}}</ref> No ano de 1953, além de trabalhar intensamente na assessoria de Vargas, Rangel escreve seu primeiro livro, ''A Dualidade Básica da Economia Brasileira'', publicado em 1957.<ref>{{citar web |ultimo=Nunes |primeiro=Leonardo |url=https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/122438 |titulo=A dualidade básica da economia brasileira: um ensaio sobre o pensamento de Ignácio Rangel |data=2008 |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Universidade Federal de Santa Catarina]]}}</ref>


Na década de 1950, foi um dos quadros que integrou o [[Instituto Superior de Estudos Brasileiros]] (ISEB), órgão vinculado ao [[Ministério da Educação (Brasil)|Ministério da Educação]] (MEC) que produzia estudos aprofundados sobre os caminhos do desenvolvimento brasileiro.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-63512014000100017&lng=en&nrm=iso&tlng=pt |titulo=Ignácio Rangel e a categoria dualidade básica: uma interpretação do Brasil |data=2014 |acessodata=2021-05-06 |jornal=Nova Economia |número=1 |ultimo=Malta |primeiro=Maria Mello de |ultimo2= |primeiro2= |paginas=17–31 |doi=10.1590/0103-6351/2103 |issn=0103-6351}}</ref><ref name=":5">{{citar web |ultimo=Silva |primeiro=Arthur |url=https://rib.ind.br/ignacio-rangel-e-o-bndes-a-beleza-do-desequilibrio/ |titulo=Ignacio Rangel e o BNDES: a beleza do desequilíbrio |data=03/03/2021 |acessodata=05/05/2021 |publicado=A Revolução Industrial Brasileira}}</ref> Ao lado de quadros intelectuais como os sociólogos [[Hélio Jaguaribe]] e [[Cândido Mendes (escritor)|Cândido Mendes]], o historiador [[Sérgio Buarque de Holanda]] e a economista [[Maria da Conceição Tavares]], firmou-se como um dos principais analistas da estrutura formativa do Brasil.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1590/1982-3533.2017v26n3art2 |titulo=O marxismo e outras influências sobre o pensamento de Ignacio Rangel |data=2017-12 |acessodata=2021-05-06 |jornal=Economia e Sociedade |número=3 |ultimo=Jabbour |primeiro=Elias |paginas=561–583 |doi=10.1590/1982-3533.2017v26n3art2 |issn=1982-3533}}</ref><ref name=":2" /><ref name=":4" />
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Foi convidado para realizar uma pesquisa a cargo da [[Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe]] (CEPAL), órgão das [[Organização das Nações Unidas]] (ONU) instalado em [[Santiago (Chile)|Santiago]], capital do [[Chile]].<ref name=":4" /><ref>{{Citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://www.cepal.org/pt-br/publicacoes/tipo/sede-cepal-santiago-estudios-pesquisas |titulo=Sede de la CEPAL en Santiago (Estudios e Investigaciones) |acessodata=2021-05-06 |website=[[Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe]] |publicado=[[ONU]] |lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web |ultimo=Freitas |primeiro=Eduardo |url=https://brasilescola.uol.com.br/geografia/chile-1.htm |titulo=Chile - Aspectos gerais do Chile |acessodata=2021-05-06 |website=Brasil Escola |publicado=[[UOL]] |lingua=pt-br}}</ref> No retorno do Chile, Rangel ingressa no [[BNDE]] (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social, que na época ainda não possuía o "S" no nome) onde chega a chefe de Departamento Econômico.<ref name=":5" /><ref name=":6">{{citar web |ultimo=Jabbour |primeiro=Elias |url=https://vermelho.org.br/prosa-poesia-arte/elias-jabbour-por-que-estudar-ignacio-rangel/ |titulo=Elias Jabbour: Por que estudar Ignacio Rangel |data=05/03/2019 |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Vermelho (portal)|Vermelho]]}}</ref>

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Dado seu trabalho e contribuições, ocupou a cadeira de número 26 da [[Academia Maranhense de Letras]] (AML).<ref name=":0" />

== Morte ==
Ignácio morreu na madrugada de 4 de março de 1994, aos 80 anos no Hospital Pró-Cardíaco do Rio, no Rio de Janeiro vitimado por problemas cardíacos.<ref name=":7">{{citar web |url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/3/05/dinheiro/13.html |titulo=Economista Ignacio Rangel morre no Rio |data=5 de março de 1994 |acessodata=05/05/2021 |publicado=[[Folha de S. Paulo]]}}</ref> Foi enterrado no dia seguinte no [[Cemitério de São João Batista (Rio de Janeiro)|Cemitério de São João Batista]], localizado no bairro de [[Botafogo]].<ref name=":7" />

== Legado ==
Foi provavelmente o mais original analista do desenvolvimento econômico brasileiro, segundo o economista [[Bresser Pereira]] (professor da [[Universidade de São Paulo]]), [[José Marcio Rego|Jose Marcio Rego]] (professor da [[Fundação Getulio Vargas]]) e o geógrafo [[Elias Jabbour]] (professor da [[Fundação Getulio Vargas]]).<ref name=":3" /><ref name=":6" /><ref>{{Citar web |url=http://www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=253 |titulo=Um mestre da economia brasileira: Ignácio Rangel |acessodata=2021-05-06 |website=Bresser-Pereira |lingua=en}}</ref>

No ano de 2014, recebeu o póstumo título de [[Doutor Honoris Causa]] da Universidade Federal de Maranhão.<ref name=":1" /> O título foi concedido pelo então reitor da universidade Natalino Salgado usando a frase "saiu da vida para entrar para história".<ref name=":1" /><ref>{{Citar web |ultimo=Filho |primeiro=Natalino |url=http://imirante.com/oestadoma/noticias/2014/03/23/um-reconhecimento-merecido.shtml |titulo=Um reconhecimento merecido |data=23/03/2014 |acessodata=2021-05-06 |website=Jornal O Estado do Maranhão |lingua=pt-BR}}</ref>
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== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
* [http://raimundopalhano.blogspot.com/2007/05/ignacio-rangel-um-decifrador-do-brasil.html Inacio Rangel - um decifrador do Brasil]
* [http://raimundopalhano.blogspot.com/2007/05/ignacio-rangel-um-decifrador-do-brasil.html Inacio Rangel - um decifrador do Brasil]
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Revisão das 01h36min de 6 de maio de 2021

Ignácio Rangel
Nome completo Ignácio de Mourão Rangel
Nascimento 20 de fevereiro de 1914
Mirador
Morte 4 de março de 1994 (80 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Ocupação economista

Ignácio de Mourão Rangel (Mirador, 20 de fevereiro de 1914Rio de Janeiro, 4 de março de 1994) foi um advogado, economista e escritor brasileiro. Ocupou a cadeira nº 26 da Academia Maranhense de Letras (AML).[1]

Biografia

Primeiros anos e formação

Ignácio Rangel nasceu na cidade de Mirador, cidade no interior do Maranhão em 1914.[2][3] Realizou o curso de Direito na Faculdade de Direito do Maranhão instituição que foi o embrião do curso na atualUniversidade Federal do Maranhão (UFMA).[4] A formação foi muito ligada ao contexto em que nasceu: seu pai era um magistrado e seu avô e bisavô também frequentaram as cadeiras do curso de Direito da instituição.[5][6]

Carreira

Apesar da formação em Direito, seguiu novos rumos em sua carreira. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar como tradutor para a agência Reuters de notícia para quitar as contas e garantir a possibilidade de estudos de economia em casa - já que fora um autodidata nos estudos econômicos.[7][8] Seus textos de análise econômica rapidamente ganharam relevância e foi convidado para fazer parte do grupo de assessoramento econômico de Getúlio Vargas, foi um dos redatores dos projetos de criação da Petrobras e Eletrobras, duas das mais importantes estatais brasileiras, que teriam seu destino atrelado à história do desenvolvimento do país.[9][10] No ano de 1953, além de trabalhar intensamente na assessoria de Vargas, Rangel escreve seu primeiro livro, A Dualidade Básica da Economia Brasileira, publicado em 1957.[11]

Na década de 1950, foi um dos quadros que integrou o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC) que produzia estudos aprofundados sobre os caminhos do desenvolvimento brasileiro.[12][13] Ao lado de quadros intelectuais como os sociólogos Hélio Jaguaribe e Cândido Mendes, o historiador Sérgio Buarque de Holanda e a economista Maria da Conceição Tavares, firmou-se como um dos principais analistas da estrutura formativa do Brasil.[14][6][10]

Foi convidado para realizar uma pesquisa a cargo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), órgão das Organização das Nações Unidas (ONU) instalado em Santiago, capital do Chile.[10][15][16] No retorno do Chile, Rangel ingressa no BNDE (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social, que na época ainda não possuía o "S" no nome) onde chega a chefe de Departamento Econômico.[13][17]

Nesse contexto, chegou a ser convidado pelo então presidente João Goulart para ser ministro da Fazenda, cargo que recusa.[18] Logo em seguida, vem o Golpe de 64, comandado pelo Exército Brasileiro (EB) que o coloca nome de Rangel no ostracismo.[19][20]

Dado seu trabalho e contribuições, ocupou a cadeira de número 26 da Academia Maranhense de Letras (AML).[1]

Morte

Ignácio morreu na madrugada de 4 de março de 1994, aos 80 anos no Hospital Pró-Cardíaco do Rio, no Rio de Janeiro vitimado por problemas cardíacos.[21] Foi enterrado no dia seguinte no Cemitério de São João Batista, localizado no bairro de Botafogo.[21]

Legado

Foi provavelmente o mais original analista do desenvolvimento econômico brasileiro, segundo o economista Bresser Pereira (professor da Universidade de São Paulo), Jose Marcio Rego (professor da Fundação Getulio Vargas) e o geógrafo Elias Jabbour (professor da Fundação Getulio Vargas).[8][17][22]

No ano de 2014, recebeu o póstumo título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Maranhão.[4] O título foi concedido pelo então reitor da universidade Natalino Salgado usando a frase "saiu da vida para entrar para história".[4][23]

Referências

  1. a b «Cópia arquivada». Consultado em 21 de abril de 2010. Arquivado do original em 21 de janeiro de 2013 
  2. «Ignácio Rangel». Intérpretes do Brasil. Consultado em 5 de maio de 2020 
  3. «Mirador». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 5 de maio de 2021 
  4. a b c Martins, Charles (27 de março de 2014). «Ignácio Rangel homenageado com o título de Doutor Honoris Causa in memorian». Universidade Federal do Maranhão. Consultado em 5 de maio de 2021 
  5. Malta, Maria Mello de; Malta, Maria Mello de (2014). «Ignácio Rangel e a categoria dualidade básica: uma interpretação do Brasil». Nova Economia (1): 17–31. ISSN 0103-6351. doi:10.1590/0103-6351/2103. Consultado em 6 de maio de 2021 
  6. a b Nogueira, Leonardo (8 de dezembro de 2017). «A interpretação de Ignácio Rangel e o Brasil do "milagre" e "antimilagre" econômico» (PDF). Universidade de São Paulo. Consultado em 5 de maio de 2021 
  7. Júnior, Antônio (2010). «HISTÓRIA E POLÍTICA EM IGNÁCIO RANGEL» (PDF). Universidade Federal de Goiás. Consultado em 5 de maio de 2021 
  8. a b Pereira, Luiz (1992). «Um mestre da economia brasileira: Ignácio Rangel» (PDF). Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 5 de maio de 2021 
  9. Pereira, José Maria Dias (2014). «O centenário de Ignácio Rangel». Brazilian Journal of Political Economy (4): 544–564. ISSN 0101-3157. doi:10.1590/S0101-31572014000400003. Consultado em 6 de maio de 2021 
  10. a b c Medeiros, Rodrigo (2005). «ASPECTOS DO PENSAMENTO ECONÔMICO DE IGNÁCIO RANGEL» (PDF). Revista Intellectus (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Consultado em 5 de maio de 2021 
  11. Nunes, Leonardo (2008). «A dualidade básica da economia brasileira: um ensaio sobre o pensamento de Ignácio Rangel». Universidade Federal de Santa Catarina. Consultado em 5 de maio de 2021 
  12. Malta, Maria Mello de (2014). «Ignácio Rangel e a categoria dualidade básica: uma interpretação do Brasil». Nova Economia (1): 17–31. ISSN 0103-6351. doi:10.1590/0103-6351/2103. Consultado em 6 de maio de 2021 
  13. a b Silva, Arthur (3 de março de 2021). «Ignacio Rangel e o BNDES: a beleza do desequilíbrio». A Revolução Industrial Brasileira. Consultado em 5 de maio de 2021 
  14. Jabbour, Elias (dezembro de 2017). «O marxismo e outras influências sobre o pensamento de Ignacio Rangel». Economia e Sociedade (3): 561–583. ISSN 1982-3533. doi:10.1590/1982-3533.2017v26n3art2. Consultado em 6 de maio de 2021 
  15. «Sede de la CEPAL en Santiago (Estudios e Investigaciones)». Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe. ONU. Consultado em 6 de maio de 2021 
  16. Freitas, Eduardo. «Chile - Aspectos gerais do Chile». Brasil Escola. UOL. Consultado em 6 de maio de 2021 
  17. a b Jabbour, Elias (5 de março de 2019). «Elias Jabbour: Por que estudar Ignacio Rangel». Vermelho. Consultado em 5 de maio de 2021 
  18. Domingues, Fabian Scholze; Fonseca, Pedro Dutra (2017). «Ignácio Rangel, a correção monetária e o PAEG: recontando a história». Estudos Econômicos (São Paulo) (2): 429–458. ISSN 0101-4161. doi:10.1590/0101-416147273fsdp. Consultado em 6 de maio de 2021 
  19. «Ignácio Rangel». Marxismo 21. 20 de novembro de 2013. Consultado em 6 de maio de 2021 
  20. Jabbour, Elias (2017). «O marxismo e outras influências sobre o pensamento de Ignácio Rangel» (PDF). Economia e Sociedade (Universidade Estadual de Campinas). Consultado em 5 de maio de 2021 
  21. a b «Economista Ignacio Rangel morre no Rio». Folha de S. Paulo. 5 de março de 1994. Consultado em 5 de maio de 2021 
  22. «Um mestre da economia brasileira: Ignácio Rangel». Bresser-Pereira (em inglês). Consultado em 6 de maio de 2021 
  23. Filho, Natalino (23 de março de 2014). «Um reconhecimento merecido». Jornal O Estado do Maranhão. Consultado em 6 de maio de 2021 

Ligações externas

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