Teoria geral de sistemas: diferenças entre revisões

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Os sistemas vivos, sejam indivíduos ou organizações, são analisados como “sistema abertos”, mantendo um continuo intercâmbio de matéria/energia/informação com o ambiente. A Teoria de Sistema permite reconceituar os fenômenos em uma abordagem global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de natureza completamente diferentes.
Os sistemas vivos, sejam indivíduos ou organizações, são analisados como “sistema abertos”, mantendo um continuo intercâmbio de matéria/energia/informação com o ambiente. A Teoria de Sistema permite reconceituar os fenômenos em uma abordagem global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de natureza completamente diferentes.


==Tipos de sistemas==
== Histórico ==
A teoria de sistemas, cujos primeiros enunciados datam de 1925, foi proposta em 1937 pelo [[Biologia|biólogo]] [[Ludwig von Bertalanffy]], tendo alcançado o seu auge de divulgação na [[Década_de_1950|década de 50]]. (ALVAREZ, 1990). Em 1956 [[Ross Ashby]] introduziu o conceito na [[Cibernética|ciência cibernética]]. A pesquisa de Von Bertalanffy foi baseada numa visão diferente do reducionismo científico até então aplicada pela [[ciência]] convencional. Dizem alguns que foi uma reação contra o [[reducionismo]] e uma tentativa para criar a unificação científica.
Há uma grande variedade de sistemas e uma ampla gama de tipologias para classificá-los, de acordo com certas características básicas.


== Conceito ==
*Quanto a sua constituição:
O Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função (OLIVEIRA, 2002, p. 35).
**'''Físicos ou concretos''': quando compostos de equipamento, de maquinaria e de objetos e coisas reais <br />(equipamento, objetos, hardware);
**'''Abstratos ou conceituais''': quando compostos por conceitos, planos, hipóteses e idéias que muitas <br />vezes só existem no pensamento das pessoas (conceitos, planos, idéias, software).
Na realidade, há uma complementaridade entre sistemas físicos e abstratos: os sistemas físicos precisam de um sistema abstrato para funcionar, e os sistemas abstratos somente se realizam quando aplicados a algum sistema físico.


Sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção (ALVAREZ, 1990, p.&nbsp;16).
*Quanto a sua natureza:
**'''Fechados''':sao tudo que geram intercâmbio com o meio ambiente e trazem o josé que os circunda, sendo assim não recebem <br />nenhuma influência do ambiente e por outro lado não influenciam. Não recebem nenhum recurso externo <br />e nada produz sistema fechado, pois não sofrerá nenhuma influência do meio <br />ambiente, sempre 1+1 será 2.
**'''Abertos''': "são caracterizados por um processo infinito de intercâmbio com o seu ambiente para trocar energia e informação." (Chiavenato)
Os sistemas abertos trocam matéria, energia e informação regularmente com o meio ambiente. São eminentemente adaptativos, isto é, <br />para sobreviver devem reajustar-se constantemente às condições do meio.


Sistema é um conjunto de partes coordenadas e não relacionadas, formando um todo complexo ou unitário.
==A organização como um sistema aberto==
As organizações são por definição sistemas abertos, pois não podem ser adequadamente compreendidas de forma isolada, mas sim pelo inter-relacionamento entre diversas variáveis internas e externas, que afetam seu comportamento. Tal como os organismos vivos, as organizações têm seis funções primárias ou principais, que mantêm estreita relação entre si, mas que podem ser estudadas individualmente.


== Conceitos fundamentais ==
Funções primárias das organizações:
* [[Entropia]] - todo sistema sofre deterioração;
* [[Sintropia]], '''negentropia''' ou '''entropia negativa''' - para que o sistema continue existindo, tem que desenvolver forças contrárias à '''Entropia''';
* [[Homeostase]] - capacidade do sistema manter o equilíbrio;
* Heterostase - toda vez que há uma ação imprópria (desgaste) do sistema, ele tende a se equilibrar. (OBS: O "estado de equilíbrio", segundo a lei da entropia, é um pouco diferente do que pode parecer pelo senso comum)
Para as ciências administrativas, o pensamento sistêmico é muito importante pois as organizações
envolvem vários aspectos:


* Transformações físicas necessárias à fabricação dos produtos e prestação dos serviços;
a) '''Ingestão''': as organizações adquirem ou compram materiais para processá-los de alguma maneira. Para assistirem outras funções, como os organismos vivos que ingerem alimentos para suprirem outras funções e manter a energia.
* Comunicação entre os agentes e colaboradores para desenvolver, produzir e entregar o produto ou serviço atendendo as expectativas e necessidades do cliente;
* Envolvimento das pessoas para que elas se empenhem no processo cooperativo;
* Desenvolvimento de competências, habilidades e conhecimentos, para que as pessoas tenham condições de realizar o trabalho da maneira esperada;
* Por esses motivos, as organizações podem ser entendidas como sistemas abertos.


== Pensamento ==
b) '''Processamento''': no animal, a comida é transformada em energia e suprimento das células. Na organização, a produção é equivalente a esse ciclo animal. Os materiais são processados havendo certa relação entre entradas e saídas no qual o excesso é o equivalente à energia necessária para a sobrevivência da organização (transformação em produtos).
A ciência do século passado adotava a mecânica clássica como modelo do pensamento científico. Isso equivale a pensar nas coisas como mecanismos e sistemas fechados. A ciência de nossos dias adota o organismo vivo como modelo, o que equivale a pensar em sistemas abertos.


== Sistema ==
c) '''Reação ao ambiente''': o animal reage frente às mudanças ambientais para sua sobrevivência. Ele deve adaptar-se às mudanças. As organizações também reagem ao ambiente, mudando seus materiais, consumidores, empregados e recursos financeiros. As alterações podem efetuar-se nos produtos, no processo ou na estrutura. (As mudanças ocorrem face ao que o mercado demanda).
O sistema consiste em uma sistemática fatorial em grupos de influência de ações que fundamentam a Teoria Sistemática Geral.
== Ambiente ==
O ambiente de um sistema é um conjunto de elementos que não fazem parte do sistema, mas que podem produzir mudanças no estado do sistema.


== Sistemas abertos ==
d) '''Suprimento das partes''': os participantes da organização são supridos, não só do significado de suas funções, mas também de dados de compras, produção, vendas ou contabilidade, e são recompensados principalmente sob a forma de salários e benefícios.
Basicamente, a teoria de sistemas afirma que estes são abertos e sofrem interações com o ambiente onde estão inseridos. Desta forma, a interação gera realimentações que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma auto regulação regenerativa, que por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes.
Toda organização é um sistema aberto.


== Sistemas fechados ==
e) '''Regeneração das partes''': as partes do organismo perdem sua eficiência, adoecem ou morrem e devem ser regenerados ou recolocados no sentido de sobreviver no conjunto. Os membros das organizações também podem adoecer, aposentar-se, desligar-se da firma ou então morrer. As máquinas podem tornar-se obsoletas. Ambos os homens e máquinas devem ser mantidos ou recolocados – manutenção e substituição.
Esses sistemas são aqueles que não sofrem influência do meio ambiente no qual estão inseridos, de tal forma que ele se alimenta dele mesmo.
A entropia apenas se mantém constante nos sistemas isolados.


== Sinergia/entropia ==
f) '''Organização''': administração e decisão sobre as funções;
Embora seja possível tentar entender o funcionamento de um carro só olhando as suas partes separadamente, o observador talvez não consiga compreender o que é um carro só olhando suas peças. É preciso entender de que forma as diferentes partes do sistema interagem. Essa interação dos elementos do sistema é chamada de sinergia. A sinergia é o que possibilita um sistema funcionar adequadamente.


Por outro lado a entropia (conceito da física) é a desordem ou ausência de sinergia. Um sistema pára de funcionar adequadamente quando ocorre entropia interna.
==Principais características das organizações==
a) '''Comportamento probabilístico''': as organizações são sempre afetadas pelas variáveis externas. O ambiente é potencialmente sem fronteiras e inclui variáveis desconhecidas e incontroladas. Por outro lado as consequências dos sistemas sociais são probabilísticas e não-determinadas. O comportamento humano nunca é totalmente previsível. As pessoas são complexas, respondendo a muitas variáveis. Por esta razão a administração não pode esperar que os consumidores, fornecedores, tenham um comportamento previsível e de acordo com suas expectativas. sistema social num ambiente sem fronteiras, complexo e nem sempre previsível;


== Realimentações ==
b) '''Parte de uma sociedade maior''': as organizações são vistas como sistemas dentro de sistemas. Os sistemas são complexos de elementos colocados em interação. Essas interações entre os elementos produzem um todo que não pode ser compreendido pela simples investigação das várias partes tomadas isoladamente. – ajuste constante entre grupos internos e externos, como estudado mais propriamente na Sociologia, Antropologia ou Economia (econômico e cultural);
Os organismos (ou sistemas orgânicos) em que as alterações benéficas são absorvidas e aproveitadas sobrevivem, e os sistemas onde as qualidades maléficas ao todo resultam em dificuldade de sobrevivência, tendem a desaparecer caso não haja outra alteração de contrabalanço que neutralize aquela primeira [[mutação]]. Assim, de acordo com Ludwig von Bertalanffy, a [[evolução]] permanece ininterrupta enquanto os sistemas se [[Auto-organização|autorregulam]].


Um sistema realimentado é necessariamente um sistema dinâmico, já que deve haver uma causalidade implícita. Em um ciclo de retroação uma saída é capaz de alterar a entrada que a gerou, e, consequentemente, a si própria. Se o sistema fosse instantâneo, essa alteração implicaria uma desigualdade. Portanto em uma malha de realimentação deve haver um certo retardo na resposta dinâmica. Esse retardo ocorre devido à uma tendência do sistema de manter o estado atual mesmo com variações bruscas na entrada. Isto é, ele deve possuir uma tendência de resistência a mudanças.
c) '''Interdependência entre as partes''': uma organização não é um sistema mecânico, no qual uma das partes pode ser mudada sem um efeito concomitante sobre as outras. Em face da diferenciação das partes provocadas pela divisão do trabalho, as partes precisam ser coordenadas por meio de integração e de trabalho. As interações internas e externas do sistema refletem diferentes escalões de controle e da autonomia. Uma variedade de subsistema deve cumprir a função do sistema e as suas atividades devem ser coordenadas. – divisão de trabalho, coordenação, integração e controle;


== Teoria reducionista e teoria sistêmica ==
d) '''Homeostasia versus adaptabilidade''': a homeostasia(auto regulação) garante a rotina e a permanência do sistema, enquanto a adaptabilidade leva a ruptura, à mudança e à inovação. Rotina e ruptura. Estabilidade e mudança. Ambos os processos precisam ser levados a cabo pela organização para garantir a sua viabilidade. – tendência a estabilidade e equilíbrio X tendência ao atendimento de novos padrões;
Segundo a teoria de sistemas, ao invés de se reduzir uma entidade (um animal, por exemplo.) para o estudo individual das propriedades de suas partes ou elementos ([[Órgão (anatomia)|órgãos]] ou [[célula]]s), se deve focalizar no arranjo do todo, ou seja, nas relações entre as partes que se interconectam e interagem orgânica e [[Estatística|estatisticamente]].


Uma [[organização]] realimentada e auto gerenciada, gera assim um sistema cujo funcionamento é independente da [[substância]] concreta dos [[elementos]] que a formam, pois estes podem ser substituídos sem dano ao todo, isto é, a auto-regulação onde o todo assume as tarefas da parte que falhou. Portanto, ao fazermos o estudo de sistemas que funcionam desta forma, não conseguiremos detectar o comportamento do todo em função das partes. Exemplos são as [[partícula]]s de determinado elemento cujo comportamento individual, embora previsto, não poderá nos indicar a posição ou movimentação do todo.
e) '''Fronteiras ou limites''': é a linha imaginária que serve para marcar o que está dentro e o que está fora do sistema. Nem sempre a fronteira de um sistema existe fisicamente. –fronteiras permeáveis- sobreposições e intercâmbios com os sistemas do ambiente;


== Interdisciplinaridade ==
f) '''Morfogênese''' – capacidade de se modificar, de determinar o crescimento e as formas da organização, de se corrigir e de obter novos e melhores resultados;
Em [[biologia]] temos nas [[células]] um exemplo, pois não importa quão profundo o estudo individual de um [[neurônio]] do [[cérebro]] humano, este jamais indicará o estado de uma estrutura de [[pensamento]], se for estirpado, ou morrer, também não alterará o funcionamento do cérebro. Uma área emergente da [[biologia molecular]] moderna que se utiliza bastante dos conceitos da '''Teoria de Sistemas''' é a [[Biologia Sistêmica]].


Em [[eletrônica]], um [[transistor]] numa central telefônica digital, jamais nos dará informações sobre o sistema, embora sua falha possa causar algum tipo de alteração na rede. Nas modernas centrais, os sinais remetidos a si serão automaticamente desviados para outro circuito.
g) '''Resiliência''' - capacidade de o sistema superar o distúrbio imposto por um fenômeno externo. As organizações, como sistemas abertos, apresentam a capacidade de enfrentar e superar perturbações externas provocadas pela sociedade sem que desapareça seu potencial de auto-organização;


Em [[Sociologia]], a movimentação histórica de uma determinada massa humana, por mais que analisemos o comportamento de um determinado indivíduo isoladamente, jamais conseguiremos prever a condição do todo numa [[população]]. Os mesmos conceitos e princípios que orientam uma organização no ponto de vista sistêmico, estão em todas as disciplinas, [[física]]s, [[biologia|biológicas]], [[Tecnologia|tecnológicas]], [[Sociologia|sociológicas]], etc. provendo uma base para a sua unificação.
h) '''Sinergia''' - esforço simultâneo de vários órgãos que provoca um resultado ampliado. A soma das partes é maior do que o todo (2 + 2 = 5 ou mais);


Além dos exemplos citados, podemos observar a ação sistêmica no [[meio-ambiente]], na [[produção]] industrial [[Automação|automatizada]], em controles e processos, na teoria da informação, entre outros.
i) '''Entropia''' - conseqüência da falta de relacionamento entre as partes de um sistema, o que provoca perdas e desperdícios. É um processo inverso a sinergia, a soma das partes é menor que o todo (2 + 2 = 3). A entropia leva o sistema à perda de energia, decomposição e desintegração.


== Aplicações ==
==Direito e Teoria dos Sistemas==
Na teorização [[matemática]] surgiu o desenvolvimento da isomorfia entre os modelos de circuitos elétricos e outros sistemas. As aplicações da teoria de sistemas abrangem o desenvolvimento de todos os ramos da ciência. Alguns exemplos são: engenharia, computação, ecologia, administração, psicoterapia familiar, termodinâmica, dinâmica caótica, vida artificial, inteligência artificial, redes neurais, modelagem, simulação computacional, jogos desportivos colectivos e turismo entre outras.
Para aplicação da Teoria Geral dos Sistemas no âmbito do Direito, pode-se apontar [[Claus-Wilhelm Canaris]] como uma doutrina que pode ofertar, sinteticamente, as diversas possibilidades que o tema apresenta no Direito contemporâneo. Para tanto vide seu Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do Direito, em tradução portuguesa (Calouste Gulbenkian) efetivada pelo eminente Prof. [[Menezes Cordeiro]].


== Ver também ==
São diversas Escolas que se valem das noções de sistema, como no caso de Canaris e a Escola do [[Pensamento Sistemático]], como também de [[Niklas Luhmann]] e sua visão [[Autopoiesis|autopoiética]] em um [[Pensamento sistêmico]], que também é central para o início da corrente sistêmica na Sociologia moderna. Mesmo escolas de base oitocentista, como a [[Escola da Exegese]] e a [[Pandectista]], também dialogam com as esferas de sistemas e suas teorias.
* [[Alexander Bogdanov]]
* [[Autopoiese]]
* [[Avalanche térmica]]
* [[Cibernética]]
* [[Complexidade]]
* [[Francisco Varela]]
* [[Fritjof Capra]]
* [[Humberto Maturana]]
* [[Niklas Luhmann]]
* [[O Ponto de Mutação]]
* [[Regulação]]
* [[Sistemas complexos]]
* [[Sistemas dinâmicos]]
* [[Teoria do caos]]
* [[Teoria semiótica da complexidade]]
* [[Tectologia]]


== Bibliografia ==
No [[direito civil-constitucional]], matrizes contemporâneas começam a trabalhar com a [[teoria do caos]], [[dialógica]] e teoria da [[complexidade]], a partir da '''teoria dos sistemas''' e da [[cibernética]].
* Facets of Systems Science; KLIR, George J.; Springer Verlag; 199
* Teoria Geral dos Sistemas; BERTALANFFY, Ludwig Von.; Ed. Vozes;1975.
* A Teia da Vida; CAPRA, Fritjof; Ed. Cultrix; 1997.
* Thinking in Systems - A Primer; MEADOWS, Donella H.; Ed. Diana Wright; 2008.


{{Sistemas de ciência}}
==Referências==
* CHIAVENATO, Idalberto. '''Introdução à Teoria Geral da Administração.''' 4ª Edição, Ed. Makron Books.
* REZENDE, Denis Alcies; ABREU, Aline França de. '''Tecnologia da Informação Aplicada a Sistemas de Informação Empresariais.''' 3ª Edição, Editora Atlas.
* BUCKLEY, WALTER, '''A Sociologia e a Moderna Teoria dos Sistemas.'''
* TONET, Fernando. RECONFIGURAÇÕES DO CONSTITUCIONALISMO: evolução e modelos constitucionais sistêmicos na pós-modernidade. Editora Lumen Juris.Rio de Janeiro - 2013.


{{DEFAULTSORT:Teoria Sistemas}}
{{esboço-administração}}
[[Categoria:Cibernética]]

[[Categoria:Estudos organizacionais e gestão de recursos humanos]]
[[Categoria:Teoria dos sistemas| ]]
[[Categoria:Sociologia]]

Revisão das 22h49min de 17 de julho de 2016

A teoria geral de sistemas (também conhecida pela sigla, T.G.S.) surgiu com os trabalhos do biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968.

A T.G.S. não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas sim produzir teorias e formulações conceituais que possam criar condições de aplicação na realidade empírica. Os pressupostos básicos da T.G.S. são:

  • Existe uma nítida tendência para a integração entre as ciências naturais e sociais;
  • Essa integração parece orientar-se rumo a uma teoria dos sistemas;
  • Essa teoria de sistemas pode ser uma maneira mais abrangente de estudar os campos não físicos do conhecimento científico, especialmente as ciências sociais;
  • Essa teoria de sistemas, ao desenvolver princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos particulares das diversas ciências envolvidas, aproxima-nos do objetivo da unidade da ciência;
  • Isso pode levar a uma integração muito necessária da educação científica.

A importância da TGS é significativa tendo em vista a necessidade de se avaliar a organização como um todo e não somente em departamentos ou setores. O mais importante ou tanto quanto é a identificação do maior número de variáveis possíveis, externas e internas que, de alguma forma, influenciam em todo o processo existente na Organização. Outro fator também de significativa importância é o feedback que deve ser realizado ao planejamento de todo o processo.

Teoria dos sistemas começou a ser aplicada na administração principalmente em função da necessidade de uma síntese e uma maior integração das teorias anteriores (Científicas e Relações Humanas, Estruturalista e Comportamental oriundas das Ciências Sociais) e da intensificação do uso da cibernética e da tecnologia da informação nas empresas.

Os sistemas vivos, sejam indivíduos ou organizações, são analisados como “sistema abertos”, mantendo um continuo intercâmbio de matéria/energia/informação com o ambiente. A Teoria de Sistema permite reconceituar os fenômenos em uma abordagem global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de natureza completamente diferentes.

Histórico

A teoria de sistemas, cujos primeiros enunciados datam de 1925, foi proposta em 1937 pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy, tendo alcançado o seu auge de divulgação na década de 50. (ALVAREZ, 1990). Em 1956 Ross Ashby introduziu o conceito na ciência cibernética. A pesquisa de Von Bertalanffy foi baseada numa visão diferente do reducionismo científico até então aplicada pela ciência convencional. Dizem alguns que foi uma reação contra o reducionismo e uma tentativa para criar a unificação científica.

Conceito

O Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função (OLIVEIRA, 2002, p. 35).

Sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção (ALVAREZ, 1990, p. 16).

Sistema é um conjunto de partes coordenadas e não relacionadas, formando um todo complexo ou unitário.

Conceitos fundamentais

  • Entropia - todo sistema sofre deterioração;
  • Sintropia, negentropia ou entropia negativa - para que o sistema continue existindo, tem que desenvolver forças contrárias à Entropia;
  • Homeostase - capacidade do sistema manter o equilíbrio;
* Heterostase - toda vez que há uma ação imprópria (desgaste) do sistema, ele tende a se equilibrar. (OBS: O "estado de equilíbrio", segundo a lei da entropia, é um pouco diferente do que pode parecer pelo senso comum)

Para as ciências administrativas, o pensamento sistêmico é muito importante pois as organizações envolvem vários aspectos:

  • Transformações físicas necessárias à fabricação dos produtos e prestação dos serviços;
  • Comunicação entre os agentes e colaboradores para desenvolver, produzir e entregar o produto ou serviço atendendo as expectativas e necessidades do cliente;
  • Envolvimento das pessoas para que elas se empenhem no processo cooperativo;
  • Desenvolvimento de competências, habilidades e conhecimentos, para que as pessoas tenham condições de realizar o trabalho da maneira esperada;
  • Por esses motivos, as organizações podem ser entendidas como sistemas abertos.

Pensamento

A ciência do século passado adotava a mecânica clássica como modelo do pensamento científico. Isso equivale a pensar nas coisas como mecanismos e sistemas fechados. A ciência de nossos dias adota o organismo vivo como modelo, o que equivale a pensar em sistemas abertos.

Sistema

O sistema consiste em uma sistemática fatorial em grupos de influência de ações que fundamentam a Teoria Sistemática Geral.

Ambiente

O ambiente de um sistema é um conjunto de elementos que não fazem parte do sistema, mas que podem produzir mudanças no estado do sistema.

Sistemas abertos

Basicamente, a teoria de sistemas afirma que estes são abertos e sofrem interações com o ambiente onde estão inseridos. Desta forma, a interação gera realimentações que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma auto regulação regenerativa, que por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes. Toda organização é um sistema aberto.

Sistemas fechados

Esses sistemas são aqueles que não sofrem influência do meio ambiente no qual estão inseridos, de tal forma que ele se alimenta dele mesmo. A entropia apenas se mantém constante nos sistemas isolados.

Sinergia/entropia

Embora seja possível tentar entender o funcionamento de um carro só olhando as suas partes separadamente, o observador talvez não consiga compreender o que é um carro só olhando suas peças. É preciso entender de que forma as diferentes partes do sistema interagem. Essa interação dos elementos do sistema é chamada de sinergia. A sinergia é o que possibilita um sistema funcionar adequadamente.

Por outro lado a entropia (conceito da física) é a desordem ou ausência de sinergia. Um sistema pára de funcionar adequadamente quando ocorre entropia interna.

Realimentações

Os organismos (ou sistemas orgânicos) em que as alterações benéficas são absorvidas e aproveitadas sobrevivem, e os sistemas onde as qualidades maléficas ao todo resultam em dificuldade de sobrevivência, tendem a desaparecer caso não haja outra alteração de contrabalanço que neutralize aquela primeira mutação. Assim, de acordo com Ludwig von Bertalanffy, a evolução permanece ininterrupta enquanto os sistemas se autorregulam.

Um sistema realimentado é necessariamente um sistema dinâmico, já que deve haver uma causalidade implícita. Em um ciclo de retroação uma saída é capaz de alterar a entrada que a gerou, e, consequentemente, a si própria. Se o sistema fosse instantâneo, essa alteração implicaria uma desigualdade. Portanto em uma malha de realimentação deve haver um certo retardo na resposta dinâmica. Esse retardo ocorre devido à uma tendência do sistema de manter o estado atual mesmo com variações bruscas na entrada. Isto é, ele deve possuir uma tendência de resistência a mudanças.

Teoria reducionista e teoria sistêmica

Segundo a teoria de sistemas, ao invés de se reduzir uma entidade (um animal, por exemplo.) para o estudo individual das propriedades de suas partes ou elementos (órgãos ou células), se deve focalizar no arranjo do todo, ou seja, nas relações entre as partes que se interconectam e interagem orgânica e estatisticamente.

Uma organização realimentada e auto gerenciada, gera assim um sistema cujo funcionamento é independente da substância concreta dos elementos que a formam, pois estes podem ser substituídos sem dano ao todo, isto é, a auto-regulação onde o todo assume as tarefas da parte que falhou. Portanto, ao fazermos o estudo de sistemas que funcionam desta forma, não conseguiremos detectar o comportamento do todo em função das partes. Exemplos são as partículas de determinado elemento cujo comportamento individual, embora previsto, não poderá nos indicar a posição ou movimentação do todo.

Interdisciplinaridade

Em biologia temos nas células um exemplo, pois não importa quão profundo o estudo individual de um neurônio do cérebro humano, este jamais indicará o estado de uma estrutura de pensamento, se for estirpado, ou morrer, também não alterará o funcionamento do cérebro. Uma área emergente da biologia molecular moderna que se utiliza bastante dos conceitos da Teoria de Sistemas é a Biologia Sistêmica.

Em eletrônica, um transistor numa central telefônica digital, jamais nos dará informações sobre o sistema, embora sua falha possa causar algum tipo de alteração na rede. Nas modernas centrais, os sinais remetidos a si serão automaticamente desviados para outro circuito.

Em Sociologia, a movimentação histórica de uma determinada massa humana, por mais que analisemos o comportamento de um determinado indivíduo isoladamente, jamais conseguiremos prever a condição do todo numa população. Os mesmos conceitos e princípios que orientam uma organização no ponto de vista sistêmico, estão em todas as disciplinas, físicas, biológicas, tecnológicas, sociológicas, etc. provendo uma base para a sua unificação.

Além dos exemplos citados, podemos observar a ação sistêmica no meio-ambiente, na produção industrial automatizada, em controles e processos, na teoria da informação, entre outros.

Aplicações

Na teorização matemática surgiu o desenvolvimento da isomorfia entre os modelos de circuitos elétricos e outros sistemas. As aplicações da teoria de sistemas abrangem o desenvolvimento de todos os ramos da ciência. Alguns exemplos são: engenharia, computação, ecologia, administração, psicoterapia familiar, termodinâmica, dinâmica caótica, vida artificial, inteligência artificial, redes neurais, modelagem, simulação computacional, jogos desportivos colectivos e turismo entre outras.

Ver também

Bibliografia

  • Facets of Systems Science; KLIR, George J.; Springer Verlag; 199
  • Teoria Geral dos Sistemas; BERTALANFFY, Ludwig Von.; Ed. Vozes;1975.
  • A Teia da Vida; CAPRA, Fritjof; Ed. Cultrix; 1997.
  • Thinking in Systems - A Primer; MEADOWS, Donella H.; Ed. Diana Wright; 2008.