Titanostrombus goliath

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Eustrombus goliath)
Como ler uma infocaixa de taxonomiaBúzio-de-chapéu
Titanostrombus goliath
Vista superior da concha do búzio T. goliath, retirada da obra Abbildungen nach der Natur mit Beschreibungen (1845).
Vista superior da concha do búzio T. goliath, retirada da obra Abbildungen nach der Natur mit Beschreibungen (1845).
Duas vistas da concha de T. goliath em museu de Phuket.
Duas vistas da concha de T. goliath em museu de Phuket.
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Caenogastropoda
Ordem: Littorinimorpha
Superfamília: Stromboidea
Família: Strombidae
Género: Titanostrombus
Petuch, 1994[1]
Espécie: T. goliath
Nome binomial
Titanostrombus goliath
(Schröter, 1805)[1]
Sinónimos
Strombus goliath Schröter, 1805
Eustrombus goliath (Schröter, 1805)
Lobatus goliath (Schröter, 1805)
(WoRMS)[1]
Strombus (Tricornis) goliath Matthews, 1967[2]

Titanostrombus goliath (nomeada, em inglês, Goliath conch; na tradução para o português, "concha Golias";[3] em português, buzo, búzio-de-aba ou búzio-de-chapéu)[2][4] é uma espécie de molusco gastrópode marinho pertencente à família Strombidae. Foi classificada por Johann Samuel Schröter em 1805; descrita como Strombus goliath (no gênero Strombus) no texto "Berichtigungen für meine Einleitung in die Conchylienkenntniss nach Linné"; publicado na obra Zweyte Fortsetzung. Archiv für Zoologie und Zootomie. 4(2), páginas 137-160;[1] e assim classificada até o século XX[3] (com a praia de Paracuru, no Ceará, citada como a localidade de coleta de seu tipo nomenclatural).[4][5] É nativa do oeste do oceano Atlântico; endêmica da região nordeste do Brasil,[3] entre o Maranhão e Sergipe e indo até a região sudeste do Brasil, no Rio de Janeiro;[5] e também em Abrolhos. Podendo chegar a mais de 35[6] a quase 40 centímetros (38cm.),[7] quando desenvolvida, sua concha é considerada a maior dentre todos os Strombidae;[6] colocada na lista de espécies ameaçadas da fauna do Brasil, pelo Ministério do Meio Ambiente,[8] e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção,[9] por sua utilização como souvenir;[2][10] sendo também o símbolo utilizado pela Sociedade Brasileira de Malacologia.[11] Esta espécie é também utilizada pelo homem como alimento.[2][6] Nas religiões de matriz africana do Brasil, a espécie Titanostrombus goliath é utilizada como ornamento durante o jogo de búzios com conchas de Cypraeidae (Monetaria moneta, Monetaria annulus e Monetaria caputserpentis) e também na ornamentação do altar de Iemanjá.[12][13]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

Conchas de coloração creme, alaranjada a marrom-amarelada,[2][6][7] muito espessas, sólidas e pesadas,[4] com espiral cônica e moderadamente alta, de 8 a 9 voltas; com a sua última volta apresentando 6 a 9 nódulos e um grosso perióstraco castanho lhe recobrindo; formando uma aba expandida, dotada de lábio externo engrossado e arredondado em sua borda, com sua abertura de tonalidade salmão ou esbranquiçada. Opérculo marrom-escuro.[2][6][7] A superfície da concha possui estrias, ou sulcos. Indivíduos e espécimes juvenís apresentam lábio externo fino, não expandido, e podem ser confundidos pelo não-especialista com conchas do gênero Conus.[4][7] Sua expansão labial, no adulto, a pode fazer confundida com Latissistrombus latissimus, espécie do oceano Pacífico e de menor dimensão.[3][4]

Habitat[editar | editar código-fonte]

Titanostrombus goliath ocorre em águas rasas da zona nerítica, entre 4 a 25 metros e em substrato arenoso.[14] Vive próximo a algas do gênero Padina.[4][6]

Análise taxonômica das espécies do Atlântico e Pacífico Oriental[editar | editar código-fonte]

Durante o século XX no gênero Strombus,[3][15] análises posteriores do início do século XXI concluíram que Lobatus seria o primeiro táxon disponível para a inclusão de um grupo de grandes e pesados Strombidae do oeste do Atlântico e leste do Pacífico, que excetuavam as espécies Strombus pugilis, Strombus alatus e Strombus gracilior.[16][17] Tal situação fora mantida até o ano de 2020, envolvendo cinco espécies, quando uma minuciosa análise taxonômica por Maxwell et al., "Towards Resolving the American and West African Strombidae (Mollusca: Gastropoda: Neostromboidae) Using Integrated Taxonomy",[16][18] definiu as espécies extantes do leste do Pacífico até o oeste da costa africana sob a seguinte nomeclatura:

Gênero Aliger Thiele, 1929
Espécie Aliger gallus (Linnaeus, 1758) - Sin. Lobatus gallus
Espécie Aliger gigas (Linnaeus, 1758) - Sin. Lobatus gigas
Gênero Lobatus [Swainson], 1837
Espécie Lobatus peruvianus (Swainson, 1823)
Espécie Lobatus raninus (Gmelin, 1791)
Gênero Macrostrombus Petuch, 1994
Espécie Macrostrombus costatus (Gmelin, 1791) - Sin. Lobatus costatus
Gênero Persististrombus Kronenberg & H. G. Lee, 2007
Espécie Persististrombus granulatus (Swainson, 1822)
Gênero Strombus Linnaeus, 1758
Espécie Strombus alatus Gmelin, 1791
Espécie Strombus gracilior G. B. Sowerby I, 1825
Espécie Strombus pugilis Linnaeus, 1758
Gênero Thetystrombus Dekkers, 2008
Espécie Thetystrombus latus (Gmelin, 1791)
Gênero Titanostrombus Petuch, 1994
Espécie Titanostrombus galeatus (Swainson, 1823) - Sin. Lobatus galeatus
Espécie Titanostrombus goliath (Schröter, 1805) - Sin. Lobatus goliath[15][16]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d «Titanostrombus goliath» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 27 de abril 2020 
  2. a b c d e f BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 21-22. 182 páginas 
  3. a b c d e ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 76. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  4. a b c d e f MOSCATELLI, Renato (1987). A Superfamília Strombacea no Atlântico Ocidental. São Paulo: Antônio A Nano & Filho Ltda. p. 63-65. 98 páginas 
  5. a b «Eustrombus goliath (Schröter, 1805)». Conquiliologistas do Brasil. 1 páginas. Consultado em 14 de dezembro de 2018 
  6. a b c d e f RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 69. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  7. a b c d «Titanostrombus goliath» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 27 de abril de 2020. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021. Shell size 275 - 380 mm. 
  8. «Lista de Especies Ameaçadas - Saiba Mais» (em inglês). ICMBio. 1 páginas. Consultado em 14 de dezembro de 2018. Arquivado do original em 14 de dezembro de 2018 
  9. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (PDF). Volume 1. Brasília: ICMBio/MMA. p. 467. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 31 de outubro de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 11 de julho de 2019 
  10. ALVES, Rômulo Romeu Nóbrega; ALBUQUERQUE, Ulysses Paulino (2017). Ethnozoology. Animals in Our Lives (em inglês). London: Academic Press - Google Books. p. 270. 552 páginas. ISBN 978-0-12-809913-1. Consultado em 14 de dezembro de 2018 
  11. «Símbolo da SBMA». Sociedade Brasileira de Malacologia. 1 páginas. Consultado em 14 de dezembro de 2018 
  12. Léo Neto, Nivaldo A.; Voeks, Robert; Dias, Thelma; Alves, Rômulo (março de 2012). «Mollusks of Candomblé: Symbolic and ritualistic importance» (em inglês). ResearchGate. 1 páginas. Consultado em 4 de fevereiro de 2020. Mollusks used in Candomble temples, including uses, symbolism, and liturgy. 
  13. Léo Neto, Nivaldo A.; Voeks, Robert; Dias, Thelma; Alves, Rômulo (março de 2012). «Mollusks of Candomblé: Symbolic and ritualistic importance» (em inglês). ResearchGate. 1 páginas. Consultado em 4 de fevereiro de 2020. The species of búzios found in the visited terreiros. From left to right: Erosaria caputserpentis, Monetaria moneta and M. annulus. The fourth shell (M. annulus) is sanded, leaving the columella exposed. 
  14. Silva, Marcos Vieira da; Lima, Marianny Kellen Silva; Cascon, Helena Matthews (2017). «DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE LOBATUS GOLIATH (SCHRÖTER, 1805) (MOLLUSCA: GASTROPODA) NA PRAIA DA PEDRA RACHADA, PARACURÚ, CE». Encontros Universitários da UFC. 1 páginas. Consultado em 14 de dezembro de 2018 
  15. a b «Strombus Linnaeus, 1758» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  16. a b c «Lobatus [Swainson], 1837» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  17. Wieneke, Ulrich (11 de dezembro de 2018). «Species / Lobatus» (em inglês). Gastropoda Stromboidea. 1 páginas. Consultado em 4 de janeiro de 2024. The name Lobatus was further discussed by Kronenberg and Lee (2007) and Landau et al. (2008), who concluded that Lobatus was the first available name for the group of large, broad winged Strombidae from the Caribbean and Panamic Fauna province (Kronenberg, 2013, p. 36.). 
  18. Maxwell, Stephen J.; Dekkers, Aart M.; Rymer, Tasmin L.; Congdon, Bradley C. (2020). «Towards resolving the American and West African Strombidae (Mollusca: Gastropoda: Neostromboidae) using integrated taxonomy» (PDF) (em inglês). The Festivus. 52(1) (San Diego Shell Club). pp. 3–38. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
Ícone de esboço Este artigo sobre gastrópodes, integrado no Projeto Invertebrados é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.