Grupo Estação

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Grupo Estação
Grupo Estação
Sociedade Limitada
Atividade Cinematográfica
Fundação 5 de agosto de 1985 (38 anos)
Área(s) servida(s) Rio de Janeiro
Presidente Adriana Rattes (Diretora Executiva
Pessoas-chave Nelson Krumholz, Ilda Santiago
Produtos Exibição de produções cinematográficas independentes
Website oficial www.grupoestacao.com.br

O Grupo Estação é uma empresa brasileira que atua no ramo de exibição cinematográfica. Sediada na cidade do Rio de Janeiro, é o maior exibidor brasileiro do circuito independente ou alternativo (também chamado de cinema de arte ou "cinema de culto"). Atua exclusivamente na capital carioca e seu parque exibidor é formado por quatro complexos e quinze salas[1], média de 3,75 salas de cinema por complexo. Suas 2 058 poltronas perfazem uma média de 137,20 assentos por sala. O grupo já atuou também no ramo de distribuição cinematográfica, através da empresa Filmes do Estação.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Vista do interior da sala do antigo complexo Estação NET Barra Point

A história da empresa teve início em agosto de 1985, quando foi inaugurado o Cineclube Estação Botafogo, com a exibição do filme Eu sei que vou te amar, do cineasta Arnaldo Jabor. Foi um dos primeiros patrocínios do extinto Banco Nacional na área cinematográfica[3], que depois evoluíram para o Espaço Banco Nacional de Cinema, gérmen do atual Espaço Itaú de Cinema.

Este primeira cinema foi aberto no número 88 da rua Voluntários da Pátria, bairro de Botafogo, e ocupou as instalações do antigo Cine Coper, que pertencera ao Grupo Severiano Ribeiro - atualmente este espaço detém três salas e é nominado Estação NET Botafogo. Tomaram parte na sua criação um seleto grupo de cineclubistas dos anos 80 que, de tão idealistas, se autodenominavam "Exército de Brancaleone", em referência ao filme italiano do diretor Mario Monicelli. Fizeram parte desta trupe de sócio-fundadores, entre vários outros, Adriana Rattes[4], Adhemar Oliveira[5], futuro proprietário do Circuito Cinearte/Espaço de Cinema e responsável pelo Espaço Itaú de Cinema[6]; Marcelo Mendes e a jornalista Ilda Santiago,[7], hoje uma das diretoras do Festival do Rio e Nelson Krumholz.

A origem do nome[editar | editar código-fonte]

Quando da instalação do primeiro complexo, diversos nomes foram sugeridos: Cineclube Pau-Brasil; Cineclube Mico Leão Dourado, em referência àquele animal em extinção, sendo que tais momes foram desencorajados pelo patrocinador. Acabou prevalecendo Estação, em referência à estação do metrô que havia sido inaugurada recentemente e ficava próximo ao cinema[3].

Quando ainda era uma novidade no meio cinematográfico carioca, a nomenclatura adotada gerou uma pequena confusão, pois "havia gente que ligava para perguntar se ficávamos dentro do metrô", narra Marcelo França Mendes[3]. Em uma das primeiras logomarcas da empresa, era mesmo possível ver a efígie de uma composição ferroviária[8].

Expansão da rede[editar | editar código-fonte]

Cine Odeon: palco de realização do Festival do Rio

Nos anos que se seguiram, a expansão foi notável. O Rio de Janeiro ganhou um cinema no Paço Imperial, o antigo Cine Paissandu, fundado em dezembro de 1960 foi arrendado em 1990[9] e mais salas foram abertas: Estação Novo Jóia, Cine Odeon, única sala de exibição sob patrocínio direto da Petrobrás; Estação Laura Alvim, Estação Ipanema, Estação Leblon e até o Estação Espaço Unibanco, entre várias outras. Através de uma parceria firmada com o Grupo Alvorada, o Grupo Estação pode adentar em território paulistano no início dos anos 2000, assumindo a administração do Cine Studio Alvorada, situado no interior do shopping Conjunto Nacional, do Top Cine, instalado no interior do Shopping Top Center da Avenida Paulista e das seis salas do Cine Belas Artes[10], antes deste ser patrocinado pelo Banco HSBC, sob gestão do cineasta André Sturm. Àquela época, Adhemar Oliveira já havia deixado a empresa e formada a sua própria rede de cinemas, seja em associação com o antigo Unibanco (Espaço Unibanco de Cinema) ou de forma independente, pelo Cinespaço.

O último grande investimento da empresa foi o complexo de cinco salas aberto no Shopping da Gávea, no Rio, aberto em dezembro de 2007.[11] [12]

A crise[editar | editar código-fonte]

Foram muitas as razões pelas quais a rede entrou em crise, a partir de 2006. As obras do cinema no Shopping da Gávea, que fora patrocinado pela empresa de telefonia Vivo foram orçadas R$ 6 millhões e terminaram por custar R$ 10 milhões, além de sofrerem um atraso de um ano e meio, impactando na receita a ser auferida na bilheteria. Alguns investimentos não prosperaram, como a tentativa de abrir uma filial na Rua Nelson Mandela[13], do Bairro de Botafogo, que teria financiamento do BNDES e ajudou a exaurir os recursos da rede. As dividas foram se acumulando até atingir o patamar de R$ 43 milhões, além de R$ 12 milhões em impostos,[14] deixando em estado de alerta não só os seus administradores[15] a como a comunidade cinéfila carioca,[16] que se mobilizou para granjear apoio e patrocínio para o grupo exibidor.[17][18]

Foi um acordo com os credores ocorrido em novembro de 2014, que garantiu o perdão de 75% das dívidas, mas o patrocínio da empresa de telecomunicações NET que garantiram a sobrevida da empresa[19]. Já os impostos devidos foram parcelados e estarão o sendo pagos pelo Programa de Recuperação Fiscal, o Refis. Como consequência, os cinemas passaram a levar a marca NET, mas dois cinemas foram fechados ou devolvidos aos seus proprietários: o Cine Odeon, que voltou para o Grupo Severiano Ribeiro, e as salas de cinema localizadas no Centro Cultural Laura Alvim[20], do bairro de Ipanema, que passariam a ser geridas pela empresa exibidora Cinemastar[21].

Em maio de 2015 a empresa exibiria sinais de recuperação ao reabrir o complexo Estação NET Botafogo, com duas novas telas, passando a dispor de um total de cinco salas de exibição.[22]

Festival do Rio[editar | editar código-fonte]

O Grupo Estação e seus diretores são responsáveis pelo Festival Rio, maior festival brasileiro de cinema de caráter internacional, incluindo mostra competitiva.[23] [24]

Ver artigo principal: Festival do Rio

Público[editar | editar código-fonte]

Abaixo a tabela de público e sua evolução de 2006 a 2019, considerando o somatório de todas as suas salas a cada ano. A variação mencionada se refere à comparação com os números do ano imediatamente anterior. No período avaliado, constata-se um decréscimo de -4,39 nos frequentadores da rede.

Os dados de 2008 até 2013 foram extraídos do banco de dados Box Office do portal de cinema Filme B [25][26], sendo que os números de 2014 à 2015 têm como origem o Database Brasil.[27] Já os dados de 2018 em diante procedem do relatório "Informe Anual Distribuição em Salas Detalhado", do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA) da ANCINE.[28]

Ano Público

total

Ranking

no país

Market

Share

Variação
2008 902 491 16º 1,05% ano-base
2009 1 088 874 19º 0,96% Aumento20,65%
2010 1 146 177 19º 0,85% Aumento5,26%
2011 1 048 971 22º 0,74% Baixa8,48%
2012 1 059 467 23º 0,71% Aumento1,00%
2013 1 003 854 23º 0,66% Baixa5,25%
2014 835 933 23º 0,53% Baixa16,73%
2015 861 225 24º 0,50% Aumento3,03%
2016 863 225 24º 0,50% Aumento3,03%
2017 808 309 26º 0,45% Baixa6,32%
2018 694 138 26º 0,43% Baixa14,12%
2019 702 936 28º 0,40% Aumento1,27%

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Grupo Estação». www.grupoestacao.com.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  2. Estação, Grupo. «Grupo Estação». www.grupoestacao.com.br. Consultado em 7 de dezembro de 2017 
  3. a b c «Estação completa 30 anos e dá sinais de que superou a crise». O Globo. plus.google.com/+JornalOGlobo/. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  4. «Adriana Rattes | Filme B - o maior portal sobre o mercado de cinema no Brasil». www.filmeb.com.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  5. «Adhemar Oliveira | Filme B - o maior portal sobre o mercado de cinema no Brasil». www.filmeb.com.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  6. «-». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  7. «Ilda Santiago | Filme B - o maior portal sobre o mercado de cinema no Brasil». www.filmeb.com.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  8. «Estação Virtual». Armazenado no Way Back machine. 11 de novembro de 2000. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  9. «Paissandu, cinema histórico do Rio, fecha as portas». Boletim Filme B - Ano 11 - Semana 34 - Edição 562. 25 de agosto de 2008. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  10. «Folha de S.Paulo - Cinema: Circuito de arte muda a figura em SP - 01/08/2001». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  11. «Brasil vai ter mais 120 salas de cinema em 2005». Imirante 
  12. «Cidade do Rio já teve 198 cinemas de rua nos anos 1960, mas hoje conta com apenas 16». O Globo. 7 de agosto de 2014 
  13. «BNDES financia a abertura de dez salas de cinema no Rio de Janeiro - BNDES». www.bndes.gov.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  14. «Após anunciar dívida de R$ 43 milhões e risco de fechar, Estação entra em nova fase». O Globo. plus.google.com/+JornalOGlobo/. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  15. «Crise no Grupo Estação pode fechar seis unidades de cinemas do Rio». O Globo. plus.google.com/+JornalOGlobo/. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  16. «Em crise, Grupo Estação mobiliza os cinéfilos cariocas». AdoroCinema. Adoro Cinema. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  17. Redação (4 de março de 2014). «Grupo Estação busca apoio». O TEMPO MAGAZINE. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  18. «Portal PUC-Rio Digital». puc-riodigital.com.puc-rio.br. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  19. «Parceria com a NET salva grupo Estação da crise - Cinema Corrente - Ricardo Cota - O Dia». Brasil Econômico. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  20. «Grupo Estação fecha cinemas da Casa de Cultura Laura Alvim». O Globo. plus.google.com/+JornalOGlobo/. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  21. «Cine Star vai operar cinemas da Casa de Cultura Laura Alvim». O Globo. plus.google.com/+JornalOGlobo/. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  22. «Estação Net Rio em Botafogo reabre nesta sexta-feira - Almanaque Virtual». Almanaque Virtual. Consultado em 2 de novembro de 2015 
  23. «Festival do Rio 2017». www.grupoestacao.com.br. Consultado em 8 de dezembro de 2017 
  24. «Os 5 maiores festivais de cinema do Brasil | Universo Retrô». universoretro.com.br. Consultado em 8 de dezembro de 2017 
  25. «Filme B - o maior portal sobre o mercado de cinema no Brasil». www.filmeb.com.br. Consultado em 19 de setembro de 2015 
  26. «Identificação - Box Office Brasil». www.filmebboxofficebrasil.com. Consultado em 17 de outubro de 2015 
  27. «Ranking exibidores de 2014 (público) - top 50». Data base Brasil 2014. Filme B. Janeiro de 2015. Consultado em 16 de outubro de 2016 
  28. «Cinema | Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual». oca.ancine.gov.br. Consultado em 16 de novembro de 2017 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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