Maria Teresa Horta

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Maria Teresa Horta
Maria Teresa Horta
Nascimento 20 de maio de 1937
Lisboa
Cidadania Portugal
Cônjuge Luís de Barros
Alma mater
Ocupação romancista, escritora, poetisa
Prêmios
Obras destacadas Novas Cartas Portuguesas

Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros[1] GOIHGOL (Lisboa, 20 de maio de 1937) é uma escritora, jornalista e poetisa portuguesa. É uma das autoras do livro Novas Cartas Portuguesas, pelo qual foi processada e julgada em 1972, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Lisboa, no dia 20 de Maio de 1937. É Filha de Jorge Augusto da Silva Horta, 5.º Bastonário da Ordem dos Médicos (1956-1961), e de sua primeira mulher D. Carlota Maria Mascarenhas - a qual era neta paterna, por bastardia, do 9.º Marquês de Fronteira, 10.º Conde da Torre de juro e herdade, Representante do Título de Conde de Coculim, 7.º Marquês de Alorna de juro e herdade e 11.º Conde de Assumar de juro e herdade, ele próprio também filho natural - é oriunda, pelo lado materno, de uma família da alta aristocracia portuguesa, contando entre os seus antepassados a célebre poetisa Marquesa de Alorna.[3]

Foi casada, em segundas núpcias, com o jornalista Luís de Barros, de quem tem um único filho, Luís Jorge Horta de Barros (4 de Abril de 1965), casado com Maria Antónia Martins Peças Pereira, com dois filhos, Tiago e Bernardo Barros.[4]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Frequentou o Liceu D. Filipa de Lencastre. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Dedicou-se ao cine-clubismo, como dirigente do ABC Cine-Clube, ao jornalismo e à questão do feminismo.

Fez parte do Movimento Feminista de Portugal juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, as Três Marias. Em conjunto lançaram o livro Novas Cartas Portuguesas, que na época teve um forte impacto e gerou contestação.[2][3]

Teresa Horta também fez parte do grupo Poesia 61.[2]

Publicou diversos textos em jornais como Diário de Lisboa, A Capital, República, O Século, Diário de Notícias e Jornal de Letras e Artes, entre outros. Na Capital liderou o suplemento Literatura e Arte, por onde passaram nomes como Natália Correia, Maria Isabel Barreno, Ary dos Santos, José Saramago, António Gedeão, Alexandre O’Neill, Mário Cesariny, entre outros grandes nomes da literatura portuguesa.[5]

Foi também chefe de redacção da revista Mulheres a convite do Partido Comunista Português,[6] da qual foi militante durante 14 anos[7] entre 1975 e 1989, quando se dá o fim da União Soviética.[8] Esta revista, um projecto pessoal de Maria Teresa Horta, consistiu num projecto feminista, de forte cunho essencialista. Permitiu-lhe entrevistar mulheres de relevo da política, da cultura e da literatura, entre elas: Maria de Lourdes Pintasilgo, Marguerite Yourcenar, Marguerite Duras, Maria Bethânia.[2][5]

Prémios e Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Foi galardoada com o Prémio D. Dinis 2011 da Fundação Casa de Mateus pela sua obra "As Luzes de Leonor", o qual aceitou, embora se recusasse a recebê-lo das mãos do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, ao qual cabia entregá-lo, alegando que este está "a destruir o país".[9][10][11]

No mesmo ano é galardoada com o Prémio Máxima de Literatura pela mesma obra.[12]

Em 2014, recebeu o Prémio Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.[13]

Em 2017, recusou receber o 4º Prémio Oceanos (prémio de Literatura em Língua Portuguesa), atribuído anualmente pelo Itaú Cultural no Brasil. A sua recusa deve-se ao facto de o ter de partilhar com o autor Bernardo Carvalho e por achar que a sua obra e os seus leitores merece mais respeito.[14][15]

O seu livro Anunciações (com o qual concorrera ao Prémio Oceanos) ganha o Prémio Autores de 2017 na categoria Melhor livro de poesia. [16]

As Três Marias (ela e Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa) encontram-se entre os 50 autores portugueses seleccionados por António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen, professores e ensaístas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, para constar no livro O Cânone publicado pela editora Tinta da China em 2020.[17][13]

O Ministério da Cultura português distinguiu-a com a Medalha de Mérito Cultural em 2020.[13]

Em 2021 foi distinguida com o Prémio Literário Casino da Póvoa 2021, no festival de literatura Correntes d'Escritas, pela obra Estranhezas. [18][19] No mesmo ano, foi homenageada no Festival Literário Internacional do Interior, criado em homenagem das vítimas dos incêndios de 2017.[20]

Em 2023, o ISPA distinguiu-a com o título de Doutora Honoris Causa. [21]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

A 8 de março de 2004, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio.[22]

A 21 de abril de 2022, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.[22]

Obras[editar | editar código-fonte]

É autora de vários livros de poesia e ficção:[23]

Poesia

  • Espelho Inicial (1960)
  • Tatuagem (1961)
  • Cidadelas Submersas (1961)
  • Verão Coincidente (1962)
  • Amor Habitado (1963)
  • Candelabro (1964)
  • Jardim de Inverno (1966)
  • Cronista Não é Recado (1967)
  • Minha Senhora de Mim (1967)
  • Educação Sentimental (1975)
  • As Mulheres de Abril (1976)
  • Poesia Completa I e II (1960-1982) (1982)
  • Os Anjos (1983)
  • Minha Mãe, Meu Amor (1984)
  • Rosa Sangrenta (1987)
  • Antologia Poética (1994)
  • Destino (1998)
  • Só de Amor (1999)
  • Antologia Pessoal - 100 Poemas (2003)
  • Inquietude (2006)
  • Les Sorcières - Feiticeiras (2006) edição bilíngue
  • Cem Poemas + 21 inéditos (2007)
  • Palavras Secretas (Antologia) (2007)
  • Poemas do Brasil (2009)
  • Poesia Reunida (1960-2006) (2009)
  • As Palavras do Corpo (Antologia de poesia erótica) (2012)
  • Poemas para Leonor (2012)
  • Poesis (2017)
  • Estranhezas (2018)

Ficção

  • Ambas as Mãos sobre o Corpo (1970)
  • Novas Cartas Portuguesas (1971) (obra conjunta))
  • Ana (1974)
  • O Transfer (1984)
  • Ema (1984)
  • A Paixão Segundo Constança H. (1994)
  • A Mãe na Literatura Portuguesa (1999)
  • As Luzes de Leonor (2011)
  • A Dama e o Unicórnio (2013)
  • Meninas (2014)

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. As Três Marias: o antes, o depois e o impacto das ‘Novas Cartas Portuguesas’, Comunidade Cultura e Arte 29.07.2018
  2. a b c d «Biografia». web.archive.org. 3 de março de 2016. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  3. a b «Maria Teresa Horta». web.archive.org. 2 de dezembro de 2008. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  4. «Maria Teresa Horta». Expresso. Consultado em 15 de março de 2018 
  5. a b Faustino, Maria João (17 de junho de 2014). «Maria Teresa Horta jornalista: percurso, memória e circunstâncias». Comunicação Pública (Vol.9 n15). doi:10.4000/cp.635. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  6. Jornal Expresso (5 de janeiro de 2018). «Inéditos Maria Teresa Horta». expresso.pt. Consultado em 1 de março de 2021 
  7. Anabela Mota Ribeiro (5 de janeiro de 2014). «Maria Teresa Horta». Jornal de Negócios. Consultado em 1 de março de 2021 
  8. Lucas Brandão (29 de julho de 2018). «comunidadeculturaearte.com». Comunidade Cultura e Arte. Consultado em 1 de março de 2021 
  9. «Maria Teresa Horta recusa prémio das mãos de Passos - Jornal Expresso». Consultado em 19 de setembro de 2012. Arquivado do original em 19 de julho de 2014 
  10. «Prémio Dom Dinis 2011». Casa Mateus. Consultado em 19 de setembro de 2012. Arquivado do original em 13 de abril de 2012 
  11. Lusa, PÚBLICO. «Maria Teresa Horta recusa receber prémio literário das mãos de Passos Coelho». PÚBLICO. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  12. Teixeira, Diana. «Maria Teresa Horta vence Prémio Máxima de Literatura». PÚBLICO. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  13. a b c Lusa. «Escritora Maria Teresa Horta distinguida com Medalha de Mérito Cultural». PÚBLICO. Consultado em 3 de novembro de 2020 
  14. «Maria Teresa Horta: "Não aceitei o prémio porque sou livre"». www.sabado.pt. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  15. Dias, João de Almeida. «Maria Teresa Horta recusa Prémio Oceanos por ter ficado em quarto lugar ex-aequo». Observador. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  16. «Quem ganhou os Prémios Autores 2017?». Revista ESTANTE. 16 de março de 2017. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  17. Queirós, Luís Miguel. «Um cânone da literatura portuguesa que quer valer pelos argumentos». PÚBLICO. Consultado em 3 de novembro de 2020 
  18. «Maria Teresa Horta vence prémio literário Correntes d'Escritas 2021». Notícias ao Minuto. 26 de fevereiro de 2021. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  19. «Maria Teresa Horta é a vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa». C.M. da Póvoa de Varzim. 26 de fevereiro de 2021. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  20. «Manuel Alegre, Maria Teresa Horta e Carlos de Oliveira em destaque no Festival Literário Internacional do Interior». Jornal de Leiria. 14 de junho de 2021. Consultado em 3 de julho de 2021 
  21. Pina, Ana (18 de setembro de 2023). «Maria Teresa Horta, Doutora Honoris Causa pelo Ispa-Instituto Universitário». O Jornal Económico - Notícias, Economia, Política, Empresas, Mercados e Opinião. Consultado em 19 de setembro de 2023 
  22. a b «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Maria Teresa Mascarenhas Horta". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 21 de junho de 2022 
  23. «Obras de Maria Teresa Horta existentes no catalogo da Biblioteca Nacional». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 6 de setembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]