Plágio

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O plágio (diz-se também plagiarismo ou plagiato) é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc) contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original. No acto de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma.

Etimologia

Provém do latim plagium: ação de roubar uma pessoa, sequestrar, vender homens livres como escravos[1], relacionada ao verbo plagio, com significado análogo[2], de modo que a etimologia implica um ato criminoso.

Plágio não é a mesma coisa que paródia. Na paródia, há uma intenção clara de homenagem, crítica ou de sátira, não existe a intenção de enganar o leitor ou o espectador quanto à identidade do autor da obra. Plágio é, por exemplo, pegar uma música de algum cantor, por exemplo: Justin Timberlake ou cantores brasileiros como Roberto Carlos, Caetano Veloso ou Chico Buarque de Holanda, e dizer que a música foi escrita por você e não colocar créditos.

Para evitar acusação de plágio quando se utilizar parte de uma obra intelectual na criação de uma nova obra, recomenda-se parafrasear o texto da fonte consultada e colocar sempre créditos completos para o autor, seguindo as normas da ABNT, especialmente no caso de trabalhos acadêmicos onde normalmente se utiliza a citação bibliográfica.

Tipos de Plágio

1. Direto ou Integral - Segundo Ken Kirkpatrick, "consiste em copiar uma fonte palavra por palavra sem indicar que é uma citação e sem fazer referência ao autor."[3]
2. Parcial - Segundo Lécio Ramos, o plágio parcial é a "‘colagem’ resultante da seleção de parágrafos ou frases de um ou diversos autores, sem menção às obras."[4]
3. Conceitual: Para Lécio Ramos, é a "utilização da essência da obra do autor expressa de forma distinta da original."[4]
4. Plágio Mosaico - Para Ken Kirkpatrick esse é o tipo de plágio mais comum. Ele explica que "este plágio acontece quando o "plagiador" não faz uma cópia da fonte diretamente, mas muda umas poucas palavras em cada frase ou levemente reformula um parágrafo, sem dar crédito ao autor original. Esses parágrafos ou frases não são citações, mas estão tão próximas de ser citações que eles deveriam ter sido citados ou, se eles foram modificados o bastante para serem classificados como paráfrases, deveria ter sido feito referência à fonte.[3]
5. Autoplágio - Por definição, "consiste na apresentação total ou parcial de textos já publicados pelo mesmo autor, sem as devidas referências aos trabalhos anteriores".[5]

No Brasil

No Brasil o plágio é considerado crime e sua principal referência é a lei 9.610. Todavia, a lei 9.610 é voltada para a proteção de obras comerciais. Segundo essa lei seria possível copias "pequenos trechos", o que é inadmissível em um trabalho acadêmico. Para fins de trabalho acadêmico é mais adequado seguir-se as normas da ABNT, que não admitem exceções para textos copiados.

Viena, 1931: carta a um plagiário

O que pode fazer o autor quando é vítima de plágio? Erwin Theodor Rosenthal, eminente germanista, ensaísta e tradutor, que, em 2005, foi vítima de um notório caso de plágio da sua tradução de A Origem da Tragédia (publicada em 1948), relata um outro caso, ocorrido em 1931, em Viena, quando o escritor austríaco Egon Friedell (1878 - 1938) escreveu ao seu plagiador, um certo Anton Kuh, uma memorável carta aberta, com o seguinte teor:

Prezado Senhor,
Foi surpresa verificar que resolveu publicar a minha humilde estória, "O imperador José e a Prostituta", tal como a escrevi, com o acréscimo das três palavras: "Por Anton Kuh" , na publicação Querschnitt. Honra-me sem dúvida o fato de sua escolha ter recaído na minha estorinha, quando toda a literatura mundial desde Homero se encontrava à sua disposição. Teria gostado de retribuir na mesma moeda, mas depois de examinar toda a sua obra, não encontrei nada que tivesse vontade de subscrever. (ass) Egon Friedell.

Casos notáveis de plágio

Literatura científica

  • a editora brasileira Editora Martin Claret vem sofrendo diversas acusações de plágio provenientes de diversas traduções. Em 2000, ela respondeu a uma intimação judicial da Companhia das Letras, reconhecendo posteriormente ter usado uma parte das traduções de Modesto Carone para três novelas de Franz Kafka (1883-1924): "A Metamorfose", "Um Artista da Fome" e "Carta ao Pai".[6] Já em 2007, por sua vez, a obra A República, de Platão, tinha a tradução assinada por Pietro Nassetti, mas na verdade o texto é uma adaptação com pequenas mudanças da tradução de Maria Helena da Rocha Pereira, uma das maiores especialistas portuguesas em Grécia Antiga.[7] O editor Martin Claret, dono da Editora Martin Claret, admitiu que sua edição de A República, é plágio da edição da Fundação Calouste Gulbenkian.[6][7][8] Há ainda a suspeita de que alguns outros livros da editora usem traduções plagiadas. O caso é parcecido com o plágio das traduções publicadas pela Editora Nova Cultural.[9]
  • A tese da política alemã Silvana Koch-Mehrin, defendida em 2001 com o título 'Historical Currency Unions between Economy and Politics', foi analisada usando o esforço crowdsourcing, sendo ela acusada de plágio.[12][13][14] Como consequência, em 11 de maio de 2011 ela renunciou ao cargo de presidente do FDP no Parlamento Europeu e de vice-presidente do Parlamento Europeu, alegando querer encerrar a crise que o inquérito trouxe à sua família. Ela permanece membro do Parlamento Europeu, e continuou a usar o título de doutor.[15][16][17] Em 15 de junho de 2011 a Universidade de Heidelberg rescindiu oficialmente seu título de doutorado, devido a plágio descarado.[18]
  • o político alemão Karl-Theodor zu Guttenberg, na época ministro da Defesa da Alemanha, foi acusado em fevereiro de 2011 de plágio e ficou sem o seu título de doutor em direito. Ele havia obtido o título em 2007. A Universidade de Bayreuth retirou de Karl-Theodor zu Guttenberg o título do doutorado em 22 de fevereiro de 2011. Isto valeu a ele pelo menos duas queixas na justiça, e o apelido de "Barão copia-cola" e "Barão von Googleberg".[19] Em 1 março de 2011 Karl-Theodor zu Guttenberg anunciou sua renúncia como ministro da Defesa de Alemanha e da renúncia do mandato parlamentar.[20]
  • o político e (ex-) presidente da Hungria Pál Schmitt teve o seu título de doutorado retirado em março de 2012 pelo Conselho de Doutores da Universidade de Medicina "Semmelweis".[21] Em 2 de abril de 2012 anunciou que irá renunciar ao cargo.[22]

Filmes

Música

  • Em 3 de dezembro de 2008, a música Still Got the Blues do álbum homónimo de Gary Moore (lançado em 1990) foi declarado plágio de uma canção desconhecida (ao menos fora da Alemanha) publicada em 1974 chamada "Nordrach", da banda alemã Jud's Gallery pelo Tribunal Regional de Justiça (Landgericht) de Munique.[25] Gary negou conhecer a música, alegando que esta era indisponível em gravações ou CD na época em que ele gravou o álbum. A corte reconheceu que não havia evidência de que o solo de guitarra havia sido copiado de "Nordrach", mas uma violação de copyright independe da qualificação do furto.[26]

Softwares de detecção de plágio

On-line

Pessoal

Ver Também

Referências

  1. LEWIS, Charlton T., SHORT Charles. «A Latin Dictionary». Consultado em 30 de dezembro de 2013 
  2. LEWIS, Charlton T., SHORT Charles. «A Latin Dictionary». Consultado em 30 de dezembro de 2013 
  3. a b lepem.ufc.br/ Evitando Plágio, por Ken Kirkpatrick
  4. a b puc-rio.br/ Plágio e direitio do autor no Universo Academico
  5. ufpe.br/ Ética e Integridade na Prática Científica
  6. a b Editora plagiou traduções de clássicos
  7. a b A República da Pirataria
  8. «AMIGOS DO LIVRO - Editora plagiou traduções de clássicos». amigosdolivro.com.br. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  9. «Plágios no mundo das traduções - Caderno 3 - Diário do Nordeste». diariodonordeste.globo.com. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  10. «Researchers peg Putin as a plagiarist over thesis - Washington Times». washingtontimes.com. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  11. «History News Network». hnn.us. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  12. «BBC News - German politics rocked by new plagiarism probe». bbc.co.uk. 2012 [last update]. Consultado em 2 de abril de 2012  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  13. «Skm – VroniPlag Wiki – kollaborative Plagiatsdokumentation». de.vroniplag.wikia.com. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  14. «Plagiatsvorwurf: Universität Heidelberg will Koch-Mehrin Doktortitel aberkennen | Studium | ZEIT ONLINE». zeit.de. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  15. Koch-Mehrin resigns from party and European offices(ZEIT online)
  16. The Whiff of Plagiarism Again Hits German Elite, NY Times, 2011-04-24]
  17. La vicepresidenta de la Eurocámara Koch-Mehrin plagió su tesis doctoral, El Mundo, 2011-05-13
  18. 'Heidelberg University rescinds Koch-Mehrin doctorate, Der Spiegel, 2011-06-15 (em alemão)
  19. Folha de S.Paulo: Universidade caça título de doutor de ministro alemão por plágio
  20. Estadão: Ministro alemão renuncia após escândalo de plágio 1 de março
  21. «Presidente da Hungria acusado de plágio». Consultado em 2 de abril de 2012 
  22. «Folha.com - Mundo - Presidente da Hungria renuncia após disputa por plágio - 02/04/2012». www1.folha.uol.com.br. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  23. «Folha da Região On-line». folhadaregiao.com.br. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  24. «Os direitos de Mauá | Publishnews | Clipping». publishnews.com.br. 2012. Consultado em 2 de abril de 2012 
  25. «Gary Moores Welthit "Still got the Blues" war geklaut». Spiegel Online. Consultado em 2 de abril de 2012 
  26. Ex-Thin Lizzy guitarist loses German plagiarism case. Yahoo! News. 3-12-2008.

Ligações externas

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