The Man Who Played God

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The Man Who Played God
The Man Who Played God
Cartaz promocional do filme.
No Brasil O Homem Deus
 Estados Unidos
1932 •  p&b •  80 min 
Gênero drama
Direção John G. Adolfi
Produção Darryl F. Zanuck
Roteiro Julien Josephson
Maude T. Howell
Baseado em
  • The Man Who Played God
    conto de 1912
    Gouverneur Morris
  • The Silent Voice
    peça teatral de 1914
    Jules Eckert Goodman
Elenco George Arliss
Música Leo F. Forbstein
Cinematografia James Van Trees
Edição William Holmes
Distribuição Warner Bros.
Lançamento
  • 20 de fevereiro de 1932 (1932-02-20) (Estados Unidos)[1][2]
Idioma inglês
Orçamento US$ 237.000[3]
Receita US$ 835.000[3]

The Man Who Played God (bra: O Homem Deus)[4] é um filme pre-Code estadunidense de 1932, do gênero drama, dirigido por John G. Adolfi, estrelado por George Arliss, e co-estrelado por Violet Heming e Bette Davis. O roteiro de Julien Josephson e Maude T. Howell foi baseado no conto homônimo de 1912, de Gouverneur Morris; e na peça teatral "The Silent Voice" (1914), de Jules Eckert Goodman.[2]

A trama retrata a história de um pianista amargurado pela perda de sua audição, que eventualmente encontra redenção ajudando os outros.

A Warner Bros. promoveu o filme como um exemplo de que os estúdios de cinema estadunidense eram capazes de produzir filmes com elevados valores morais e sociais, sem precisarem de interferências de agentes de fora da indústria cinematográfica.

A produção é uma refilmagem da obra muda homônima de 1922, também estrelada por Arliss. O filme se tornou uma peça teatral homônima em 1914 e um outro filme, "The Silent Voice", em 1915, escrita pelo roteirista Jules Eckert Goodman. Em 1955, ocorreu uma nova refilmagem, dessa vez com o título "Sincerely Yours", estrelada por Liberace.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Em Paris, o famoso e popular pianista e concertista Montgomery Royle (George Arliss) se prepara para viajar para Nova Iorque com a irmã Florence (Louise Closser Hale) e a jovem secretária víúva Mildred Miller (Violet Heming), que secretamente o ama. Antes de partir, Royle fica noivo de sua aluna, Grace Blair (Bette Davis), e resolve atender a um pedido do Rei (Andre Luguet), dando-lhe uma apresentação particular. No momento em que tocava, uma bomba disparada por revolucionários contra o monarca explode, e Royle imediatamente fica surdo. Desesperado, o pianista desiste de continuar a carreira e se torna extremamente amargo, frequentemente blasfemando contra Deus. Mesmo atendendo a uma sugestão de aprender leitura labial, ele continua deprimido e tenta suicidar-se. As coisas mudam quando ele começa a observar as pessoas em um jardim próximo com um binóculo e, ao se inteirar dos dramas pessoais de cada um, bem mais graves que o seu, resolve ajudar as pessoas anonimamente, "brincando de Deus".

Elenco[editar | editar código-fonte]

  • George Arliss como Montgomery Royle
  • Violet Heming como Mildred Miller
  • Bette Davis como Grace Blair
  • Andre Luguet como O Rei
  • Louise Closser Hale como Florence Royle
  • Donald Cook como Harold Van Adam
  • Ivan F. Simpson como Battle
  • Oscar Apfel como Professor de Leitura Labial
  • Charles E. Evans como Médico
  • Hedda Hopper como Madame Alice Chittendon
  • William Janney como Rapaz
  • Murray Kinnell como Ajudante do Rei

Produção[editar | editar código-fonte]

Warners tinha realizado "The Man Who Played God" em 1922, baseado na peça teatral "The Silent Voice" (1914), de Jules Eckert Goodman, que adaptou a historieta de Gouverneur Morris, anteriormente publicada na revista Cosmopolitan em 1912.[5] Para a produção de 1932, uma adaptação livre foi escrita por Julien Josephson e Maude T. Howell. Arliss também contribuiu para o roteiro e foi pago, mesmo sem ser creditado.[6]

Em setembro de 1931, desapontada com sua carreira em Hollywood até ali, Bette Davis queria retornar para Nova Iorque quando George Arliss ligou e a convidou para discutir o papel de Grace Blair com ele. Achando que fosse uma piada, Davis mais tarde relembrou: "Eu respondi imitando um sotaque inglês", e falei: "Claro, Sr. Arliss. Que bom e decente de você". O ator finalmente convenceu Davis de que era ele mesmo no telefone e ela respondeu que iria encontrá-lo imediatamente. "Minha ansiedade e alegria eram indescritíveis ... Um filme de Arliss tinha prestígio – muito melhor que The Menace, e que apesar de tudo, fora Murray Kinnell do elenco daquele filme que me sugeriu para o papel ... De todo mal vem algo bom. Eu sempre acreditei nisso".[7][8]

Aos sessenta e três anos, mais de dez anos mais velho que seu personagem, Arliss sabia que era velho demais para o papel e estava preocupado que a diferença de idade entre ele e a atriz escalada como Grace Blair seria ridícula, a menos que ela fosse interpretada por alguém que pudesse transmitir amor e adoração ao seu personagem. Após entrevistar muitas mulheres jovens, ele achou que Davis era a mais capaz de conseguir manter a personagem. Ele a enviou para Perc Westmore, o maquiador particular do estúdio, que sugeriu clarear o cabelo loiro dela para causar maior impressão na tela. "Ele estava certo. Em The Man Who Played God – pela primeira vez – eu realmente gostei de minha aparência. Foi, para mim, um novo sopro de vida". Os dois se tornaram amigos próximos, e Westmore foi o maquiador de Davis em mais de doze filmes.[7]

Após analisar a versão editada do filme, Jack L. Warner contratou Davis por cinco anos, pagando inicialmente US$ 400 por semana. Ela ficou na Warner Bros. pelos dezoito anos seguintes, e Davis agradeceu Arliss pelo resto de sua vida, atribuindo-lhe o fato da "carreira ter finalmente emergido".[7] Sobre Davis, Arliss escreveu em sua biografia de 1940, "My Ten Years in the Studios": "Eu não esperava nada mais do que uma agradável atuação. Mas quando a assisti, ela me assustou; seu pequeno papel agradável tornou-se uma criação profunda e vívida, e me senti bastante humilhado por essa jovem ter sido capaz de descobrir e retratar algo que minha imaginação não conseguiu conceber ... Para mim, não é surpresa que Bette Davis seja agora a estrela mais importante do cinema".[7]

As composições musicais no filme incluem "Fantaisie-Impromptu", de Frédéric Chopin, "Sonata ao Luar", de Beethoven, e "Onward, Christian Soldiers", de Arthur Sullivan.

Lançamento[editar | editar código-fonte]

"The Man Who Played God" foi inicialmente pensado para ser exibido em cinemas pequenos do interior em 1932. Warners mudou de estratégia quando o filme recebeu boa aceitação da Organização Hays; o estúdio decidiu que a produção poderia ser um oportuno exemplo de entretenimento saudável.[a] Assim, após um breve lançamento especial em Los Angeles e Nova Iorque, em 9 e 10 de fevereiro respectivamente, houve o lançamento geral em 20 de fevereiro.[1][9]

Foi um sucesso modesto de bilheteria e trouxe lucros para o estúdio.[6]:128 Foi o mais popular filme de Arliss.[6]:120

Na Inglaterra, os censores rejeitaram o título do filme, que foi mudado para "The Silent Voice".[10]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Mordaunt Hall, em sua crítica para o The New York Times, opinou: "É uma história cuidadosamente concebida ao se tratar de cinema, com satisfação e alegria nas cenas iniciais, depois um período de melancolia, e terminando com episódios de gratidão e felicidade ... e apesar de um pouco letárgico às vezes, tem um toque de genuína e atraente gentileza, tanto que não chegamos a desejar que acelere". Ele achou que o "Sr. Arliss revela outra de suas eficientes e meticulosas interpretações", mas sente que Davis "muitas vezes falava apressadamente"[11][b]

Martin Quigley, editor de jornal comercial e funcionário do Gabinete Hays, deu ao filme entusiásticas recomendações em seu Motion Picture Herald, e outros dois companheiros da equipe fizeram o mesmo.[12] A resenha do Film Daily foi também positiva, destacando a atuação de Arliss, e foi mais longe ao afirmar que "todos os cumprimentos [ao filme] devem ser dados pelos exibidores".[13]

Nem todas as resenhas foram elogiosas. O crítico "Rush.", da revista Variety, achou que a curta história tinha ficado sobrecarregada para um filme de 80 minutos: "... um retrato em que todas as coisas são de valor, mas com pouca substância para ser enfeitada". Ele achou que a interpretação do romance de meses entre Arliss e Davis foi inconvincente, e destacou apenas Heming, notando a "energia tranquila" de sua atuação.[14] A resenha de Hollywood Reporter recebeu o título de "Clean, Wholesome, and Dull", ou "Limpo, Saudável e Chato".[15]

Bilheteria[editar | editar código-fonte]

De acordo com os registros da Warner Bros., o filme arrecadou US$ 536.000 nacionalmente e US$ 299.000 no exterior, totalizando US$ 835.000 mundialmente. Foi o filme mais popular do estúdio entre 1931–32.[3]

Adaptações[editar | editar código-fonte]

Ann Forest e George Arliss em cena do filme de 1922.

O filme é uma reinterpretação do exemplar do cinema mudo homônimo de 1922. A diferença mais evidente entre ambos é que no primeiro filme o protagonista volta a ouvir, uma invenção dos criadores que recebeu críticas negativas e foi mudada na versão de 1932.[6]:122 Arliss adaptou o roteiro para a rádio em 1938, repetindo o papel de Royle.[6]:120 Outra versão para a rádio, com Raymond Massey, foi apresentada no episódio de "Philip Morris Playhouse" de 17 de abril de 1942.[16] Em 1955, a Warner revisou a história novamente em "Sincerely Yours", com Liberace como o pianista protagonista cuja audição vai e volta, uma famosa versão não bem-sucedida.[6]:128

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. De acordo com um comunicado divulgado pela Warners, esperava que outros "líderes da industria" apoiassem o filme e que "percorresse um longo caminho para silenciar as críticas dos supostos reformistas".[1]
  2. Davis concorda. "Eu sempre tive dificuldades em falar mais devagar dentro ou fora da tela ... William Wyler, quando me dirigiu em Jezebel, ficava constantemente fazendo-me diminuir o ritmo".[7]

Referências

  1. a b c «To Release Arliss Film Immediately». Motion Picture Herald. 106 (6): 18. 6 de fevereiro de 1932 – via Internet Archive 
  2. a b «The First 100 Years 1893–1993: The Man Who Played God (1932)». American Film Institute Catalog. Consultado em 7 de julho de 2023 
  3. a b c Warner Bros financial information in The William Shaefer Ledger. See Appendix 1, Historical Journal of Film, Radio and Television, (1995) 15:sup1, 1–31 p. 13 DOI: 10.1080/01439689508604551
  4. «O Homem Deus». CinePlayers. Brasil. Consultado em 12 de junho de 2022 
  5. «The Man Who Played God (1932) – Screenplay Info». Turner Classic Movies Database. Consultado em 18 de março de 2016 
  6. a b c d e f Fells, Robert M. (2004). «The Man Who Played God». George Arliss: The Man who Played God. [S.l.]: Scarecrow Press. pp. 119–131. ISBN 978-0-8108-5160-3 
  7. a b c d e Stine, Whitney; Davis, Bette (1974). Mother Goddam: The Story of the Career of Bette Davis. [S.l.]: Hawthorn Books. pp. 18–32. ISBN 0-8015-5184-6 
  8. Chandler, Charlotte (2006). The Girl Who Walked Home Alone: Bette Davis, A Personal Biography. [S.l.]: Simon & Schuster. pp. 73–75. ISBN 0-7432-6208-5 
  9. «Call Off Roadshowings of New Arliss Picture». The Film Daily. 58 (29): 1. 4 de fevereiro de 1932 – via Internet Archive 
  10. «'The Man Who Played God'; The New George Arliss Picture». The West Australian. 21 de outubro de 1932. p. 2 – via Trove 
  11. Hall, Mordaunt (11 de fevereiro de 1932). «The Man Who Played God». Movies. New York Times. Consultado em 25 de fevereiro de 2014 
  12. Quigley, Martin (13 de fevereiro de 1932). «The Man Who Played God». Motion Picture Herald. 106 (7): 11 – via Internet Archive . No mesmo site: Ramsaye, Terry, "An Impressive Warner Achievement" (p. 10); and McGoldrick, Rita C., "Your Public: 'The Man Who Played God'" (p. 28).
  13. «George Arliss in 'The Man Who Played God'». The Film Daily. 58 (37): 10. 14 de fevereiro de 1932 – via Internet Archive 
  14. Greason, Alfred "Rush." (16 de fevereiro de 1932). «The Man Who Played God». Film Reviews. Variety. 105 (10): 24 – via Internet Archive 
  15. Doherty, Thomas Patrick (2013). Pre-Code Hollywood: Sex, Immorality, and Insurrection in American Cinema, 1930–1934. [S.l.]: Columbia University Press. p. 106. ISBN 978-0-231-50012-8 
  16. «The Short and Long of Radio». The Evening News (Harrisburg). 17 de abril de 1942. p. 16. Consultado em 1 de agosto de 2015 – via Newspapers.com