Tito Lárcio

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Tito Lárcio
Cônsul da República Romana
Ditador da República Romana
Consulado / Ditadura 501 a.C. (cônsul)
501 a.C. (ditador)
498 a.C. (cônsul)

Tito Lárcio (em latim: Titus Lartius), cujo sobrenome era Flavo (em latim: Flavus) ou Rufo (em latim: Rufus), foi um político romano da gente Lárcia eleito cônsul por duas vezes, em 501 e 489 a.C., com Póstumo Comínio Aurunco e Quinto Clélio Sículo. Foi também o primeiro ditador romano em 501 a.C.[1] Era irmão de Espúrio Lárcio, cônsul em 506 e 490 a.C..

Contexto[editar | editar código-fonte]

Os Lárcios (Lartii), cujo nomen é escrito também "Larcius" e "Largius", eram uma família etrusca de Roma nos primeiros anos da República Romana. Seu nomen é derivado do prenome etrusco "Lars". O irmão de Tito, Espúrio Lárcio, foi um dos heróis da República, ajudando a defender a ponte de madeira que cruzava o Tibre ao lado de Horácio Cocles e Tito Hermínio. Foi eleito cônsul por duas vezes, em 501 e 498 a.C.[1][2][3][4]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Templo de Saturno, completado durante o mandato de Tito Lárcio.

O primeiro consultado de Lárcio foi em 501 a.C., o nono ano da República, e seu colega era Póstumo Comínio Aurunco. Durante seu mandato, houve revoltas em Roma, atribuídas às ações de um grupo de jovens sabinos. No ano anterior, o cônsul Espúrio Cássio Vecelino havia derrotado os sabinos perto de Cures e, por um tempo, houve a impressão de que a guerra seria retomada. As tensões aumentaram por que já se antecipava uma guerra contra os latinos. Otávio Mamílio, o príncipe de Túsculo e genro de Lúcio Tarquínio Soberbo, o sétimo e último rei de Roma, estava formando uma aliança de trinta cidades do Lácio com o objetivo de restaurar Tarquínio ao trono.[5][6]

Nestas circunstâncias, foi decidido nomear um único magistrado, originalmente chamado de "praetor maximus" ("pretor máximo") ou "magister populi" ("mestre do povo"), mas que passou a ser chamado posteriormente apenas de "dictator" (ditador), que tinha como objetivo supervisionar as defesas da cidade. Ele tinha autoridade suprema para realizar suas funções e não havia meio para apelar de suas decisões, como era o caso dos cônsules. Porém, o comando do ditador estava limitado a um mandato de apenas seis meses. O Senado ordenou que os cônsules nomeassem um ditador e Comínio escolheu seu colega, Lárcio, que, por sua vez, nomeou Espúrio Cássio, que havia triunfado sobre os sabinos no ano anterior, como seu magister equitum ("mestre dos cavalos").[5][6][7]

Acredita-se que a criação deste cargo na magistratura tenha alarmado os sabinos, que enviaram emissários a Roma para tentar evitar a guerra. As negociações fracassaram e a guerra foi declarada, mas ambos os lados se recusaram a se enfrentar e nenhuma batalha ocorreu. Durante o resto de seu mandato, Lárcio realizou o censo, negociou com várias cidades latinas na esperança de recuperar alguns antigos aliados e ganhar novos, e presidiu as eleições consulares do ano seguinte. Lárcio deixou o cargo antes do final do mandato, abrindo um precedente para os futuros ditadores.[8]

Ele foi eleito para o consulado novamente em 498, desta vez com Quinto Clélio Sículo. Neste ano, a muito antecipada guerra contra os latinos começou. O ditador, Aulo Postúmio Albo liderou as forças romanas à vitória na Batalha do Lago Régilo, enquanto Lárcio acabou capturado na cidade de Fidenas. Depois de deixar a magistratura, Dionísio de Halicarnasso conta que ele teria dedicado o Templo de Saturno no sopé do monte Capitolino.[9][10]

Em 494 a.C., Lárcio tentou, sem sucesso, defender algumas medidas para aliviar a situação das dívidas da plebe e, no ano seguinte, quando eles se revoltaram e acamparam no Monte Sagrado, Lárcio foi um dos emissários enviados pelo Senado para tratar com eles. A embaixada foi vitoriosa e resultou na instituição da função do tribuno da plebe.

Ainda em 493 a.C., Lárcio serviu como legado para o cônsul Comínio, seu colega em 501 a.C., no cerco de Corioli, que deu a Caio Márcio Coriolano sua fama por bravura e valor.[11][12][13]

Incertezas históricas[editar | editar código-fonte]

Uma tradição alternativa afirma que o primeiro ditador teria sido Mânio Valério, filho de Marco Valério Voluso, cônsul em 505 a.C. Porém, o historiador Lívio acreditava ser muito improvável que uma pessoa que não havia sido cônsul pudesse ter sido nomeado o primeiro ditador ou que Mânio Valério fosse nomeado no lugar de seu pai. Outra tradição data a instituição da ditadura três anos depois, em 498 a.C., durante o segundo consulado de Lárcio. Foi neste ano que Aulo Postúmio Albo venceu a Batalha do Lago Régilo. Porém, esta batalha também tem sido datada por algumas autoridades em 496 a.C., quando Postúmio era cônsul.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cônsul da República Romana
Precedido por:
Opitero Vergínio Tricosto

com Espúrio Cássio Vecelino

Póstumo Comínio Aurunco
501 a.C.

com Tito Lárcio Flavo

Sucedido por:
Sérvio Sulpício Camerino Cornuto

com Mânio Túlio Longo

Precedido por:
Tito Ebúcio Elva

com Caio Vetúsio Gêmino Cicurino

Quinto Clélio Sículo
498 a.C.

com Tito Lárcio Flavo II

Sucedido por:
Aulo Semprônio Atratino

com Marco Minúcio Augurino


Referências

  1. a b Smith
  2. George Davis Chase, "The Origin of Roman Praenomina", in Harvard Studies in Classical Philology, vol. VIII (1897).(em inglês)
  3. Lívio, Ab Urbe Condita, ii. 10. (em inglês)
  4. Dionísio de Halicarnasso, Romaike Archaiologia, v. 24, 25, 36, vii. 68. (em inglês)
  5. a b Lívio, Ab Urbe Condita, ii. 18.
  6. a b Dionísio de Halicarnasso, Romaike Archaiologia, v. 71.
  7. Oxford Classical Dictionary, 2nd Ed. (1970). (em inglês)
  8. Dionísio de Halicarnasso, Romaike Archaiologia, v. 76, 77.
  9. Dionísio de Halicarnasso, Romaike Archaiologia, v. 50, 59, 60, vi. 1.
  10. Lívio, Ab Urbe Condita, ii. 21.
  11. Dionísio de Halicarnasso, Romaike Archaiologia, vi. 81, 92.
  12. Lívio, Ab Urbe Condita, ii. 29.
  13. Plutarco, Vidas Paralelas, Coriolanus, 8.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]