Trigoniaceae

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaTrigoniaceae
Inflorescência de Trigonia nivea var. pubescens.
Inflorescência de Trigonia nivea var. pubescens.
Classificação científica
Reino: Plantae
(sem classif.) eudicotiledóneas nucleares
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
(sem classif.) fabídeas
Ordem: Malpighiales
Família: Trigoniaceae
A.Juss.
Géneros
Folha de Trigonia nivea mostrando a face inferior recoberta por tricomas.
Inflorescência de Trigonia nivea.
Infrutescência de Trigonia nivea.
Flor acentuadamente zigomorfa de Trigonia nivea.
Fruto piloso de Trigonia nivea, mostrando as sementes.

Trigoniaceae é uma família de plantas com flor, pertencente à ordem Malpighiales, que agrupa cerca de 28 espécies repartidas por 5 géneros.[1] A família tem distribuição natural do tipo disjunto pelas regiões tropicais, com espécies em Madagáscar, no Arquipélago Malaio, América Central e América do Sul.[2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os membros da família Trigoniaceae são plantas sempre-verdes e lenhosas: árvores, arbustos ou lianas. As folhas são dispostas em filotaxia oposta, sendo contudo alternadas em Trigoniastrum. As folha são pecioladas, simples, com margem lisa e face inferior muito peluda, com densos tricomas acinzentados.

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Os membros da família Trigoiaceae são árvores, arbustos ou arbustos escandentes, com ramos teretes, lenticelados. São plantas hermafroditas.

Folhas simples, inteiras, alternas ou opostas, com nervação pinada. Apresentam estípulas interpeciolares, decíduas ou caducas.[3] A face inferior do limbo foliar é recoberta por tricomas longos e densos.

As flores agrupam-se em inflorescências em tirsos, panículas ou rácemos, por vezes reduzidas a cimeiras. As flores são bibracteoladas, fortemente zigomorfas, hipóginas a subperíginas, com plano de simetria através da terceira sépala. O receptáculo de formas e tamanhos variados, ligeiramente giboso na base. O cálice é gamosépalo, com a base cupulada. As sépalas, imbricados na prefloração, são desiguais. A corola é papilionácea, com 5 pétalas, contortas na gema, as duas anteriores formando uma quilha, por vezes saciformes, a pétala posterior ou estandarte saciforme, as duas pétalas laterais, ou asas, são espatulados. Os estames são 5–8, as anteras introrsas, com deiscência longitudinal. As glândulas do disco nectarífero são opostas ao estandarte, por vezes laciniadas. O ovário é súpero.[3] A dispersão do pólen e polinização é feita por insectos (entomofilia).

O fruto é uma cápsula septicida ou uma sâmara tri-alada (em Humbertiodendron e Trigoniastrum). As sementes são exalbuminadas, de embrião recto, longitudinal ou transverso ao eixo da semente, cotilédones planos, delgados, com radícula muito curta.[3] As sementes apresentam pelos compridos em alguns táxons. A dispersão das sementes ocorre com o vento ou a água (anemocoria e hidrocoria).

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A família tem distribuição disjunta pelas regiões tropicais, com espécies em Madagáscar, no Arquipélago Malaio, América Central e América do Sul.[2] O centro de diversidade da família aparenta ser nos trópicos da América do Sul, sendo residual a sua presença na região paleotropical, onde está representada por géneros monotípicos (Humbertiodendron em Madagáscar e Trigoniastrum na Malésia).

Filogenia e sistemática[editar | editar código-fonte]

As Trigoniaceae são filogeneticamente próximas das Dichapetalaceae com as quais andaram frequentemente associadas nas classificações de base morfológica.

Filogenia[editar | editar código-fonte]

Um estudo de filogenética molecular, realizado em 2012, usou dados resultantes da análise de um número alargado de genes e por essa via obteve uma árvore filogenética com maior resolução que a disponível nos estudos anteriormente realizados.[4] Nesse estudo foram analisados 82 genes de plastídeos de 58 espécies (a problemática família Rafflesiaceae não foi incluída), usando partições identificadas a posteriori pela aplicação de um modelo de mistura com recurso a inferência bayesiana. Esse estudo identificou 12 clados adicionais e 3 clados basais de maior significância.[4][5] A posição da família Trigoniaceae no contexto da ordem Malpighiales é a que consta do seguinte cladograma:

Oxalidales (grupo externo)

Malpighiales
euphorbioides

Peraceae

  

Rafflesiaceae

  

Euphorbiaceae

phyllanthoides

Picrodendraceae

Phyllanthaceae

linoides

Linaceae

Ixonanthaceae

clado parietal 
salicoides

Salicaceae

Scyphostegiaceae

Samydaceae

Lacistemataceae

Passifloraceae

Turneraceae

Malesherbiaceae

Violaceae

Goupiaceae

Achariaceae

Humiriaceae

clusioides

Hypericaceae

Podostemaceae

Calophyllaceae

Clusiaceae

Bonnetiaceae

ochnoides

Ochnaceae

Quiinaceae

Medusagynaceae

Rhizophoraceae

Erythroxylaceae

Ctenolophonaceae

Pandaceae

Irvingiaceae

chrysobalanoides

Chrysobalanaceae

Euphroniaceae

Dichapetalaceae

Trigoniaceae

Balanopaceae

malpighioides

Malpighiaceae

Elatinaceae

Centroplacaceae

Caryocaraceae

putranjivoides

Putranjivaceae

Lophopyxidaceae

A família Trigoniaceae é o grupo irmão da família Dichapetalaceae, com a qual partilha diversas características morfológicas.

Sistemática[editar | editar código-fonte]

Os taxa que integram esta família estiveram anteriormente incluídos na ordem Polygalales. A família Trigoniaceae foi proposta em 1841 por Stephan Ladislaus Endlicher, embora seja mais frequente aparecer citada a publicação da autoria de Adrien Henri Laurent de Jussieu incluída no Dictionnaire Universal d'Histoire Naturelle, 12, p. 670, saída a público em 1849. O género tipo é Trigonia Aubl..

Na sua presente circunscrição taxonómica a família inclui 5 géneros com de 28 a 35 espécies:[6]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Christenhusz, M. J. M., and Byng, J. W. (2016). «The number of known plants species in the world and its annual increase». Magnolia Press. Phytotaxa. 261 (3): 201–217. doi:10.11646/phytotaxa.261.3.1 
  2. a b Stephens, P.F. (2001). Angiosperm Phylogeny Website. Version 9, June 2008. http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/
  3. a b c «Trigoniaceae». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden: Flora de Nicaragua. Consultado em 22 de fevereiro de 2010 
  4. a b Xi, Z.; Ruhfel, B. R.; Schaefer, H.; Amorim, A. M.; Sugumaran, M.; Wurdack, K. J.; Endress, P. K.; Matthews, M. L.; Stevens, P. F.; Mathews, S.; Davis, C. C. (2012). «Phylogenomics and a posteriori data partitioning resolve the Cretaceous angiosperm radiation Malpighiales». Proceedings of the National Academy of Sciences. 109 (43). 17519 páginas. PMC 3491498Acessível livremente. PMID 23045684. doi:10.1073/pnas.1205818109 
  5. Catalogue of Organisms: Malpighiales: A Glorious Mess of Flowering Plants
  6. «Trigoniaceae». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN) 
  7. a b c d David John Mabberley: Mabberley’s Plant-Book. A portable dictionary of plants, their classification and uses. 3. ed. Cambridge University Press 2008. ISBN 978-0-521-82071-4
  8. José Luis Fernández-Alonso, Jorge A. Pérez-Zabala & Alvaro Idarraga-Piedrahita: Isidodendron, un nuevo género neotropical de árboles de la familia Trigoniaceae, In: Revista de la Academia Colombiana d Ciencias Exactas, Físicas y Naturales, 24, Nr. 92, 2000, S. 348-354, f. 1-4. (Memento vom 5. março 2016 im Internet Archive) (PDF; 550 kB)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Trigoniaceae
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Trigoniaceae