Vz. 52 (fuzil)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
vz. 52 - vz. 52/57

Fuzil vz. 52 no Museu do Exército Sueco.
Tipo Fuzil semiautomático
Local de origem  Tchecoslováquia
História operacional
Em serviço 1952–1959 (Tchecoslováquia)
Guerras Guerra Civil Libanesa
Guerra do Vietnã
Invasão da Baía dos Porcos
Guerra Civil da Rodésia
Guerra Civil da Nigéria
Guerra do Yom Kippur
Histórico de produção
Data de criação 1951–1952
Fabricante Považské strojárne, Česká zbrojovka
Período de
produção
1952–1959
Variantes vz. 52
vz. 52/57
Especificações
Peso 4,14 kg (vz. 52)
4,30 kg (vz. 52/57)
Comprimento 1.005 mm
1.205 mm com baioneta desdobrada
Comprimento 
do cano
520 mm
Cartucho 7,62×45mm (vz. 52)
7,62×39mm (vz. 52/57)
Ação Operação a gás, ferrolho basculante
Velocidade de saída 760 m/s (vz. 52)
735 m/s (vz. 52/57)
Alcance efetivo 650 m (vz. 52)
400 m (vz. 52/57)
Alcance máximo 2.000 m (vz. 52/57)
Sistema de suprimento Carregador destacável de 10 tiros, alimentado por pentes
Mira Miras de ferro graduadas de 100 m a 900 m
 Nota: Para a metralhadora, veja vz. 52 (metralhadora).

O vz. 52 (tcheco: 7,62mm samonabíjecí puška vzor 52) é um fuzil semiautomático que foi desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial na Tchecoslováquia.[1] A designação vz. 52 é uma abreviação de vzor 52 (modelo 52), e o fuzil é calibrado em 7,62×45mm. Esse calibre foi trocado posteriormente quando o exército tcheco padronizou-se com a munição padrão do Pacto de Varsóvia, o 7,62×39mm. Os primeiros 5.000 fuzis vz. 52 foram produzidos pela Považské strojárne em Považská Bystrica, localizada a 100km no sudoeste de Praga,[2] mas devido a dificuldades de produção, sua fabricação foi assumida pela Česká zbrojovka Uherský Brod.[3]

Características técnicas[editar | editar código-fonte]

Fuzil vz. 52 com guarda-mão removido para mostrar o sistema de gás. A porca mais próxima do retém da bandoleira é a contra-porca de ajuste. Entre o pistão de gás (cor mais clara) e a contra-porca está a própria porca de ajuste. Haste operacional removida e colocada no lado direito.

O vz. 52 é um fuzil semi-automático com um mecanismo de trancamento de ferrolho basculante alimentado por um sistema anular de pistão a gás de curso curto. O ferrolho é trancado por duas saliências que se encaixam em ranhuras usinadas no receptor. No entanto, ao contrário da maioria dos mecanismos de culatra de trancamento vertical, o ferrolho do fuzil tem a característica incomum de inclinar o ferrolho frontalmente para trancar o mecanismo, enquanto outros desenhos de ferrolho desse tipo inclinam o ferrolho para trás.[1] O ferrolho é feito de um transportador com a alavanca de manejo à direita. A mola recuperadora é longa e usa uma haste guia. No meio do cano, várias janelas de gás permitem que os gases movam uma manga que desliza ao redor do cano e empurra uma haste semicircular que destrava o ferrolho.[2]

O pistão é acionado por gases residuais da alma do cano, ventilados em uma luva envolvendo o cano para superar a inércia do conjunto do ferrolho, ferrolho e a resistência da mola recuperadora para destravar a câmara, ejetar o cartucho vazio e então introduzir uma nova munição na câmara ao retornar em bateria. A culatra mantém-se aberta após o último disparo.[2]

Uma tampa de cobertura de chapa metálica é colocada na parte traseira do receptor, que é feito de aço fresado e recebe o ferrolho e uma tampa superior. O cano é aparafusado na parte frontal do receptor e tem o diâmetro interno do calibre de 7,62mm, com quatro raias à direita; uma volta em 520mm.[2] O cano termina em uma pequena extremidade rosqueada com um protetor de rosca recartilhado. Uma vez removido, este lado é usado para anexar um dispositivo de disparo de festim.[2]

A chave do registro de segurança manual é colocada dentro do guarda-mato e é manipulada pelo dedo indicador do atirador. O mecanismo de gatilho, assim como o guarda-mato, se assemelha ao usado no fuzil semiautomático americano M1 Garandsendo composto por um bloco desmontável com guarda-mato articulado, cão interno e segurança axial com deslocamento longitudinal.[2] Empurrado para trás, proíbe o disparo. O guarda-mão é composto por dois elementos: uma parte frontal em chapa com ranhuras longitudinais e uma parte traseira em madeira. A alavanca de manejo é integrada ao conjunto do ferrolho e está localizada no lado direito do fuzil; esse arranjo permite que o atirador recarregue o fuzil sem atrapalhar sua pontaria. A extremidade traseira do ferrolho se inclina para baixo quando travada na posição de tiro, tal como no fuzil sueco AG 42.[2] A janela de gás é semelhante à do fuzil alemão MKb 42(w), por manga no meio da arma, uma haste se move para trás em uma curta distância e destrava o ferrolho.[2]

O fuzil é equipado com mira de ferro de tipo aberto, com um poste encapuzado na massa de mira (frontal) e alça de mira (próxima ao olho do atirador) com entalhe em V colocada em uma tangente deslizante, ajustável para elevação entre 100–950m. O fuzil também pode receber uma mira óptica diurna e noturna que faz interface com um trilho lateral opcional montado no receptor. A coronha inteiriça do punho da pistola é esculpida em nogueira ou faia e tingida de marrom-amarelado; e feita de madeira branca matizada.[2]. A coronha tem uma ponta oca que é usada como compartimento de armazenamento para vareta de limpeza, garrafa de óleo e acessórios. No lado esquerdo da coronha, bem perto da alça, há um entalhe com uma saliência destinada à fixação de uma bandoleira. A placa da soleira é feita de chapa estampada. O fuzil tem uma baioneta de lâmina integral, de dois gumes e medindo 27cm, que se dobra em um recesso esculpido na coronha no lado direito.[4][5] Todas as partes metálicas da arma recebem acabamento preto Parkerizado.[2]

O vz. 52 é alimentado por um carregador destacável tipo cofre com capacidade para 10 tiros, mas também pode ser recarregado rapidamente a partir de clipes de pente com o ferrolho retraído. Para isso, uma guia do pente é fresada na face frontal do conjunto do ferrolho, alinhando-se com o carregador quando o ferrolho é travado na posição aberta. Este é o método principal de recarregar o fuzil, já que os soldados de infantaria receberiam apenas 2 pentes por fuzil. Ele ejeta os estojos do cartucho vigorosamente para a frente e para a esquerda.

Como o vz. 52 foi feito pelos métodos convencionais de forjamento e fresagem da época, tem uma coronha de madeira e uma baioneta permanentemente presa, ele é bastante pesado para o cartucho que usa e tem mais de quatro quilos.[5] Isto gera uma relação de compromisso: Embora o peso seja uma desvantagem no transporte, ele torna o vz. 52 preciso e fácil de disparar. O peso extra da baioneta dobrável também torna o fuzil um pouco pesado, mas com um bom efeito na precisão improvisada.[5]

Conversão de calibre[editar | editar código-fonte]

Após pressão da União Soviética para adotar seu cartucho de 7,62×39mm, os fuzis tchecos existentes foram recalibrados e toda a produção posterior do fuzil foi feita neste calibre e redesignada como vz. 52/57. O vz. 52/57 é idêntico ao vz. 52, exceto que o carregador é menor.[2] O vz. 52/57 é consideravelmente menos comum e geralmente é encontrado em melhores condições devido à sua alma e câmara cromadas. Os carregadores do vz. 52 podem ser usados no vz. 52/57, mas isso faz com que não funcionem de forma tão confiável. O vz. 52/57 pode ser construído novo ou resultar de uma modificação do fuzil original. Neste caso, vestígios de solda podem ser vistos sob a face inferior da armação.[2]

Serviço[editar | editar código-fonte]

O vz. 52 era fornecido com uma bandoleira, lona e bolsa de couro para dois carregadores, um dispositivo de disparo de festim e um kit de limpeza; o qual incorporava uma vareta de limpeza de três peças, lata de óleo, escova, limpador do sistema de gás e um protetor da boca do cano - tudo armazenado no compartimento na soleira da coronha.[5]

Todos os vz. 52 foram rapidamente substituídos no serviço tchecoslovaco pelo vz. 58, mas os fuzis anteriores chegaram aos aliados soviéticos durante a Guerra Fria e serviram em Granada, Somália, Cuba e Afeganistão e muitos deles foram repassados para guerrilheiros.[1] Pelo menos 12.000 fuzis vz. 52 foram esvaziados dos estoques de reserva cubanos e doados a Angola como ajuda militar durante a Operação Carlota.[6]

Em Cuba, o vz. 52 foi usado durante a guerrilha do Escambray e a invasão da Baía dos Porcos.[3][7][8] Sendo empregado largamente pelas Milícias de Tropas Territoriais (Milicias de Tropas Territoriales, MTT),[9] mas provou ser impopular devido ao fato de tanto o vz. 52 quanto o vz. 52/57 estarem em uso na MTT, causando confusão com os carregadores e munições. Alguns fuzis vz. 52/57 foram usados durante a invasão americana de Granada.[10]

Na República Tcheca, apenas alguns fuzis foram mantidos para guarda de honra.[2] A Guarda do Castelo de Praga, usa fuzis vz. 52 desativados com acabamento cromado e com coronhas de madeira escurecida, usados como armas cerimoniais. Os detalhes metálicos, incluindo a baioneta, são prateados. A guarda presidencial usa o fuzil vz. 52/57 com coronha de plástico marrom e a baioneta é mais longa, com 33,5cm em vez de 27cm.[2]

Usuários[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Čermák, Jiří (1999). 40 let konstruktérem zbraní 1946-1986 (Od samopalu ČZ 247 ke zbraňovému kompletu LADA). Brno: Ardent. ISBN 80-238-3397-9.
  • Popelínský, Lubomír (1999). Československé automatické zbraně a jejich tvůrci. Praha: Naše vojsko. ISBN 80-206-0567-3.
  • Šáda, Miroslav (2004). Československé ruční palné zbraně a kulomety. Praha: Naše vojsko. ISBN 80-206-0745-5.
  • Walter, John (2006). Rifles of the World (3rd ed.). Iola, WI: Krause Publications. ISBN 978-0-89689-241-5.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Bishop, Chris (2006). The encyclopedia of small arms and artillery: From World War II to the present day (em inglês). Hoo: Grange. p. 13-14. ISBN 978-1-84013-910-5. OCLC 75712733 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o Huon, Jean (1º de maio de 2010). «VZ 52 RIFLE - Small Arms Review». Small Arms Review (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2023 
  3. a b c d e Walter, John (2006). Rifles of the World (em inglês) 3ª ed. Iola, WI.: Krause Publications. p. 229. ISBN 978-0896892415. OCLC 67543348 
  4. «Bayonets of Czechoslovakia». World Bayonets - The Collector's Edge (em inglês). Consultado em 13 de janeiro de 2023 
  5. a b c d «The Vz. 52: From Suez to the Bay of Pigs». American Rifleman: An Official Journal Of The NRA (em inglês). 3 de dezembro de 2020. Consultado em 21 de janeiro de 2023 
  6. a b George, Edward (2005). The Cuban intervention in Angola, 1965-1991: From Che Guevara to Cuito Cuanavale (em inglês). Londres: Frank Cass. p. 65. ISBN 978-0415647106. OCLC 252988544 
  7. a b De Quesada, Alejandro (2009). The Bay of Pigs: Cuba, 1961. Col: Elite (em inglês). Stephen Walsh. Oxford: Osprey Publishing. p. 60, 62 e lâmina F. ISBN 9781846033230. OCLC 260208882 
  8. a b c Partido Comunista da Tchecoslováquia (Janeiro de 1961). «Report to Czechoslovak Communist Party Central Committee (CPCz CC) on Consideration of Cuban Arms Requests». Wilson Center Digital Archive (em inglês). Consultado em 13 de janeiro de 2023. Entre outros pedidos dele [Fidel Castro], é necessário mencionar o pedido anterior para o fornecimento de 50 milhões de balas 7,92 [x57mm] e 400.000 carregadores para fuzis automáticos vz.52. 
  9. Ministerio de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Cuba (MINFAR) (1981). Manual básico del miliciano de tropas territoriales (em espanhol). Havana: Editorial Orbe. O décimo capítulo, listando armas de infantaria, refere-se ao Mauser vz. 24, Vz.52, AK-47 e AKM no inventário da Milícia das Tropas Territoriais. 
  10. a b Russell, Lee (1985). Grenada 1983. Col: Men-at-Arms 159 (em inglês). M. Albert Mendez. Londres: Osprey Publishing. p. 45, lâmina F3. ISBN 9780850455830. OCLC 12477300 
  11. Jowett, Philip S. (2016). Modern African Wars (5): The Nigerian-Biafran War 1967-70 (em inglês). Raffaele Ruggeri. Oxford, Reino Unido: [s.n.] p. 22. ISBN 978-1472816092. OCLC 933722215 
  12. Small Arms Survey (2015). «Waning Cohesion: The Rise and Fall of the FDLR–FOCA» (PDF). Cambridge University Press. Small Arms Survey 2015: Weapons and the World (em inglês): pg. 201. Consultado em 12 de janeiro de 2023. Arquivado do original (PDF) em 1º de julho de 2015 
  13. Jardim, Frank; Jardim, Frank (1º de agosto de 2022). «Royal Tiger Imports Ethiopian Arms». GUNS Magazine (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2023 
  14. McNab, Chris (2002). 20th Century Military Uniforms (em inglês). Rochester: Grange Books. p. 136. ISBN 1-84013-476-3. OCLC 49691343 
  15. a b c Jones, Richard; Ness, Leland S. (2009). Jane's infantry weapons, 2009-2010 2009/2010 (em inglês). Richard, August 14- Jones, Leland S. Ness 35ª ed. Coulsdon: Jane's Information Group. ISBN 978-0-7106-2869-5. OCLC 769660119 
  16. MICT Namibia (25 de janeiro de 2020). «Their blood waters our Freedom | Namibian Heroes (Official Documentary)» (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2023 
  17. «A few clarifications on the Century VZ-52 rifles imported 15~20 years ago». Gunboards Forums (em inglês). 15 de outubro de 2018. Consultado em 13 de janeiro de 2023 
  18. Campbell, David (2016). Israeli Soldier vs Syrian Soldier: Golan Heights 1967–73. Col: Combat 18 (em inglês). Nova York: Osprey Publishing. p. 17-26. ISBN 9781472813305. OCLC 951155950 
  19. Rottman, Gordon L. (2009). North Vietnamese Army Soldier, 1958-75. Col: Warrior 135 (em inglês). Brian Delf. Oxford, Reino Unido: Osprey Publishing. p. 28. ISBN 978-1846033711. OCLC 229028414 
  20. Abbott, Peter (2004). Modern African Wars (1): Rhodesia 1965-80 (em inglês). Philip Botham, Mike Chappell. Londres: Osprey Publishing. p. 10. ISBN 9781849089623. OCLC 795714879