Macaco-aranha
Macaco-aranha | |
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Ateles fusciceps | |
Classificação científica | |
Domínio: | Eukaryota |
Reino: | Animalia |
Filo: | Chordata |
Classe: | Mammalia |
Ordem: | Primates |
Subordem: | Haplorhini |
Infraordem: | Simiiformes |
Família: | Atelidae |
Subfamília: | Atelinae |
Gênero: | Ateles E. Geoffroy, 1806 |
Espécie-tipo | |
Simia paniscus Linnaeus, 1758
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Macaco-aranha ou coatá é uma denominação comum a várias espécies de primatas do gênero Ateles e família Atelidae.[1] São animais frugívoros em sua maioria, e habitam as florestas da Amazônia e América Central. Em inglês, é chamado de "black spider monkey"[2].
Possuem longos braços e pernas, com uma cauda preênsil, o que conferiu o nome popular, e são os maiores primatas da América. O macaco-aranha exerce um papel fundamental na dispersão de sementes, o que permite a Floresta Amazônica prosperar e crescer[3].
Todas as espécies de macaco-aranha encontram-se em algum grau de extinção, devido ao desmatamento e à caça predatória, sendo que a IUCN lista duas espécies como "Criticamente em Perigo", quatro como "Em Perigo" e uma como "Vulnerável".
Etimologia
[editar | editar código-fonte]"Cuatá" é oriundo do tupi kua'tá.[1] "Macaco-aranha" é uma referência a seus membros e a sua cauda preensil, que são muito longos e finos, semelhantes às patas das aranhas[1]
Taxonomia e Evolução
[editar | editar código-fonte]O gênero Ateles surgiu há cerca de 13 milhões de anos, no Mioceno, se separando de um ramo que deu origem ao muriqui e ao macaco-barrigudo.[4] Tal relação filogenética é corroborada por dados moleculares, sendo divergente de filogenias morfológicas, que consideram o gênero Ateles como grupo-irmão de Lagothrix.[5][6]
O cladograma abaixo representa as relações filogenéticas dentro da família Atelidae, tal como sugerido por dados moleculares.[4][7]
Atelidae |
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Espécies
[editar | editar código-fonte]A diversificação do gênero ocorreu no fim do Plioceno, culminando nas sete espécies e sete subespécies conhecidas:[8][9]
- Macaco-aranha-de-cara-vermelha, Ateles paniscus
- Macaco-aranha-branco, Ateles belzebuth
- Macaco-aranha-peruano, Ateles chamek
- Macaco-aranha-marrom, Ateles hybridus
- Macaco-aranha-de-cara-branca, Ateles marginatus
- Macaco-aranha-de-cara-preta, Ateles fusciceps
- Macaco-aranha-de-cabeça-marrom, Ateles fusciceps fusciceps
- Macaco-aranha-da-Colômbia, Ateles fusciceps rufiventris
- Macaco-aranha-de-Geoffroy, Ateles geoffroyi
- Macaco-aranha-de-Yucatan, Ateles geoffroyi yucatanensis
- Macaco-aranha-mexicano, Ateles geoffroyi vellerosus
- Macaco-aranha-da-Nicarágua, Ateles geoffroyi geoffroyi
- Macaco-aranha-ornado, Ateles geoffroyi ornatus
- Macaco-aranha-de-capuz, Ateles geoffroyi grisescens
Descrição
[editar | editar código-fonte]Os macacos-aranha são os maiores primatas do Novo Mundo: o adulto tem entre 42 cm e 66 cm de comprimento, com uma cauda de até 88 cm e pesando até 11 kg.[10] Os membros são longos e esguios, assim como a cauda, que é preênsil, o que é característico do gênero e que lhe conferiu o nome popular de macaco-aranha.[10] Tais características permite diferenciar facilmente o macaco-aranha de outros primatas de grande porte da América do Sul e Central, como o bugio e o macaco-barrigudo.[10] O polegar é muito reduzido, praticamente ausente.[11]
Hábitat e Distribuição Geográfica
[editar | editar código-fonte]A área de ocorrência das espécies de macaco-aranha vai desde o sul do México até a Bolívia, habitando principalmente a floresta ombrófila de terra firme até 800m de altitude, sendo eventualmente encontrado na floresta estacional semidecidual na Costa Rica e Bolívia.[10] Estão sempre nos estratos mais altos da floresta, e nunca descem até o chão.[12]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]Dieta
[editar | editar código-fonte]São primatas predominantemente frugívoros com cerca de 90% da dieta constituindo de frutos, e eventualmente se alimentando de folhas jovens.[10][11] A composição da dieta é diretamente proporcional à quantidade de frutos que ocorrem no ambiente, sendo que ao haver uma escassez desse item alimentar, os macacos passam a comer brotos de folhas jovens.[13]
Organização Social e Território
[editar | editar código-fonte]Formam grandes grupos, com até 30 indivíduos, mas com uma dinâmica de fusão-fissão, com a formação de subgrupos de forrageamento.[11] Os grupos caracterizam-se por uma alta dispersão das fêmeas, que acaba culminando na formação de coalizões entre os machos, que se reflete em uma baixo índice de competição entre eles e por consequência, um baixo dimorfismo sexual.[14] Não existe uma hierarquia linear muito clara entre os machos, que se evidencia pela ausência de um macho alfa.[15] Um grupo habita um território entre 1 e 3,9 km², muitas vezes definido por fronteiras físicas.[12] Aparentemente, apenas os machos respeitam tais limites e muitas vezes se envolvem em comportamentos agressivos (principalmente por meio de vocalizações) ao defender essas fronteiras.[12]
Predadores
[editar | editar código-fonte]Por serem animais de porte relativamente grande, poucos são os predadores naturais dos macacos-aranha. Os predadores são felinos de grande porte, como a onça-pintada e a onça-parda.[16]
Reprodução
[editar | editar código-fonte]As fêmeas parem um filhote de cada vez, raramente gêmeos, depois de uma gestação de 226 a 232 dias e o intervalo entre uma gestação e outra é de até 50 meses em animais no estado selvagem.[12] A unidade social mais coesa no macaco-aranha é a que se mantém entre mãe e filhote até o momento em que atinge a maturidade que pode demorar até 14 meses para ser atingida.[10] Existem controvérsias quanto a existência de sazonalidade no acasalamento e nascimento de filhotes.[12]
Conservação
[editar | editar código-fonte]Por exigir grandes porções de floresta, o macaco-aranha é diretamente ameaçado pelo desmatamento e fragmentação do hábitat. A baixa taxa de reprodução também torna suas populações suscetíveis à caça.[17] Por conta disso, todas as espécies do gênero Ateles encontram-se com algum grau de ameaça de extinção, segundo a IUCN, principalmente as espécies da América Central.[18] os únicos predadores dos macacos aranhas são o arpias e onças pintadas
Referências
- ↑ a b c FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.505
- ↑ Harris, Roger (2011). Amazon highlights: Peru, Brazil, Colombia, Ecuador. Col: Bradt highlights. Chalfont St. Peter: Bradt Travel Guides
- ↑ Lengen, Roger. «Black Spider Monkey». worldwildlife.org. Consultado em 12 de outubro de 2024
- ↑ a b SCHNEIDER, H. (2000). «The Current Status of the New World Monkey Phylogeny» (PDF). Anais da ACademia Brasileira de Ciências. 72 (2): 165-172
- ↑ SCHNEIDER, H.; ROSENBERG, A.L. (1996). MOLECULES, MORPHOLOGY, AND PLATYRRHINE SYSTEMATICS. Em M. A. Norconk, A. L. Rosenberger, and P. A. Garber, eds. Adaptive radiations of Neotropical primates. (PDF). Nova Iorque: Plenum Press. pp. 3–19
- ↑ MARROIG, G.; CHEVERUD, J.M. (2001). «A COMPARISON OF PHENOTYPIC VARIATION AND COVARIATION PATTERNS AND THE ROLE OF PHYLOGENY, ECOLOGY, AND ONTOGENY DURING CRANIAL EVOLUTION OF NEW WORLD MONKEYS» (PDF). Evolution. 55 (12): 2576-2600
- ↑ Chaterjee, H.J.; Ho, S.Y.; Barnes, I.; Groves, C. (2009). «Estimating the phylogeny and divergence times of primates using a supermatrix approach». BMC Evolutionary Biology. 9: 1-19. doi:10.1186/1471-2148-9-259
- ↑ Groves, C.P. (2005). Wilson, D. E.; Reeder, D. M, eds. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. pp. 150–151. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494
- ↑ COLLINS,A.C.; DUBACH,J.M. (2000). «Biogeographic and Ecological Forces Responsible for Speciation in Ateles». International Journal of Primatology. 21 (3): 421-444. doi:10.1023/A:1005487802312
- ↑ a b c d e f EISENBERG, J. F. (1989). Mammals of the Neotropics: The Northern Neotropics - Volume 1: Panama, Colombia, Venezuela, Guyana, Suriname, French Guiana. Chicago e Londres: The University of chicago Press. 449 páginas. ISBN 0-226-19540-6
- ↑ a b c AURICCHIO, P. (1995). Primatas do Brasil. São Paulo: Terra Brasilis Comércio de Material Didático Editora Ltda. 168 páginas. ISBN 85-85712-01-5
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|doi=
(ajuda) - ↑ CROCKETT, C.M. (1998). «Conservation Biology of genus Alouatta». International Journal of Primatology. 19 (3): 549-578. doi:10.1023/A:1020316607284
- ↑ «IUCN 2012». IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012.1. <www.iucnredlist.org>. Consultado em 28 de setembro de 2012
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Ateles paniscus - CPB
- Ateles chamek - CPB
- Ateles belzebuth - CPB
- Ateles marginatus - CPB
- Primate Info Net Ateles paniscus - PIN (en)
- Black Spider Monkey (Ateles paniscus)- The Primata (en)
- Ateles - IUCN Red List (en)
- Geoffroy's Spider Monkey brain and behavior (en)
- Roosmalen, Marc. Geographic Distributions of Amazonian Primates Abril, 2011 (en)