Afoxé (cortejo)
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Candomblé |
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Afoxé, também chamado de candomblé de rua, é um cortejo de rua que sai durante o carnaval. Trata-se de uma manifestação afro-brasileira com raízes no povo iorubá. Geralmente, seus integrantes são vinculados a um terreiro de Candomblé[1][2] ou de Umbanda.[3][4] Há um consenso entre os pesquisadores de que o afoxé tem origem na Bahia.[5][6][7][8][9][10]
Etimologia[editar | editar código-fonte]
O termo "afoxé" provém da língua iorubá. É composto por três termos: a, prefixo nominal; fo, significa dizer, pronunciar; xé, significa realizar-se. Segundo Antonio Risério, afoxé quer dizer "o enunciado que faz acontecer".
Características[editar | editar código-fonte]
Para quem não conhece o candomblé e suas cantigas, o afoxé se parece com um bloco carnavalesco diferente, mas é o "candomblé de rua", segundo Raul Lody. As suas principais características são as roupas, nas cores dos orixás, as cantigas em língua iorubá, instrumentos de percussão, atabaques, agogôs, afoxés e xequerês. O ritmo da dança na rua é o mesmo dos terreiros, bem como a melodia entoada. Os cantos são puxados em solo, por alguém de destaque no grupo, e são repetidos por todos, inclusive os instrumentistas. Antes da saída do grupo, ocorre o ritual religioso (como a cerimônia do "padê de Exu" feita antes dos ritos aos orixás numa festa de terreiro). Afoxé é um cortejo de rua que tradicionalmente sai durante o carnaval em diversas cidades brasileiras.
É importante observar, nessa manifestação, os aspectos místico, mágico e, por conseguinte, religioso. Apesar de os afoxés se apresentarem aos olhos dos menos entendidos como simples bloco carnavalesco, fundamentam-se os praticantes em preceitos religiosos ligados ao culto dos orixás, motivo primeiro da existência e realização dos cortejos. Por isso, afoxé também é conhecido e chamado por candomblé de rua. Os grupos de afoxés passam por grandes modificações, como todo o fato folclórico, sujeito e aberto às modificações socioculturais. Apesar de todas as modificações e desfigurações, esses grupos procuram manter valores e características de "africanidade" como: cânticos em dialetos africanos; uso de um instrumental de percussão, incluindo atabaques, agogôs e cabaças; utilização de cores e símbolos que possuam significados específicos dentro dos preceitos religiosos dos terreiros de Candomblé. Não obstante, surgiu o afoxé de caboclo ou afoxé de índio, criação natural do processo de aculturação e assimilação de novos valores.
As agremiações conhecidas por índios do Brasil, Tribo Costeira da índia, índios da Floresta representam em Salvador as novas tendências; contudo, baseadas nas características dos afoxés africanos. Os grupos Império da África, Filhos de Ode, Mercadores de Bagdá, Cavaleiros de Bagdá, Filhos de Obá, Congos da África e Filhos de Gandhi representam as agremiações que procuram manter os valores "afro" tradicionais. Na cidade de Salvador, os dias dos afoxés ocorrem no domingo e terça-feira de carnaval, sempre à tarde. As agremiações, além de desfilar pelo centro da cidade, visitam terreiros de Candomblé e casas de pessoas amigas. O espírito satírico é uma constante nessas apresentações. É comum observarmos troças que criticam os babalaôs jogando búzios, imitação dos negros nagôs com as marcas tribais no rosto e dos trabalhos braçais desempenhados pelos negros.
Dessa maneira, alguns costumes vinculados às raízes africanas são satirizados pelos próprios descendentes dessa cultura. O que realmente importa é a liberdade de criar situações cômicas. As proposições dos afoxés e dos seus participantes modificam-se de grupo para grupo. Veremos, no desenrolar desse trabalho, o afoxé em Fortaleza baseado exclusivamente em preceitos religiosos, constituindo-se numa complexa liturgia. Observaremos, também, que o grupo de afoxé da cidade do Rio de Janeiro, Filhos de Gandhi, está baseado nos preceitos do ritual Gexá. E ainda os vestígios do afoxé nas cidades de Cachoeira e Recife, e outras significativas considerações sobre o afoxé e seu campo de ação. Os laços lúdico-religiosos que congregam as pessoas nos afoxés importam antes de mais nada pela manutenção de valores culturais; pertinentes ao afoxé e suas tradições negro-africanas, transpostas para o Brasil, adaptadas e assimiladas dentro de uma nova realidade.
O afoxé Embaixada da África foi a primeira manifestação negra a desfilar pelas ruas da Bahia, em 1885. Em seu primeiro desfile, utilizou indumentária importada da África. No ano seguinte, surgiu o afoxé Pândegos da África.
Ocorrência[editar | editar código-fonte]
Podem ser encontrados em diversas cidades brasileiras, como Belo Horizonte, Fortaleza, Olinda, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Nos anos 1980, havia um grupo em Belo Horizonte, o Afoxé Ilê Odara, apadrinhado por Gilberto Gil e fundado pela ialorixá Oneida Maria da Silva Oliveira, a Mãe Gigi. O afoxé foi extinto e desfilou pela última vez, em Belo Horizonte, no ano de 1988, após a morte de dona Oneida. Desfilavam no Afoxé Ilê Odará nomes como o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais Dalmir Francisco, o bailarino Márcio Valeriano e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Maurício Campos, além de personalidades da comunidade negra, como a coreógrafa Marlene Silva, o músico Mamour Bá, a bailarina Rosileide Oliveira, o músico Reynaldo Oliveira e o sambista Raimundo Luiz de Oliveira, o Velho Dico, que era casado com Mãe Gigi, além do atual jornalista Miguel Arcanjo Prado (neto de dona Oneida, que era criança na época)[11] e também Efigênia Pimenta, líder do MNU (Movimento Negro Unificado) em Minas Gerais.
Em Ribeirão Preto, em São Paulo, o Afoxé Omô Orunmilá iniciou, nos anos 1990, sua participação no carnaval de rua local, sob iniciativa do Centro Cultural Orunmilá, que tem, na cidade, entre outras, a função de resistência cultural ante as tentativas de dominação da cultura negra pela cultura ocidental e de preservação dos laços negros e afrodescentes do carnaval de rua, seus espetáculos e suas agremiações carnavalescas locais.
Afoxés da Bahia[editar | editar código-fonte]

- Pai Burucu
- Filhos de Gandhy
- Filhas de Gandhy
- Afoxé Badauê
- Afoxé Laroiê Arriba
- Filhos de Corim Efã
- Filhos de Ogum de Ronda
- Filhos do Congo (antigo "Congos D'África")
- Ilê Oiá
- Kambalagwanze
- Luaê
- Olorum Baba Mi
- Tenda de Olorum
- Afoxé de Alagoas
- Afoxé Odô Iá
- Filhas de Olorum
- Afoxé Viver Só Assim - Filhos de Angola (Cidade Santo Amaro)
Afoxés do Ceará[editar | editar código-fonte]
- Afoxé ACABACA (Associação Cultural Afro-Brasileira Afoxé Camutuê Alaxé) Orá Sabá Omi
- Afoxé Filhos de Oiá
- Afoxé Oxum Odolafoxé Laroiê Arriba
- Afoxé Obá Sá Reuá
- Afoxé Oxum Odolá
Afoxés de Pernambuco[editar | editar código-fonte]
- Afoxé Ará Odé
- Afoxé Alafim de Oió
- Afoxé Ilê de Egbá
- Afoxé Oxum Pandá
- Afoxé Ogbon Obá
- Afoxé Babá Orixalá Funfum
- Afoxé Omo Inã
- Afoxé Obá Airá
- Afoxé Omim Sabá
- Afoxé Povo de Ogunté
- Afoxé Filhos de Ogundê
- Afoxé Filhos de Xangô
- Afoxé Omô Nilê Ogunjá
- Afoxé Oiá Tocolé Ouô
- Afoxé Povo de Ogundê
- Afoxé Ilê Xambá
- Afoxé Filhos de Dandalunda
- Afoxé Elebará
- Afoxé Omó Oba Dê
- afefé Lebará
- Afoxé Omulu Pa Queru Auó
- Afoxé Filhos de Airá
- Afoxé Aladê Ifé
- Afoxé Ogum Toberinã
- Afoxé Axé Ifá (extinto)
- Afoxé Guiã Alamoxé Orum (extinto)
- Grupo de Cultura Negra Afoxé Timbaganju (extinto)
Afoxé Oxum Pandá[editar | editar código-fonte]
Após anos de contribuição e militância no Afoxé Alafim de Oió, o Babalorixá Genivaldo Barbosa Lemos sente-se motivado em multiplicar os saberes vivenciados. Consultando através dos búzios aos Orixás, Oxum Pandá (divindade guerreira da beleza, riqueza e amor) se apresentou como patrona desta nova entidade que surge nos idos de 1995. No carnaval do mesmo ano, trajando vestes amarelo e branco, a Entidade Cultural Afoxé Oxum Pandá sai às ruas de Olinda trazendo toda a sonoridade da cultura africana reinventada no Brasil sob a cadência do Ijexá. Cantando a beleza negra, a riqueza da herança afro-brasileira e propagando o amor e reconhecimento da história de luta e resistência dos antepassados, o Afoxé Oxum Pandá constrói sua trajetória de afirmação entre os grupos de cultura de tradição no estado.
O primeiro CD de título “Não há silêncio” abriu definitivamente o Oxum Pandá no cenário musical, inserido o Afoxé em diversas apresentações em várias cidades de Pernambuco, inclusive na cidade de São Paulo. Já seu segundo trabalho intitulado “Brilho do Sol”, traz diversas músicas autorais com arranjos de Jorge Riba (sambista consagrado em nosso estado pelo trabalho que resgata o samba de raiz) e a voz de Maria Helena Sampaio (Fundadora do Afoxé Oiá Tocolê Ouó e respeitada ialorixá do Recife) referência no meio musical e religioso da cidade do Recife. Ainda curiosidades do Afoxé, sendo esse um dos primeiros Grupos de Cultura Popular a subir no Palco do Teatro de Santa Isabel no Recife.
Em janeiro de 2018 lança seu terceiro CD – Deusa da Beleza com produção de Jorge Féo e direção musical de Jorge Riba, como convidados do CD os cantores Gerlane Lops e Gonzaga Leal e tem seu show de Lançamento dentro do Janeiro de Grandes Espetáculos com a Participação de As Crioulas, Adriana B e Jorge Riba. O CD Deusa da Beleza encontra-se disponível em todas as plataformas digitais de música. Em Dezembro de 2018 lança seu segundo show do ano, no Teatro Arraial Ariano Suassuna, na construção de seu repertório de espetáculos, NEGRAS EVOCAÇÕES DO AFOXÉ OXUM PANDÁ – trazendo uma grande homenagem às Iabás Nanã, Iemanjá, Oiá e Oxum. E em Fevereiro de 2019 lança seu primeiro Vídeo Clipe “Céu de África”.
Afoxés do Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]
- Filhos de Gandhi
- Agbara Dudu
- Afoxé estrela D'Oiá
- Filhos da Paz
- Oju Obá Axé
- Raízes Africanas
- Iê Zambi Aiê
- Zimbauê
- Águas de Oxalá
- Afoxé Ilê Alá
Filhos de Gandhi - RJ[editar | editar código-fonte]
Fundado em 12 de agosto de 1951 por estivadores e outros trabalhadores ligados à religião afro-brasileira, alguns vindos de Salvador (BA), é o Afoxé Filhos de Gandhi uma entidade pioneira do “Movimento Afro-brasileiro” no Rio de Janeiro. Desde logo nos diferenciamos das outras entidades pelo toque de nossos atabaques no ritmo Ijexá e pelos cânticos em iorubá, dialeto africano.
O Afoxé mais Antigo e Tradicional do Rio de Janeiro, o Afoxé Filhos de Gandhi RIO, que foi fundado por trabalhadores do Cais do Porto do Rio de Janeiro, moradores dos bairros próximos, principalmente: Saúde e Gamboa, integrantes de religiões de matrizes Africanas e também por integrantes do Afoxé Filhos de Gandhy (Salvador – BA), que havia sido criado dois anos antes.
Desde a sua fundação, o Afoxé Filhos de Gandhi RIO é considerado a Primeira Representação Afro-brasileira do Estado do Rio de Janeiro.
Apesar de sua essência religiosa, o Afoxé Filho de Gandhi não faz distinção entre seus componentes, independente de sua cor, etnia ou religião. Nossa filosofia é voltada para paz e união entre os povos, assim, seguindo a que foi implantada pelo patrono da entidade Mahatma Gandhi.
Afoxé Estrela D'Oiá[editar | editar código-fonte]
O Bloco Afoxé Estrela D´Oiá, fundado em 8 de março de 1999, é referência na cultura afro-carioca e busca preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira no fortalecimento da identidade étnica. O Afoxé Estrela D'Oiá foi o primeiro bloco de afoxé fundado por uma mulher[12] no Rio de Janeiro. Devido à beleza e a seriedade com que desfila o bloco, teve como mérito ser escolhido para ser o primeiro bloco a desfilar oficialmente na Avenida, abrindo os festejos carnavalescos no Rio de Janeiro.[13]
Afoxé T'Ogum Laxe - Macaé[editar | editar código-fonte]
Criado em Macaé, no estado do Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 2004. Tem a proposta de divulgar e promover uma das raízes religiosas, culturais e recreativas da cultura afro-brasileira, através de ritmos e danças. As vestes são abadás e turbantes azul, branco e coral. O ritmos e o ijexá, compassado e envolvente que leva as pessoas, seja de que idade for, a se soltarem e a criarem seus próprios movimentos ao dançar.
Afoxé De Sergipe Omó Oxum[editar | editar código-fonte]
Foi fundado em 04 de dezembro de 2004., objetivando lutar contra as discriminações de gênero em relação às mulheres negras e de axé contra a intolerância religiosa. Marizete Lessa, OYá Matamba, do Abassá São Jorge, cria o primeiro afoxé de Sergipe, o Afoxé Omó Oxum, Resultante do trabalho e esforço empreendido para constituição do projeto. AFOXÉ é inserido oficialmente nos calendários culturais e turísticos de Aracaju com o projeto de Lei 3.461/2007 e do Estado de Sergipe por meio da Lei 369/2009 das Legislações Municipais e Estaduais, demonstrando a existência e qualidade dos trabalhos desenvolvida pela comunidade tradicional afro sergipano.
ABASSÁ SÃO JORGE, vem nos últimos 18 (dezoito) anos, apresentando para toda sociedade sergipana, a cada dia 08 de dezembro, justamente dia da padroeira de Aracaju, Nossa Senhora da Conceição o AFOXÉ OMO OXUM. Esse iniciativo sócio cultural se dá em reverência a OXUM – orixá que resume um fragmento da natureza que são as fontes de água doce: rios, riachos, nascentes ou olhos d`água.
O AFOXE ressalta a iniciativa de homenagear o orixá ancestral dessa comunidade que plantou a semente germinadora de tudo que somos hoje.
Um povo que não sabe de onde vem, não sabe quem é. Perante a necessidade de superação do preconceito sexista existente na sociedade que o AFOXÈ OMO OXUM escolheu as mulheres negras oriundas das comunidades religiosas de matrizes africanas enquanto público alvo. Nesse sentido a dança e a música são elementos cruciais de trabalho estratégico voltado ao combate das ações segregadoras ocorridas no cotidiano de nossa sociedade. Fortalecendo assim, o ser mulher frente a sua auto - estima. Sendo conduzido pela ialorixá Mãe Marizete Oiá Matamba a matriarca sergipana.
O Afoxé Omo Oxum foi o primeiro Afoxé de Sergipe a desfilara no carnaval de Salvador, no dia 03 de março 2019. O desfile aconteceu no Circuito Campo Grande.
Afoxé de Odé[editar | editar código-fonte]
Fundado em 2011 pelo abaçá Maria da Paz sob o comando da ialorixá Silvia do Oxum Opará no município de Nossa Senhora do Socorro SE , todo ano no dia 21 de abril são feitas as homenagens ao grande pai Oxóssi, caçador, provedor e guerreiro, no sincretismo representa São Jorge.
Afoxés de São Paulo[editar | editar código-fonte]
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O Afoxé Iá Ominibu foi fundado em 1 de julho de 1993 e teve seu batizado realizado no dia 11 de setembro de 1993 por pai Valdemiro de Xangô (Baiano) em sua sede provisória à rua São Conrado, 34 - Imirim. Tem, como presidenta, a equede Regina, que fundou o afoxé, sendo, assim, a primeira mulher presidente de um afoxé no Brasil. Seu 1º desfile ocorreu no dia 13 de fevereiro de 1994 - Domingo, abrindo o desfile do Grupo I da Liga conforme acordo firmado entre a Liga e o Afoxé que deveríamos desfilar por 2 anos no Grupo I, passando então automaticamente para o grupo Especial no 3º ano. Nesse ano de 94, homenageamos a patrona do Afoxé, a orixá Oxum, como manda a tradição em ritmo de ijexá e cantando cantigas de candomblé.
Bloco Afro Ilu Oba De Min[editar | editar código-fonte]
É um bloco composto por mulheres e, desde 2005, sai às ruas de São Paulo celebrando a cultura afro-brasileira e destacando a participação das mulheres no mundo. Rainha Zinga, Leci Brandão (que é madrinha do bloco) e Raquel Trindade foram algumas das homenageadas nos anos anteriores. No Carnaval de 2013, o bloco enfeitou as ruas da capital paulista com o enredo "As Iabás - as Deusas do Axé". No ano de 2014, o Bloco realiza o seu 10º cortejo pelas ruas do centro da cidade de São Paulo com o tema "Nega Duda e o samba de Roda do Recôncavo Baiano - Patrimônio Imaterial da Humanidade." É uma grande intervenção cultural que promove a cultura popular e a participação ativa da mulher na sociedade através da arte. Traz também para região urbana a dança e os cantos dos terreiros do candomblé e de diversas manifestações da cultura negra, como o maracatu, batuque, coco, jongo, entre outras.
O Bloco Ilu Obá de Mim é apenas um dos projetos da entidade feminina sem fins lucrativos "Ilu Obá de Mim - Educação Cultura e Arte Negra". O objetivo da entidade é preservar e divulgar a cultura negra no Brasil, mantendo diálogo cultural constante com o continente africano. Além de abrir novos espaços de maneira lúdica, visando ao fortalecimento individual e coletivo das mulheres na sociedade. Por três anos, a entidade foi contemplada como Ponto de Cultura e utilizou a verba recebida na manutenção da casa, realização de oficinas em escolas e territórios de alta vulnerabilidade e desprovidos de equipamentos culturais, aquisição de instrumentos e equipamentos, entre outros. Hoje, a entidade se mantém com as apresentações que o Bloco faz durante o ano em todo o país e no exterior. Para o carnaval de 2014 teve o apoio parcial da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial.
Ilu Oba de Min foi fundado pelas percussionistas Beth Beli, Girlei Miranda e Adriana Aragão. Não nasceu dentro de um terreiro (como os afoxés) porém tem como base musical e artística os ritmos e danças dos orixás do candomblé Queto.
Beth Beli, além de diretora do Ilu, é percussionista, cantora, regente e mestra de bateria e arte educadora. Iniciou sua carreira artística em 1987, tendo, como referência musical, as grandes Escolas de Samba de São Paulo. Antes da criação do Ilu, participou da Banda-Lá, primeiro grupo afro de São Paulo; criou a Banda Mulheres de Ilu, junto com sua parceira Girlei Miranda e participou do bloco Ori Axé. Todos, trabalhos de resistências, explorando a diversidade cultural e rítmica da música brasileira advindas do legado deixado por ancestrais africanos com o foco na mulher.
O Ilu surge também a partir do momento que a diretora do bloco, Beth Beli, incentiva a ampliação do discurso sobre a participação feminina no ato de tocar o tambor. Mesmo dentro do candomblé, as mulheres não têm permissão para tocar tambor. Então, Beth se inspirou em outras tradições africanas, nos rituais que ocorrem na Nigéria, por exemplo, onde as mulheres podem, sim, tocar o tambor. O Bloco Afro Ilu Obá de Mim é coordenado e dirigido pelas regentes e mestras Beth Beli e Mazé Cintra (esta última também coordenadora do instrumento Alfaia) e conta com Tâmara David como coordenadora das cantoras; Sosô Parma, coordenadora do naipe dos agogôs; Roberta Vianna, coordenadora do naipe Djembe; Silvana Santos, coordenadora do naipe do xequerê; Cristiane Gomes e Rúbia Braga, coordenadoras do corpo de dança; Mafalda Pequenino, coordenadora do naipe de Perna de Pau; Wanda Martins – gerente financeira e Baby Amorim - coordenadora de projetos e produtora cultural.
Em 2014, o bloco saiu com um total de 185 integrantes: 135 percussionistas, 32 bailarinos no corpo de dança, 8 cantoras cantoras e 10 pernaltas bailarinos. O projeto Bloco Afro Ilu Obá de Mim, com sua proposta inovadora e única em São Paulo, tornou-se referência étnico-cultural e educativa e foi premiado pelo "Prêmio Culturas Populares Mestre Humberto Maracanã 2008" – SID/MINC ao lado de grandes iniciativas culturais brasileiras, pelo "Prêmio Governador do Estado para Cultura 2013" e é um dos semifinalistas do Prêmio Brasil Criativo 2014.
Já se apresentou no Carnaval de Blocos de Rua do Rio de Janeiro e Rio Bonito, Abertura do Carnaval de Santos, Carnaval de Itapecerica da Serra e apresentações nos Sesc Bertioga, Sesc Pinheiros, SESC Santo André, Sesc Ipiranga, Sesc Santo Amaro, Sesc Pompéia, Sesc Campinas, Colômbia e Bolívia.
A repercussão do projeto desenvolvido há10 anos na metrópole é tanta que, em 2014, o carnaval do bloco atraiu um público de cerca de 15 000 pessoas, algumas vindas de outros municípios e estados especialmente para esta manifestação. Além do bloco, a entidade "Ilu Obá de Mim - Educação Cultura e Arte Negra abarca outros grandes projetos:
O "Ilu na Mesa Ciclo de Palestras e Debates cujo objetivo é promover o debate entre as/os integrantes da entidade e sociedade em geral sobre temas voltados para educação, cultura e arte negra.
O " Heranças Africana Festival de Arte Negra" tem, como objetivo, divulgar e dialogar com os inúmeros grupos culturais brasileiros que desenvolvem pesquisa-ação voltada para as culturas de matriz africana e afro-brasileira.
Tenda Afro Lúdica: voltada para o público infantojuvenil. Trabalha a Lei nº 10 639/2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional incluindo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. O projeto consiste em uma grande tenda que oferece, simultaneamente, oficina de musicalização, contação de histórias, jogos africanos, confecção de bonecas negras, mediação de leitura e que valoriza a diversidade étnico-racial.
A entidade "Ilu Obá de Mim - Educação Cultura e Arte Negra coloca seu bloco na rua, trazendo para o Carnaval da cidade de São Paulo, em sua ópera de rua, a cultura popular brasileira, recheada de muita resistência, força feminina e preservando a herança africana.
Afoxé Omô Oiá - Guarulhos - SP[editar | editar código-fonte]
Fundado em 2013, Tendo como sua Presidente a ialorixá Claudia Ty Oiá. Tem como matriarca Oiá. O Afoxé Omô Oiá, promove durante todo o ano oficinas, atividades para valorização da cultura afro brasileira, consiste num movimento de resistência e de combate ao preconceito e promoção da igualdade racial e étnica.
Afoxé Ibaô - Campinas - SP[editar | editar código-fonte]
O Afoxé Ibaô foi fundado em dezembro de 2009, liderado por David Rosa e Alessandra Gama, filhos de santo de Mãe Iberecy. O Afoxé Ibaô foi consagrado no mesmo ano de sua fundação e tem como patronos os Orixás Xangô e Oxum.
Afoxé é uma manifestação cultural composta de ritmo, canto e dança, além das indumentárias e expressões ritualísticas. O ritmo é o Ijexá, acompanhado de cânticos e instrumentos percussivos. Para além de uma expressão estética, o Afoxé Ibaô tem como principal referência os elementos da ancestralidade negra e afro-brasileira, onde através da manifestação da palavra, revivemos a memória da nossa matriz africana, no fortalecimento da identidade e do vínculo com a luta e o combate ao preconceito e à discriminação étnica e racial.
O Afoxé Ibaô promove em sua essência ações coletivas de promoção e preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, articulando atividades educativas, com a visão de empreender ações sustentáveis nas dimensões artísticas e ambientais, sobretudo no exercício da cidadania para a integração e a transformação social.
Afoxé Omô Orunmilá - Ribeirão Preto - SP[editar | editar código-fonte]
O Afoxé Omô Orunmilá é o símbolo máximo da resistência negra na região de Ribeirão Preto. Esta luta tem, em Ribeirão Preto, o Centro Cultural Orunmilá como principal espaço de liderança e ação. Uma das atividades desenvolvidas pelo Centro Cultural é o afoxé. O Afoxé Omô Orunmilá contempla em seus quadros vários representantes da comunidade que têm ligação orgânica com a causa da defesa dos negros e desfila - desde 1996 - na abertura do carnaval da cidade. O Afoxé procura destacar a ancestralidade como fonte referencial da luta dos negros contra o preconceito e contra a discriminação.
Em suas cantigas, entoadas na língua iorubá, em suas vestimentas e na postura combativa dos seus integrantes o Afoxé Omô Orunmilá resume o embate cotidiano de seus integrantes na busca por uma sociedade igualitária que respeite os negros como dignos cofundadores da nação brasileira, por meio do reconhecimento dos seus direitos e permita a eles o acesso a espaços igualitários na construção social e econômica do Brasil.
Referências
- ↑ "Conheça a relação do candomblé com os afoxés e carnaval" https://m.extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/pai-paulo-de-oxala/conheca-relacao-do-candomble-com-os-afoxes-carnaval-3977199.html Acessado em 17 de abril de 2020
- ↑ RISÉRIO, Antonio. Carnaval ijexá; notas sobre afoxés e blocos do novo carnaval afrobaiano. Salvador:Corrupio, 1981, p. 56
- ↑ Cavalcante, Camila (7 de fevereiro de 2013). «Com incenso e água de cheiro, Afoxé Muzenza Pantaneiro estreia no carnaval». diarionline.com.br. Diário Corumbaense. Consultado em 16 de junho de 2021. Cópia arquivada em 16 de junho de 2021
- ↑ «Afoxé Omõrisá Odé». Rede Cultura Viva. 30 de maio de 2018. Consultado em 16 de junho de 2021. Cópia arquivada em 16 de junho de 2021
- ↑ LIMA, Ivaldo. Entre Pernambuco e a África. História dos maracatus-nação do Recife e a espetacularização da cultura popular (1960 - 2000). Universidade Federal Fluminense, 2010, p. 319
- ↑ "Conheça a história dos Afoxés em Pernambuco" https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2019/03/conheca-a-historia-dos-afoxes-em-pernambuco.html Acessado em 17 de abril de 2020
- ↑ ARAÚJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional. Danças, Recreação, Música. Vol. II. São Paulo: Melhoramentos, 1967, p. 304.
- ↑ CARNEIRO, Edison. Dinâmica do folclore, p. 47.
- ↑ CARNEIRO, Edison. Folguedos tradicionais. p. 122
- ↑ REAL, Katarina. O folclore no carnaval do Recife. Recife: Ed. Massangana, 1990, 2ª edição, p. 200 –201.
- ↑ Prado, Miguel Arcanjo (11 de fevereiro de 2016). «Carnaval de rua de BH é ato político, de resistência». Miguel Arcanjo Prado. Consultado em 11 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 12 de fevereiro de 2017
- ↑ Folha Online: Culto a Iemanjá no Rio de Janeiro destaca diversidade religiosa e racial
- ↑ Extra Online: Seção "Dica Cultural"