Prepona claudina

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Fotografia de P. claudina (macho), vista superior
Fotografia de P. claudina (macho), vista superior
Fotografia de P. claudina (macho), vista inferior
Fotografia de P. claudina (macho), vista inferior
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Lepidoptera
Subordem: Papilionoidea
Família: Nymphalidae
Subfamília: Charaxinae[1][2]
Tribo: Preponini[1]
Género: Prepona
Boisduval, 1836[1]
Espécie: P. claudina
Nome binomial
Prepona claudina
(Godart, [1824])[1]
Sinónimos[2]
  • Nymphalis claudina (Godart, [1824])
  • Papilio claudia (Schulze, 1776)
  • Agrias sardanapalus (Hewitson, 1860)
  • Agrias claudianus (Staudinger, [1885])
  • Agrias sahlkei (Honrath, [1885])
  • Agrias godmani (Fruhstorfer, 1895)
  • Agrias intensa (Lathy, 1921)

Prepona claudina[1] (outrora denominada Agrias claudina,[2] ao longo do século XX, e pertencendo ao gênero Agrias, agora em desuso)[3] é uma espécie de borboleta neotropical da família dos ninfalídeos (Nymphalidae) e subfamília Charaxinae, ocorrendo da Venezuela e Guianas até o Peru e Bolívia, Brasil amazônico e os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie Prepona claudina foi classificada por Jean-Baptiste Godart, em 1824, e descrita como Nymphalis claudina na obra Encyclopédie Méthodique, com sua localidade tipo erroneamente citada como "Índia".[2]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Prepona claudina é uma espécie do Novo Mundo com ampla distribuição. Ocorre da Venezuela e Guianas até o Peru e Bolívia, Brasil amazônico e os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.[4][5][6]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Apresenta o padrão superior geral de coloração enegrecida, com manchas vermelho-rosadas e azuis metálicas, características, em suas asas; apresentando um padrão, em vista inferior, com sete manchas arredondadas, como ocelos de centro branco-azulado, na margem de suas asas posteriores.[7][8][9][10] De acordo com Otero, ela é denominada "o príncipe dos ninfalídeos" dado o tamanho e beleza incomuns de suas asas.[5] Tufos amarelos, nas costas das asas dos machos, liberam feromônios, através de escamas androconiais, para atrair as borboletas fêmeas.[11][12]

Hábitos e planta-alimento[editar | editar código-fonte]

Prepona claudina é ativa apenas em manhãs quentes, raras de serem vistas e geralmente vistas quando procuram comida entre trilhas e clareiras no solo das florestas; frequentemente encontrada se alimentando de exsudações de troncos de árvores ou de cipós brocados por larvas de moscas e besouros, além de líquidos provenientes de frutos em fermentação e esterco de mamíferos.[5][11][13] Voa entre altitudes de 200 a 600 metros.[12] Suas lagartas foram encontradas em folhas de Quiina glaziovii (gênero Quiina; família Quiinaceae).[5] Se alimentam noturnamente e descansam durante o dia nos galhos das plantas alimentícias.[12]

Subespécies[editar | editar código-fonte]

P. claudina possui oito subespécies:[2]

  • Prepona claudina claudina - Descrita por Godart em 1824, de provável exemplar proveniente do Brasil ("Índia", na descrição).
  • Prepona claudina annetta - Descrita por Gray em 1832, de exemplar proveniente do Brasil (Santa Catarina).
  • Prepona claudina sardanapalus - Descrita por Bates em 1860, de exemplar proveniente do Brasil (Amazonas).
  • Prepona claudina lugens - Descrita por Staudinger em 1886, de exemplar proveniente do Peru (Chanchamayo).
  • Prepona claudina godmani - Descrita por Fruhstorfer em 1895, de exemplar proveniente do Brasil (Mato Grosso).
  • Prepona claudina croesus - Descrita por Staudinger em 1896, de exemplar proveniente do Brasil (Pará).
  • Prepona claudina delavillae - Descrita por Neild em 1996, de exemplar proveniente da Venezuela.
  • Prepona claudina patriciae - Descrita por Attal em 2000, de exemplar proveniente da Venezuela.

Conservação[editar | editar código-fonte]

Segundo Luiz Soledade Otero, esta borboleta foi caçada até a extinção de certas populações restritas em áreas de Mata Atlântica, na região sudeste do Brasil.[5] Segundo o Plano de Ação Nacional para Conservação dos Lepidópteros Ameaçados de Extinção, embora existissem centenas de espécimes depositados na coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro, nenhum indivíduo foi registrado em quase 20 anos de inventários (considerando a data de publicação do Plano, em 2011) da porção da Mata Atlântica do estado, o que sugere que tenha ocorrido o extermínio local por coletas direcionadas.[14] Não foi avaliada pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN).[11] Em 2007, sob o nome Agrias claudina, foi classificada como em perigo na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[15] em 2018, também com o nome Agrias claudina, como pouco preocupante no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[16][17] A subespécie P. c. claudina (ainda no gênero Agrias) foi classificada como criticamente em perigo na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro.[18] A espécie ainda foi indicada nos Guia de Identificação de tribos de Borboletas Frugívoras - Mata Atlântica,[19] Guia de Identificação de tribos de Borboletas Frugívoras - Amazônia[20] e Guia de Identificação de tribos de Borboletas Frugívoras - Cerrado.[21] feitos numa parceria do governo do Brasil, o Ministério Federal do Meio Ambiente, da Proteção da Natureza e da Segurança Nuclear da República Federal da Alemanha, a Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ), o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente brasileiro.

Referências

  1. a b c d e «Family NYMPHALIDAE Rafinesque, 1815 – BRUSHFOOTS» (em inglês). Butterflies of America. 1 páginas. Consultado em 23 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 14 de abril de 2023 
  2. a b c d e Savela, Markku. «Agrias amydon Hewitson, 1854» (em inglês). Lepidoptera and some other life forms. 1 páginas. Consultado em 23 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 26 de abril de 2023 
  3. Bonfantti, Dayana; Casagrande, Mirna Martins; Mielke, Olaf Hermann Hendrik (abril de 2013). «Male genitalia of neotropical Charaxinae: A comparative analysis of character variation». Journal of Insect Science (em inglês). 13. 1 páginas. Consultado em 23 de outubro de 2019. Using data from DNA sequences, Ortiz-Acevado and Willmott (2013) classified Preponini as follows: two genera were synonymized, Noreppa to Archaeoprepona and Agrias to Prepona. 
  4. «Species Prepona claudina» (em inglês). Butterflies of America. 1 páginas. Consultado em 9 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 18 de abril de 2023 
  5. a b c d e Otero, Luiz Soledade; Marigo, Luiz Cláudio (1990). Borboletas. Beleza e comportamento de espécies brasileiras. [S.l.]: Marigo Comunicação Visual. p. 60-61. 128 páginas. ISBN 85-85352-01-9. Consultado em 9 de outubro de 2019 
  6. D'Abrera, Bernard (1984). Butterflies of South America (em inglês). Melbourne: Hill House. p. 218. 255 páginas. ISBN 0-9593639-2-0. Consultado em 23 de setembro de 2019 
  7. Web, Lep. «(Prepona claudina) Godart, 1824 - vista superior». Flickr. 1 páginas. Consultado em 9 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 26 de abril de 2023 
  8. Web, Lep. «(Prepona claudina) Godart, 1824 - vista lateral». Flickr. 1 páginas. Consultado em 9 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 26 de abril de 2023 
  9. Smart, Paul (1975). The Illustrated Encyclopaedia of the Butterfly World, In Colour. Over 2.000 species reproduced life size (em inglês). Londres: Salamander Books Ltd. p. 213. 274 páginas. ISBN 0-86101-101-5 
  10. «Agrias claudina claudina (Godart, 1824)» (em inglês). Lepidoptera Brasiliensis. 1 páginas. Consultado em 9 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 14 de abril de 2023 
  11. a b c «THE AGRIAS CLAUDINA BUTTERFLY» (em inglês). Harper Macaw. 1 páginas. Consultado em 9 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 18 de abril de 2023 
  12. a b c Hoskins, Adrian. «Godart's Agrias Agrias claudina» (em inglês). Learn about butterflies. 1 páginas. Consultado em 9 de outubro de 2019 
  13. Neild, Andrew (10 de novembro de 2017). «Prepona (Agrias) claudina - no flash P1200895» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 9 de outubro de 2019. Cópia arquivada em 19 de abril de 2023 
  14. «Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Lepidópteros Ameaçados de Extinção» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Série Espécies Ameaçadas (13): 37. Cópia arquivada (PDF) em 26 de abril de 2022 
  15. Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  16. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  17. «Prepona claudina (Godart, [1824])». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 13 de abril de 2023 
  18. «Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies» (PDF). Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro. 2018. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  19. Santos, Jessie Pereira dos; Freitas, Andre Victor Lucci; Constantino, Pedro de Araujo Lima; Uehara-Prado, Marcio. Guia de Identificação de tribos de Borboletas Frugívoras - Mata Atlântica (PDF). Brasília: Ministério Federal do Meio Ambiente, da Proteção da Natureza e da Segurança Nuclear da República Federal da Alemanha; Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 26 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 26 de abril de 2023 
  20. Santos, Jessie Pereira dos; Freitas, Andre Victor Lucci; Constantino, Pedro de Araujo Lima; Uehara-Prado, Marcio. Guia de Identificação de tribos de Borboletas Frugívoras - Amazônia (PDF). Brasília: Ministério Federal do Meio Ambiente, da Proteção da Natureza e da Segurança Nuclear da República Federal da Alemanha; Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 26 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 26 de abril de 2023 
  21. Santos, Jessie Pereira dos; Freitas, Andre Victor Lucci; Constantino, Pedro de Araujo Lima; Uehara-Prado, Marcio. Guia de Identificação de tribos de Borboletas Frugívoras - Cerrado (PDF). Brasília: Ministério Federal do Meio Ambiente, da Proteção da Natureza e da Segurança Nuclear da República Federal da Alemanha; Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 26 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 26 de abril de 2023 
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