Guianas
As Guianas ou região das Guianas são uma subdivisão da América do Sul que abrange países independentes e dependências no norte do continente. Em princípio, compõem a região das Guianas: o Suriname, a Guiana e a Guiana Francesa, sendo os dois primeiros países independentes e o último um território ultramarino da França. Em um termo mais abrangente, incluem-se na região das Guianas o estado brasileiro do Amapá e a região Guayana, pertencente à Venezuela.
Historicamente, a região das Guianas recebeu esse nome devido às cinco Guianas (Inglesa, Holandesa, Francesa, Portuguesa e Espanhola) que compunham a região no período da colonização da América pelos europeus entre os séculos XVI e XX.[1]
Classificação
[editar | editar código-fonte]País/território | Capital | Língua | População | Independência |
---|---|---|---|---|
Guiana | Georgetown | inglesa | 808.726[2] (2022) | do Reino Unido em 1966 |
Suriname | Paramaribo | holandesa | 618.040[3] (2022) | dos Países Baixos em 1975 |
Guiana Francesa | Caiena | francesa | 294.071 (2021) | — |
Pode-se incluir também:
- Amapá - Antiga Guiana Portuguesa;
- Guaiana Essequiba - Antiga Guiana Espanhola.
Apesar da associação de partes do Brasil e Venezuela às Guianas, é mais comum o uso do termo para se referir apenas à Guiana, Suriname e Guiana Francesa.[4]
História
[editar | editar código-fonte]No século XVI a região denominada Guiana se estendia da foz do rio Amazonas à do rio Orinoco e era dominada sobretudo por tribos caribes e aruaques. O termo guiana significa "terra de muitas águas" em língua aruaque.[5][6]
No livro As fronteiras do Brasil há a seguinte menção sobre o território da Guiana brasileira:
A ponta de Jariuba, sua [da ilha de Marajó] extremidade SO, divide o Amazonas nos dois galhos: o do Norte, que acompanha a costa da Guiana; e do Sul, que vai receber o Xingu e inclinando-o depois para NE passa pela cidade de Gurupá (...)[7]
Os territórios das Guianas foram colonizados no século XVI por Inglaterra, Holanda, França, Portugal e Espanha. O atual estado brasileiro do Amapá foi chamado de Guiana Portuguesa entre 1809 e 1817 e era, até meados do século XX, conhecido também como Guiana Brasileira. Da mesma forma, a região administrativa da Guayana atualmente é conhecida como Guiana Venezuelana e, anteriormente, era chamada de Guiana Espanhola.
Até a primeira metade do século XX, as Guianas eram pertencentes aos países europeus: aos Países Baixos (o atual Suriname), ao Reino Unido (a atual Guiana), enquanto a Guiana Francesa é um departamento de ultramar da França.
Geografia
[editar | editar código-fonte]As Guianas limitam-se ao sul e leste com o Brasil, ao oeste com a Venezuela e ao norte com o oceano Atlântico. No entanto, ao se contabilizarem todas as definições mais amplas, a extensão territorial das Guianas abarca desde o rio Orinoco até a margem esquerda da foz do rio Amazonas.
É exatamente na posição norte, na faixa das terras baixas e próximas do litoral, que concentra-se 90% da população total das três Guianas.
A população é pouco numerosa, constituída predominantemente de negros, indígenas, mestiços e asiáticos. A maior parte da população concentra-se na área urbana.
Os minerais são as principais riquezas das Guianas, destacando-se a bauxita.
Nas planícies setentrionais (litoral) sobressaem o cultivo de cana-de-açúcar, cacau, café e frutas tropicais.
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]A região norte da América do Sul, onde estão localizadas as Guianas, carecem de recursos de infraestrutura como rodovias, ferrovias e pontes. Alguns autores atribuem essa falta de conexão com o isolamento sócio-cultural das Guianas em relação aos demais países latinos da América do Sul. Esse fator se soma a outras barreiras como o idioma e as diferenças culturais.
A Guiana possui uma conexão terrestre com o Brasil a sudoeste de Georgetown. A chamada rodovia Linden-Lethem está em sua maioria não pavimentada, o que dificulta o transporte de mercadorias do estado de Roraima até o porto de Georgetown, que tem livre acesso ao oceano Atlântico. A ausência de pavimentação foi apontada como um dos principais fatores para o baixo comércio entre a Guiana e o Brasil.[8]
O Suriname, apesar de ser um país continental, não tem conexão rodo-ferroviária com seus vizinhos. Para atravessar a fronteira tanto para a Guiana quanto para a Guiana Francesa, é necessário recorrer ao ferryboat. A fronteira sul com o Brasil está coberta por uma densa e quase intocada floresta Amazônica, o que impossibilita a construção de vias de transporte, apesar do presidente brasileiro Jair Bolsonaro ter incentivado a construção de uma rodovia que conectaria cidades do estado do Pará com o sul do Suriname em uma área de preservação ambiental com diversas reservas indígenas e quilombos no noroeste do estado.[9]
Ao contrário do Suriname, a Guiana Francesa tem uma conexão rodoviária com o Brasil no estado do Amapá através da Ponte Binacional Franco-Brasileira, construída próxima a cidade de Oiapoque. A ponte é a única conexão entre o Mercosul e a União Europeia e a única saída ou entrada da Guiana Francesa para o restante do continente.[10]
Referências
- ↑ http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1528&evento=5#:~:text=As%20Guianas%20limitam%2Dse%20ao,%2C%20ind%C3%ADgenas%2C%20mesti%C3%A7os%20e%20asi%C3%A1ticos.
- ↑ https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/como-e-a-guiana-conheca-mais-sobre-a-populacao-linguas-e-territorio/
- ↑ https://globaltranslations.com.br/conheca-o-suriname/
- ↑ http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1528&evento=5#:~:text=As%20Guianas%20limitam%2Dse%20ao,%2C%20ind%C3%ADgenas%2C%20mesti%C3%A7os%20e%20asi%C3%A1ticos.
- ↑ Tan Wee Cheng (2011). Exotic Lands and Dodgy Places: (...). [S.l.]: Marshall Cavendish International Asia Pte Ltd. 323 páginas. ISBN: 9814398713
- ↑ Ro McConnell (2000). Land of waters: explorations in the natural history of Guyana, South America. [S.l.]: Book Guild, Limited. 289 páginas. ISBN:1857764587
- ↑ Fernando Antônio Raja Gabaglia (1916). As fronteiras do Brasil. [S.l.]: Tipográfica do Jornal do Comércio. 331 páginas
- ↑ https://www.folhabv.com.br/cotidiano/conclusao-da-pavimentacao-lethem-linden-deve-ser-tratada-no-caricom/
- ↑ https://www.opendemocracy.net/pt/bolsonaro-estrada-destroi-maior-reserva-de-floresta-tropical-mundo/
- ↑ https://g1.globo.com/google/amp/ap/amapa/noticia/2021/12/18/guiana-francesa-libera-entrada-de-viajantes-pela-ponte-binacional-na-fronteira-com-o-brasil-no-ap.ghtml
Ver também
[editar | editar código-fonte]Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Conceitualização e História das Guianas» (em inglês)