Beribéri
Beriberi | |
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Beribéri seco danifica as placas motoras levando a perda de força muscular e, eventualmente, a paralisia muscular. | |
Especialidade | endocrinologia, neurologia, cardiologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | E51.1 |
CID-9 | 265.0 |
CID-11 | 632832064 |
DiseasesDB | 14107 |
MedlinePlus | 000339 |
eMedicine | ped/229 med/221 |
MeSH | D001602 |
Leia o aviso médico |
O beribéri é uma doença nutricional causada pela falta de vitamina B1 (tiamina) no organismo, resultando em fraqueza muscular, problemas gastrointestinais e dificuldades respiratórias.
Causas
[editar | editar código-fonte]As causas do beribéri são:[1]
- Dieta pobre em B1;
- Abuso de álcool (dificulta absorção da B1);
- Baixa absorção da vitamina B1 pelo intestino (como por infecção de Penicillium citreonigrum);
- Diarreia e/ou vômito por longos períodos;
- Genética (rara);
Pode ainda ser secundário a:
- Hipertiroidismo;
- Insuficiência renal;
- Febre alta.
É mais comum na gravidez quando a demanda por vitaminas é muito maior.
O fungo Penicillium citreonigrum, que através da liberação da toxina citreoviridina inibe a absorção da B1. Enzimas encontradas em alguns peixes de rio também podem causar deficiência de B1.
Sinais e sintomas
[editar | editar código-fonte]Existem dois tipos de beribéri: "seco" e "molhado".
Beribéri cardíaco ou "molhado":[1]
- Taquipneia (Respiração acelerada) após exercícios;
- Taquicardia (Coração acelerado);
- Apneia (Acordar sem ar);
- Pernas inchadas.
Beribéri nervoso ou "seco"[1]:
- Fraqueza muscular;
- Perda de sensibilidade dos pés e mãos;
- Dor;
- Dificuldade para falar;
- Vômito;
- Confusão mental;
- Movimentos involuntários dos olhos;
- Paralisia.
Casos severos podem evoluir para síndrome de Wernicke-Korsakoff, caracterizada por perda de memória e confusão mental.
Beribéri infantil
[editar | editar código-fonte]Ocorre em bebês que são amamentados por uma mãe com deficiência de vitamina B1 ou com leite pobre em vitaminas, e é caracterizado por:
- Insuficiência cardíaca;
- Perda da voz;
- Lesão de nervos periféricos.
É mais comum entre o segundo e o quarto mês de vida.
Diagnóstico
[editar | editar código-fonte]Um exame físico pode mostrar sinais de falência cardíaca congestiva, que incluem os seguintes:
- Dificuldade de respirar associada a veias jugulares salientes;
- Aumento no tamanho do coração;
- Fluidos nos pulmões;
- Batimentos cardíacos acelerados;
- Inchaço em ambas as pernas;
- Confusão;
- Perda de memória (amnésia);
- Delírios;
- Perda de sensibilidade a vibrações.
Um exame neurológico pode indicar:
- Alterações no modo de andar;
- Problemas de coordenação motora;
- Reflexos diminuídos;
- Pálpebras caídas.
Exames sanguíneos podem medir diretamente a concentração de tiamina no sangue, ou então uma queda na atividade da transquetolase, uma enzima dependente da tiamina. Exame de urina pode revelar se o problema é má absorção (alta quantidade de B1 na urina) ou falta da vitamina (quase nada de B1 na urina).
Prevalência
[editar | editar código-fonte]O beriberi é raro em países desenvolvidos porque alguns dos alimentos mais consumidos são enriquecidos com vitaminas, como arroz e cereal. Atualmente o beribéri ocorre predominantemente em pacientes alcoolistas. O consumo excessivo de álcool causa diarreia, poliúria(urinar com frequência) e vômitos o que prejudica a absorção e armazenamento de vitaminas hidrossolúveis.
No Brasil, onde a doença era típica dos escravos no Brasil Colônia, a doença tem ressurgido com um aumento de casos relatados nos estados do Maranhão, Tocantins e Amapá a partir de 2006. As autoridades sanitárias brasileiras identificaram a contaminação de arroz por uma micotoxina - uma toxina formada no metabolismo de um fungo presente no arroz - algo que também ocorreu no começo do século XX no Japão.[2]
Em 2009 mais de mil casos foram identificados em Pernambuco e entre 2006 e 2008 foram notificados 1.207 casos e 40 óbitos no Maranhão. [3]
Tratamento
[editar | editar código-fonte]A cura da doença se dá pela administração da vitamina B1, corrigindo assim a sua carência. São alimentos ricos em tiamina: cereais em grão, leite, legumes, ovos, peixes e plantas. A redução da ingestão do álcool é importante, já que este dificulta a absorção da vitamina. O beribéri é um tipo específico de polineurite.
No tratamento desta doença, vemos a importância de uma intervenção fisioterapêutica cardiorrespiratória, já que o paciente apresenta dificuldades respiratórias devido a alterações musculares, levando o indivíduo a um grande encurtamento muscular que ainda acarreta grandes dificuldades de deambulação e realização das atividades da vida diária.
O beribéri é uma doença que se caracteriza por alterações nervosas, cerebrais e cardíacas.
Sintomas: As alterações nervosas começam como uma sensação de formigamento nos dedos dos pés, que se torna particularmente intensa à noite, câimbras musculares na panturrilha e dor nas pernas e nos pés. Os sintomas iniciais do beribéri podem incluir a confusão mental, a laringite e a visão dupla.
O tratamento consiste na administração intravenosa de vitamina B1 em uma dose 20 vezes superior à QDR durante 2 a 3 dias. Posteriormente, a vitamina pode ser por via oral(ingerida).
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A origem do termo não é clara, apesar de muitas hipóteses já terem sido sugeridas. Uma delas é que o termo venha de uma expressão cingalêsa que significa "fraco, fraco" ou "não posso, não posso", a palavra duplicada para dar ênfase.[4][5][6][7] Outra hipótese é que ela venha do arábico "bhur-bhari", que significa "asma de marujo".[8] Em 1630, um médico holandês chamado Jacob Bonitus encontrou uma doença enquanto trabalhava em Java. Na primeira descrição conhecida do Beribéri, ele escreveu "Uma aflição muito debilitante, que ataca homens, é chamada pelos habitantes de Beriberi (que significa ovelha). Acredita-se que aqueles acometidos por essa doença, com seus joelhos trêmulos e pernas enrijecidas, andam como ovelhas. É uma forma de paralisia, ou Tremor: pois ela penetra o movimento e a sensibilidade das mãos e por vezes todo o corpo."[9]
História
[editar | editar código-fonte]Christiaan Eijkman, um médico holandês, foi o primeiro a demonstrar que o Beribéri é causado por carência alimentar. Seu trabalho e de seu amigo Adolphe Vorderman, em 1897 levou a descoberta das vitaminas. Recebeu um Prémio Nobel em 1929, junto com Sir Frederick Hopkins, embora Vorderman não.
O nome da doença se refere as palavras "não posso, não posso", em Cingalês. A vitamina B1 (tiamina) é de grande importância para o bom funcionamento cerebral, relaxamento do sistema nervoso e fortalecimento do músculo do coração. Quando, contudo, há carência no organismo desenvolve-se uma patologia conhecida como Beribéri.
A doença foi muito prevalente nas tropas do Exército Brasileiro durante a Primeira República.[10]
Referências
- ↑ a b c http://www.healthline.com/health/beriberi
- ↑ O ESTADO DE S. PAULO. Brasil faz busca por vítimas de berberi. Edição de domingo, 11 de março de 2012. [1]
- ↑ [2]
- ↑ Oxford English Dictionary: "Beri-beri... a Cingalese word, f. beri weakness, the reduplication being intensive...", pg. 203, 1937
- ↑ A Sinhalese-English Dictionary, Rev. Charles Carter: "බැරි බැරි.රෝගය, a. the disease beri beri, a form of neuritis accompanied by dropsy &c...", pg. 448, 1924
- ↑ Beriberi, Information about Beriberi
- ↑ Online etymology dictionary
- ↑ Cornelis Adrianus Pekelharing, Cornelis Winkle: "Beri-beri researches concerning its nature and causes and the means of its arrest", pg 3, 1893
- ↑ Berg, Jonas Sendin, Jhonielle Flores, TSB, John L. Tymoczko, and Lubert Stryer. "Chapter 17: The Citric Acid Cycle." Biochemistry. New York: W. H. Freeman and, 2007. Print.
- ↑ McCann, Frank D. (2007). Soldados da Pátria – História do Exército Brasileiro (1889-1937) 🔗. São Paulo: Companhia das Letras. p. 118. ISBN 9788535910841
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Encefalopatia de Wernicke e Síndrome de Korsakoff - também causadas pela falta de tiamina.
- Citreoviridina