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'''Caras-pintadas''' foi um movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer do ano de [[1992]] e tinha como objetivo principal o impeachment do [[Presidente do Brasil]] [[Fernando Collor de Melo]] e sua retirada do posto. O movimento baseou-se nas denúncias de [[corrupção]] que pesaram contra o presidente e ainda em suas medidas econômicas, e contou com milhares de jovens em todo o [[país]]. O nome "''caras-pintadas''" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.<ref name="www1.folha.uol.com.br">{{Citar web|língua2=pt |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u397259.shtml |titulo=Saiba mais sobre os caras-pintadas |obra=[[Folha de S.Paulo]] |data=[[30 de abril]] de [[2009]] |acessodata=[[2 de agosto]] de [[2009]] ([[UTC−3]]) }}</ref>
'''Caras-pintadas''' foi um movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer do ano de [[1992]] e tinha como objetivo principal o impeachment do [[Presidente do Brasil]] [[Fernando Collor de Melo]] e sua retirada do posto. O movimento baseou-se nas denúncias de [[corrupção]] que pesaram contra o presidente e ainda em suas medidas econômicas, e contou com milhares de jovens em todo o [[país]]. O nome "''caras-pintadas''" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.<ref name="www1.folha.uol.com.br">{{Citar web|língua2=pt |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u397259.shtml |titulo=Saiba mais sobre os caras-pintadas |obra=[[Folha de S.Paulo]] |data=[[30 de abril]] de [[2009]] |acessodata=[[2 de agosto]] de [[2009]] ([[UTC−3]]) }}</ref>


== Origens ==
== OrigenS ==
{{História do Brasil}}
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As origens do movimento remontam ao final da década de 1980 e início da década de 1990, época em que os estudantes brasileiros, representados pela [[UNE]] e pela [[UBES]], tiveram grande protagonismo nas lutas sociais do país. Tal protagonismo deveu-se, sobretudo, às campanhas pela conquista do passe livre nos transportes e da meia entrada nos cinemas, no âmbito da aprovação da [[lei orgânica]] dos municípios, consequência da promulgação recente da [[Constituição brasileira de 1988]].
As origens do movimento remontam ao final da década de 1980 e início da década de 1990, época em que os estudantes brasileiros, representados pela [[UNE]] e pela [[UBES]], tiveram grande protagonismo nas lutas sociais do país. Tal protagonismo deveu-se, sobretudo, às campanhas pela conquista do passe livre nos transportes e da meia entrada nos cinemas, no âmbito da aprovação da [[lei orgânica]] dos municípios, consequência da promulgação recente da [[Constituição brasileira de 1988]].

Revisão das 18h10min de 18 de junho de 2013

Caras-pintadas foi um movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer do ano de 1992 e tinha como objetivo principal o impeachment do Presidente do Brasil Fernando Collor de Melo e sua retirada do posto. O movimento baseou-se nas denúncias de corrupção que pesaram contra o presidente e ainda em suas medidas econômicas, e contou com milhares de jovens em todo o país. O nome "caras-pintadas" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.[1]

OrigenS

As origens do movimento remontam ao final da década de 1980 e início da década de 1990, época em que os estudantes brasileiros, representados pela UNE e pela UBES, tiveram grande protagonismo nas lutas sociais do país. Tal protagonismo deveu-se, sobretudo, às campanhas pela conquista do passe livre nos transportes e da meia entrada nos cinemas, no âmbito da aprovação da lei orgânica dos municípios, consequência da promulgação recente da Constituição brasileira de 1988.

Governo Collor

O então presidente Fernando Collor de Mello havia chegado ao poder, em 1990, sob muitas críticas devido às interferências de grandes organizações empresariais na campanha presidencial. As frentes políticas, lideradas pelo PT e seu candidato derrotado nas eleições (Lula), alegaram na época que os resultados eleitorais foram fruto de manipulação da opinião pública, com participação inclusive e principalmente da Rede Globo de Televisão.

No desenrolar do governo, o presidente Fernando Collor tomou diversas medidas de caráter antiinflacionário, como mudança de moeda, criação impostos (IOF) e redução de incentivos, aumento de tarifas públicas, dentre outras, que ficaram conhecidas por "Plano Collor". A medida de maior repercussão foi o empréstimo compulsório ao governo de todo valor mantido na poupança que excedesse os Cr$50.000,00. A medida ficou conhecida popularmente como confisco da poupança, apesar de não se ter caracterizado tecnicamente um confisco já que o dinheiro seria devolvido.

Corrupção

O irmão do então Presidente da República, Pedro Collor de Mello, apresentou à Revista Veja, no início de maio de 1992, diversos documentos que indicavam corrupção no Governo Collor. A revista publicou posteriormente vasto material que implicava em crimes de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e tráfico de influência, e comprometia a manutenção de Fernando Collor na Presidência. A população assistiu indignada a escalada de acusações de Pedro Collor a seu irmão (o presidente) e a Paulo César Farias (conhecido por PC Farias). As principais entidades civis do país (OAB, CNBB, UNE e UBES, centrais sindicais, dentre outras) iniciaram o "Movimento pela Ética na Política" no mesmo mês. O escândalo PC Farias torna-se a principal notícia no país.

29 de maio

Uma primeira reunião de estudantes aconteceu em 29 de maio, e chamou a atenção da mídia pelo grande número de pessoas, o forte engajamento político dos participantes e a forte rejeição ao presidente.

CPI

Uma CPI instalou-se em 1º de junho, e o primeiro a ser ouvido foi o acusador Pedro Collor. Com o desenrolar das investigações, as acusações foram sendo substancialmente fundamentadas. A imagem que Fernando Collor passou durante a campanha presidencial, de "jovem bon vivant", "honesto" e "caçador-de-marajás", agora contrastava com a péssima imagem de "confiscador" e "criminoso" perante a população.

Agosto de 1992

Presidente Collor, em 1991.

Após o recesso parlamentar de julho, o Congresso Nacional retomou a CPI que investigava o presidente Collor. Durante o mês de agosto as manifestações de repúdio ao presidente intensificaram muito.

11 de agosto

Uma passeata reuniu cerca de 10 mil pessoas em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). As reuniões foram marcadas pela irreverência, diversidade política e apartidarismo. O movimento ameaçava abandonar o viés político, deixando de lado os partidos. Surgiram as primeiras pessoas com rosto pintado.

14 de agosto

O presidente Collor fez um pronunciamento em rede nacional de televisão, pedindo apoio à nação. O presidente convocou a população a vestir as cores nacionais (verde e amarelo) e sair pelas ruas no próximo domingo (dia 16), em resposta aos que o acusavam.

16 de agosto

Milhares de jovens tomaram as ruas das capitais vestindo roupas negras, e com o rosto pintado na mesma cor, em sinal de luto contra a corrupção. Logo a imprensa noticiou o movimento dos "caras-pintadas", numa referência a uma insurreição militar homônima. O domingo ficou conhecido como "domingo negro".

No Rio, mais de 30 mil gritam em coro:[4]

25 de agosto

O Movimento pela Ética na Política exigia maior empenho da população nas manifestações contra a corrupção, para também pressionar o Congresso Nacional a favor do impeachment do presidente Collor. As manifestações cresceram grandemente com a proximidade da votação do relatório final da CPI. Na manhã do dia 25 de agosto cerca de 400 mil jovens tomaram o Vale do Anhangabaú (São Paulo). Aderiram em massa os estudantes de Recife (100 mil) e Salvador (80 mil).

26 de agosto

Itamar Franco assumiu o cargo no pós-impeachment.

Em Brasília cerca de 60 mil pessoas fizeram manifestações contra o presidente Collor, enquanto o relatório era votado pelo Congresso. O relatório foi aprovado com 16 votos a favor e 5 votos contra. O pedido de impeachment começou a ser elaborado pela Câmara dos Deputados.

18 de setembro

A proximidade da votação da abertura do processo de impeachment leva novamente milhares de jovens às ruas. Em São Paulo, cerca de 750 mil pessoas permaneceram até as 21 horas. O movimento social passava a dominar a situação e os rumos do país.

29 de setembro

A Câmara dos Deputados vota a favor do processo de impeachment. Foram 448 deputados a favor, 38 contra, 23 ausentes, 1 absteve-se. Nesse momento, já não havia apenas estudantes e jovens, mas sim milhões de pessoas. O comparecimento ao Vale do Anhangabaú não teve estimativa oficial. As pessoas pintavam o rosto de verde e amarelo e tinham a certeza da saída do presidente.

Saída de Fernando Collor

No dia 29 de dezembro de 1992, o presidente do Brasil renunciou ao cargo para preservar os direitos políticos. Porém, o Congresso Nacional realizou o julgamento, mesmo após a renúncia, na inércia dos acontecimentos e evitando desgaste junto à sociedade mobilizada.

Referências

  1. a b c d «Saiba mais sobre os caras-pintadas». Folha de S.Paulo. 30 de abril de 2009. Consultado em 2 de agosto de 2009 (UTC−3)  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. Revista Istoe.De volta às passeatas. 25 de outubro de 1989
  3. Revista Veja. Pedro Collor Conta Tudo. 27 de maio 1992
  4. [1]