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'''Carauari Amazonas''' é um [[município]] [[brasileiro]] localizado no [[Interior do Amazonas|interior]] do [[Unidades federativas do Brasil|estado]] do [[Amazonas]]. Pertencente à [[mesorregião do Sudoeste Amazonense]] e à [[microrregião de Juruá]].


A cidade de Carauari está localizada à margem esquerda do [[rio Juruá]] em terreno bastante elevado e acidentado. O porto é franco, possui a ribanceira íngreme que vai se desmoronando devido o movimento impetuoso das águas do rio Juruá, que ali batem fortemente.
A cidade de Carauari está localizada à margem esquerda do [[rio Juruá]] em terreno bastante elevado e acidentado. O porto é franco, possui a ribanceira íngreme que vai se desmoronando devido o movimento impetuoso das águas do rio Juruá, que ali batem fortemente.

Revisão das 21h13min de 6 de março de 2014

Carauari
  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de Carauari
Bandeira
Brasão de armas de Carauari
Brasão de armas
Hino
Gentílico carauariense
Localização
Localização de Carauari no Amazonas
Localização de Carauari no Amazonas
Localização de Carauari no Amazonas
Carauari está localizado em: Brasil
Carauari
Localização de Carauari no Brasil
Mapa
Mapa de Carauari
Coordenadas 4° 52' 58" S 66° 53' 45" O
País Brasil
Unidade federativa Amazonas
Municípios limítrofes Leste: Tefé;
Sul: Itamarati;
Sudeste: Tapauá;
Oeste: Jutaí;
Norte: Juruá.
Distância até a capital 542 km
História
Fundação 26 de setembro de 1911
Administração
Prefeito(a) Francisco Costa do Santos (PSD)
Características geográficas
Área total [1] 25 767,348 km²
População total (IBGE/2013[2]) 27 405 hab.
 • Posição AM: 25º
Densidade 1,1 hab./km²
Clima tropical chuvoso e úmido
Altitude 87 m
Fuso horário Hora do Amazonas (UTC-4)
Indicadores
IDH (PNUD/2010 [3]) 0,549 baixo
PIB (IBGE/2008[4]) R$ 117 181,326 mil

Carauari Amazonas é um município brasileiro localizado no interior do estado do Amazonas. Pertencente à mesorregião do Sudoeste Amazonense e à microrregião de Juruá.

A cidade de Carauari está localizada à margem esquerda do rio Juruá em terreno bastante elevado e acidentado. O porto é franco, possui a ribanceira íngreme que vai se desmoronando devido o movimento impetuoso das águas do rio Juruá, que ali batem fortemente.

A cidade de Carauari vista a partir da Estação Espacial Internacional (ISS).

História

Os primórdios

No ano de 1910, é criado o termo jurídico com a denominação de Xibauá. Um ano depois, através da Lei Estadual nº 683, é desmembrada do município de Tefé, uma parte de seu território, criando um novo município que tem como sede o povoado de Xauá.

É elevado à condição de vila no ano de 1912, com a Lei Estadual nº 1006 e sua sede é transferida para Carauari. Em seguida, o município passa a chamar-se Carauari. Em 1928, é criada a Comarca de Carauari e em 1938, dez anos depois, a Lei Estadual nº311 dá a Carauari foros de cidade.

Quando da primeira denominação, diremos:

  • Xibauá é o nome de uma ave da família dos xexéus. Também pode ser estudada com a decomposição da palavra em "Xiba", dança, espécie de batuque, usado pelos negros e índios, ao som dos tambores; e "ua", forma contrátil de "iua", braço; de onde se deduz que xibauá, significa; braço ou batuque ou baqueta com que se toca o tambor.
  • A palavra Carauari, é originária da língua geral ou nheengatu. A palavra é composta por "Cará" variedade de tubérculo comestível; e "Uari", verbo cair, que entra na formação da palavra como oxítono Uari, Cará-Uári ou Cará-Uari "cará" que cai. Carauari, assim vem a ser uma variedade de trepadeira que produz tubérculos nos ramos, onde se desenvolvem, amadurecem e depois caem. Esses tubérculos são muito conhecidos pelo nome "Cará do Céu".

A polpa do cará do céu é de sabor adocicado, dando à mastigação uma impressão de uma substância arenosa. Estudando a palavra, buscando a raiz ou radical da palavra Cará, como ensina Barbosa Rodrigues no seu precioso "Muiraquitã", verificamos que, este radica de origem asiática, tão frequente nos termos indígenas, significa pedroso, superior, soberano, que é o branco invasor do novo continente; e Uari ou Uári, formando a palavra arauari, que seria: - queda do poderoso.

A denominação do município originou-se do lago "Carauari" que fica próximo à sede do município e liga-se por um canal ao rio Juruá. O rio Juruá, que era habitado primitivamente pelos índios Canamaris, Catuquinas e outros.

Carauari é um dos vários municípios do estado do Amazonas, localizando-se na região sudoeste deste. Em dados mais específicos, Carauari pertence à micro-região administrativa estadual nº02, e à micro-região nº 04 do Vale do Rio Juruá. Faz fronteira com os municípios de Juruá (ao norte), Jutaí (ao oeste), Itamarati (ao sul), Tefé e Tapuá (ao leste). Em relação a capital Manaus, Carauari distancia-se desta por 780 km em linha reta, por via aérea, e 1676 km por via fluvial. O município possui uma altitude de 60 metros acima do nível do mar, situa-se a 4º 54´ de latitude sul e a 66º 55´ de longitude oeste de Greenwich. O município corresponde a 1,64% da área do estado do Amazonas, possuindo uma área aproximada de 25.767 Km² (IBGE).

Está situado à margem esquerda do médio Vale do Rio Juruá, mais precisamente, dentro de um lago denominado popularmente de ?sacado?, fenômeno típico de rios meândricos. Na verdade, até 1958, Carauari ficava às margens do rio Juruá, mas com a erosão, houve a queda natural do barranco e o rio foi formando um sacado que hoje é o chamado Lago de Carauari.

Em relação à hidrografia, Carauari possui uma rede hidrográfica de grande porte, formada por rios, lagos e igarapés, entre os quais destacam-se os rios Juruá e Weré, os igarapés da Areia, do Sossego, da Roça, da Ponte e do Taquara, e os lagos do Sacado, Preto, do Riozinho, do Taquarinha e o lago da APLUB.

O município todo é banhado pelo rio Juruá, sendo recortado pelos afluentes deste, a saber: Ueré, Bauana, Xué e Marari à margem direita, e Bauana Branco e Anaxiqui à margem esquerda. É o rio que se constitui no mais importante meio de comunicação e transporte da região, além de ser fonte de alimentação.

Carauari, como parte da Região Amazônica, possui um clima tipicamente tropical (Equatorial Quente e Úmido), dotado de uma variação de temperatura de 35º a 22º. Possui 224 dias de chuva, sendo quarenta no verão, entre julho e novembro, e 184 no inverno, de dezembro a junho.

Segundo o INMET/MA, a precipitação do mês mais seco nunca é inferior a 60mm e a umidade relativa do ar é elevada, oscilando entre 86% e 92%. Temos, como toda região amazônica, apenas estas duas estações, sabendo-se que, nesse caso, o inverno não é caracterizado pelo frio, visto que a temperatura permanece alta, mas sim pela presença de chuvas abundantes; no verão, ao contrário, as chuvas são menos intensas, ficando o calor e a umidade do ar ainda mais intensos.

Quanto à vegetação, assim como se costuma dividir a Floresta Amazônica, a cobertura vegetal do município é dividida em três partes: as matas de terra semi-firme, as matas de várzea e as matas de igapó. Os dois grandes tipos florestais presentes em Carauari são: 1) a chamada várzea - floresta densa de planícies periodicamente inundadas, se faz presente ao longo das margens do rio Juruá na planície aluvial, e 2) a floresta de terras baixas presente em áreas de vales e em solos com pouca drenagem, apresentando fisionomia aberta e abundância de palmeiras.

É uma vegetação com características típicas da Floresta Equatorial Latifoliada, e é rica em madeira de lei, de alto valor comercial (como Maçaranduba, Macacauba, Cedro, Loro pixuri, acapu), e ainda, dotada de uma enorme variedade de plantas medicinais (como andiroba, murumuru, copaíba) e espécies que servem à alimentação (pupunha, açaí, buriti, uixi, etc.).


Possui navegabilidade condicionada pela cheia no período de novembro a abril e pela vazante de maio a setembro. Ao longo do Juruá está localizada a maioria das cidades, dos povoados e das comunidades.


1.2 Aspectos históricos


Em 1758, durante o governo de Francisco de Melo Povoas, foi criada a originária Aldeia de Carauari, como parte integrante das 45 aldeias da Capitania de São José do Rio Negro. A aldeia era originalmente um seringal de propriedade do Sr. Leonel Pedrosa, e mais tarde tornou-se ponto de apoio para os serviços seringalistas, visto que naquela época a economia amazonense era fortemente marcada pela produção da borracha.

Até chegar a constituir-se sob a forma do atual Município de Carauari, esta cidade passou por várias situações jurídico-políticas, variando entre Vila, Comarca e Município, e teve sua área territorial por várias vezes anexada e/ou desmembrada de outros municípios. A seqüência cronológica das muitas datas e leis que envolvem a história do município são relatadas a seguir, conforme dados obtidos na Biblioteca Virtual do Amazonas.


Em 26.11.1910, pela Lei nº 641, é criado um Termo Judiciário com a denominação de Xibauá.


Em 26.09.1911, pela Lei Estadual nº 683, é criado o município, com território desmembrado de município de Tefé, cuja comarca fica subordinada ao termo judiciário de Xibauá, tendo por sede o povoado de Xauá.


Em 27.12.1912 pela Lei Estadual nº 1.006, Xauá é elevado à categoria de Vila e a sede do município é transferida para Carauari.


Em 25.04.1913, pela Lei Estadual nº 713, o município passa a denominar-se Carauari.


No ano de 1920, nos quadros de apuração do recenseamento, o município de Carauari é constituído de cinco distritos, que são: Carauari, Juruá Puca, Marari, Manichi e Palermo.


Em 05.11.1922, pela Lei 1.126, o termo de Carauari passou a subordinar-se à Comarca de São Felipe.


Em 02.10.1928, pela Lei Estadual nº 1.397, é criada a comarca de Carauari.

Em 28.11.1930, pelo Ato Estadual nº 45, o município é suprimido, anexando seu território ao município de Tefé. No ano seguinte, em 06.02, pelo Ato Estadual nº 234, o município é restabelecido.


Em 1933, na divisão administrativa e territorial (de 1936-37), figura o município de Carauari com um só distrito.


O Termo Judiciário de Carauari figura subordinado a comarca de João Pessoa, ex- São Felipe.


Em 02.03.1938, pela Decreto-Lei Federal nº 311 a sede municipal recebe Foros de Cidade.


Em 05.03.1945, pelo Decreto nº 1.400, a Comarca de João Pessoa, a qual estava subordinado o termo de Carauari, passou a denominar-se Eirunepé.


No quadro vigente no qüinqüênio 1944-48, fixado pelo Decreto-Lei Estadual nº 1.186, de 31 de dezembro de 1943, e modificado pelo de nº 140, de 5 de março de 1945, o Município figura com um só distrito, abrangendo quinze sub-distritos, que são: Carauari, Ipiranga do Juruá, Renascença, Concórdia, Santa Rosa, Ainajá, Imperatriz, Marari, S. Romã, Vista Alegra, Santos Dumont, Gaviãozinho, Soledad, Três Unidos, Aquidabã.


Em 24.12.1952, pela Lei Estadual nº 226, é restaurada a comarca de Carauari.


Em 25.04.1953, ocorre a reinstalação da comarca de Carauari.


Em 19.12.1955, em virtude da Lei nº 96, o município perdeu os subdistritos de Itapiranga do Juruá, Renascença, Concórdia e parte do de Santa Rosa para o novo município de Juruá e parte do subdistrito Aquidabã para também o novo município de Envira.


Em 10.12.1981, pela Emenda Constitucional nº 12, parte do território de Carauari é desmembrada, em favor do novo município de Itamarati.


Sobre a criação do município de Carauari existe controvérsia motivada pela falta de clareza da Lei n º 76, de 8 de dezembro de 1984. O fato é que essa Lei dá como sede do novo município o lugar São Felipe. Nenhuma das duas sedes do município foi elevada à vila e nem o município teve uma denominação definida. No mesmo ano, a Lei nº 133 de 5 de outubro, eleva o Termo Judiciário de Carauari à Categoria de comarca e para esta foi nomeado Juiz de direito o Dr. Jorge Augusto Studart. Autorizado pelo Governo a rever os limites dos municípios do Estado por Lei nº 160 de 23 de junho de 1986, foi lavrado o Decreto nº 122, de 7 de agosto do mesmo ano, fixou as divisas do município de Tefé com Carauari, colocando, entretanto, a sede deste, dentro do território daquele, uma vez que fixou a foz do rio Tarauacá como ponto de divisas.


O Decreto nº 122, criado, definiu a situação do município de Carauari; porém por causa dessa irregularidade, surgiu o Decreto nº 125, de 11 de agosto de 1986, que transfere a sede do Município de Carauari, para São Felipe. Nova confusão, porque o município de Carauari, nesta nova sede jamais foi conhecido por seu nome, somente por São Felipe.


Uma outra história: novos passos para a criação do município de Carauari. A Lei nº 641, de 26 de novembro de 1910, que revoga o artigo 4º da Lei de Reorganização Judiciária nº 333, de 14 de fevereiro de 1901, criou um novo termo judiciário na comarca do município de Tefé, tendo por sede o lugar Xibauá, sendo este instalado pelo Juiz Municipal Dr. Luiz Alves da Costa.

O termo judiciário de Xibauá passou a constituir o município deste nome, por Lei nº 683 de 27 de setembro de 1911, que também elevou a povoação à categoria de vila, sendo instalada pelo primeiro superintendente Anastácio Cavalcante.


Em virtude do Decreto nº 1006, de 27 de dezembro de 1912, a sede do município foi transferida para o lugar Carauari, que já havia sido sede do município de São Felipe.


A Lei nº 173, de 25 de abril de 1913, muda o nome do município de Xibauá, para Carauari.


Pela Lei nº 1126 de 5 de novembro de 1922, foi o Termo foi desmembrado de Tefé para ser anexado à comarca de São Felipe.


Por projeto de 20 de setembro de 1928, dos deputados Raul Azevedo, Gentil Augusto Bittencourt, Anquises Cabral Raposa Câmara, Franklin Washington de Almeida, Análio de Melo Resende e Aprígio Martins de Menezes, convertido em Lei nº 1397, de 2 de outubro do mesmo ano, foi o de Carauari elevado à categoria de comarca, sendo instalada em 1º de janeiro de 1929, pelo Juiz de direito Dr. Alencastro Ramos e Silva.


O Decreto nº 29, de 14 de novembro de 1930, do Governo Revolucionário, extinguiu a comarca e mandou anexar o termo judiciário de Carauari à comarca de São Felipe, atual João Pessoa (Eirunepé). Ato nº 28 do mesmo mês e ano, extinguiu o município e mandou anexa-lo ao de Tefé.


O município readquiriu sua autonomia pelo Ato nº 234, de 6 de fevereiro de 1931.


O Decreto Lei nº 68, de 31 de março de 1938, dando execução ao Decreto-Lei Nacional nº 311, de 2 do dito mês e ano, elevou a Vila de Carauari à categoria de cidade, com a mesma denominação, sendo instalada em 1º de janeiro de 1939.


O significado da palavra Carauari na língua geral indígena ? Nheengatu, ou Tupi ? consiste na divisão em ?cará?, que é uma variedade de tubérculo comestível; e ?uari?, que indica o verbo cair. Assim, temos Cará-Uari. Alguns estudos indicam este significado como sendo ?cará que cai?. ?Carauari?, nesse sentido, indica um tipo de trepadeira cujos tubérculos dos ramos, ao se desenvolverem, amadurecerem, e caem. Outros estudos entendem a divisão da palavra como sendo ?Cara? igual a batata, comida, alimento; e ?uari? sendo abençoada, do céu. Daí a interpretação da palavra também como ?manjar divino? ou ?comida abençoada?.


A denominação do município originou-se do lago ?Carauari? que beira a sede do município, ligando-se por um canal ao rio Juruá, o qual já foi habitado no passado pelos índios Canamaris, Catuquinas e outros.


1.3 História econômica

A região do Juruá foi e é, tradicionalmente, uma área de extrativismo. No período entre as duas Guerras Mundiais, a região se destacou pela grande e intensa exploração da borracha, que durante muitas décadas foi o principal produto econômico do lugar. Essa produção, entretanto, chega a sua decadência ao final da década de 70, apesar das tentativas governamentais de reativar os seringais com programas de incentivo, que não deram certo principalmente por causa da corrupção e falta de fiscalização.


Com a crise da produção do látex, no início dos anos 80 as histórias econômicas de Carauari, em particular, e da região do Juruá, em geral, se transformam com o aparecimento do petróleo e do gás natural. Os ex-seringueiros, desempregados com a crise da borracha, passaram, conseqüentemente, a ser empregados das equipes sísmicas contratadas pela PETROBRAS, cuja presença nessas localidades, adquire, portanto, grande relevância.

Foi em 1976 que a pesquisa para exploração de petróleo foi retomada na Bacia do Solimões, com a realização de um levantamento sísmico de reflexão de reconhecimento que demonstrou resultados positivos para a empresa: foi descoberta a província gaseífera do Juruá em 1978, marcando uma nova era na história do petróleo amazônico e na história dos povos que habitam a região do rio Juruá (marcos esses que, para as populações marginais desse rio, nem sempre foram de caráter positivo). Nos anos seguintes as pesquisas de petróleo na Bacia do Solimões tomaram vulto e as atividades exploratórias prosseguiram, sendo que entre 1980 e 1984 mais campos de gás foram confirmados ao longo do Juruá.

Um acontecimento significativo desse contexto foi a descoberta, em outubro de 1986, da província petrolífera do Urucu. Em 1988, o óleo dessa província já estava sendo escoado por balsas pelo rio Urucu até a refinaria de Manaus, a 680 km de distância.


Essa campanha exploratória na Bacia do Solimões prosseguiu durante os anos seguintes, tendo como resultado a descoberta de vários campos e províncias de gás e óleo, destacando-se, entre outros, nove campos de gás na província do Juruá e cinco campos de gás, óleo e condensado na província do Urucu.

Com a chegada da PETROBRAS em Carauari, e a construção de sua base de apoio no local, no final dos anos 70, o município começa a desenvolver uma nova ?cara?, passando da fase da borracha para a do gás. Como já foi dito, a maioria dos que antes trabalhavam com o látex passaram a ser ?peões? das empreiteiras da PETROBRAS trabalhando na abertura de clareiras e piadas na mata para as futuras pesquisas sísmicas.

Foi a primeira vez que começou a circular pela cidade dinheiro ?vivo?, em papel, pelos salários dos moradores. Salário que garantia mais ou menos o sustento da família e o estudo dos filhos na zona urbana do município. Era um trabalho no qual os empregados permaneciam até três meses longe das famílias, e não lhes era oferecido capacitação profissional, além de muitas vezes, por falta de fiscalização e falhas na presença do poder judiciário, fato comum pelo ?isolamento? da região, as leis trabalhistas não eram cumpridas.

A participação dos moradores nas equipes sísmicas que passaram a atuar em Carauari representava, no auge das atividades de prospecção, significativa parcela do sustento das famílias do município, tendo uns 600 a 800 homens em pregados nesta atividade.

É verdade que a presença da PETROBRAS no município de Carauari, tornando-a ?Capital do gás?, desenvolveu economicamente o local, influenciando o aumento do fluxo de dinheiro, o crescimento do comércio, o surgimento de mais bancos, bares, clubes, pousadas e restaurantes.


Contudo, não se pode deixar de evidenciar que, com a constatação de que a exploração de gás em Carauari era inviável financeiramente para a PETROBRAS e, somado a isso, a existência de petróleo na cidade vizinha de Coari, toda euforia do possível desenvolvimento econômico de Carauari com a exploração do gás teve um fim. A infra-estrutura desta empresa estatal montada nesta cidade foi abandonada e as empreiteiras foram paulatinamente se transferindo para Tefé, de onde passavam a recrutar seus novos empregados, razão pela qual houve uma diminuição significativa da contratação de mão-de-obra carauariense.

E por fim, a história da década de 1980 do município de Carauari é também marcada pela presença da firma APLUB ? Associação dos Profissionais Liberais Universitários do Brasil. Proprietária de uma vasta porção de terras cuja legalidade é questionada, sua presença e as relações estabelecidas com a população local são fatos significativos que marcam o contexto carauariense.


3.1.4 Histórico indígena

O município de Carauari não apresenta a problemática indígena, à primeira vista, com a mesma gravidade que outras regiões, pois a quantidade de aldeias indígenas e sua expressão demográfica parecem de relevância menor tendo em vista os graves problemas da população ?cariú? ? o termo amazônico para os não-índios ?, o seu peso político e sua predominância numérica. No entanto, a questão indígena no município é maior do que parece e se estende para além das fronteiras estreitas do mesmo.

Na verdade, a sede do município conta com poucos membros de comunidades pertencentes a quatro povos indígenas diferentes, sendo que membros de três povos moram dentro dos limites do município.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação de Carauari - SEMED

História recente

No período de 1977 a 1988, Carauari foi submetida aos impactos de uma expressiva migração interna e externa, resultante das atividades de prospecção de gás e petróleo realizadas pela Petrobras, quando houve descoberta de algumas jazidas de gás Natural porém com características sub-comerciais.

Em 1977, a população total do município era de 20.162 habitantes, sendo 5.536 na zona urbana (27,5%) e 14.626 na zona rural (72,5%). Com o início, naquele ano, das atividades da empresa, foi criada a perspectiva de um melhor ganho salarial. O caboclo da zona rural abandonou seu roçado e partiu em busca do emprego com carteira assinada e os respectivos direitos trabalhistas.

Onze anos depois, quando da desativação das atividades da empresa no Município, em fevereiro de 1988, o cenário socioeconômico apresentava os seguintes indicadores:

  • população total de 26 130 habitantes, com 13.508 na zona urbana (70,0 %) e 5.789 na zona rural (30,0%);[2]
  • despovoamento da zona rural com o consequente abandono das atividades extrativistas tradicionais, tanto nos seringais nativos como nas demais atividades do setor primário;
  • crescimento desordenado das áreas urbana e suburbanas da sede municipal, com a consequente elevação dos déficts de infra-estrutura, serviços e equipamentos urbanos;
  • desativação de inúmeros estabelecimentos comerciais e de serviços;
  • índices preocupantes de desemprego, prostituição, uso de drogas, desestabilização e fragilização de centenas de famílias;

Apesar do caos urbano criado, a maioria dos trabalhadores oriundos da zona rural para a sede municipal, que exercia atividades no extrativismo, na pesca e na agricultura, não aceitou retornar a essas atividades, passando a exigir do Poder Público Municipal soluções para os seus problemas, como a moradia, o trabalho e as demais necessidades básicas.

Geografia

Sua população foi registrada no censo do IBGE, realizado em 2010, em 25 700 habitantes.[2]

Localização: Região do Juruá, à margem esquerda do rio Juruá, distando de Manaus 780,0 km em linha reta e 1.676,0 km por via fluvial.

Acesso: vias fluvial e aérea

  • Frota de veículos (2004 e 2007)
    • Automóvel: 7 - 10
    • Caminhão: 7 - 10
    • Caminhonete: 6 - 17
    • Micro-ônibus: 1 - 1
    • Motocicleta: 69 - 384
    • Motoneta: 10 - 162
    • Total: 100 - 584

Esperança de vida ao nascer: 61,25 anos

Comunidades rurais: 43

Ensino Superior: Sim

Comunicações: Estação AM (Sim); Estação FM (Sim); Geradora de TV (Sim); Provedor de Internet (Sim); Telefonia Celular (Sim).

Eleitores: 13.939 (2006)

O município apresenta dois tipos predominantes de solo: solo de terra firme, com características sílico-argilosas, e solo de várzea argiloso.

Hidrografia

A hidrografia é constituída de centenas de rios, lagos e igarapés. Os principais rios são o Ueré e o Juruá. O Rio Juruá corta Carauari em toda a sua extensão. É o principal acidente geográfico e é considerado também o mais sinuoso do mundo. É um dos mais belos cursos d´água da região Amazônica. As suas margens apresentam aspectos selváticos e atraentes para o desenvolvimento do turísmo ecológico.

Em termos de ictiofauna, é grande o potencial pesqueiro do município, em função dos muitos lagos, igarapés, paranás e igapós, que fazem a conexão com o Rio Juruá. Como conseqüencia, ocorrem quase todas as espécies que se prestam à alimentação, tais como acará, aracú, aruanã, bodó, branquinha, cascuda, curimatã, jaraqui, mandin, matrinchã, pacu, pirapitinga, pescada, piraíba, piramutaba, pirannha, pirarara, pirarucu, sardinha, surubim, tambaqui, tamoatá, traíra e tucunaré.

Vegetação

A vegetação é caracterizada pela floresta tropical densa, da sub-região aluvial da Amazônia, com terraços baixos e planos, sendo muito frequente a presença da seringueira (Hevea sp.), louro (Ocotea sp.), virola (Virola surinamensis) e samaumeira (Bombax globosum). A vegetação das margens do Rio Juruá sofre o efeito das cheias, registrando a ocorrência do capim canarana (Canarana ereta), consumido pela capivara (Hidrochoeris), de igapós e plantas aquáticas, além da vegetação de terra firme e de várzea.


Fauna

A fauna é abundante, fato explicado pela quase ausência da prática da caça de subsistência, exceção feita aos quelônios.

É comum a presença de porco queixada (Tayassu pecari), veado mateiro (Mazonia americana), anta (Tapirus terrestre), jabuti (Geochelone sp.), mutum (Mitu mitu), jacu (Pipile nateri), nambu (Cripturellus sp.), macaco guariba (Alonata belzebul), papagaio (Pionnus sp.) e peixe-boi (Trichechus ininguis).


Clima

  • Temperatura
    • Máx. 37°C
    • Mín. 20°C
    • Méd. 29°C

O clima pertencente ao grupo tropical chuvoso, com precipitação pluviométrica média anual de 2.500mm. O período chuvoso inicía-se em novembro, atingindo os maiores índices entre os meses de janeiro a abril. A temperatura média do ar gira em torno de 29°C, variando de 37°C (máxima) a 20°C (mínima). A umidade relativa do ar geralmente permanece acima de 90%.

Reserva Extrativista

Pelo Decreto Federal de 4 de março de 1997, foi criada a Reserva Extrativista do Médio Juruá, com área correspondente a 253.227ha e perímetro de 348.039m, com a função de garantir a exploração autosustentável e a conservação dos recursos naturais tradicionalmente utilizados pela população extrativista do Município.

Pelo mesmo Decreto, a Reserva foi declarada de interesse ecológico e social.

Referências

  1. IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 dez. 2010 
  2. a b c «Estimativa Populacional 2013» (PDF). Censo Populacional 2013. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 1º de julho de 2013. Consultado em 29 de agosto de 2012 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 09 de setembro de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 dez. 2010 

Predefinição:Mesorregião do Sudoeste Amazonense

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