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Ceticismo: diferenças entre revisões

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== Ceticismo filosófico ==
== Ceticismo filosófico ==
O Ceticismo filosófico originou-se a partir da [[filosofia]] [[Grécia|grega]]. Uma de suas primeiras propostas foi feita por [[Pirro de Élis]] (360-275 a.C.), que viajou até a [[Índia]] numa das campanhas de [[Alexandre]], o Grande para aprofundar seus estudos, e propôs a adoção do ceticismo "prático" (ver também [[Pirronismo]]).
Quem é viadinho. Uma de suas primeiras propostas foi feita por [[Pirro de Élis]] (360-275 a.C.), que viajou até a [[Índia]] numa das campanhas de [[Alexandre]], o Grande para aprofundar seus estudos, e propôs a adoção do ceticismo "prático" (ver também [[Pirronismo]]).


Subseqüentemente, na "Nova Academia", [[Arcesilau]] (315-241 a.C.) e [[Carnéades]] (213-129 a.C.) desenvolveram mais perspectivas teóricas, que refutavam concepções absolutas de verdade e mentira. [[Carneades]] criticou as visões dos [[Dogmatismo|dogmatistas]], especialmente os defensores do [[estoicismo]], alegando que a [[certeza absoluta]] do conhecimento é impossível. [[Sexto Empírico]] (200 d.C.), a maior autoridade do ceticismo grego, desenvolveu ainda mais a corrente, incorporando aspectos do [[empirismo]] em sua base para afirmar o conhecimento.
Subseqüentemente, na "Nova Academia", [[Arcesilau]] (315-241 a.C.) e [[Carnéades]] (213-129 a.C.) desenvolveram mais perspectivas teóricas, que refutavam concepções absolutas de verdade e mentira. [[Carneades]] criticou as visões dos [[Dogmatismo|dogmatistas]], especialmente os defensores do [[estoicismo]], alegando que a [[certeza absoluta]] do conhecimento é impossível. [[Sexto Empírico]] (200 d.C.), a maior autoridade do ceticismo grego, desenvolveu ainda mais a corrente, incorporando aspectos do [[empirismo]] em sua base para afirmar o conhecimento.

Revisão das 14h11min de 8 de abril de 2013

A dúvida é um importante preceito cético.

Ceticismo (AO 1945: Cepticismo) (derivado do verbo grego σκέπτομαι, transl. sképtomai, "olhar à distância", "examinar", "observar") é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza a respeito da verdade, o que implica uma condição intelectual de questionamento permanente e na inadmissão da existência de fenômenos metafísicos, religiosos e dogmas. O termo originou-se a partir do nome comumente dado a uma corrente filosófica originada na Grécia Antiga.

O ceticismo costuma ser dividido em duas correntes:

  • Ceticismo filosófico - uma postura filosófica em que pessoas escolhem examinar de forma crítica se o conhecimento e a percepção que possuem são realmente verdadeiros, e se alguém pode ou não dizer se possui o conhecimento absolutamente verdadeiro;
  • Ceticismo científico - postura científica e prática, em que se questiona de forma constante e contumaz a veracidade de qualquer alegação; procurando de forma permanente por argumentos que possam corroborá-las ou invalidá-las, fazendo-o sempre em acordo com o método científico

Ceticismo filosófico

Quem lê é viadinho. Uma de suas primeiras propostas foi feita por Pirro de Élis (360-275 a.C.), que viajou até a Índia numa das campanhas de Alexandre, o Grande para aprofundar seus estudos, e propôs a adoção do ceticismo "prático" (ver também Pirronismo).

Subseqüentemente, na "Nova Academia", Arcesilau (315-241 a.C.) e Carnéades (213-129 a.C.) desenvolveram mais perspectivas teóricas, que refutavam concepções absolutas de verdade e mentira. Carneades criticou as visões dos dogmatistas, especialmente os defensores do estoicismo, alegando que a certeza absoluta do conhecimento é impossível. Sexto Empírico (200 d.C.), a maior autoridade do ceticismo grego, desenvolveu ainda mais a corrente, incorporando aspectos do empirismo em sua base para afirmar o conhecimento.

Ou seja,o ceticismo filosófico é procurar saber, não se contentando com a ignorância fornecida atualmente pelos meios públicos, por meio da dúvida. Opõem-se ao dogmatismo, em que é possível conhecer a verdade.

Ceticismo científico

Ver artigo principal: Ceticismo científico

O ceticismo científico tem relação com ceticismo filosófico, mas eles não são idênticos. Muitos praticantes do ceticismo científico não são adeptos do ceticismo filosófico clássico. Quando críticos de controvérsias científicas, terapias alternativas ou paranormalidades são ditos céticos, isto se refere apenas à postura cética científica adotada.

O termo cético é usado atualmente para se referir a uma pessoa que tem uma posição crítica em determinada situação, geralmente por empregar princípios do pensamento crítico e métodos científicos (ou seja, ceticismo científico) para verificar a validade de idéias. Os céticos vêem a evidência empírica como importante, já que ela provê provavelmente o melhor modo de se determinar a validade de uma idéia.

Apesar de o ceticismo envolver o uso do método científico e do pensamento crítico, isto não necessariamente significa que os céticos usem estas ferramentas constantemente.

Os céticos são freqüentemente confundidos com, ou até mesmo apontados como, cínicos.[1] Porém, o criticismo cético válido (em oposição a dúvidas arbitrárias ou subjetivas sobre uma idéia) origina-se de um exame objetivo e metodológico que geralmente é consenso entre os céticos. Note também que o cinismo é geralmente tido como um ponto de vista que mantém uma atitude negativa desnecessária acerca dos motivos humanos e da sinceridade. Apesar de as duas posições não serem mutuamente exclusivas, céticos também podem ser cínicos, cada um deles representa uma afirmação fundamentalmente diferente sobre a natureza do mundo.

Os céticos científicos constantemente recebem também, acusações de terem a "mente fechada" [2] ou de inibirem o progresso científico devido às suas exigências de evidências cientificamente válidas. Os céticos, por sua vez, argumentam que tais críticas são, em sua maioria, provenientes de adeptos de disciplinas pseudocientíficas, tais como homeopatia, reiki, paranormalidade e espiritualismo,[2][3][4][5] cujas visões não são adotadas ou suportadas pela ciência convencional. Segundo Carl Sagan, cético e astrônomo, "você deve manter sua mente aberta, mas não tão aberta que o cérebro caia".

A necessidade de evidências cientificamente adequadas como suporte a teorias é mais evidente na área da saúde, onde utilizar uma técnica sem a avaliação científica dos seus riscos e benefícios pode levar a piora da doença, gastos financeiros desnecessários e abandono de técnicas comprovadamente eficazes. Por esse motivo, no Brasil é vedado aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica.[6]

Desenganadores

Ver artigo principal: desenganador

Um desenganador (em inglês: debunker) é um cético engajado no combate a charlatões e idéias que, na sua visão, são falsas e não-científicas.

Alguns dos mais famosos são: James Randi, Basava Premanand, Penn e Teller e Harry Houdini. [7][8][9][10][11]

Religiosos contrários aos grupos de céticos desenganadores dizem que suas conclusões estão cheias de interesse próprio e que nada mais são que novos movimentos de cruzadas de crentes [12][13] com a necessidade de assim se afirmarem.

Entretanto, quando esses mesmos críticos são chamados a comprovar cientificamente suas teorias e alegações, a maioria dos religiosos refugam à qualquer tipo de discussão preferindo partir para ataques pessoais contra os céticos (segundo randi.org, um portal auto-denominado cético).[14]

Pseudo-ceticismo

O termo pseudo-ceticismo ou ceticismo patológico é usado para denotar as formas de ceticismo que se desviam da objetividade. A análise mais conhecida do termo foi conduzida por Marcello Truzzi que, em 1987, elaborou a seguinte conceituação:

Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".[15]

.

Em sua análise,[15] Marcello Truzzi argumentou que os pseudo-céticos apresentam a seguinte conduta:

  • A tendência de negar, ao invés de duvidar.
  • A realização de julgamentos sem uma investigação completa e conclusiva.
  • Uso de ataques pessoais.
  • A apresentação de evidências insuficientes.
  • A tentativa de desqualificar proponentes de novas idéias taxando-os pejorativamente de 'pseudo-cientistas', 'promotores' ou 'praticantes de ciência patológica'.
  • A apresentação de contra-provas não fundamentadas ou baseadas apenas em plausibilidade, ao invés de se basearem em evidências.
  • A sugestão de que evidências inconvincentes são suficientes para se assumir que uma teoria é falsa.
  • A tendência de desqualificar 'toda e qualquer' evidência.

O termo pseudo-ceticismo parece ter suas origens na filosofia, na segunda metade do século 19.[16]

Ceticismo como inércia

A ciência moderna é baseada no ceticismo. Por um lado, a ciência deve estar sempre aberta a novas ideias (por mais estranhas que pareçam), desde que apoiadas em evidências científicas, mas deve fazê-lo de forma que sejam sempre devidamente escrutinadas, de modo a assegurar a veracidade de suas implicações e resultados. Sempre que uma nova hipótese é formulada ou uma nova alegação é realizada, toda a comunidade científica se mobiliza de modo a comprovar sua viabilidade teórica e prática. Como em qualquer outro plano, quanto mais incomuns forem as novas ideias e invenções, mais resistência tendem a enfrentar durante seu escrutínio por meio do método científico. Uma consequência disso é que vários cientistas através da história, ao apresentarem suas idéias, foram inicialmente recebidos com alegações de fraude por colegas que não desejavam ou não eram capazes de aceitar algo que requereria uma mudança em seus pontos de vista estabelecidos. Por exemplo, Michael Faraday foi chamado de charlatão por seus contemporâneos quando disse que podia gerar uma corrente elétrica simplesmente movendo um ímã por uma bobina de fio.[carece de fontes?]

Em Janeiro de 1905, mais de um ano após Wilbur e Orville Wright terem feito o seu histórico primeiro vôo em Kitty Hawk (em 17 de Dezembro de 1903), a revista Scientific American publicou um artigo ridicularizando o vôo dos Wright. Com assombrosa autoridade, a revista citou como principal razão para questionar os Wright o fato de a imprensa americana ter falhado em cobrir o vôo.[17] Outros a se juntarem ao movimento cético foram o New York Herald, o Exército Americano e inúmeros cientistas americanos. Somente quando o presidente Theodore Roosevelt ordenou tentativas públicas no Forte Mayers, em 1908, após o voo do 14-bis de Alberto Santos Dumont, numa aeronave aprimorada, os irmãos Wright comprovaram suas afirmações e compeliram até os céticos mais zelosos a aceitarem a realidade das máquinas voadoras mais pesadas que o ar. Na verdade, os irmãos Wright foram bem sucedidos em demonstrações públicas do vôo de sua máquina cinco anos antes do vôo histórico [carece de fontes?]. Nesse contexto, embora o voo dos irmãos Wright, mesmo não calando os céticos, tenha sido talvez o primeiro onde uma nave mais pesada do que o ar alçou voo, o primeiro voo de uma máquina capaz de alçar voo totalmente por conta própria, sem ajuda de catapultas, é contudo corretamente creditado a Santos Dumont, esse devidamente registrado e documentado.

A maioria das invenções revolucionárias modernas, como o microscópio de corrente de tunelamento, que foi inventado em 1981, ainda encontram intenso ceticismo e até mesmo ridículo quando são anunciados pela primeira vez. Como físico, Max Planck observou em seu livro "The Philosophy of Physics" [A Filosofia da Física], de 1936: "uma importante inovação científica raramente faz seu caminho vencendo gradualmente e convertendo seus oponentes: raramente acontece que 'Saulo' se torne 'Paulo'. O que realmente acontece é que os seus oponentes morrem gradualmente e a geração que cresce está familiarizada com a idéia desde o início".

É importante que o cético mantenha-se neutro, tenha consciência de sua posição e evite um ceticismo descontrolado que possa vir a transformar-se num fanatismo tecnologico ou cientificista. Por exemplo, membros da Sociedade da Terra Plana acreditam que o planeta Terra não é esférico, e sim plano sendo que numa revisão mais recente descobriu assemelhar-se com um disco. Outro exemplo interessante diz respeito aos boatos referentes à missão Apollo, em que uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup em 1999 constatou que 6% da população norte-americana ainda não acreditava que o homem houvesse pousado na Lua.

Notas e Referências

  1. McNamara, Michael Skepticism vs. Cynicism
  2. a b Zammit, Victor Answering the closed-minded skeptics
  3. Seavey, Todd Energy, homeopathy, and hypnosis in Santa Fe: skeptics get called closed-minded. As an experiment, why not immerse oneself in the mindset and environs of the believers? Santa Fe, New Mexico, is an easy place to do it [1]
  4. UFO Evidence Skeptics and Their Arguments
  5. BBC Homeopathy: The Test
  6. Resolução CFM nº 1.499/98
  7. Randi, James Why I Deny Religion, How Silly and Fantastic It Is, and Why I'm a Dedicated and Vociferous Bright. [2]
  8. James, Randi The Faith Healers, Prometheus Books, 1989
  9. Shermer, Michael Why People Believe Weird Things: Pseudoscience, Superstition, and Other Confusions of Our Time Owl Books, 2002
  10. Randi, James Flim-Flam! Psychics, ESP, Unicorns, and Other Delusions Prometheus Books, 1982
  11. Taylor, Troy HOUDINI! Master Magician, Debunker & Psychic Investigator. [3]
  12. Zeilberger, Doron Be Skeptical of Skeptics and be Optimistic about Optimism [4]
  13. Brucker Annotated Skeptic's Annotated Bible
  14. One Million Dollar Paranormal Challenge
  15. a b "Marcello Truzzi,. On Pseudo-Skepticism" Zetetic Scholar (1987) No. 12/13, 3-4.
  16. Charles Dudley Warner, Editor, Library Of The World's Best Literature Ancient And Modern, Vol. II, 1896. Disponível no Projeto Gutenberg
  17. Schlenoff, Daniel C. The Equivocal Success of the Wright Brothers, Scientific American, Dezembro de 2003 [5]

Ver também

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Ligações externas

Textos sobre o ceticismo (em português)


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