Quadrado perfeito

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Quadrado perfeito em matemática, sobretudo na aritmética e na teoria dos números, é um número inteiro não negativo que pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro. Ex: 1, 4, 9...

Exemplos

0 = 0² 36 = 6² 144 = 12²
1 = 1² 49 = 7² 169 = 13²
4 = 2² 64 = 8² 196 = 14²
9 = 3² 81 = 9² 225 = 15²
16 = 4² 100 = 10² 256 = 16²
25 = 5² 121 = 11² 289 = 17²

Propriedades

Olhando para os exemplos podemos induzir algumas previsões, que requerem prova rigorosa.

"Todo quadrado perfeito par, tem raiz par"
4, 16, 36, etc. são pares e possuem raiz par (2, 4, 6, ...).
PROVA: Suponhamos Q um "quadrado perfeito" (existe X inteiro tal que X2=Q) que seja número par, ou seja, existe um inteiro k tal que Q=2k. Assim temos X2=2k; logo a raiz de Q (ou seja X) é dada por . Como trata-se de uma relação de inteiros, 2k precisa ser também um quadrado perfeito, logo 2k é um inteiro, e para que seja um quadrado perfeito requer k=2y^2, ou seja, , portanto um número par.
"Todo quadrado perfeito impar, tem raiz impar"
1, 9, 25, etc. são impares e possuem raiz impar (1, 3, 5, ...).
PROVA: como já provamos para o caso par, pode-se recorrer à prova por absurdo. Se sua raiz quadrada fosse par, o próprio número, contrariamente à hipótese, seria par.

As propriedades a seguir foram notadas antes do advento da calculadora eletrônica, e ajudavam a conhecer de antemão que certos números não são quadrados perfeitos. [1]

"Todo numero terminado em algarismos 2, 3, 7 ou 8, não é quadrado perfeito"
basta avaliar os exemplos acima e outros mais.
PROVA: o algarismo em que termina um quadrado representa as unidades de um produto de dois números iguais, isto é, o produto da raiz quadrada multiplicada por si mesma. Ora o produto de dois números iguais acaba sempre em 1, 4, 5, 6, 9 ou 0. Portanto os números terminados em 2, 3, 7 ou 8 não são quadrados perfeitos, porque não podem ser o producto de dois números iguais.
"Todo numero par que não for divisível por 4, não é quadrado perfeito"
2, 6, 10, 14, ... não fazem parte da lista de quadrados perfeitos.
PROVA: Todo o numero par é divisível por 2, e se um número par for multiplicado por si mesmo, será divisível por 2, e por 2 x 2 = 4.

Relação de recorrência

Se denotarmos por o enésimo quadrado perfeito, temos, portanto . Pode-se, por completeza, definir . Observe que o que permite estabelecer a relação de recorrência .


Números quadrados

Dito de outra forma: a soma dos primeiros números ímpares é igual a , o que também já não era novidade na antiga Grécia: .


Relação com números triangulares

Tomemos a sequência dos primeiros números ímpares e retiremos uma unidade de cada um, , reservando os elementos retirados. Como todos os termos da sequência obtida são números pares, , temos representado dois triângulos de ordem .

Combinando os dois triângulos com os elementos guardados obtemos, por fim, o quadrado : .


  • Teorema (Nicômaco, sec. I)
  • Teorema (Plutarco, sec I) Se fôr um número triangular, então é um número quadrado.
A demonstração consiste apenas em combinar 8 triângulos iguais, de forma conveniente:
. Mas , que representa 4 quadrados mais 4 colunas.
Combinando 4 quadrados com 4 colunas e mais uma unidade, temos , isto é, .

 !!!

Quadrados de números racionais

Uma pergunta que pode ser formulada é a seguinte: seja um número inteiro que não é o quadrado perfeito de outro número inteiro. Será que existe um número racional tal que ?

Para , a resposta é negativa, ou seja, a raiz quadrada de 2 é um número irracional. Supõe-se que descoberta da irracionalidade de foi feita por um matemático grego discípulo de Pitágoras.

Uma prova genérica pode ser feita para os demais números, usando, por exemplo, o critério de Eisenstein de irreducibilidade de polinômios.

Como achar um

Para achar um quadrado perfeito, basta seguir uma regra simples: Começando com o primeiro quadrado perfeito, some com o próximo número ímpar: 1 + 3 = 4, assim temos o quadrado perfeito quatro. Para o próximo quadrado perfeito, some 4 com o número ímpar seguinte a 3, no caso 5: 4 + 5 = 9 e assim por diante. Seguindo este algorítimo pode-se escrever a lista de todos os quadrados perfeitos.

Para um número qualquer, use como exemplo o quadrado perfeito mais perto do que o que você quer e o anterior deste. Por exemplo, para localizar um que esteja entre 120 e 150, temos que 100 é um quadrado perfeito, e o que vem antes dele é o 81. Então, veja a diferença entre 100 e 81: 100 - 81 = 19, e a some com 2 e também com o número do exemplo. Ou seja: 19+2+100 = 121. 121 é o quadrado de 11.

Para encontrar o número anterior, faz-se a operação inversa, e caso não se saiba o mais próximo a operação pode ser repetida até encontrá-lo.

Ver também

Referências

  • GUNDLACH, Bernard H. (1992). Números e numerais: Tópicos de história da matemática para uso em sala de aula. Tradução de Hygino H. Domingues. São Paulo. Editora Atual. ISBN 8570564589.