Dígrafo: diferenças entre revisões
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Tradicionalmente ''"gu''" e ''"qu''" não são considerados dígrafos quando são seguidos da [[aproximante labiovelar|semivogal labiovelar]], no entanto, muitos fonólogos estudam que trata-se de um segmento monofonemático [[consoante coarticulada|complexo]], ou seja, consoantes oclusivas velares com [[labialização|coarticulação labial]].<ref>[http://cl.up.pt/elingup/vol4n1/article/article_2.pdf Sobre os Ditongos do Português Europeu]. Carvalho, Joana. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Página 20. '''Citação:''' ''A conclusão será que nos encontramos em presença de dois segmentos fonológicos /kʷ/ e /gʷ/, respetivamente, com uma articulação vocálica. Bisol (2005:122), tal como Freitas (1997), afirma que não estamos em presença de um ataque ramificado. Neste caso, a glide, juntamente com a vogal que a sucede, forma um ditongo no nível pós-lexical.Esta conclusão implica um aumento do número de segmentos no inventário segmental fonológico do português.'' |
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</ref> Uma vez que trata-se da representação de apenas um fonema, não é errado considerar que ''"gu''" e ''"qu''" nesses casos também sejam chamados de dígrafos. |
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Revisão das 21h30min de 28 de julho de 2015
O dígrafo (do grego di, "dois", e grafo, "escrever") ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema. Também se pode usar a palavra digrama (di, "dois"; grama, "letra") para descrever essas ocorrências. Isto posto, não se pode dizer que há encontro consonantal nos dígrafos consonantais, pois as letras presentes neles representam apenas uma consoante. Da mesma forma que não se pode dizer que há encontro consonantal nas palavras campo e ponto, pois o "m" e o "n" funcionam essencialmente como sinais de nasalidade da vogal anterior, com o valor de um "til".[1].
Dígrafos da língua portuguesa
Podemos dividir os dígrafos da língua portuguesa em dois grupos: os consonantais e os vocálicos.
Dígrafos consonantais
Dígrafo | Exemplos |
---|---|
ss | assunto, assento, isso |
sc | ascensão, descendente |
sç | nasço, cresça |
xc | exceção, excesso |
xs | exsurgir, exsudar |
gu | guitarra, águia |
qu | queijo, quilo |
lh | alho, milho |
nh | ninho, sonho |
ch | chuva, China |
rr | carro, bairro |
Tradicionalmente "gu" e "qu" não são considerados dígrafos quando são seguidos da semivogal labiovelar, no entanto, muitos fonólogos estudam que trata-se de um segmento monofonemático complexo, ou seja, consoantes oclusivas velares com coarticulação labial.[2] Uma vez que trata-se da representação de apenas um fonema, não é errado considerar que "gu" e "qu" nesses casos também sejam chamados de dígrafos.
Dígrafos vocálicos
Quando "m" e "n" aparecem no final da sílaba, junto a uma vogal, há um dígrafo vocálico que representa uma vogal nasalizada (varia de acordo com a vogal presente junto ao "m" ou "n").
Dígrafo | Exemplos |
---|---|
am ou an | campo, sangue. |
em ou en | sempre, tento |
im ou in | limpo, tingir |
om ou on | rombo, tonto |
um ou un | bumbo, sunga |
Dígrafos de outras línguas
O albanês tem os dígrafos dh, gj, ll, nj, rr, sh, th, xh, zh.
O alemão tem os dígrafos ie, ei, eu, äu, ch, ck, ph, th, o trígrafo sch e os quadrígrafo tsch e dsch
O bielorrusso (alfabeto Łacinka) tem os dígrafos dz, dź, dž.
O catalão tem os dígrafos ll, ny, l•l, rr, ss, dz, tz, ig, ix, gu, qu, nc.
O checo tem o dígrafo ch.
O eslovaco tem os dígrafos ch, dz, dž.
O espanhol tem os dígrafos: ch, ll, rr, qu, gu.
O flamengo tem os dígrafos ae, ch, dj, ea, jh, oe, oi, sh, xh e os trígrafos oen, sch, tch.
O francês tem os dígrafos gn, ll, eu, ai, ou, qu, gu, en, au, en, em, on, om, un, um, an, ie, th, ph, ch, nn, mm, tt, ff, cc, gg, ss, os trígrafos eau, aux e o quadrígrafo eaux.
O galês tem os dígrafos ch, dd, ff, ng, ll, ph, rh, th.
O húngaro tem os dígrafos cs, dz, gy, ly, ny, sz, ty, zs e o trígrafo dzs.
O inglês tem os dígrafos ch, gh, th, sh, zh, rh, ph, wh, wr, rr, ow, ea, ee, oo, ou, au, qu, gu, ck, kn, dg, si, ss, ti, pn, ps, pp, sc, ng, nn, tt, ff, mm, ll e os trígrafos tch e ssi
O italiano tem os dígrafos ch, gh, gn, sc, ci, gi e os trígrafos sci e gli.
O lituano tem os dígrafos ch, dz, dž, ie, uo.
O polaco tem os dígrafos ch, cz, dż, dź, sz, rz.
Referências
- ↑ Dígrafo
- ↑ Sobre os Ditongos do Português Europeu. Carvalho, Joana. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Página 20. Citação: A conclusão será que nos encontramos em presença de dois segmentos fonológicos /kʷ/ e /gʷ/, respetivamente, com uma articulação vocálica. Bisol (2005:122), tal como Freitas (1997), afirma que não estamos em presença de um ataque ramificado. Neste caso, a glide, juntamente com a vogal que a sucede, forma um ditongo no nível pós-lexical.Esta conclusão implica um aumento do número de segmentos no inventário segmental fonológico do português.