Fritz Lang

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Fritz Lang
Fritz Lang
Nascimento Friedrich Christian Anton Lang
5 de dezembro de 1890
Viena, Áustria
Morte 2 de agosto de 1976 (85 anos)
Los Angeles, Estados Unidos
Sepultamento Forest Lawn Memorial Park
Cidadania Alemanha, Estados Unidos, Áustria
Estatura 1.83
Cônjuge Lisa Rosenthal (1919-1921)
Thea von Harbou (1922 - 1933)
Lily Latté (1971 - 1976)
Alma mater
Ocupação Diretor, Roteirista, Produtor
Prêmios
  • Deutscher Filmpreis
  • Oficial das Artes e das Letras
  • Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha
  • estrela na calçada da fama de Hollywood
  • Karl Troop Cross
Obras destacadas Metrópolis, M - Eine Stadt sucht einen Mörder, Der müde Tod, Os Nibelungos - A Morte de Siegfried, Dr. Mabuse
Movimento estético expressionismo
Religião cristianismo, Judaísmo

Friedrich Christian Anton Lang,[1] conhecido como Fritz Lang (Viena[1], 5 de Dezembro de 1890[1]Los Angeles, 2 de Agosto de 1976) foi um cineasta, realizador, argumentista e produtor nascido na Áustria, mas que dividiu sua carreira entre a Alemanha e Hollywood.

É considerado um dos maiores vultos do cinema alemão, e o mais notável e proeminente diretor a emergir da escola do expressionismo alemão, juntamente com Friedrich Wilhelm Murnau,[2] muito embora Lang tenha sempre negado qualquer relação com o movimento expressionista.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Os primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Fritz Lang nasceu em Viena, na Áustria, filho de Anton Schlesinger Lang,[4] (Viena,[5] 1º de agosto de 1860[5]), um empreiteiro,[4] e de Paula Schlesinger Lang[4] (Brno,[6] 26 de julho de 1864[6]). Aos 21 anos mudou-se para Munique (1911), onde estudou pintura e escultura.

Fez numerosas viagens (África do Norte, Próximo Oriente, China, Japão…) que lhe desenvolveram o gosto pelos ambientes exóticos que magistralmente retratou nos seus filmes.[7] De regresso à Alemanha, participou na Primeira Guerra Mundial e foi gravemente ferido, tendo perdido um olho. No hospital, onde permaneceu longo tempo, começou a escrever roteiros para Joe May os quais eram dotados de um forte grafismo, no campo do fantástico e do demoníaco. O êxito desses argumentos levou a que fosse convidado para realizar filmes.

A fase expressionista[editar | editar código-fonte]

Fritz Lang e sua esposa Thea von Harbou em seu apartamento em Berlim em 1923 ou 1924 (que é, quando o roteiro de Metropolis foi preparado)

A efervescência cultural, política e social da Berlim do pós-guerra, se reflete nas suas primeiras obras. Em 1919 estreou na direção com um filme chamado Halbblut, que se encontra perdido, acerca do qual se sabe muito pouco. Alcançou o primeiro sucesso com Os Espiões, do mesmo ano de sua estreia.

Em 1921, casou-se com a roteirista Thea Von Harbou, que escreveu os argumentos de quase todos os filmes desta primeira fase da carreira. As películas que Lang dirigiu ainda na fase do cinema mudo ficariam para a história como alguns dos maiores expoentes do expressionismo alemão:

Réplica da "Maschinenmensch" do longa Metrópolis (1927) em exposição na aula inaugural de 2006 no Hall da fama dos robôs no Escola de Ciência da Computação da Carnegie Mellon University em Pittsburgh, PennsylvaniaEUA.
  • Metropolis (1927) - obra sobre a relação entre as máquinas e os trabalhadores nas grandes cidades, com ênfase pro sentimento de humanidade perdido no processo. Um de seus maiores trabalhos;
  • Spione (1928) - a luta contra uma organização misteriosa e implacável;
  • M (1931) - uma das obras mais lendárias e um dos expoentes máximos da sua carreira.[9][10]
  • Das Testament des Dr. Mabuse (1931) - continuação de Dr. Mabuse, der Spieler (1922). Último filme feito por Lang antes de deixar a Alemanha rumo aos Estados Unidos.[11]

Conta-se que o filme O Gabinete do Dr. Caligari (1920) foi primeiro oferecido a Lang pelo produtor Erich Pommer, mas que ele teria se recusado a dirigi-lo, razão pela qual o diretor Robert Wiene foi escalado em seu lugar para a função.[12]

O casal foi convidado por Adolf Hitler, por intermédio do Ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, para produzir filmes para o Partido Nazista. Hitler era fã de cinema, e conta a lenda que a sua decisão de convidar Lang surgiu após ter assistido Metropolis. Enquanto que Thea aceitou a função, Lang fugiu para Paris,[13] onde chegou a produzir filmes antinazistas. Em 1934, depois de se ter divorciado de Thea, emigrou para os Estados Unidos.

Eu deixei a Alemanha porque eu não podia compactuar com o regime e as ideias nazistas. [13]
— Fritz Lang

A fase estadunidense[editar | editar código-fonte]

Começa então a sua fase mais incompreendida. A crítica que unanimemente tinha enaltecido os seus filmes alemães, era agora também quase unânime a subvalorizar as obras que realizava nos Estados Unidos, argumentando que Lang se teria subjugado aos produtores americanos, desperdiçando o seu talento em filmes comerciais. Só na década de 50 se percebeu a injustiça, quando uma boa parte dessa crítica começou a reconhecer a grande qualidade da maioria dos filmes dirigidos pelo cineasta alemão em Hollywood. Ele foi um dos primeiros cineastas a dirigir Marilyn Monroe - no filme Só a mulher peca, Clash by Night, de 1952.

Também entrariam para a história do cinema, películas como:

É irônico que este imigrante americano [Fritz Lang] seja mais admirado, nos Estados Unidos, pelo seu trabalho realizado na Alemanha, e, na Europa, pelos filmes que fez na América. [15]
Lang, na direita, fazendo a direção de cena em um dos seus filmes

O regresso à Alemanha[editar | editar código-fonte]

No final da década de 1950, retornou para Alemanha e ainda realizou três filmes antes de se aposentar. Dois deles retomavam a temática do exotismo. O último foi uma revisitação de Mabuse - Os Mil Olhos do Dr. Mabuse -, com o qual encerrou a sua carreira.

Atuou ainda no filme O Desprezo (1963) de Jean-Luc Godard. Logo, voltaria para os Estados Unidos, onde veio a falecer quase cego.

Estrela de Fritz Lang localizada no "Boulevard der Stars" em Berlim.

O cineasta deixou uma forte marca na história do cinema, influenciando diretores tão significativos como Alfred Hitchcock, Luis Buñuel e Orson Welles.

Os filmes preferidos de Lang dentre aqueles da sua própria filmografia eram M - O vampiro de Düsseldorf (1931), Coração Vadio (1934), Fúria (1936) e Almas Peversas (1945).[16]

Um diretor é alguém que deve não apenas estudar as pessoas, mas de certo modo amá-las. E quando eu digo amá-las, eu quero dizer compreendê-las, compreender o porquê delas fazerem certas coisas. [17]
— Fritz Lang

 Entrevista concedida em 13 de junho de 1973

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c MCGILLIGAN, Patrick (1997). Fritz Lang: The Nature of the Beast. Nova Iorque: St. Martin's Press. p. 6. ISBN 0-312-13247-6 
  2. ROBINSON, David (1974). The History of World Cinema. Nova Iorque: Stein and Day. p. 94. ISBN 0-8128-1753-2 
  3. COOKE, Paul (2002). German Expressionist Films. Hertfordshire: Pocket Essentials. p. 15. ISBN 1-904048-01-3 
  4. a b c MCGILLIGAN, Patrick (1997). Fritz Lang: The Nature of the Beast. Nova Iorque: St. Martin's Press. p. 7. ISBN 0-312-13247-6 
  5. a b MCGILLIGAN, Patrick (1997). Fritz Lang: The Nature of the Beast. Nova Iorque: St. Martin's Press. p. 9. ISBN 0-312-13247-6 
  6. a b MCGILLIGAN, Patrick (1997). Fritz Lang: The Nature of the Beast. Nova Iorque: St. Martin's Press. p. 10. ISBN 0-312-13247-6 
  7. Biografia inserida no Ciclo de Cinema Alemão (1981). Instituto Alemão, Coimbra.
  8. ROBINSON, David (1974). The History of World Cinema. Nova Iorque: Stein and Day. p. 96. ISBN 0-8128-1753-2 
  9. a b João Bénard da Costa (1984). Catálogo do Ciclo de Cinema de Ficção Científica. Cinemateca Portuguesa e Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 514pp.
  10. Henri Langlois (1956) Imagens do cinema alemão, in Catálogo do Ciclo de Cinma Alemão (1918-1933 / 1965-1980). Cinemateca Portuguesa, Fundação Calouste Gulbenkian e Instituto Alemão, Lisboa, 174pp.
  11. ROBINSON, David (1974). The History of World Cinema. Nova Iorque: Stein and Day. p. 172. ISBN 0-8128-1753-2 
  12. ROBINSON, David (1974). The History of World Cinema. Nova Iorque: Stein and Day. pp. 91–93. ISBN 0-8128-1753-2 
  13. a b STEVENS JR., George (2007). Conversations with the Great Moviemakers of Hollywood's Golden Age at the American Film Institute. Nova Iorque: Vintage Books. p. 65. ISBN 978-1-4000-3314-0 
  14. George Sadoul (1977). Dicionário dos Cineastas. Livros Horizonte, Lisboa (1979), 335pp.
  15. STEVENS JR., George (2007). Conversations with the Great Moviemakers of Hollywood's Golden Age at the American Film Institute. Nova Iorque: Vintage Books. p. 58. ISBN 978-1-4000-3314-0 
  16. STEVENS JR., George (2007). Conversations with the Great Moviemakers of Hollywood's Golden Age at the American Film Institute. Nova Iorque: Vintage Books. p. 67. ISBN 978-1-4000-3314-0 
  17. STEVENS, JR., George (2007). Conversations with the Great Moviemakers of Hollywood's Golden Age at the American Film Institute. Nova Iorque: Vintage Books. p. 63. ISBN 978-1-4000-3314-0