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História do Antigo Egito: diferenças entre revisões

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**Egito ptolemaico|Período ptolemaico (332-30 a.C.)
**Egito ptolemaico|Período ptolemaico (332-30 a.C.)
**Domínio romano (30 a.C.-359 d.C.)<ref>As datas apresentadas são aproximativas e baseia-me na obra ''Les Pharaons ''direcção de Jean Leclant. </ref>
**Domínio romano (30 a.C.-359 d.C.)<ref>As datas apresentadas são aproximativas e baseia-me na obra ''Les Pharaons ''direcção de Jean Leclant. </ref>
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== Período pré-dinástico ==
== Período pré-dinástico ==

Revisão das 17h44min de 21 de maio de 2010

A História do Antigo Egito (AO 1945: Egipto) inicia-se por volta de 3100 a.C., altura em que as regiões do Alto e do Baixo Egipto foram unificadas, e termina no ano 30 a.C.., quando a rainha Cleópatra VII foi derrotada na Batalha de Ácio, passando o Egito a ser uma província romana.

Períodos da história do Antigo Egito

Os historiadores dividem a história do Antigo Egito em vários períodos, baseando-se em dois critérios. O primeiro fundamenta-se no sistema de Maneton, um sacerdote egípcio do século III a.C., autor de uma história do Egito, na qual dividia os soberanos do país em trinta dinastias. A outra divisão habitual é em três períodos principais, denominados de "impérios" que correspondem a épocas de prosperidade, intercalados por três épocas de decadência social, cultural e política, conhecidas como "períodos intermediários" (ou intermédios). A estes seis períodos juntam-se o período pré-dinástico (anterior ao surgimento das dinastias) e proto-dinástico, o período arcaico e a era greco-romana. Não existe uma concordância entre os historiadores em relação às datas de início e fim de cada período, sendo por isso possível encontrar em obras sobre o Antigo Egipto diferenças significativas entre as datas propostas.

  • Época Período pré-dinástico do Egito|pré-dinástica e Período proto-dinástico do Egito|proto-dinástico (c. 4500-3000 a.C.);
  • Período arcaico do Egito|Época Arcaica ou Tinita (3000-2660 a.C.): I e II dinastias
  • Império Antigo (2660-2180 a.C): III a VI dinastias
  • Primeiro Período Intermediário (2180-2040 a.C.): VII a XI dinastias
  • Império Médio (2040-1780 a.C.): XI e XII dinastias
  • Segundo período intermediário|Segundo Período Intermediário (1780 a 1560 a.C.): XIII a XVII dinastias
  • Império Novo do Egito|Império Novo (1560-1070 a.C.): XVIII a XX dinastias
  • Terceiro Período Intermediário (1070-664 a.C.): XXI a XXV dinastias
  • Época Baixa (664-332 a.C.): XXVI a XXX dinastias
  • Época greco-romana
    • Egito ptolemaico|Período ptolemaico (332-30 a.C.)
    • Domínio romano (30 a.C.-359 d.C.)[1]

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Período pré-dinástico

O mais antigo indivíduo "mumificado" data de cerca de 3300 a.C., embora não seja uma verdadeira múmia. O corpo está patente no Museu Britânico e recebeu a alcunha de "Ginger" por ter cabelo ruivo. Ginger foi enterrado nas areias quentes do deserto, talvez com algumas pedras empilhadas sobre o cadáver para evitar que este fosse comido por chacais. As condições quentes e secas dissecaram o corpo, evitando que os músculos e os tecidos moles se decompusessem. Ginger foi enterrado com alguns recipientes de cerâmica, que teriam contido comida e bebida para sustentar o morto na longa viagem até ao outro mundo. Não existem registros escritos sobre a religião ou deuses do tempo, e não se sabe se era intenção dos antigos egípcios que o corpo fosse preservado. Sabe-se apenas que quando começou a 1ª Dinastia já os egípcios tinham os seus costumes estabelecidos.

Período Arcaico

Sarcófagos no Museu do Louvre

O mais antigo faraó da 1ª Dinastia que se conhece foi Menes. Conhecemos o seu nome porque está escrito numa paleta usada para a maquilhagem (só os homens usavam maquilhagem). As práticas funerárias dos camponeses teriam sido as mesmas dos tempos pré-dinásticos, mas os faraós mereciam algo melhor. Para eles inventou-se a tumba em Mastaba (esta palavra provém da palavra egípcia moderna para "banco", porque à distância se assemelham a um banco de lama). Numa tumba em mastaba, era escavada uma câmara profunda, que era depois revestida com pedra, tijolos de lama ou madeira. Na superfície, a lama era empilhada e ficava marcando o local uma forma semelhante a um croquete. Embora isto resultasse numa tumba muito maior, também resultava numa tumba muito mais fresca. O cadáver tinha tempo para se decompor e apodrecer. E este facto iria preocupar os sacerdotes primitivos, que tinham teorias muito claras acerca do Ka e do Ba do falecido. O Ka era aquilo a que hoje chamaríamos o espírito, e era uma parte essencial da pessoa, quer ainda viva, quer depois de morta, se bem que só depois da morte o Ka passasse a ser encarado como uma entidade. O Ba da alma é mais semelhante a um fantasma. Era a parte da alma que vagueava pela terra, composta pelo Ka e pelos restos físicos do corpo. A ausência de portas nas tumbas (ou, pelo menos, a ausência de portas reais em contraponto às que eram pintadas nas paredes) pode indicar que os antigos egípcios pensavam que o Ba podia atravessar material sólido. Numa tentativa de preservar os corpos dos faraós falecidos, eles eram envolvidos em ligaduras e enrolados em posição fetal, mas nada podia evitar que se decompusessem.

  • Organização Política e Administrativa:
  • Monarquia centralizada
  • Divisão administrativa em 42 nomos
  • Cultura e Técnicas:
  • Domínio do cobre - surgem nos túmulos de Sacará
  • Utilizam a roda oleiro - produzem cerâmica utilitária
  • Uso da pedra na estatuária e na construção
  • Descoberta do papiro
  • Descoberta e desenvolvimento da escrita e do cálculo. Cálculo decimal. Medidas lineares e de capacidade.
  • Heliópolis - local de grande desenvolvimento dos conhecimentos astronómicos. Desenvolvimento de um calendário de 12 meses e 30 dias
  • Culto dos mortos e mumificação
  • Obras literárias mais importantes:
  • Papiro de Edwin Smith (tratado de cirurgia)
  • Composição teológica atribuindo a origem do mundo à Ptah (Pedra da Teologia Mênfita)

Antigo Império

O Antigo Império foi um tempo de prosperidade no Egito. Os faraós uniram firmemente a terra com um governo bastante centralizado. O Egito foi dividido em nomos, cada um deles administrado por um nomarca. Em geral, os nomarcas eram parentes próximos dos faraós e muito leais a eles.

Nomo: Pequenas cidades estado independentes.

Com a união entre o Alto e o Baixo Egito solidificada, os faraós voltaram sua atenção para as expedições ao exterior com a intenção de aumentar a riqueza da nação. O Egito olhava principalmente para o sul, em busca de ouro, e para o leste, em especial para Serabit el- Khadim, no Sinai, onde havia cobre e turquesa. Os egípcios fundaram assentamentos nesses locais e lutaram contra os beduínos, núbios, sírios, cananeus e palestinos. Também estabeleceram assentamentos no oeste, no oásis de Bahariya no deserto ocidental. Esse local era determinante para facilitar o comércio por terra. As expedições a essas áreas tiveram o efeito desejado: a riqueza do Egito aumentou e os faraós puderam gastar a recente fortuna conquistada em imensos monumentos.

O Antigo Império também presenciou o surgimento do culto solar. As pirâmides têm a forma do benben, onde Aton-Rá, o deus criador no culto solar, apareceu pela primeira vez. Mais tarde no Antigo Império, o culto solar tornou-se mais dominante com a construção de templos do sol em várias cidades por todo o Egito.

O Antigo Império começou com a subida ao trono da Terceira Dinastia, e a construção das pirâmides teve início quase imediatamente. O segundo faraó da dinastia, Dsojer, mandou construir a primeira pirâmide em Sacara. Imhotep, seu vizir, conhecido por sua inteligência, também serviu como sumo sacerdote do culto solar em On (Heliópolis), supervisionou a construção da pirâmide e foi seu arquiteto. A pirâmide, chamada de "pirâmide de degraus", é, em essência, seis mastabas, uma sobre a outra, com cada nível menor que o anterior. Ninguém sabe muito bem o que a pirâmide pretendia representar, mas alguns arqueólogos imaginam que a idéia era de que o monumento tivesse a aparência de uma escada para o céu.

A colina que foi a primeira terra a se levantar das águas, de acordo com a mitologia egípcia antiga.

Por volta da 4ª Dinastia, a arte do embalsamamento teve o seu início. Mas antes, uma nota de cautela sobre embalsamamento, mumificação e preservação:

Embalsamar e mumificar, na essência, são a mesma coisa. Embalsamar (do latim in balsamum, que significa "pôr em bálsamo", que é uma mistura de resinas aromáticas) é muito semelhante ao processo de mumificação no sentido em que os cadáveres são untados com unguentos, óleos e resinas. A palavra múmia provém de um mal-entendido acerca do processo. Os corpos mal embalsamados (do Período tardio) são com frequência negros e muito quebradiços, e pensou-se que tinham sido preservados por imersão em betume, sendo que a palavra árabe para betume é mumiya.

Existem muitas técnicas modernas para embalsamar um corpo, mas nenhuma estava disponível no tempo dos antigos egípcios (congelamento, salmoura, etc.). O único método que conheciam era a secagem do corpo na areia quente, o que deixava o corpo bastante diferente de um corpo vivo e o transformava num local não muito apropriado para o Ka. Essa também não era uma maneira muito referente para tratar o faraó. Mas a resposta para estes problemas veio do Nilo.

O Nilo tem cheias anuais. Sem ele, o Egito não seria mais do que um deserto atravessado por um rio. As inundações trouxeram às margens do rio a argila indispensável para tornar as terras férteis. Além disso, quando a cheia recua deixa ficar atrás de si poças de água que secam ao sol e que, quando evaporam por completo, deixam o solo coberto por uma substância cristalina branca, chamada natro. Uma análise moderna desta substância revela-a uma mistura de bicarbonato de sódio e sulfato de sódio ou carbonato de sódio com cloreto de sódio (sal). A qualidade mais notável desta substância é a sua elevada higroscopia. Atrai e absorve humidade. Além disso, também é um pouco antisséptica. No Reino Antigo já se conheciam as propriedades antissépticas do natro, e os órgãos internos da rainha Hetepheres foram retirados do corpo e colocados numa solução de natro (de cerca de 3%), mas quando a caixa foi aberta continha apenas lama. As primeiras tentativas de mumificação foram falhanços completos, e isto era reconhecido pelos embalsamadores, que trataram de preservar a forma do corpo, o que fizeram envolvendo-o em ligaduras embebidas em resina. Tornaram-se tão bons nesta arte que um exemplar da 5ª dinastia, um músico da corte chamado Waty, ainda mostra detalhes de verrugas, calos, rugas e características faciais.

A moda seguinte nas tradições funerárias começou com uma Mastaba glorificada. O arquiteto desta edificação construiu seis Mastabas quadradas, cada uma um pouco menor que a anterior, empilhadas umas sobre as outras. O arquiteto deste edifício revolucionário foi Imhotep e o faraó para quem o túmulo foi construído chamou-se Djoser|Zoser (ou Djoser). Zoser pode ter sido o primeiro faraó da 3ª dinastia, mas este facto não está confirmado. O desenho de Imhotep é atualmente conhecido como pirâmide de degraus, e é encarado como protótipo para as pirâmides posteriores. Imhotep deve ter sido um homem fora do comum. Numa terra onde o faraó era a personificação viva de Deus, a grandeza do arquiteto foi reconhecida mesmo no seu próprio tempo (algo a que muitos génios não tiveram o prazer de assistir) e foi-lhe atribuído o título de "Chanceler do Rei do Baixo Egito, Primeiro Depois do Rei do Alto Egito, Administrador do Grande Palácio, Nobre Hereditário, Sumo-Sacerdote de Heliópolis, Chefe Construtor, Escultor e Fazedor de Vasos". É um título e peras para qualquer época.

Um parênteses sobre o Baixo e o Alto Egito. O Baixo Egito situa-se a norte e corresponde à zona onde o Delta do Nilo deságua no Mar Mediterrâneo, e o Alto Egito situa-se a sul, desde o Deserto da Líbia até pouco depois de Abu Simbel. A razão para esta designação aparentemente invertida é que o Egito é o "Presente do Nilo" e como tal tudo é medido em relação ao rio. O Nilo entra no Egito no topo, e segue para baixo, até sair através do fértil delta, para o Mediterrâneo, no Baixo Egito.

Depois da primeira, várias outras pirâmides de degraus foram construídas, e algumas foram abandonadas antes de estarem concluídas. Um exemplo notável é o da pirâmide torta. Com cerca de metade do edifício construído parece que os construtores recearam que não iriam conseguir manter o ângulo a que estavam a construir, e decidiram mudá-lo para outro menos inclinado. O resultado foi uma pirâmide estranha, com o topo subitamente encurtado.

Há sinais de que cerca de 2675 a.C., o Egito começou a importar madeira do Líbano.

Cerca do ano 2575 a.C., o faraó Quéops|Khufu (mais conhecido como Quéops) põe a sua marca na paisagem. Foi para ele que a maior e a mais famosa de todas as pirâmides foi construíuda; a Grande Pirâmide de Gizé. Esta pirâmide, quando se olha para o grupo de pirâmides do planalto de Gizé, não parece ser a maior. Isto é assim porque aquela que parece mais alta foi construída em terreno mais elevado; na realidade, é 10 metros menor.

O faraó Khufu também foi responsável pelo envio de expedições à Núbia em busca de escravos e outros valores. É pouco provável que estas pessoas tivessem sido utilizadas na construção dos monumentos, pelo menos não de imediato, porque não existiriam em quantidade suficiente. A Grande Pirâmide deve ter levado muitos anos a ser construída. Uma teoria popular e convincente diz que os camponeses do Egito teriam construído, eles mesmos, todos os templos e monumentos durante as cheias. Esta teoria é atraente por muitos motivos. Quando o Nilo enche, o povo do Egito não teria tido onde viver. As cheias do Nilo chegam até à beira do deserto e as suas cheias teriam inundado todas as áreas de cultivo e habitação. Se houvesse trabalho na construção dos monumentos durante a estação das cheias, então os agricultores teriam a possibilidade de alimentar e abrigar as suas famílias. Claro que tudo isso teria sido pago com bens provenientes dos impostos que os agricultores teriam pago durante a época das colheitas, mas era essa a natureza do governo. Esta ideia também explica como foi possível que o país se tivesse tornado, e mantido, estável durante várias centenas de anos.

A construção de pirâmides continuou durante algum tempo. De fato, conhecem-se 80 sítios de pirâmides, embora nem todas permaneçam de pé.

Ainda no Antigo Império, o Egito controlava as importações de cobre do Sinai, especiarias e marfim da Mesopotâmia, vinho e azeite de Creta, ouro da Núbia e madeira de Biblos.

Primeiro Período Intermédio

Isto leva-nos pelas 5ª e 6ª dinastias, até ao Primeiro Período Intermédio. Há poucos registos da época, uma vez que se trata de um período muito agitado.

Império Médio

O faraó Amenemhat I pôs fim a este período agitado, voltou a unificar o país e mudou a capital para o Egipto do Norte (o Baixo Egipto. Sesóstris I (filho de Amenemhat I) co-reinou com ele até ao seu assassinato. Sesóstris I foi capaz de tomar imediatamente o controle sem deixar que o país voltasse a resvalar para a agitação. Sesóstris I continuou a travar guerra com a Núbia.

Em 1878 a.C., o faraó Senusret III tornou-se rei. Prosseguiu as campanhas militares na Núbia e foi o primeiro a tentar expandir o poder do Egito até à Síria.

Mais tarde, Amenemhat III chegou ao poder. É visto como o maior monarca do Reino Médio e fez muito em benefício do Egipto. Governou durante 45 anos.

Muitas das maiores acções dos reis da 12ª dinastia tiveram lugar fora do vale do Nilo. Tal como antes, houve muitas expedições à Núbia, Síria e ao Deserto Oriental, em busca de valores a minar e de madeira para transportar para o Egipto. Para além disso, estabeleceu-se comércio com a Creta minóica.

Durante o Reino Médio, a fase seguinte em desenho funerário foram as tumbas escavadas na rocha. Os melhores exemplos destas tumbas podem ver-se no Vale dos Reis. Ainda se construíam grandes templos em áreas mais visíveis.

A 13ª dinastia é incluída frequentemente no Reino Médio, se bem que o período parece ter sido um tempo de confusão e de príncipes estrangeiros provenientes da Ásia, conhecidos por Hicsos, que se aproveitaram da instabilidade política no Delta do Nilo para obter o controle da área e mais tarde expandir o seu poder para sul. Os Hyksos trouxeram consigo a carruagem de guerra puxada a cavalo. Os egípcios não levaram muito tempo a reconhecer o poder desta carruagem e a começar, eles próprios, a usá-la.

Seja como for, esta quebra no controlo central marca o início do Segundo Período Intermédio.

Segundo Período Intermédio

Foram os membros da 17ª dinastia que puseram fim à 13ª dinastia. Queriam manter a cultura e tradições do Reino Médio e por isso expulsaram os Hicsos.

Novo Império

A 18ª Dinastia anuncia o início do Novo Império. Neste Novo Reino, a forma dos caixões mudou da forma rectangular do Império Médio para a familiar forma de múmia, com cabeça e ombros arredondados. A princípio, eram decorados com penas esculpidas ou pintadas, mas mais tarde passaram a ser pintados com uma representação do falecido. Também eram sobrepostos como bonecas russas: um caixão externo de grandes dimensões continha um outro mais pequeno, que por sua vez continha um terceiro quase moldado ao corpo. Cada um dos caixões interiores era decorado de forma mais elaborada que o imediatamente exterior. Datam desta época a maioria das múmias que chegaram até nós.

As técnicas de mumificação foram sendo gradualmente aperfeiçoadas com o uso de natrão cristalino. Todos os tecidos moles, como o cérebro e os órgãos internos, eram removidos, após o que as cavidades eram lavadas e enchidas com natrão, e o corpo enterrado numa pilha de natrão. Os intestinos, pulmões, fígado e estômago eram preservados separadamente e armazenados em vasos protegidos pelos quatro filhos de Horus: Duamutef (estômago), Qebhsenuef (intestinos), Hapy (pulmões) e Imsety (fígado). Tanto era o poder destes vasos que mesmo quando os órgãos passaram a regressar ao corpo após a preservação (21ª dinastia), os vasos continuaram a ser fornecidos.

Vários faraós conseguiram expandir o domínio egípcio até mais longe do que quaisquer dos seus antecessores, retomando o controle da Núbia e estendendo o seu poder para norte até ao Alto Eufrates e às terras dos Hititas e dos Mitanni.

É uma época de grande riqueza e poder para o Egipto. Ao tempo de Amenophis III (1417 a.C. - 1379 a.C.), o Egipto tornara-se tão rico que deixou de procurar aumentar o seu poder, e passou a descansar no seu trono coberto de ouro núbio.

Sucedeu-lhe o seu filho, Amenophis IV, que mudou de nome para Akhenaton. Mudou a capital para uma nova cidade que construiu e a que chamou Akhetaten. Aqui, com a sua nova esposa Nefertiti, concentrou-se em construir a sua nova religião e ignorou o mundo fora do Egipto. Este facto permitiu que várias facções clandestinas, descontentes com o seu novo mundo, crescessem. Uma nova religião era algo que nunca antes tinha acontecido no Egipto. Antes, tinham chegado novos deuses, que foram absorvidos na cultura egípcia, mas a nenhum deus novo foi permitido substituir os deuses antigos. Akhenaton, por seu lado, criou uma religião monoteísta, o Aton. A adoração de todos os outros deuses foi banida, e foi esta a causa da maior parte da agitação interna. Foi tembém introduzida uma nova cultura artística, mais naturalista, e totalmente revolucionária relativamente à tradição do friso estilizado que tinha dominado a arte egípcia ao longo de 1700 anos.

Tutankhamon

Para o fim do seu reinado de 17 anos, tomou como co-regente o seu irmão Smenkhkare. O co-reinado durou apenas dois anos. Quando Akhenaton morreu, alguns dos velhos deuses ressurgiram. Na verdade, nunca chegaram a desaparecer: o seu culto tinha apenas passado à clandestinidade. Smenkhkare morreu depois de poucos meses de reinado solitário, e seguindo à sua morte, foi coroado um jovem que não estava preparado para as pressões de governar um país tão grande. Por isso, eram os seus conselheiros que tomavam as decisões. O seu nome de baptismo foi Tutankhaton mas, com o ressurgimento de Amon, foi rebaptizado Tutankhamon.

Um dos conselheiros mais influentes de Tutankhamon era o General Horemheb. O faraó morreu ainda adolescente, e sucedeu-lhe Ay, o qual é possível que tenha casado com a viúva de Tutankhamon a fim de reforçar o seu direito ao trono. É possível que Horemheb tenha feito de Ay monarca para servir de rei de transição até que ele próprio estivesse pronto para assumir o poder. Seja como for, quando Ay morreu foi Horemheb quem o substituiu, dando início a um novo período de governo positivo. O novo faraó tratou de estabilizar internamente o país e de restaurar o prestígio que ele tinha antes do reinado de Akhenaton.

A 19ª dinastia foi fundada por Ramsés I. Ramsés I reinou durante pouco tempo, e foi Seti I (também conhecido como Sethos I) que lhe sucedeu. Seti I continuou o bom trabalho de Horemheb na restauração do poder, controlo e respeito do Egipto. Também foi responsável pela criação do fantástico templo de Ábidos. Seti I e o seu filho, Ramsés II, são os únicos dois faraós que se sabe terem sido circuncisados. Ramsés II prosseguiu o trabalho do seu pai e criou muitos outros templos magníficos. Percy Bysshe Shelley escreveu um poema em torno dele, chamado Ozymandias.

O reinado de Ramsés II é frequentemente citado como a data mais provável do êxodo dos Israelitas do Egipto. No entanto, não existem registos na história do Egipto de nenhum dos acontecimentos descritos na Bíblia, e também não existem provas arqueológicas que os corroborem.

A Ramsés II sucedeu Ramsés III, que travou algumas batalhas e deu lugar a uma série de reinados curtos, todos sob a direcção de faraós chamados Ramsés.

Depois da morte de Ramsés XI, os sacerdotes, na pessoa de Herihor, tomaram por fim o controlo do Egipto das mãos dos faraós. O país foi de novo dividido em dois, com Herihor a controlar o Alto Egipto e Smendes a controlar o Baixo Egipto. Foram estes os novos governantes, da 21ª Dinastia. Estes reis também foram conhecidos como Tanitas, já que a capital do Império ficava em Tânis. O seu reinado não parece ter tido nenhum outro marco, e foram subjugados sem luta aparente pelos reis líbios da 22ª Dinastia.

Período Líbio

O Egipto tinha laços antigos com a Líbia, e o primeiro rei da nova dinastia serviu como general o último governante da 21ª dinastia. Sabe-se que ele nomeou o seu próprio filho para a posição de Alto Sacerdote de Amun, posto que anteriormente era hereditário. A raridade e aglomeração dos registos escritos deste período sugerem que se tratou de uma época instável. Parece ter havido muitos grupos subversivos, o que acabou por levar ao aparecimento da 23ª dinastia, que se desenrolou em simultâneo e em concorrência com a 22ª. Depois da retirada dos egípcios do Sudão, um príncipe núbio tomou o controle da Baixa Núbia. A este príncipe sucedeu Piankhi, e foi este rei que tomou a decisão de atacar o norte, num esforço de esmagar o seu oponente, que governava na região do Delta do Nilo. Alcançou conquistas até Mênfis. A dado ponto o oponente de Piankhi, Tefnakhte, aceitou submeter-se-lhe, mas foi-lhe permitido que permanecesse no poder no Baixo Egipto, onde fundou a curta 24ª Dinastia.

Período Tardio

Mênfis e a região do Delta tornaram-se alvo de muitos ataques dos assírios até que Psamético I conseguiu reunificar sob o seu controlo o Médio e o Baixo Egipto, criando a 26ª dinastia e iniciando o Período Tardio. Em 656 a.C. tinha conseguido expandir o seu controle por todo o Egito. A dado ponto, sentiu-se suficientemente forte para cortar todos os laços com a Assíria, e o controlo assírio desapareceu. Este período é também conhecido como uma époda de esplendor renovado no Egipto. Durante o reinado de Apries, foi enviado um exército para ajudar os líbios a eliminar a colónia grega de Cyrene. A desastrosa derrota deste exército deu origem a uma guerra civil que resultou na ascensão de Amásis ao trono. Não se sabe muito acerca do seu reinado, à excepção das notas gregas sobre o seu interesse primordial nas questões domésticas do Egipto e na promoção de boas relações com os vizinhos. Amásis morreu em 526 a.C. e um ano mais tarde, em 525 a.C., o Egipto caiu perante o poderio persa. Cambises tornou-se então o primeiro rei da 27ª Dinastia.

Fontes para o estudo da história do Antigo Egipto

As fontes para o estudo da história do Antigo Egipto podem ser escritas, arqueológicas e artísticas.

O Antigo Egipto, ao contrário da Grécia e da Roma Antiga, não teve historiadores. Os egípcios tinham arquivos que possuem um carácter histórico, como o registo dos reis e de eventos como as batalhas, mas poucos chegaram até aos nossos dias.

Entre os principais documentos históricos destaca-se a Pedra de Palermo que mostra os nomes dos reis desde o fim do chamado período pré-dinástico, a lista real de Karnak, a Tábua de Abidos e a Tábua de Sacará. Maneton, um sacerdote egípcio da cidade de Heliópolis que viveu no século III a.C. foi também responsável por uma lista de reis do Egipto desde a fundação do estado até à época em que viveu. O estudo da história do Antigo Egipto é também possível graças aos relatos dos autores gregos, como Hecateu de Mileto, Heródoto (Livro II das Histórias), Diodoro da Sicília, Estrabão e Plutarco. Os Padres da Igreja, como Clemente de Alexandria e Eusébio de Cesareia, deixaram também relatos sobre a civilização do Antigo Egipto.

  • Pedra de Palermo - Laje de diorito negro. Redigida durante a V Dinastia. Apresenta os nomes dos faraós desde ofim do pré-dinástico recente, antes da unificação, pelo que se encontram separados os nomes dos reis do Alto e do Baixo Egipto.
  • Papiro de Turim - Redigido sob Ramsés II(1290|1224). Composto segundo anais do tipo da Pedra de Palermo. É uma lista de nomes de faraós com a duração do seu reinado em anos, meses e dias. Termina pela XIX dinastia.
  • Listas reais - Destinavam-se a assegurar o culto dos antepassados nos templos. Citam-se nomes de reis por ordem cronológica mas sem apresentar datas.
    • -Lista de Karnak - Está no Museu do Louvre, foi composto sob Tutmósis III (1504|1450)
    • -Tábua de Abydos - Gravada numa parede do templo de Abydos sob Seti I (1312|1298)
    • -Tábua de Sacará - Encontrada no túmulo de um funcionário. Data do reinado de Ramsés II (1301|1235)
  • Manéton - "Aegyptiaca". No século III a.C., a pedido de Ptolomeu II, um sacedorte egípcio, Manéton, escreveu em grego uma história completa do egipto faraónico. A "Aegyptiaca" perdeu-se e só se conhece através de um epítome ou sumário escrito por Flávio Josefo e outros autores judeus clássicos. Repartiu a história dos faraós em 31 dinastias.
  • Hecateu de Mileto - historiador grego cujas informações se perderam.
  • Heródoto - História II - relato da viagem pelo Nilo.

Notas

  1. As datas apresentadas são aproximativas e baseia-me na obra Les Pharaons direcção de Jean Leclant.

Ver também

Ligações externas

Templodeapolo.net Antigo Egipto