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Língua galesa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Idioma galês)
Galês

Cymraeg

Falado(a) em:  Reino Unido
 Argentina (Chubut)
Total de falantes:
Família: Indo-europeia
 Céltica
  Céltica insular
   Britônica
    Britônica ocidental
     Galês
Escrita: Alfabeto latino
Estatuto oficial
Língua oficial de:  País de Gales
Regulado por: Comisiynydd y Gymraeg
(Comissariado da Língua Galesa)
Códigos de língua
ISO 639-1: cy
ISO 639-2: wel (B)cym (T)
ISO 639-3: cym

O galês (Cymraeg ou y Gymraeg) é um idioma indo-europeu do ramo céltico, falado nativamente na parte ocidental da Grã-Bretanha, mais especificamente no País de Gales (Cymru), e em Y Wladfa, uma colônia de imigrantes galeses na Província de Chubut, na Patagônia argentina. O galês é falado na ilha da Grã-Bretanha há mais tempo que o próprio inglês.[6] Existem também alguns falantes do idioma galês na Inglaterra, no Canadá, nos Estados Unidos, na Austrália e em diversas partes do mundo. Existem três dialetos: o galês setentrional, o galês meridional e o galês patagônico.

Situação atual

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O censo local de 2001 apurou que 20,5% da população do País de Gales são falantes do galês, em uma população de aproximadamente três milhões de pessoas. De acordo com o Ethnologue, o galês contava com 562 000 falantes nativos no Reino Unido em 2011 e 5 000 na Argentina em 2017. Contudo, o número de falantes nativos monolíngues vem diminuindo; em 1971, havia apenas 32 700 monolíngues em galês.[7] Atualmente, quase todos os falantes do galês são bilíngues, falando também o inglês ou o espanhol (na Argentina).

No País de Gales, o uso do galês como língua primária concentra-se nas regiões menos urbanizadas ao norte e ao oeste, principalmente nas regiões administrativas de Gwynedd, Merioneth, Anglesey (Ynys Môn), Carmarthenshire (Sir Gaerfyrddin), Pembrokeshire (Sir Benfro) no Norte, Ceredigion, e no oeste da região de Glamorgan (Morgannwg) ao sul. Contudo, há falantes nativos e falantes fluentes em todo o território galês.

De acordo com a classificação de vitalidade linguística da Unesco publicada em 2010, o galês é considerado um idioma vulnerável, o que indica que a língua “é falada pela maioria das crianças, mas seu uso é restrito a certos domínios comunicativos (ex. o lar)”.[8] Apesar da condição minoritária, a língua galesa pode ser vista e ouvida em vários registros por todos os lados no País de Gales. Ademais, o galês possui imagem positiva no País de Gales[7] e tende a ser usado por todos, em menor ou maior grau, no país.

O governo do País de Gales (inclusive a Assembleia Galesa) usa o galês como idioma oficial, órgãos públicos emitem literatura oficial e publicidade em versões galesas (por exemplo, cartas das escolas para os pais, informação bibliotecária, e as informações do conselho). Toda a sinalização de trânsito no País de Gales é em inglês e galês, incluindo as versões galesas de nomes de lugares (dentre os quais há neologismos recentes criados com base na toponímia inglesa).

Há muitos cidadãos galeses que falam apenas inglês. Entretanto, um grande número de falantes do galês se sentem mais confortáveis ao se expressarem em galês do que em inglês. A preferência por um ou outro idioma tende a variar de acordo o domínio do assunto em questão (conhecido na linguística como mudança de código).

Apesar do galês ser uma língua minoritária, e portanto ameaçada pela predominância do inglês, o apoio ao idioma cresceu durante a segunda metade do século XX, juntamente com o surgimento de organizações políticas nacionalistas tais como o partido político Plaid Cymru (’’Partido dos Galeses’’) e a Cymdeithas yr Iaith Gymraeg (”Academia da Língua Galesa”). O Comissariado da Língua Galesa (Comisiynydd y Gymraeg) foi criado em 2012 com o intuito de promover e regular o uso do galês nos meios públicos e privados no País de Gales.[9]

O governo britânico ratificou o Carta Européia das Línguas Regionais ou Minoritárias em respeito ao galês.[10]

Dialetos e registros

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Tradicionalmente se divide o galês em três dialetos principais: o galês meridional e o galês setentrional, ambos falados em Gales, e o galês patagônio, falado na Argentina.[11] Atualmente não existe um dialeto coloquial padrão, sendo ambos os dialetos meridional e setentrional aceitos no País de Gales.

Há diferenças significativas dentre os dialetos em pronúncia, vocabulário e morfossintaxe.

Diferenças lexicais entre os dialetos galeses falados na Grã-Bretanha[11]
Galês setentrional Galês meridional Tradução
allan mas fora
bwrdd bord mesa
chdi ti você (tu)
efo gyda com
rŵan nawr agora
nain mam-gu avó
geneth merch garota
dos cer vá!
eisiau moyn querer

Pode-se considerar que o galês moderno se enquadra amplamente em dois registros principais - o galês coloquial (Cymraeg llafar) e galês literário (Cymraeg llenyddol).[11] A gramática descrita aqui é a do galês coloquial, que é usada na maioria dos contextos comunicativos e na escrita informal. O galês literário é mais próximo da forma de galês padronizada pela tradução de 1588 da Bíblia, e é encontrado em documentos oficiais e outros registros formais, incluindo a literatura. Como uma forma padronizada, o galês literário mostra pouca ou nenhuma variação dialetal encontrada no galês coloquial.

História e desenvolvimento

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O Galês (Cymraeg) provém da antiga língua dos celtas britônicos, que chegaram à ilha vindos da Gália, no século V a.C.,[12] e que permaneceu sendo usado no interior da Grã-Bretanha, mesmo após as invasões germânicas, em regiões onde anglos, saxões e jutos tinham menor influência.[13] Após a invasão normanda, os falantes do galês recuaram mais para o oeste, onde a língua sobreviveu, ao passo que no sul da Escócia, a língua dos celtas foi suplantada pelo inglês arcaico. Os estudioso identificam três períodos na história do galês: o galês antigo, o galês medieval e o galês atual, descrito nesta página.[14]

Galês arcaico

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O galês arcaico (Hen Gymraeg) é a denominação que se dá à língua galesa desde o momento que se desenvolveu a partir do britônico, momento que geralmente se situa entre meados do Século VI e meados do Século VII até princípios do Século XII, quando começam a se manifestar características relacionadas ao galês medieval.

Do galês arcaico há registros de poemas e alguma prosa, ainda que alguns desses textos provenham de manuscritos escritos em épocas posteriores, como no texto do poema Y Gododdin. O texto mais antigo integralmente em galês arcaico é provavelmente o de uma lápide que se conserva hoje na igreja de São Cadfan na cidade de Tywyn, que dataria de princípios do Século VIII. Também há um texto em galês arcaico do Livro de São Chad que se pensa escrito em finais do século VIII e início do IX, mas que poderia ser cópia de um texto do século VI ou VII. O galês arcaico só é inteligível para um falante de galês atual com a ajuda de abundante aparato de notas.

Galês medieval

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O galês medieval (Cymraeg Canol ) é como se descreve a língua galesa no período do século XII ao XIV. Desta etapa da língua restam mais registros que do galês arcaico Esta forma de galês desenvolveu-se a partir de mudanças linguísticas ocorridas no galês antigo. O galês medieval é a língua de quase todos os manuscritos da coletânea de escritos em prosa do Mabinogion, ainda que a origem dos contos em si seja muito mais antiga. O Mabinogion é também a língua da maior parte dos manuscritos da Lei Galesa. O galês medieval é razoavelmente inteligível, com algum trabalho, para um falante letrado do galês moderno.

Ver artigo principal: Fonologia do galês

As seguintes consonantes são fonêmicas em galês:[15]

Labial Dental Alveolar Lateral Pós-

alveolar

Palatal Velar Uvular Glotal
Nasal m n ŋ̊ ŋ
Oclusiva p b t d (tʃ) (dʒ) k ɡ
Fricativa f v θ ð s (z) ɬ ʃ χ h
Vibrante r
Aproximante l (ç) j (ʍ) w

Em cada par, a consonante da direita é vozeada e a da esquerda é surda. Os símbolos em parênteses representam alofones.

Os fonemas vocálicos do galês são os seguintes:[15]

Anterior Central Porterior
curta longa curta longa curta longa
Fechada ɪ ɨ̞ ɨː ʊ
Média ɛ ə (əː) ɔ
Aberta a ɑː

As vogais /ɨ̞/ e /ɨː/ só ocorrem nos dialetos setentrionais; nos dialetos do sul são substituídas por /ɪ/ e /iː/, respectivamente. Nos dialetos meridionais, o contraste entre vogais longas e curtas é encontrado somente em sílabas tônicas; nos dialetos do norte, o contraste só é encontrado em oxítonas, incluindo monossílabos tônicos.

O alfabeto latino é usado para representar o galês. Além das letras únicas, a escrita galesa utiliza dígrafos e trígafos para representar sons inexistentes no latim. As letras < v >, < x > e < z > não são usadas em palavras nativas.

Letra(s) a b c ch d dd e f ff g ng h i l ll m n o p ph r rh s t th u w y
Nome â bi ec ech di edd ê ef eff eg eng hets î el ell em en ô pi ffi, yff r rhi es ti eth û ŵ ŷ
API a b k χ d ð ɛ v f g ŋ h i l ɬ m n o p f r s t θ ɨ, ɪ u ɨ, ɪ, ə

O galês também tem ditongos:

Dígrafos AFI
Galês setentrional, galês meridional
ae aɪ
ai
au
aw
ei əɪ
eu əɪ, əɪ
ew əʊ
ey əɪ, əɪ
oe ɔɪ
oi ɔɪ
ou ɔɪ, ɔɪ
ow ɔɪ
uw ɪʊ, ɪʊ
wy ʊɪ
yw ɪʊ, ɪʊ

As seguintes letras se usam apenas na grafia de empréstimos estrangeiros.

Letra IPA
j ʤ
ts ʧ

Observações

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  • a letra < h > é usada para representar a mutação de nasalização nos dígrafos < mh >, < nh > e no trígafo < ngh >.
  • o dígrafo < ph > é apenas usado para representar a mutação de aspiração
  • a letra < y > indica [ə] em palavras monossilábicas ou sílabas não-finais, mas [ɨ] ou [ɪ] em sílabas em outras posições na palavra.
  • as letras < u > e < y > são pronunciadas [ɨ] no Norte do País de Gales e [ɪ] no Sul do País de Gales.
  • a sequência < si > se pronuncia [ʃ] quando seguida por uma vogal.

Morfofonologia

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Mutações consonantais

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Nas línguas celtas, o termo mutação consonantal se refere às alterações fonéticas em consonantes iniciais de palavras de várias classes em função do papel gramatical da palavra na oração. No galês, as mutações consonantais gramaticais realizam funções tais quais[16]:

  • Marcação do gênero feminino em adjetivos no singular (llyfr diddorol - drama ddiddorol / ‘livro interessante’ - ‘peça interessante’)
  • Marcação de posse no singular (car - fy nhar, dy gar, ei char / ‘carro’ - ‘meu carro’, ‘teu carro’, ‘carro dela’)
  • Marcação do caso locativo (Dulyn - yn Nulyn / ‘Dublim' - ‘em Dublim’)
  • Marcação do predicativo do sujeito (drud - mae'r car yn ddrud / ‘caro’ - ‘o carro é caro’)
  • Marcação de verbos conjugados em enunciados interrogativos (Cyrhaeddodd hi - Gyrhaeddodd hi? / ‘ela chegou’ - ‘ela chegou?’)
  • Marcação do objeto direto de verbos conjugados (bachgen - Gwelais i fachgen / ‘menino’ - ‘eu vi um menino’)
  • Marcação de objeto direto preposicionado.

Tipos de mutação consonantal

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As mutações presentes no galês moderno são três[17]: a mutação de lenição, a mutação de nasalização e a mutação de aspiração. A mutação de lenição sinaliza o vozeamento ou a fricativização da consonante; a mutação de nasalização se caracteriza por transformar as consoantes oclusivas em nasais. Por sua vez, a mutação de aspiração sinaliza um processo de espirantização no qual as consonantes oclusivas surdas se tornam fricativas surdas. Nem todas as consoantes estão sujeitas a todas as possibilidades de mutação. De fato, apenas as oclusivas surdas /p t k/ apresentam quatro formas distintas no galês moderno. As mutações presentes no galês literário, assim como no galês coloquial padrão, são as seguintes:

As mutações consonantais do galês padrão
Radical Lenição Nasalização Aspiração Exemplos[18] Tradução
p b mh [m̥] ph [f] pont - bont - mhont - phont ponte
t d nh [n̥] th [θ] tad - dad - nhad - thad pai
c [k] g ngh [ŋ̊] ch [χ] cath - gath - ngath - chath gato
b f [v] m - braich - fraich - mraich braço
d dd [ð] n dydd - ddydd - nydd dia
g - [Ø] ng [ŋ] gair - air - ngair palavra
m f [v] - mam - fam mãe
rh [r̥] r rhaglen - raglen programa de TV
ll [ɬ] l llyfr - lyfr livro

Deve-se notar que, no galês falado atual, a mutação de lenição vem substituindo as demais mutações.[17]

Usos das mutações

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As mutações consonantais resultam de processos de mudança fonética naturais ocorridos já no primeiro milênio da Era Cristã.[19] Ao longo dos séculos, os ambientes fonéticos que causaram as mudanças perderam-se, e distribuição das mutações consonantais tornou-se algo arbitrária.[19] Por exemplo, o possessivo ei (‘seu’/‘sua’) causa a mutação de lenição quando o gênero do possuidor é masculino, mas a mutação de aspiração quando o possuidor é feminino: ei thad ‘o pai dela’ e ei dad ‘o pai dele’ (tad - ‘pai’). A tabela abaixo contém um resumo do uso das mutações no galês falado padrão:

Palavras que causam mutação consonantal no item seguinte[17]
Mutação de lenição Mutação de nasalização Mutação de aspiração
Preposições i, ar, am, drws, o, heb, wrth, etc. yn (em, locativo) â, gyda, tua
Possessivos dy, ei (masculino) fy (meu) ei (feminino)
Numerais un (1, feminino), dwy/dau (2) - tri (3), chwech (6)
Gênero adjetivos que modificam substantivos femininos,

substantivos seguidos do artigo definido y/yr/’r

-

Palavras que não sofrem mutação

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Algumas palavras não sofrem mutação consonantal no galês moderno,[11] devido a fatores tanto históricos como estilísticos. Os seguintes casos se observam no galês atual:

  1. Palavras que começam com vogais ou com os sons consonantais /h/, /r/, /f/, /v/, /χ/, /s/, /l/:
    • Aber - o Aber (‘Aber’ - ‘de Aber’); hi - i hi (‘ela - para ela’); chwaer - fy chwaer (‘irmã’ - ‘minha irmã’), comparado a:
      • Cymru - o Gymru (‘Gales’ - ‘de Gales’); Bangor - ym Mangor (‘Bangor’ - ‘em Bangor’); cath - fy nghath (‘um gato’ - ‘meu gato’)
  2. Palavras que começam com /d/ quando seguidas de /s/ na palavra anterior:
    • nos (f) da (‘uma noite boa’), comparado a:
      • dydd (m) Mawrth - nos (f) Fawrth (‘terça’ - ‘noite de terça')
  3. Nomes próprios de pessoas:
    • Ceri - a Ceri (‘o Ceri ’ - ‘e o Ceri’), comparado a:
      • ci - a chi (‘um cachorro’ - ‘e um cachorro’)
  4. Topônimos não incorporados à fonologia galesa:
    • Georgia - i Georgia (‘Estado da Geórgia’ - ‘para o Estado da Geórgia’), comparado a:
      • Gwynedd - i Wynedd (‘Gwynedd’ - ‘para Gwynedd’)
  5. Alguns empréstimos do inglês, sobretudo os que começam com /g/:
    • garej - hen garej (‘uma garagem’ - ‘uma garagem velha’), comparado a:
      • gre - hen re (‘um garanhão’ - ‘um garanhão velho’)
  6. Palavras que já sofreram mutação

Morfossintaxe

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Ver artigo principal: Gramática da língua galesa

A morfossintaxe do galês se caracteriza sobretudo pela ordem VSO, pelas mutações consonantais como forma de concordância gramatical, pelo uso de locuções verbais preposicionadas, pelas preposições flexionadas, pelos gêneros masculino e feminino e pela flexão verbal em três modos: afirmativo, interrogativo e negativo. As flexões verbais podem diferir drasticamente entre o galês coloquial e o galês literário (ver abaixo), além de haver diferenças dialetais. O galês compartilha grande parte de sua morfologia com as demais línguas celtas vivas.[20]

Ordem dos constituintes

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Nas orações simples, a ordem dos constituintes sintáticos do galês é verbo-sujeito-objeto. Por exemplo:

  • Darllenodd hi y llyfrau - ‘Ela leu os livros’ (lit. “leu ela os livros”)
  • Darllenwch chi y papur newydd - ‘Vocês lerão o jornal’ (lit. “lerão vocês o jornal”)
  • Prynet ti y car mawr ’na? - ‘Você compraria este carro grande?’ (lit. “compraria você este carro grande?”)
  • Maen nhw’n prynu dillad - ‘Elas/Eles estão comprando roupa’ (lit. “estão elas/eles na compra de roupas”)
Verbo Sujeito Objeto
darllenodd hi y llyfrau
darllenwch chi y papur newydd
prynet ti y car mawr ’na
maen nhw n prynu dillad

Gênero gramatical

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Há duas classes nominais em galês, tradicionalmente classificadas como os gêneros gramaticais feminino e masculino. Como no português (e ao contrário do inglês), o gênero em galês é determinado lexicalmente, isto é, a maioria das palavras apresenta características morfossintáticas relacionadas a um do dois gêneros. Por exemplo, a palavra pont 'ponte’ é feminina, mas a palavra bwrdd ‘mesa’ é masculina em galês. A categoria de gênero é expressa através de cinco estratégias morfossintáticas:[21]

Mutação de lenição no feminino singular precedido do artigo definido (y/yr/’r)
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Indefinido Definido Mutação Tradução
Feminino brenhines y frenhines b > f uma rainha / a rainha
merch y ferch m > f uma menina / a menina
pont y bont p > b uma ponte / a ponte
Masculino bachgen y bachgen Ø um menino / o menino
môr y môr mar / o mar
palas y palas um palácio/ o palácio
Mutação de lenição do adjetivo que segue o substantivo feminino singular
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Singular Plural
Substantivo e Adjetivo Tradução Substantivo e Adjetivo Tradução
Feminino merch fach uma menina pequena merched bach meninas pequenas
pont fach uma ponte pequena pontydd bach pontes pequenas
Masculino bachgen bach um menino pequeno bechgyn bach meninos pequenos
palas bach um palácio pequeno palasau bach palácios pequenos
Formas femininas dos numerais de 2 a 4
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Numeral Substantivo e Adjetivo Tradução
Feminino 2 dwy ferch, bont duas meninas, pontes (lit. “duas menina”, “duas ponte”)
3 tair merch, pont três meninas, pontes
4 pedair merch, pont quatro meninas, pontes
Masculino 2 dau fachgen, balas dois meninos, palácios (lit. “dois menino”, “dois palácio”)
3 tri bachgen, phalas três meninos, palácios
4 pedwar bachgen, palas quatro meninos, palácios

Note-se que os substantivos precedidos de numerais de 1 a 19 no galês não flexionam por número.[17]

Pronomes demonstrativos
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Substantivo e demonstrativo Tradução
Feminino y ferch hon esta menina (lit. “menina esta”)
y bont hon esta ponte
Masculino y bachgen hwn este menino (lit. “menino este”)
y palas hwn este palácio
Pronomes pessoais no singular
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Pronome pessoal Exemplos[19] Tradução
Feminino singular (f) hi Gwelais i ei gath (f). Mae hi’n fawr iawn Eu vi a gata dele. Ela (hi) é bem grande
Masculino singular (m) (f)e, (f)o Gwelais i ei gi (m). Mae e’n ddu. Eu vi o cachorro dele. Ele (e) é preto
Plural (m ou f) nhw Gwelais i ei gathod (f.pl). Maen nhw yno.

Gwelais i ei gŵn (m.pl). Maen nhw yno.

Eu vi as gatas dele. Elas (nhw) estão ali

Eu vi os cachorros dele. Eles (nhw) estão ali

Paradigmas verbais

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Flexões do verbo bod (‘ser/estar’) por modo gramatical

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O galês tem apenas um verbo, bod, que expressa o significada tanto de ‘ser’ como de ‘estar’ e, como em várias outras línguas, é altamente irregular. Além da variação em forma dependendo da pessoa, do tempo e do modo,[19] no galês os verbos também apresentam flexão em três modos: afirmativo, negativo, e interrogativo.

O modo negativo do verbo bod é formado a partir das respectivas formas do modo afirmativo. No tempo presente, acrescenta-se dy- à forma afirmativa na maioria dos casos (dw i ‘eu sou’; dydw i ‘eu não sou’).

Conjugação do verbo BOD (ser/estar) em três modos[17]
Afirmativo Negativo Interrogativo Pronomes
(ry)dw

sou/estou

dydw

não sou/estou

ydw

sou/estou?

i

eu

rwyt

és/estás

dwyt

não és/estás

wyt

és/estás?

ti

tu

mae

é/está

dydy

não é/está

ydy

é/está?

hi/e

ela/ele

dan~(ry)dyn

somos/estamos

dydyn

não somos/estamos

ydyn

somos/estamos?

ni

nós

dach~(ry)dych

sois/estais

dydych

não sois/estais

ych

sois/estais?

chi

vocês

maen

são/estão

dydyn

não são/estão

ydy(n)

são/estão?

nhw

elas(es)

Vocabulário básico

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O galês é uma língua derivada do britônico comum, por sua vez derivado do proto-celta, do qual a maioria das palavras galesas foram herdadas. Os vocábulos galeses de origem cética dizem respeito sobretudo à terminologia de parentesco, às cores e a nomes de animais, alimentos e verbos.[19] A tabela abaixo contém termos equivalentes na língua irlandesa.

Galês Irlandês[18] Tradução
Parentesco tad, mab, mam, modryb athair, mac, máthair, - pai, filho, mãe, tia
Cores du, llwyd, glas, melyn dubh, liath, glas, - preto, cinza, azul, amarelo
Animais neidr, moch, ci, arth nathair, muca, cú, art cobra, porco(s), cachorro, urso
Alimentos bara, cig, afal, halen bairghean, cích, úll, halén pão, carne, maçã, sal

Influência do latim

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Em meados dos anos 70 do século I, a maior parte da Ilha da Grã-Bretanha foi ocupada pelos romanos, com a exceção do norte da Escócia. O latim tornou-se a língua oficial da província, porém o britônico, a língua materna dos habitantes celtas da Britânia, era a língua falada no dia-a-dia. Durante esse período, muitas palavras em latim foram incorporadas na língua, sobretudo termos para os fenômenos e a cultura que os romanos traziam consigo.

Referências

  1. «Welsh language data from the Annual Population Survey: 2019». gov.wales. 31 de março de 2020 
  2. Hywel Jones. «Estimation of the number of Welsh speakers in England» (PDF). calls.ac.uk 
  3. Devine, Darren. «Patagonia's Welsh settlement was 'cultural colonialism' says academic». Wales Online. Cardiff: Trinity Mirror. Consultado em 6 de maio de 2017 
  4. «Wales and Patagonia». Wales.com - The official gateway to Wales. Welsh Government. Consultado em 22 de maio de 2016 
  5. «Population of immigrant mother tongue families, showing main languages comprising each family, Canada, 2011». Statistics Canada. Consultado em 21 de agosto de 2017 
  6. Sobre Gales e o galês
  7. a b Eberhard, David; Simons, Gary; Fennig, Charles (2009). «Ethnologue Report - Welsh». Ethnologue. Consultado em 11 de abril de 2019 
  8. Moseley, Christopher. «Language Vitality Atlas - Welsh». Unesco. Consultado em 11 de abril de 2019 
  9. «Comisiydd y Gymraeg» [Comissariado da Língua Galesa]. Comissariado da Língua Galesa. Consultado em 11 de abril de 2019 
  10. «Europe's forgotten words. The case of the European Regional and minority languages». LA REGIONISTO (em inglês). 14 de janeiro de 2021. Consultado em 6 de julho de 2023 
  11. a b c d King, Gareth (2003). Modern Welsh: A Comprehensive Grammar. [S.l.]: Routledge. pp. 3–4 
  12. «Sobre o Galês» (PDF). Consultado em 10 de novembro de 2005. Cópia arquivada (PDF) em 10 de novembro de 2005 
  13. Sobre as línguas celtas e o galês
  14. Glanville Price and Edward Arnold (editor), The Languages of Britain, 1985. ISBN 0-7131-6452-2
  15. a b Ball, Martin J. (Martin John); Jones, Glyn E. (1984). Welsh phonology : selected readings. Cardiff: University of Wales Press. ISBN 0708308619. OCLC 12663879 
  16. Russell, Paul. (2014). An Introduction to the Celtic Languages. Hoboken: Taylor and Francis. ISBN 9781317894568. OCLC 884016114 
  17. a b c d e 1955-, King, Gareth, (2003). Modern Welsh : a comprehensive grammar 2nd ed. London: Routledge. ISBN 041509268X. OCLC 50503217 
  18. a b Prifysgol Cymru (Universidade do País de Gales). «Geiriadur Prifysgol Cymru» [Dicionário da língua galesa]. Prifysgol Cymru (Universidade do País de Gales). Consultado em 9 de abril de 2019 
  19. a b c d e Awberry, Gwenllian (2010). «Welsh». In: Ball, Martin; Müller, Nicole. The Celtic languages 2nd ed. New York, NY: Routledge. ISBN 9780415422796. OCLC 299381516 
  20. Fife, James (2010). «Typological aspects of the Celtic languages». In: Bell, Martin; Mueller, Nicole. The Celtic languages 2nd ed. New York, NY: Routledge. ISBN 9780415422796. OCLC 299381516 
  21. Russell, Paul, 1956 February 23- (1995). An introduction to the Celtic languages. London: Longman. ISBN 0582100828. OCLC 31606588 

Ligações externas

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