Irmãos das Vitualhas

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Irmãos das Vitualhas
Vitalienbrüder
Irmãos das Vitualhas
Uma das poucas representações contemporâneas aos Irmãos das Vitualhas, de um afresco, na Igreja de Bunge, Gotlândia, Suécia, por volta de 1405
Fundação 1393
Extinção 1398
Estado legal Extinta
Propósito Pirataria
Sede Visby, Gotlândia, Suécia
Línguas oficiais Baixo-alemão
Capitão Klaus Störtebeker
Organização Klaus Störtebeker
Gottfried Michaelsen
Hennig Wichmann
Magister Wigbold

Os Irmãos das Vitualhas (em alemão: Vitalienbrüder) foram uma guilda organizada de corsários que, mais tarde, voltou-se para a pirataria. Eles afetaram o comércio marítimo durante o século XIV, tanto no Mar do Norte quanto no Mar Báltico.[1]

A Guilda dos Irmãos das Vitualhas[editar | editar código-fonte]

Durante o século XIV, a Rainha Margarida I da Dinamarca estava combatendo Alberto de Mecklemburgo, pela soberania escandinava. Alberto tinha sido o Rei da Suécia, a partir de 1364, e Duque de Mecklemburgo, a partir de 1383. A Irmandade das Vitualhas foi contratada, em 1392, pelo Duque de Mecklemburgo, para lutar contra aDinamarca, após a Rainha Margarida ter aprisionado Alberto e seu filho Érico I de Mecklemburgo, a fim de subjugar o Reino da Suécia. Enquanto as forças da Rainha Margarida estavam sitiando Estocolmo, os furadores de bloqueio (blockade runners) que vieram a ser conhecidos como a Irmandade das Vitualhas, engajaram-se na guerra naval e expediam provisões para manter a cidade abastecida. O nome "Irmãos das Vitualhas" deriva da palavra latina "victualia", que significa "provisões", e refere-se à sua primeira missão, que era suprir a cidade sitiada.[2][3]

Os Irmãos das Vitualhas eram organizados como uma irmandade ou guilda. Seu principal inimigo naval, em 1392, era a poderosa cidade hanseática de Lubeca, que apoiou a Dinamarca na guerra. Separado de Lubeca, a Liga Hanseática, inicialmente, apoiou os Irmãos das Vitualhas. A maioria das cidades hanseáticas não tinha nenhum desejo de uma vitória da Dinamarca, com a sua localização estratégica para o controle das rotas marítimas. Por vários anos, a partir de 1392, os Irmãos das Vitualhas foram um forte poder no Mar Báltico. Eles tinham portos seguros nas cidades de Rostock, Ribnitz, Wismar e Stralsund. Logo, eles se viltaram para a pirataria aberta e a pilhagem costeira. Em 1393, eles saquearam a cidade de Berga, pela primeira vez, e, em 1394, eles conquistaram Malmo. Eles ocuparam partes da Frísia e Eslésvico. Eles também saquearam Turku, Vyborg, Styresholm, Korsholm e o Castelo de Faxeholm, em Söderhamn, na Helsíngia.[4]

No auge de seu poder,os Irmãos das Vitualhas ocuparam a ilha da Gotlândia, na Suécia, em 1394, e instalaram sua sede em Visby. O comércio marítimo no Mar Báltico praticamente entrou em colapso, e a indústria de arenques sofreu com as suas depredações. A Rainha Margarida até procurou o Rei Ricardo II da Inglaterra e procurou fretar navios ingleses para combater os piratas. De 1395 em diante, a Rainha Margarida ganhou vantagem politicamente. Ela uniu a Dinamarca, a Suécia e a Noruega, e formou a União de Kalmar. A Liga Hanseática foi forçada a cooperar com ela, prevendo seu eventual declínio. O Rei Alberto da Suécia concedeu a Gotlândia à aliada Ordem Teutônica como um compromisso jurado (semelhante a um feudo). Um exército de invasão, sob o comando de Konrad von Jungingen (1355 - 1407), Grão-Mestre da Ordem, conquistou a ilha, em 1398, destruindo Visby e expulsando os Irmãos das Vitualhas da Gotlândia.[5][6]

Likedeelers, os sucessores dos Irmãos das Vitualhas[editar | editar código-fonte]

A execução sumária de Störtebeker, em 1401; xilogravura pintada por Nicolaus Sauer, em Hamburgo, em 1701.

Após a derrota dos Irmãos das Vitualhas e a sua expulsão da Gotlândia, em 1398, a Liga Hanseática tentou, repetidamente, mas sem sucesso, controlar totalmente o Mar Báltico. Muitos membros dos Irmãos das Vitualhas ainda permaneciam no mar. Quando eles perderam sua influência no Golfo de Bótnia, no Golfo da Finlândia e na Gotlândia, passaram a operar de Schlei, na boca do Rio Ems e outros locais, na Frísia. Os sucessores dos Irmãos das Vitualhas, deram a si mesmos o nome de Likedeelers ("os que dividem em parte iguais"). Eles dividiam com a população costeira pobre. Eles expandiram suas atividades no Mar do Norte e ao longo do litoral Atlântico, atacando Brabante e França, atingindo até o sul da Espanha.

Seu mais famoso líder foi o Capitão Klaus Störtebeker, que aparece pela primeira vez nos registros, como um Irmão das Vitualhas, em torno de 1394.[7] A palavra Störtebeker, em baixo-alemão, significa "mandar abaixo o copo cheio". Ele supostamente adquiriu esse apelido porque ele podia beber quatro litros de cerveja sem tirar o copo da boca. No entanto, pode ser simplesmente um sobrenome, oriundo de Wismar. Em 1401, o navio de guerra de Hamburgo, Die Bunte Kuh, levando uma pequena frota, sob o comando de Simon de Utrecht, se deparou com as forças de  Störtebeker, perto da Heligolândia. Depois de três dias de batalha, Störtebeker e sua tripulação foram finalmente dominados, presos e executados.[8]

Isto não foi o fim da pirataria e incursões costeiras dos Likedeelers. Em 1429, 28 anos depois da execução de Störtebeker, membros dos Irmãos das Vitualhas atacaram e saquearam a importante cidade comercial de Berga, eventualmente, incendiando-a. Até cerca de 1440, o comércio marítimo, tanto no Mar do Norte quanto no Mar Báltico, estiveram seriamente em perigo de ataque, pelos Likedeelers.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Piraten in Norddeutschland (Birgit Bachmann und Stefan R. Müller) Arquivado em 2013-02-10 na Archive.today
  2. Salvesen, Helge (11 de maio de 2021). «vitaliebrødrene». Store norske leksikon (em norueguês bokmål). Consultado em 6 de março de 2022 
  3. Bjørkvik, Halvard (25 de fevereiro de 2020). «Margrete Valdemarsdatter». Norsk biografisk leksikon (em norueguês bokmål). Consultado em 6 de março de 2022 
  4. Vitalianer (Andra Upplagan, 1921. Nordisk familjebok
  5. Die Vitalienbrüder (Stoertebeker) Arquivado em 2005-02-04 no Wayback Machine
  6. Biographie, Deutsche. «Konrad von Jungingen - Deutsche Biographie». www.deutsche-biographie.de (em alemão). Consultado em 6 de março de 2022 
  7. Meier, 150.
  8. Germany's most famous pirate (Gudrun Stegen: Deutsche Welle)

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Lornsen, Boy. Klaus Störtebeker : Gottes Freund und aller Welt Feind. [S.l.: s.n.] ISBN 978-3-551-35447-1 
  • Meier, Dirk; McGeoch, Angus (translator). Seafarers, Merchants and Pirates in the Middle Ages. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-843-83237-9  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  • Puhle, Matthias. Die Vitalienbrüder : Klaus Störtebeker und die Seeräuber der Hansezeit. [S.l.: s.n.] ISBN 978-3-593-34525-3 
  • Wiechmann, Ralf; Bräuer, Günter; Püschel, Klaus. Klaus Störtebeker : ein Mythos wird entschlüsselt. [S.l.: s.n.] ISBN 978-3-770-53837-9 

Leitura complementar[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]