Música de Angola

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A música da Angola é uma das mais importantes manifestações da cultura deste país. Luanda, capital de Angola, é o berço de diversos estilos como o kuduro, o Adoço (mistura de kuduro e house), merengue, kazukuta, kilapanda e semba. Na ilha ao largo da costa de Luanda, nasce a rebita, um estilo que tem por base o acordeão e a harmónica. Há quem defenda que o próprio fado tem origem em Angola.[1][2]

O “musseque” (expressão que em língua nacional kimbundu significa "onde há areia", por oposição à zona asfaltada) é o espaço de transição entre o universo rural e a cidade.

Era colonial[editar | editar código-fonte]

Em comparação com muitos dos seus vizinhos da África Austral, bem como outras colónias portuguesas, a música popular de Angola teve pouco sucesso internacional. Nos anos de 1800, os músicos angolanos experimentaram estilos populares de todo o mundo, incluindo valsas e baladas. Com a primeira metade do século XX vieram grandes bandas, que cantavam em português e kimbundu; O primeiro grupo a tornar-se conhecido fora de Angola foi o Duo Ouro Negro, criado em 1956. Depois do sucesso em Portugal, a dupla viajou pela Suíça, França, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Espanha. Depois deles veio os Jovens do Prenda, que foram os mais populares do final dos anos 60 e início dos anos 70.

Nos anos anteriores à guerra civil, entra em cena do rock e a Música de Intervenção.[3] Outros músicos importantes da era pré-independência são David Zé e Urbano de Castro, ambos assassinados como resultado de seu ativismo político[4] Artur Nunes e Dino Kapakupaku. A partir da década de 1970, Bonga Kuenda tornou-se o mais conhecido músico angolano fora do país. Começou a actuar no início dos anos 60, com a popularidade da música folclórica angolana. Como membro da Kissueia, ele abordou problemas sociais ao mesmo tempo em que se tornou uma estrela do futebol. Ele foi transferido para Lisboa pelo governo colonial e lá jogou futebol até 1972, quando saiu para protestar contra a guerra em Angola. Ele se estabeleceu em Roterdã, onde se tornou intimamente associado à comunidade cabo-verdiana. "Mona Ki Ngi Xica" de Bonga (1972) lhe rendeu um mandado de prisão, e ele começou a viajar entre Alemanha, França e Bélgica até que Angola se tornou independente em 1975.

Pós-independência[editar | editar código-fonte]

Depois da independência veio a guerra civil. Muitos músicos populares foram mortos, e alguns que foram poupados simplesmente deixaram o país. No início dos anos 80, a música popular angolana foi profundamente influenciada pela música cubana, especialmente na obra de André Mingas e do irmão Rui Mingas. A Rumba cubana era popular e influente em toda a África Austral, incluindo o vizinho Zaire (Atualmente República Democrática do Congo), onde se tornou a base para o soukous. Além da difusão da música cubana, a presença de tropas cubanas aliadas ao MPLA ajudou a popularizar os ritmos cubanos. Duas das canções mais conhecidas de Angola são Humbi Hummbi - de Filipe Mukenga, e Muxima.

Alguns outros músicos populares angolanos incluem Teta Lando, Carlos Lamartine, Kituxi, Waldemar Bastos, Afra Sound Star e Sam Mangwana.

Kuduro[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Kuduro

As letras caracterizam-se pela sua simplicidade e humor. São geralmente escritas em português, e muitas vezes com algum vocabulário de línguas angolanas como, por exemplo, Umbundo Tshokwe Luvale Kikongo e kimbundo), tais como as músicas Da Dombolo, de Dj SL.

Actualmente o Kuduro tem sido modernizado, com novas danças.[5] Novas batidas (instrumental)[6] e grupos musicais criando uma figura e representação próprias, tais como a pintura do cabelo visto em Nagrelha, Sebem e Nellisbrada Catchenhé, ou usando trajes típicos como os Namayer de Príncipe Ouro Negro e de Presidente Gasolina.

Kizomba[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Kizomba

Nas décadas de 1950 e 1960 em Angola dançava-se nas grandes farras, conhecidas por "kizombadas" muitos estilos musicais tipicamente angolanos, como o merengue angolano o semba, a maringa e o caduque (que deu origem à rebita). A kizomba, como dança, tem origem exatamente nessas farras, com dançarinos de renome como Mateus Pele do Zangado, João Cometa e Joana Perna Mbunco ou Jack Rumba, que eram os mais conhecidos e escreviam no chão as passadas notórias dos seus estilos de exibição ao ritmo do semba. Estas passadas evoluíram com o tempo para um estilo mais lento acompanhando também um ritmo menos corrido do semba, já típico na década de 1970 e conhecido por semba lento, um ritmo menos tradicional mas mais do agrado dos jovens, tornando-se uma mescla de ritmos e de sabores, uma dança plena de calor e de sensualidade que propicia uma verdadeira cumplicidade e empatia entre os pares. Este estilo começou a evoluir entre 1980 e 1981 com grupos como Os Fachos, um grupo ligado às FAPLA e liderados por Bel do Samba e os Afro Sond Star que misturavam o semba lento com a kilapanga levando ao aparecimento do ritmo conhecido por kizomba.[7][8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Kathy Santos. «Debate com Joana Amendoeira: Crónica do Fado que Passa na Universidade de Montreal». Teia da Língua Portuguesa. Consultado em 28 de abril de 2014. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  2. «Histórias da Música em Angola». Consulado Geral de Angola no Brasil. Consultado em 28 de abril de 2014 
  3. https://books.google.com/books?id=XxtNa5hQmacC&dq=%22ngoma+jazz%22&source=gbs_navlinks_s
  4. https://radiodiffusion.wordpress.com/2008/08/23/urbano-de-castro/
  5. Bailarinos do Nellisbrada Catchenhé e Bruno M tenhem uma dança diferente dos bailarinos do Nagrelha
  6. os instrumentais das músicas do Sibem e Tony Amado diferem-se dos instrumentais de kuduro moderno
  7. «Eduardo Paim "Sou o precursor da Kizomba"». O País. Consultado em 22 de junho de 2012. Arquivado do original em 27 de setembro de 2013  - Localização alternativa
  8. «Artistas nacionais à conquista do mundo». O País Online. Consultado em 22 de junho de 2012 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Moorman, Marissa J. (2008). Intonations: a social history of music and nation in Luanda, Angola, from 1945 to recent times (em inglês). [S.l.]: Ohio University Press. ISBN 978-0-8214-1823-9