Madvillainy

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Madvillainy
Álbum de estúdio de Madvillain
Lançamento 23 de março de 2004 (2004-03-23)
Gravação 2002-2004
Estúdio(s)
Gênero(s)
Duração 46:08
Gravadora(s) Stones Throw
Produção MF DoomMadlib

Madvillainy é o único álbum de estúdio lançado pela dupla de rap Madvillain, formada pelo rapper britânico MF DOOM e pelo produtor Madlib. Foi lançado em 23 de março de 2004 pela gravadora Stones Throw Records.

A produção do álbum durou entre 2002 e 2004. O produtor Madlib criou grande parte das batidas e bases durante uma viagem ao Brasil, em seu quarto de hotel utilizando de equipamentos mínimos, como uma Boss SP-303 e um toca-fitas.[1] 14 meses antes do lançamento do álbum, uma demo foi roubada e vazada para a internet, o que ocasionou em um breve hiato no projeto Madvillain que terminou apenas quando ambos os integrantes terminaram seus respectivos trabalhos solo.

Embora Madvillainy teve uma recepção comercial moderada, o álbum se tornou um dos mais vendidos álbuns da gravadora Stones Throw. Alcançou a posição 179 na Billboard 200 e atraiu a atenção de veículos de mídia cujo foco principal não era o gênero hip hop, tal como o The New Yorker. Madvillainy recebeu grande aclamação do público e da mídia e é considerada a obra-prima de MF Doom. Foi colocada em 18º lugar na lista dos 200 maiores álbuns de hip hop de todos os tempos pela revista Rolling Stone.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Mural ilustrando MF DOOM no Haiti

Em 1997, antes de ser conhecido pelo pseudônimo MF DOOM, Daniel Dumile era integrante do grupo de rap KMD, que terminou após o lançamento de seu último álbum Black Bastards pela Elektra Records. Daniel perdeu seu irmão, conhecido como DJ Subroc, após um trágico acidente de carro e, desde a dissolução do KMD, o rapper enfrentou tempos difíceis como morador de rua. Anos depois, em 1999, Daniel Dumile retorna á cena do rap com seu novo alter ego MF DOOM, lançando seu álbum de estréia Operation: Doomsday pela Fondle'Em Records.[3] Logo após o lançamento do álbum, o produtor Madlib declarou em uma entrevista para o Los Angeles Times que gostaria de fazer colaborações com dois artistas: J Dilla e DOOM.[4]

Após o fechamento da Fondle'Em Records em 2001, DOOM desapareceu novamente. Durante esse tempo, ele viveu entre Long Island, Nova Iorque e Kennesaw, um subúrbio de Atlanta, na Geórgia (Estados Unidos). Coincidentemente, o empresário de Madlib na Stones Throw, Eothen "Egon" Alapatt, tinha um amigo no subúrbio de Kennesaw. Egon pediu á esse amigo para que entregasse á DOOM alguns instrumentais de Madlib. Na época, MF DOOM não conhecia Madlib ou a gravadora Stones Throw. Três semanas depois, o tal amigo ligou novamente para Egon, lhe dizendo que DOOM amou os trabalhos de Madlib e adoraria trabalhar com o produtor. Logo, uma das empresárias de DOOM fez uma oferta, pedindo por passagens de avião para Los Angeles e $1,500 dólares. Apesar da gravadora não possuir o dinheiro necessário após a compra das passagens, o acordo foi feito. De acordo com Egon, logo após a chegada, a empresária foi até o mesmo exigindo o dinheiro, enquanto MF DOOM conhecia Madlib.

"A primeira coisa que a empresária fez foi me levar até o meu quarto, que também era o meu escritório, e me levar até um canto para me perguntar sobre os $1,500 dólares. Logo percebi que, se ela estava ali comigo, DOOM estava junto com Madlib, então quanto mais tempo eu enrolasse com ela, mais tempo eles teriam para se conhecer e talvez isso daria certo."
— Egon

O plano de Egon deu certo e logo DOOM e Madlib começaram a trabalhar juntos. Tempo depois, a Stones Throw Records pôde quitar a dívida para pagar MF DOOM. Segundo as histórias, o contrato com a gravadora foi assinado em um prato de papel.[4]

Capa[editar | editar código-fonte]

A capa de Madvillainy foi criada pelo diretor de arte da Stones Throw, Jeff Jank, baseada em uma foto preto e branco de DOOM utilizando sua máscara de metal. Em uma entrevista com a Ego Trip, Jeff conta:[5]

Antigamente, em 2003, DOOM não possuía de fato uma imagem pública. Os fãs de hip hop já sabiam que ele vestia uma máscara, que ele já foi um integrante do KMD uma década atrás, mas ele realmente era bem misterioso. Então eu realmente queria uma foto dele na capa, apenas para criar a capa definitiva de MF DOOM. Na verdade, eu estava projetando essa imagem de um homem que aconteceu de estar com essa máscara por alguma razão, contrastando com "a foto de uma máscara". Eu não sei se essa distinção veio para mais alguém, mas comigo foi algo relevante. Tipo assim, quem diabos anda por aí com uma máscara de metal? Qual é a sua história?

Capa do álbum Madonna, da artista Madonna

A foto foi tirada pelo fotógrafo Eric Coleman na casa da Stones Throw em Los Angeles e editada por Jeff Jank. Enquanto estava trabalhando na capa para Madvillainy, Jank tinha como inspiração a arte do álbum In the Court of the Crimson King, da banda de rock progressivo King Crimson. A expressão de pavor da capa seria ideal para retratar um álbum que tem como dupla "dois dos maiores vilões de todos os tempos". No entanto, não foi possível alcançar o mesmo resultado através de uma fotografia. Após terminar a capa, Jank percebeu a semelhança com a capa do álbum Madonna, da artista de mesmo nome. Apesar disso, Jank manteve a ideia original, descrevendo-a como "A versão rap de A bela e a fera". Um pequeno retângulo laranja foi adicionado no canto na versão final de Madvillainy, graças á um pensamento de Jank de que a capa "precisava de algo que se destacasse", comparando o laranja com a cor da letra "O" na capa de Madonna.[5]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Pontuações agregadas
Fonte Avaliação
Metacritic 93/100
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
All Music 5 de 5 estrelas.[6]
Alternative Press 5/5[7]
Entertainment Weekly B[8]
Mojo 4 de 5 estrelas.[9]
The Observer 4 de 5 estrelas.[10]
Pitchfork 9.4/10[11]
Q 4 de 5 estrelas.[12]
Rolling Stone 3.5 de 5 estrelas.[13]
Slant Magazine 4 de 5 estrelas.[14]
The Village Voice A−[15]

Madvillainy foi recebido com grande aclamação da crítica e se tornou um dos mais, senão o mais aclamado projeto de ambos MF DOOM e Madlib.[16] No Metacritic, onde a nota é avaliada através da média da análise dos críticos, o álbum recebeu uma nota média de 93, baseada em 20 análises. Foi o mais bem avaliado álbum de hip hop do ano de 2004 e o terceiro mais bem avaliado, de acordo com o site. Foi também o álbum de rap mais aclamado da época, perdendo apenas para Stankonia, da dupla Outkast. Sam Samuelson, do AllMusic, escreveu: "O ponto forte do álbum vem da união entre as batidas obtusas, samples, rapping e um hip hop direto e do liricismo imprevisível de MF DOOM, que encaixa como uma luva dentro das batidas bem orquestradas de Madlib".[6] Will Hermes do Entertainment Weekly chamou o álbum de "uma incrível sessão de indie rap por dois caras prestes a ficar no topo do mundo".[8] A Alternative Press elogiou Madvillainy como "só invenções e nenhuma indulgência", enquanto o HipHopDX elogiou como "um clássico experimental, eclético, cru e espontâneo".[7] Mojo também elogiou o álbum, chamando-o de "uma sinfonia com um caos muito bem construído", escrevendo também uma nota: "A grande opacidade de Madvillainy é parte de seu brilhantismo".[9]

Faixas[editar | editar código-fonte]

Todas as faixas foram escritas por MF Doom(Daniel Dumile) e Madlib(Otis Jackson Jr.), exceto aonde está anotado. Todas as faixas são produzidas por Madlib, exceto por "The Illest Villains", produzida por Madlib e DOOM.[17]

N.º Título Duração
1. "The Illest Villains"   1:55
2. "Accordion"   1:58
3. "Meat Grinder"   2:11
4. "Bistro"   1:07
5. "Raid"   2:30
6. "America's Most Blunted"   3:54
7. "Sickfit"   1:21
8. "Rainbows"   2:51
9. "Curls"   1:35
10. "Do Not Fire!"   0:52
11. "Money Folder"   3:02
12. "Shadows of Tomorrow"   2:36
13. "Operation Lifesaver AKA Mint Test"   1:30
14. "Figaro"   2:25
15. "Hardcore Hustle"   1:21
16. "Strange Ways"   1:51
17. "Fancy Clown"   1:55
18. "Eye"   1:57
19. "Supervillain Theme"   0:52
20. "All Caps"   2:10
21. "Great Day"   2:16
22. "Rhinestone Cowboy"   3:59
Duração total:
46:22

Samples[editar | editar código-fonte]

  • As diversas narrações predominantes em "The Illest Villains" e presentes em "Rainbows", "Money Folder" e "Rhinestone Cowboy" são originadas de um documentário de 1989 chamado "The Documented History of the Fabulous Villains".
  • "The Illest Villains" possui um trecho da música "Beach Trip", por Mort Stevens and His Orchestra.
  • Em "Accordion", a sanfona foi retirada de um trecho de "Experience" por Daedelus.
  • O interlúdio entre "Accordion" e "Meat Grinder" contém um trecho da música "Sleeping in a Jar", do grupo de rock The Mothers of Invention.
  • As percussões de "Meat Grinder" foram retiradas da música "Hula Rock", por Lew Howard & the All-Stars.[18]
  • "Bistro" contéum um trecho de "Second to None", pelo Atlantic Starr.[18]
  • "Raid" contém um sample de "Nardis (Live at the Montreux Jazz Festival)" por Bill Evans, um trecho de "América Latina" por Osmar Milito e Quarteto Forma e, um trecho de "Computer Games", por George Clinton.[18]
  • "America's Most Blunted" possui um trecho de "Ninety-Nine and a Half" pelo Fever Tree.
  • Considerada a faixa com a maior quantidade de samples do álbum, "America's Most Blunted" contém trechos de músicas de Phil The Agony, Edo.G, Pharoahe Monch, Redman, Prodigy, Fat Boys, Leaders of The New School, Royal Flush e Melvin Van Peebles.
  • As falas de "America's Most Blunted" foram retiradas de "Creativity", por Jack Margolis.[18]
  • "Sickfit" contém um trecho de "Family Affair", pelo The Generation Gap[18]
  • "Rainbows" contém um trecho de "Blues & Pants" por James Brown e um trecho de "Kelly", por William Loose, Stu Phillips, and Marvin Elling.[18]
  • "Rainbows" contém um trecho do filme "MotorPsycho", de 1965.
  • "Curls" contém um trecho de "Airport Love Theme", por Waldir Calmon.[18]
  • Os sons orquestrais de "Do Not Fire!" vem do filme indiano "Mithi Mithi Ankhiyon Se Dil Bhar De", por Kishore Kumar.
  • Os efeitos sonoros de socos e gritos de "Do Not Fire!" vem do jogo de arcade Street Fighter II, dentre eles dos personagens Dhalsim, Chun-Li e Ryu.
  • "Money Folder" possui um trecho de "Soul Turn Around", por Freddie Hubbard, e um recorte de uma fala do The Raven, falado por Vincent Price.[18]
  • "Shadows of Tomorrow" possui um trecho do filme "Hindu Hoon Main Na Musalman Hoon", por R.D. Burman, além de recortes de falas de "Space Is The Place", faladas por Sun Ra.[18]
  • "Operation Lifesaver AKA Mint Test" contém samples de "Prepare Yourself" por George Duke, um sample de Double Barrel por Dave and Ansell Collins, e um sample do tema da Liga da Justiça.[18]
  • "Figaro" possui trechos de "In The Beginning" e "Jeannine", ambas por Dr. Lonnie Smith.[18]
  • "Hardcore Hustle" contém um trecho de "Sing A Simple Song", por Diana Ross, The Temptations, e The Supremes.[18]
  • "Strange Ways" contém um trecho da música "Funny Ways", do grupo de rock progressivo Gentle Giant, além de um trecho de "Symphony in Slang", dirigido por Tex Avery.[18]
  • "Fancy Clown" contém um trecho de "That Ain't The Way You Make Love", por Z.Z. Hill.[18]
  • "Eye" contém um trecho de "So Good", pelo The Whispers.[18]
  • "Supervillain Theme" contém trechos de "Adormeceu", pela banda O Terço.[18]
  • "All Caps", contém trechos do tema de abertura de "Ironside", composta por Quincy Jones, além de interpolações de "Sometimes I Rhyme Slow", por Smooth.[18]
  • "Great Day", contém trechos de "How Can You Believe", por Stevie Wonder.[18]
  • "Rhinestone Cowboy" contém trechos de shows ao vivo de "Mariana Mariana" e "Molambo", ambas por Maria Bethânia[18]

Equipe[editar | editar código-fonte]

Os créditos foram retirados da capa do álbum.[19]

Madvillain

  • MF Doom – MC, produção (The Illest Villains), gravação.[19]
  • Madlib – batidas, produção, gravação.[19]

Additional personnel

  • Peanut Butter Wolf – produtor executivo.[19]
  • Allah's Reflection – vocais adicionais (Fancy Clown)[19]
  • Dave Cooley – mixagem, masterização, gravação.[19]
  • James Reitano – ilustração.[19]
  • Egon – coordenador de projetos.[19]
  • Miranda Jane – consultor de projetos.[19]
  • Eric Coleman – fotografia.[19]
  • Jeff Jank – design.[19]

Referências

  1. «Mad Skills: Madlib in Scratch Magazine». Stones Throw Records. Consultado em 24 de fevereiro de 2023 
  2. «The 200 Greatest Hip-Hop Albums of All Time». Rolling Stone. Consultado em 7 de junho de 2022 
  3. Fields, Kiah. «Today In Hip Hop History: MF Doom Releases Debut 'Operation: Doomsday' 17 Years Ago». The Source. Consultado em 17 de agosto de 2016 
  4. a b Weiss, Jeff. «Searching for Tomorrow: The Story of Madlib and Doom's Madvillainy». Pitchfork. Consultado em 17 de agosto de 2016 
  5. a b «UNCOVERED: The Story Behind Madvillain's "Madvillainy" (2004) with art director Jeff Jank». Ego Trip. Consultado em 18 de agosto de 2016 
  6. a b Samuelson, Sam. «Madvillainy – Madvillain». AllMusic. Consultado em 4 de setembro de 2020 
  7. a b «Madvillain: Madvillainy». Alternative Press (191). p. 110 
  8. a b Hermes, Will (19 de março de 2004). «Madvillainy». Entertainment Weekly. Consultado em 14 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 4 de agosto de 2019 
  9. a b «Madvillain: Madvillainy». Mojo (127). p. 114 
  10. Guest, Tim. «Madvillain: Madvillainy». The Observer. Consultado em 29 de abril de 2016. Cópia arquivada em 1 de junho de 2016 
  11. Pemberton, Rollie; Sylvester, Nick. «Madvillain: Madvillainy». Pitchfork. Consultado em 14 de novembro de 2009 
  12. «Madvillain: Madvillainy». Q (216). p. 116 
  13. Caramanica, Jon. «Madvillain: Madvillainy». Rolling Stone (948). p. 74 
  14. Henderson, Eric. «Madvillain: Madvillainy». Slant Magazine. Consultado em 14 de novembro de 2009 
  15. Christgau, Robert. «Consumer Guide: Looking Past Differences». The Village Voice. Consultado em 14 de novembro de 2009 
  16. Clarke, Khari. «Is It True?: Doom Says Madvillainy Sequel is 'Just About Done'». The Source. Consultado em 20 de agosto de 2016 
  17. Madvillainy (liner notes). Madvillain. Los Angeles, California: Stones Throw Records. 2004. STH2065 
  18. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s «Madvillainy by Madvillain: Album Samples, Covers and Remixes». WhoSampled 
  19. a b c d e f g h i j k Madvillainy (liner notes). Madvillain. Los Angeles, California: Stones Throw Records. 2004. STH2065