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Modernismo no Brasil: diferenças entre revisões

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“— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
“— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”


atemporal, sendo “moderno” até hoje.
==== A Revista (1925-1926) ====
Importante veículo responsável pela divulgação dos ideais modernistas em Minas Gerais, apesar da vida breve. Teve apenas três números e contava com Drummond como um de seus redatores.

O texto para os céticos, publicado como editorial do primeiro número de “A Revista”, é um libelo contra os escritores engessados, que ele diz haver muitos no Brasil da época – “Assim Deus Nosso Senhor mandasse uma epidemia que os reduzisse à metade! - e é também um clamor para a mudança, perceptível em “Ação quer dizer vibração, luta, esforço construtor, vida".

Nascido na pacata cidade mineira de Itabira do Mato Dentro, em 31 de outubro de 1902, Carlos Drummond de Andrade mostrou interesse por escrever, publicando prosa e poesia em jornais e revistas locais. As impressões de sua cidade natal se fariam notar em muitas obras de sua intensa produção poético-literária.

Foi com a mudança para Belo Horizonte, no início da década de 1920, que a carreira literária de Drummond ganhou impulso. Ele começou a colaborar como cronista no jornal Diário de Minas e integrou-se ao movimento Modernista de seu Estado, com Pedro Nava, Emílio Moura e outros.

É nesse momento, em 1925, que ele funda “A Revista”, na qual o grupo modernista mineiro propunha uma reformulação dos padrões estéticos da literatura brasileira, influenciado pelas revistas modernistas feitas pelos paulistas e cariocas, uma revista cultural idealista em que modernistas do país inteiro coloriam suas páginas.

“A Revista” abrigou em suas páginas a novela de Mário de Andrade, Amar, verbo intransitivo, o poema panfletário de Manuel Bandeira, “Poética”, onde Bandeira declara sua aversão ao lirismo comedido, e a publicação de uma conferência proferida por Freud nos Estados Unidos, em que o psicanalista alerta o mundo para sua descoberta do inconsciente. Encerrava-se em 1926 essa aventura.

De forma poético-prosa, Drummond alega que os “moços” à frente da publicação estão prontos para vencer no que se propuseram a fazer, mas que, se perderem, aceitaram sem chamar de nomes o meio belo horizontino, pois “a derrota é ainda o menos feio dos pecados e o mais confessável”. Explica que aqueles tempos (nos quais ele escreve) o público já andava indiferente, devido a tantas produções artísticas novas, ao que ele chama de bluffs literários.

Em outro parágrafo, diz que são jovens e, não, românticos. Mesmo assumindo que para alguns um é o mesmo que o outro, Drummond diz que não são lunáticos e que se tiver que escolher algum romantismo, será o da mocidade, pois é o da ação. Eles são a favor da “ação intensiva em todos os campos” e também pela “renovação intelectual do Brasil, renovação que se tornou um imperativo categórico”.

Podemos dizer que os mineiros responsáveis pela “A Revista” olham para a tradição sem a esquecer, mas sem a obedecer, assim como para as vanguardas, que as consideram, mas também não as seguem.

O discurso panfletário de Drummond pode ser explicitado no trecho seguinte: “Contra esse opressivo estado de coisas é que a mocidade brasileira procura e deve reagir, utilizando as suas puras reservas de espírito e coração”.

A Revista, segundo o autor, era uma obra de refinamento interior, que deveria ser veiculada pelos meios pacíficos do jornal, tribuna e da cátedra, sendo isso o que nos faz democratas.

A talvez mais importante frase desse Editorial seja justamente a última, em que Drummond diz que depois da destruição “do jugo colonial e do jugo escravista, e do advento da forma republicana, parecia que nada mais havia a fazer senão cruzar os braços. Engano. Resta-nos humanizar o Brasil.” Pode-se dizer então que, para ele, a poesia não está alheia aos problemas sociais, como o veremos fazer, mais tarde, no poema sobre a pedra, que é uma completa subversão das formas instituídas, podendo o seu assunto ser levado ao âmbito social.

O editorial, publicado em 1° de Julho de 1925, é atemporal, sendo “moderno” até hoje.


==== Verde-Amarelismo (1926-1929) ====
==== Verde-Amarelismo (1926-1929) ====

Revisão das 12h56min de 6 de novembro de 2008

O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX.

Em comparação com outros movimentos também denominados modernistas, foi desencadeado tardiamente, na década de 1920. O modernismo brasileiro resultou, em grande parte , da assimilação de novas tendências artísticas e culturais lançadas pelas vanguardas européias anteriormente à Primeira Guerra Mundial, tais como Cubismo e Futurismo. Pode-se dizer, contudo, empregando a simbólica lançada por um dos mais notáveis modernistas brasileiros, Oswald de Andrade, que a assimilação dos modernismos europeus pela vanguarda brasileira fez-se de maneira "antropofágica". Os modernistas no Brasil tenderam, portanto, a "filtrar" a influência dos seus colegas europeus, e a rearranjar os elementos artísticos provindos de fora de modo a ajustá-los às singularidades culturais brasileiras. O impacto mais notável do modernismo brasileiro deu-se no campo da literatura e das artes plásticas.

"Todo este sangue de mil raças / corre em minhas veias / sou brasileiro / mas do Brasil sem colarinho / do Brasil negro / do Brasil índio." --Sérgio Milliet

Tradicionalmente, considera-se a Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo, em 1922, o ponto de partida do modernismo no Brasil. Todavia, não se pode afirmar que todos os participantes da Semana tenham sido modernistas: o pré-modernista Graça Aranha foi um dos oradores. Apesar de não ter sido dominante no começo, como atestam as vaias da platéia da época, este estilo, com o tempo, suplantou os anteriores. Era marcado por uma liberdade de estilo e aproximação da linguagem com a linguagem falada; os de primeira fase eram especialmente radicais quanto a isto.

Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.

Referências históricas

- Início do século XX: apogeu da Belle Époque. O burguês comportado, tranqüilo, contando seu lucro. Capitalismo monetário. Industrialização e Neocolonialismo.

- Reivindicações de massa. Greves e turbulências sociais. Socialismo ameaça.

- Progresso científico: eletricidade. Motor a combustão: automóvel e avião.

- Concreto armado: “arranha-céu”. Telefone, telégrafo. Mundo da máquina, da informação, da velocidade.

- Primeira Guerra Mundial e Revolução Russa.

- Abolir todas as regras. O passado é responsável. O passado, sem perfil, impessoal. Eliminar o passado.

- Arte Moderna. Inquietação. Nada de modelos a seguir. Recomeçar. Rever. Reeducar. Chocar. Buscar o novo: multiplicidade e velocidade, originalidade e incompreensão, autenticidade e novidade.

- Vanguarda - estar à frente, repudiar o passado e sua arte. Abaixo o padrão cultural vigente.

Primeira geração (1922-1930)

Caracteriza-se por ser uma tentativa de definir e marcar posições. Período rico em manifestos e revistas de vida efêmera. Um mês depois da SAM, a política vive dois momentos importantes: eleições para Presidência da República e congresso (RJ) para fundação do Partido Comunista do Brasil. Ainda no campo da política, surge em 1926 o Partido Democrático que teve entre seus fundadores Mário de Andrade. É a fase mais radical justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Caráter anárquico e forte sentido destruidor. Principais autores desta fase: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

Características

  • Busca do moderno, original e polêmico.
  • Nacionalismo em suas múltiplas facetas.
  • Volta às origens e valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
  • “Língua brasileira” - falada pelo povo nas ruas.
  • Paródias - tentativa de repensar a história e a literatura brasileira.
  • A postura nacionalista apresenta-se em duas vertentes:
  • nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade, identificado politicamente com as esquerdas.
  • nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes de extrema direita.

Manifestos e revistas

Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922-1923)

Recebe este nome, pois klaxon era o termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é conseqüência das agitações em torno da SAM. Inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo.

“— Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado, caminha para diante, sempre, sempre.”

Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)

Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correio da Manhã. Em 1925, é publicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil de Oswald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.

“— A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela sob o azul cabralino, são fatos estéticos.”

“— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”

atemporal, sendo “moderno” até hoje.

Verde-Amarelismo (1926-1929)

É uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil. Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. Criticavam o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo de Plínio Salgado (década de 30). Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto "Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta".

Manifesto Regionalista de 1926

1925 e 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife) busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de promover conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram uma revista. Vale ressaltar que o regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral - na 2ª fase modernista.

Revista Antropofagia (1928-1929)

Características Antropofágica: De degluticção, devoração crítica das vanguardas e culturas européias, de modo a recriá-las, tendo em vista a redescoberta do Brasil em sua autenticidade primitiva.

Representantes: Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Raul Boppe, Antônio de Alcântara Machado e Oswaldo Costa (grande jornalista, modernista e nacionalista)...

Contou com duas fases (dentições): a primeira com 10 números (1928 e 1929) direção Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp; a segunda foi publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário de São Paulo (1929) e seu “açougueiro” (secretário) era Geraldo Ferraz. É uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e resposta ao grupo Verde-amarelismo. A origem do nome movimento está na tela “Abaporu” (O que come) de Tarsila do Amaral.

1ª fase - inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta com Alcântara Machado, Mário de Andrade (2º número publicou um capítulo de Macunaíma), Carlos Drummond (3º número publicou a poesia “No meio do caminho”); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.

2ª fase - mais definida ideologicamente, com ruptura de Oswald e Mário de Andrade. Estão nessa segunda fase Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão (Pagu). Os alvos das críticas (mordidas) são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Plínio Salgado.

“SÓ A ANTROPOFAGIA nos une, Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. / Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. / De todos os tratados de paz. / Tupi or not tupi, that is the question.” (Manifesto Antropófago)

“A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: — Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.” (Revista de Antropofagia, nº 1)

Outras revistas
  • Revista Verde de Cataguazes (MG - 1927-1928)
  • Revista Estética (RJ - 1924)
  • Revista Terra Roxa e outras Terras (SP - 1926, colaborador Mário de Andrade)
  • Revista Festa (RJ - 1927, Cecília Meireles como colaboradora)

Autores

Segunda geração (1930-1945)

Estende-se de 1930 a 1945, sendo um período rico na produção poética e também na prosa. O universo temático se amplia e os artistas passam a preocupar-se mais com o destino dos homens, o estar-no-mundo.

“A segunda fase colheu os resultados da precedente, substituindo o caráter destruidor pela intenção construtiva, "pela recomposição de valores e configuração da nova ordem estética". --Cassiano Ricardo

Durante algum certo tempo, a poesia das gerações de 22 e 30 conviveram. Não se trata, portanto, de uma sucessão brusca. A maioria dos poetas de 30 absorveria parte da experiência de 22: liberdade temática, gosto da expressão atualizada ou inventiva, verso livre, anti-academicismo.

A poesia prossegue a tarefa de purificação de meios e formas iniciada antes, ampliando a temática na direção da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, ao tempo em que a prosa alargava a sua área de interesse para incluir preocupações novas de ordem política, social e econômica, humana e espiritual. À piada sucedeu a gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Uma geração grave, preocupada com o destino do homem e com as dores do mundo, pelos quais se considerava responsável, deu à época uma atividade excepcional.

O humor quase piadístico de Drummond receberia influências de Mário e Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentam certo espiritualismo que vinha do livro de Mário "Há uma gota de Sangue em cada Poema" (1917).

A geração de 30 não precisou ser combativa como a de 22. Eles já encontraram uma linguagem poética modernista estruturada. Passaram então a aprimorá-la e extrair dela novas variações, numa maior estabilidade.

O Modernismo já estava dinamicamente incorporado às praticas literárias brasileiras, sendo assim os modernistas de 30 estão mais voltados ao drama do mundo e ao desconcerto do capitalismo.

"Este é tempo de partido, / tempo de homens partidos. (...) Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. / As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se / na pedra." --Carlos Drummond de Andrade, em Nosso Tempo--

Características

Repensar a história nacional com humor e ironia - " Em outubro de 1930 / Nós fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas." (Festa Familiar - Murilo Mendes)

Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel?" (Cota Zero, Carlos Drummond de Andrade)

Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto indivíduo

Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta

Literatura mais construtiva e mais politizada.

Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius)

Aprofundamento das relações do eu com o mundo

Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo" (Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo)

Perspectiva única para enfrentar os tempos difíceis é a união, as soluções coletivas - " O presente é tão grande, não nos afastemos, / Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas." (Carlos Drummond de Andrade - Mãos dadas)

Prosa

Romances caracterizados pela denúncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira, atingindo elevado grau de tensão nas relações do eu com o mundo. Uma das principais características do romance brasileiro é o encontro do escritor com seu povo. Há uma busca do homem brasileiro nas diversas regiões, por isso o regionalismo ganha importância, com destaque às relações do personagem com o meio natural e social.

Os escritores nordestinos merecem destaque especial, por sua denúncia da realidade da região pouco conhecida nos grandes centros. O 1° romance nordestino foi A Bagaceira, de José Américo de Almeida. Esses romances retratam o surgimento da realidade capitalista, a exploração das pessoas, movimentos migratórios, miséria, fome, seca etc.

Autores

NA POESIA:

NA PROSA:

Terceira geração (1945-1978)

A literatura brasileira, assim como o cenário sócio-político, passa por transformações.

A prosa tanto no romance quanto nos contos, busca uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva, com destaque para Clarice Lispector. Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão com Guimarães Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. Um traço característico comum a Clarice e Guimarães Rosa é a pesquisa da linguagem, por isso são chamados instrumentalistas. Enquanto Guimarães Rosa preocupa-se com a manutenção do enredo com o suspense, Clarice abandona quase que completamente a noção de trama e detém-se no registro de incidentes do cotidiano ou no mergulho para dentro dos personagens.

Na poesia, surge uma geração de poetas que se opõem às conquistas e inovações dos modernistas de 22. A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu (1947). Assim, negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras “brincadeiras” modernistas, os poetas de 45 buscam uma poesia mais “equilibrada e séria”. Os modelos voltam a ser os Parnasianos e Simbolistas. Principais autores (Ledo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geraldo Vidigal, Domingos Carvalho da Silva, Geir de Campos e Darcy Damasceno). No fim dos anos 40, surge um poeta singular, pois não está filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.

Referências históricas

1945 = fim da 2ª Guerra Mundial, início da Era Atômica (Hiroshima e Nagasaki), ONU, Declaração dos Direitos do Homem, Guerra Fria. No Brasil, fim da ditadura Vargas, redemocratização brasileira, retomada de perseguições políticas, ilegalidades e exílios.

Autores