Otávio da Grã-Bretanha
Otávio | |
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Príncipe da Grã-Bretanha | |
Retrato por Benjamin West, 1783 | |
Casa | Hanôver |
Nascimento | 23 de janeiro de 1779 |
Casa de Buckingham, Londres, Grã-Bretanha | |
Morte | 3 de maio de 1783 (4 anos) |
Palácio de Kew, Kew, Grã-Bretanha | |
Enterro | Capela de São Jorge, Windsor, Berkshire, Reino Unido |
11 de maio de 1883 | |
Pai | Jorge III da Grã-Bretanha |
Mãe | Carlota de Mecklemburgo-Strelitz |
Otávio (Londres, 23 de janeiro de 1779 – Kew, 3 de maio de 1783) foi o décimo-terceiro filho e oitavo menino do rei Jorge III da Grã-Bretanha e da rainha Carlota de Mecklemburgo-Strelitz. Otávio foi inoculado com o vírus da varíola seis meses após a morte de seu irmão Alfredo. Ele adoeceu alguns dias depois. Sua morte aos quatro anos devastou seus pais, principalmente o rei. Jorge lamentou a morte do filho, quem gostava muito; os posteriores ataques de insanidade do rei envolveriam alucinações com Otávio.
Primeiros anos[editar | editar código-fonte]
Otávio nasceu em 23 de fevereiro de 1779 na Casa de Buckingham, Londres, Grã-Bretanha.[1] Ele era o décimo-terceiro filho e oitavo menino do rei Jorge III da Grã-Bretanha e sua rainha consorte Carlota de Mecklemburgo-Strelitz. Seu nome deriva do latim octavus, "o oitavo", indicando que era o oitavo filho de seus pais.[2]
Otávio foi batizado em 23 de março na Grande Câmara do Conselho do Palácio de St. James por Frederick Cornwallis, o Arcebispo da Cantuária. Seus padrinhos foram o duque Carlos I de Brunsvique-Volfembutel (marido de sua prima Filipina Carlota da Prússia, representado por Francis Seymour-Conway, Conde de Hertford e Lorde Camareiro) o duque Frederico II de Mecklemburgo-Schwerin (seu primo, representado por John Ashburnham, 2.º Conde de Ashburnham e Cavalheiro da Estola) e a grã-duquesa Luísa de Hesse-Darmstadt (esposa de seu primo Carlos Augusto de Saxe-Weimar-Eisenach, representada por Alicia Wyndham, Condessa Egremont e Dama dos Aposentos da rainha Carlota).[3][4]
Jorge era extremamente dedicado com Otávio, que era muito novo para causar os mesmo problemas que seus irmãos mais velhos estavam causando na época. O rei era carinhoso[5] e indulgente com seus filhos mais novos, se esforçando para comparecer às suas festas de aniversário e outros eventos organizados para a diversão deles; em certa ocasião um amigo testemunhou uma cena doméstica feliz que envolvia Jorge "carregando em seus braços Sofia e o último príncipe, Otávio, um de cada vez".[6] Outra testemunha escreveu que Jorge e Carlota "têm sempre os filhos brincando por perto o tempo todo"; durante a maioria das tardes as crianças eram levadas aos pais entre 18h e 19h para brincarem durante uma hora ou duas.[7] O rei também era informado sobre o progresso educacional dos filhos.[8]
Otávio era próximo de sua irmã Sofia, que o chamava de "meu filho",[9] e foi com ela e seus irmãos Isabel e Eduardo durante o verão de 1780 até Eastborne na costa de Sussex, onde conseguiu pegar o ar fresco do mar.[10] Quando tinha dezenove meses, o príncipe tornou-se o irmão mais velho com o nascimento do último filho de Jorge e Carlota, Alfredo. Otávio tinha três anos quando Alfredo morreu em 20 de agosto de 1782, tornando-se novamente o filho mais novo do rei e da rainha.[11] Horace Walpole escreveu a sir Horace Mann que o rei Jorge declarou: "Sinto muito por Alfredo; porém se tivesse sido Otávio, eu deveria ter morrido também".[12] O historiador Edward Holt escreveu em 1820 sobre a personalidade do príncipe: "Apesar do Príncipe Otávio não ter completado seu quinto ano, era considerado muito dócil e tinha boa índole em um nível incomum que era a alegria de todos ao seu redor".[13] O biógrafo John Watkins completou dizendo que Otávio era "considerado um dos melhores membros da realeza".[14]
Morte e consequências[editar | editar código-fonte]

Seis meses depois da morte de Alfredo, Otávio e Sofia foram levados para o Palácio de Kew em Londres para serem vacinados contra o vírus da varíola.[15][16] Enquanto Sofia recuperou sem incidentes,[17][18] Otávio ficou doente e morreu alguns dias depois, no dia 3 de maio de 1783, no Palácio de Kew. Tinha quatro anos de idade.[19][20] A casa real não entrou em luto, porque não era costume fazê-lo por crianças com menos de catorze anos.[21]
Otávio foi o último membro da família real britânica a sofrer de varíola.[22] No dia 10 de maio, Otávio foi enterrado na Abadia de Westminster ao lado do seu irmão Alfredo.[23] O rei Jorge ordenou que os restos mortais dos seus dois filhos mais novos fossem transferidos para a Capela de São Jorge no Castelo de Windsor, a 11 de fevereiro de 1820.[24]
Segundo a rainha Carlota, a morte de Otávio foi inesperada. Numa carta escrita a uma amiga que tinha passado por uma tragédia semelhante, escreveu que "já senti duas vezes o que sentes agora e, da última vez, não estávamos minimamente preparados para tal golpe porque quarenta e oito horas antes, lá estava o meu filho Otávio de perfeita saúde, depois doente e a morte atingiu-o imediatamente."[25] A morte do príncipe teve um efeito mental e físico na rainha Carlota que, na altura, estava grávida da sua última filha, a princesa Amélia.[26]
A morte de Otávio deixou o seu pai devastado.[27] Walpole escreveu que "o rei perdeu mais uma criança; um rapaz adorável, segundo dizem, de quem Suas Majestades, gostavam muito."[28] Pouco depois da tragédia, o rei Jorge disse: "Não haverá Paraíso para mim se o Otávio não estiver lá."[29][30] No dia a seguir à morte do filho, o rei passou por uma sala onde o pintor Thomas Gainsborough estava a acabar de pintar um retrato da família. O rei pediu-lhe que parasse, mas quando viu que o artista estava a pintar Otávio, deu-lhe permissão para continuar. Quando este mesmo retrato foi exposto uma semana depois, as irmãs de Otávio estavam tão perturbadas que começaram a chorar em frente de toda a corte.[31] Três meses depois da morte de Otávio, o seu pai ainda sofria pelo seu filho, escrevendo numa carta dirigida a lorde Dartmouth que cada dia "aumenta o vazio que sinto por aquele adorado objecto [Otávio]."[32] Nos seus últimos anos de vida, o rei Jorge começou a imaginar que tinha conversas com os seus dois filhos mais novos.[33] Durante um dos ataques de loucura do rei em 1788, Jorge pensou que uma almofada era o seu filho Otávio que, na altura, tinha morrido há já cinco anos.[34]
Título e estilo[editar | editar código-fonte]
- 23 de fevereiro de 1779 – 3 de maio de 1783: "Sua Alteza Real, o Príncipe Otávio"
Ancestrais[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Weir, Alison (2008). Britain's Royal Families, The Complete Genealogy. Londres: Vintage Books. p. 300. ISBN 978-0-09-953973-5
- ↑ Watkins 1819, p. 270
- ↑ Sheppard, Edgar (1894). Memorials of St James's Palace. Londres: Longmans, Green, and Co. p. 59
- ↑ Sinclair, William (1912). The Chapels Royal. Londres: Eveleigh Nash. p. 102
- ↑ Cannon, John (2004). «George III (1738–1820)». Oxford Dictionary of National Biography. doi:10.1093/ref:odnb/10540
- ↑ Hibbert 2000, p. 98
- ↑ Hibbert 2000, pp. 98-99
- ↑ Hibbert 2000, p. 99
- ↑ Fraser 2004, p. 70
- ↑ Fraser 2004, pp. 65–66
- ↑ Fraser 2004, pp. 65, 70, 76-79
- ↑ Walpole, Horace; Cunningham, Peter (1891). The Letters of Horace Walpole, Fourth Earl of Orford. 8. Londres: Richard Bentley and Son. p. 363
- ↑ Holt, Edward (1820). The Public and Domestic Life of His Late Most Gracious Majesty, George the Third. 1. Londres: Sherwood, Neely, and Jones. p. 256
- ↑ Watkins 1819, p. 291
- ↑ Holt 1820, p. 256.
- ↑ Panton 2011, p. 359.
- ↑ Baxby 1984, p. 303.
- ↑ Papendiek 1887, p. 270.
- ↑ Weir 2008, p. 300.
- ↑ Fraser 2004, p. 77.
- ↑ Fritz 1982, p. 305.
- ↑ Carrell 2003, p. 392.
- ↑ Holt 1820, p. 256.
- ↑ "Royal Burials in the Chapel since 1805" Arquivado em 27 de setembro de 2011, no Wayback Machine., College of St. George, consultado a 14 de fevereiro de 2012.
- ↑ Baxby 1984, p. 304.
- ↑ Watkins 1819, p. 292.
- ↑ Black 2006, p. 156.
- ↑ Walpole 1891, p. 363.
- ↑ Cannon 2004.
- ↑ Hibbert 2000, p. 99.
- ↑ Fraser 2004, p. 77.
- ↑ Hibbert 2000, p. 99.
- ↑ Black 2006, p. 156.
- ↑ Hibbert 2000, p. 280.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Baxby, Derrick (1984). "A Death From Inoculated Smallpox in the English Royal Family". Medical History 28: 303–307. PMC 1139449. PMID 6390027.
- Black, Jeremy (2006). George III: America's Last King. Yale University Press. ISBN 0-300-11732-9.
- Carrell, Jennifer (2003). The Speckled Monster: A Historical Tale of Battling Smallpox. New York: Penguin Group. ISBN 0-452-28507-0.
- Fraser, Flora (2004). Princesses: The Six Daughters of George III. Londres: John Murray. ISBN 0-7195-6109-4
- Fritz, Paul S. (1982). "The Trade in Death: The Royal Funerals in England, 1685-1830". Eighteenth-Century Studies 15 (3): 291–316. Consultado a 14 de fevereiro de 2012.
- Hibbert, Christopher (2000). George III: A Personal History. Londres: Basic Books. ISBN 0-465-02724-5
- Panton, Kenneth J. (2011). Historical Dictionary of the British Monarchy. Scarebrow Press, Inc. ISBN 0-8108-5779-0.
- Papendiek, Charlotte (1887). Court and private life in the time of Queen Charlotte: Being the Journals of Mrs. Papendiek, Assistant Keeper of the Wardrobe and Reader to Her Majesty, Volume 1. London: Spottiswoode and Co. ISBN 1-143-96208-7.
- Watkins, John (1819). Memoirs of Her Most Excellent Majesty Sophia-Charlotte: Queen of Great Britain. 2. Londres: Henry Colburn