Perseguição religiosa no mundo muçulmano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O sectarismo religioso no mundo islâmico é uma questão enfrentada pelas diversas religiões da região que é o berço do monoteísmo e persiste até os dias de hoje. Ela se intensificou como um precedente do inverno árabe da Guerra do Iraque a Guerra do Golfo.[1][2] Eventos relacionados mataram desde 2001 mais de 4 milhões de pessoas no Iraque, Afeganistão e Paquistão.[3] Esse conceito é muito criticado pelo fato da elite política de países como Síria não se preocuparem com a origem social dos receptores de programas sociais e que dava autonomia para que a sociedade civil se auto-regulasse, inclusive as igrejas da região.[4][5]

Perseguição por país[editar | editar código-fonte]

Birmânia[editar | editar código-fonte]

Os ruaingas desde a ascensão do fundamentalismo budista nos anos 10 do século XXI tem sido perseguidos pela sua fé em Allah.[6]

Iraque[editar | editar código-fonte]

Na cidade de Tal Afar, em março de 2007, houve o maior massacre contra xiitas no Iraque, matando 152 pessoas.[7] O EI também foi responsável por outro massacre no Iraque em 2014 quando matou 5000 yazidis em Sinjar.[8]

Síria[editar | editar código-fonte]

Os drusos foram perseguidos desde a década de 50 pelo governo de Adib Shishakli.[9] Atualmente, os ateus na Síria são perseguidos por paramilitares rebeldes da oposição síria durante o período do Inverno árabe.[10] A primavera árabe teve um forte impacto sob a oposição a ponto do lema dela ser: "Alauítas para o túmulo e os cristãos para Beirute".[11] Durante o conflito na atualidade, se teve o massacre de Sadad, o segundo maior massacre da história do Oriente Médio contra os cristãos e o maior massacre contra esta religião da história da Síria.[12] Os alauítas por terem se associado ao Estado sírio, também sofreram massacres.[13] Houve também em 2015 a extinção de 2 cidades cristãs no Levante pelo Al-jayš as-suri al-ħurr, o que levou ao deslocamento forçado de 80 mil pessoas[14] Sedqi al-Maqet, membro da minoria drusa da Síria, denunciou que a Shabak estava armando rebeldes fundamentalistas para cometerem massacres.[15] Segundo Aron Lund que escreve para a Fundação Carnegie para Desenvolvimento Internacional da Paz, não existe grupo rebelde secular ou que respeite os direitos humanos naquele país.[16] Os grupos de oposição também tem perseguido e assassinado jornalistas de outras religiões[17] e lideranças cristãs tem declarado apoio militar ao governo.[18] O EI também tem destruído o patrimônio histórico em Palmira para combater a idolatria, embora sejam ídolos de religiões extintas.[19][20] Os curdos do YPG também tem travado conflito contra cristãos[21]

Líbano[editar | editar código-fonte]

Massacres contra cristãos foram perpetrados no país ao longo das décadas de 70 e 80.[22][23][24][25] Apesar disso, os maiores massacres foram de cristãos contra muçulmanos.[26] Atualmente, devido ao envolvimento persa na política libanesa, existe uma hostilidade violente com relação aos xiitas desde a entrada do Hezbollah no conflito sírio.[27]

Jordânia[editar | editar código-fonte]

Ateus tem restrições na sua liberdade de expressão pelas leis antiblasfêmia.[28] O projeto do Estado Islâmico surgiu nesse país antes da guerra do Iraque, no ano 2000[29] e o governo jordaniano inclusive está treinando militantes do EI desde 2012.[30]

Israel[editar | editar código-fonte]

No país, devido a forte presença no imaginário da sociedade israelense a discriminação contra semitas, existe uma crescente violência contra os cristãos por serem de maioria palestina e árabe.[31]

Turquia[editar | editar código-fonte]

Massacres de alevis eram tradicionais desde o surgimento do Império Otomano,[32] mas se intensificaram desde 1978 quando um grupo paramilitar chamado de Lobos Cinzentos matou 1200 alevitas em Maraş na Turquia.[33][34][35]

Líbia e Egito[editar | editar código-fonte]

O governo de Muammar al-Gaddafi fez questão de proteger os cristãos para que em troca se evitasse o envolvimento excessivo deles na política.[36] e lideranças cristãs do país chegaram a afirmar que "Sob Gadhafi, fomos protegidos".[37] Depois dos rebeldes derrubarem Muammar para implantarem a sharia,[38] o Estado Islâmico decapitou 21 cristãos coptas naturais do Egito, levando a entrada do governo egípcio no conflito.[39]

Afeganistão[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra Civil do Afeganistão

O Afeganistão desde os anos 80 tem enfrentado uma guerra sectária entre a maioria sunita comandada pelo talibã e a minoria xiita hazara. Os maiores massacres do país foram em Mazar-i-Sharif em 1997, matando 3000 pessoas[40][41] e Yakawlang em 2001, quando matou 170 pessoas.[42]

Paquistão[editar | editar código-fonte]

O Paquistão também compartilha massacres dessa natureza desde os anos 80, sendo que os principais foram em Quetta em janeiro de 2013, matando 115 pessoas e em fevereiro do mesmo ano e na mesma cidade, matando 110.[43][44][45]

Arábia Saudita[editar | editar código-fonte]

Desde que a Arábia Saudita iniciou uma campanha militar contra os xiitas do Iêmen, o Estado Islâmico tem ganho espaço em 2015 e perpetrado massacres em mesquitas, sendo que o maior deles foi em Saná, matando 150 pessoas.[46]


Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Arab Regionalism: A Post-Structural Perspective
  2. The Arab Spring Started in Iraq
  3. 4 Million Muslims Killed In Western Wars: Should We Call It Genocide?
  4. Asma al-Assad: A Rose in the Desert
  5. Signals of Change from Syria
  6. ONU denuncia ‘limpeza étnica’ contra rohingyas em Myanmar
  7. Al-Jazeera, Iraqi justice minister resigns
  8. Hopkins, Steve (14 de outubro de 2014). «Full horror of the Yazidis who didn't escape Mount Sinjar: UN confirms 5,000 men were executed and 7,000 women are now kept as sex slaves». The Daily Mail. Consultado em 13 de março de 2015 
  9. Landis, John (1998). «Shishakli and the Druzes: Integration and Intransigence». In: Phillip, Thomas; Schäbler, Birgit. The Syrian Land: Processes of Integration and Fragmentation. [S.l.]: Franz Steiner Verlag. pp. 369–396. ISBN 9783515073097 
  10. Liam Hill (21 de janeiro de 2014). «The International Briefing: Persecution of Atheists and Apostates». Beaver Online (em inglês). Beaver Online. Consultado em 18 de outubro de 2014. Arquivado do original em 28 de abril de 2015 
  11. Poisons of sectarianism have seeped into Syrian character
  12. «Syriac Orthodox Archbishop Alnemeh: "In Sadad, the largest massacre of Christians in Syria"». Associated Press (em inglês). Agência Fides. 21 de janeiro de 2014. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  13. «"You Can Still See Their Blood"» (PDF). HRW (em inglês). HRW. 21 de janeiro de 2014. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  14. «Syria's Crumbling Pluralism»  The New York Times, Kapil Komireddi, 3 de agosto de 2012
  15. Israel moves to cover-up its alliance with al-Qaeda in Syria
  16. U.S. Pins Hope on Syrian Rebels With Loyalties All Over the Map
  17. Syria unrest: French journalist Gilles Jacquier killed
  18. Bishop: Syrian Christians called to "take up arms"
  19. Imbert, Louis; Evin, Florence (23 de Agosto de 2015). «A Palmyre, le temple de Baalshamin détruit à l'explosif par les djihadistes» (em francês). Le Monde. www.lemonde.fr. Consultado em 2 de setembro de 2015 
  20. Barnard, Anne; Saadaug, Hwaida (31 de agosto de 2015). «Palmyra Temple Was Destroyed by ISIS, U.N. Confirms» (em inglês). www.nytimes.com. Consultado em 2 de setembro de 2015 
  21. Assyrian Christians Battle Kurds in Syria
  22. Israel undercover: secret warfare and hidden diplomacy in the Middle East By Steve Posner, ISBN 0-8156-0220-0, ISBN 978-0-8156-0220-0, p. 2
  23. J. Becker: The PLO: The Rise and Fall of the Palestine Liberation Organization, Weidenfeld and Nicolson, 1984, p. 124 [1] qtd in [2] [3]
  24. «Articles > PLO Policy towards the Christian Community during the Civil War in Lebanon». ICT. Consultado em 5 de julho de 2012 
  25. The PLO: The Rise and Fall of the Palestine Liberation Organization, Weidenfeld and Nicolson, 1984, p. 124 [4] qtd in [5] [6]
  26. Malone, Linda A. (1985). «The Kahan Report, Ariel Sharon and the SabraShatilla Massacres in Lebanon: Responsibility Under International Law for Massacres of Civilian Populations». Utah Law Review: 373–433. Consultado em 1 de janeiro de 2013 
  27. «Beirut bomb blasts kill 23: Iranian Embassy is the target in a widening war between Shia and Sunni»  The Independent Retrieved 20 November 2013
  28. ROBERT EVANS (9 de dezembro de 2012). «Atheists around world suffer persecution, discrimination: report». Reuters (em inglês). Reuters. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  29. «ABU MUSAB AL-ZARQAWI: A BIOGRAPHICAL SKETCH». Consultado em 30 de setembro de 2007. Arquivado do original em 30 de setembro de 2007 
  30. BLOWBACK! U.S. TRAINED ISLAMISTS WHO JOINED ISIS
  31. ROBERT ROSS (5 de setembro de 2013). «Palestinian Christians under attack». Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (em inglês). Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  32. Rıza Yıldırım: Turkomans between two empires: the origins of the Qizilbāsh identity in Anatolia (1447–1514), Bilkent University, 2008, p. 126–127
  33. Rabasa, Angel; Larrabee, F. Stephen (2008). The Rise of Political Islam in Turkey. Santa Monica: RAND Corporation. ISBN 9780833044570. In the 1978 Kahramanmaraş incident, rightwing “Grey Wolves” killed about 100 left-wing Alevi activists. 
  34. Orhan Kemal Cengiz (25 de dezembro de 2012). «Why was the commemoration for the Maraş massacre banned?». Today's Zaman. This was the beginning of the massacre; later on, angry mobs lead by grey wolves scattered into the city, killing and raping hundreds of Alevis. 
  35. Rabasa, Angel; Larrabee, F. Stephen (2008). «The Rise of Political Islam in Turkey» (PDF). Defense Technical Information Center. p. 21. In the 1978 Kahramanmaraş incident, right-wing "Grey Wolves" killed about 100 left-wing Alevi activists. 
  36. «Are Christians facing extinction on the Arab street?» Massimo Franco, The Guardian, 1 de novembro de 2011
  37. «Christians in Libya face uncertainty as opposition strengthens support». Consultado em 7 de agosto de 2015. Arquivado do original em 28 de fevereiro de 2011 )
  38. «Printemps arabes? Hivers islamiques?». Consultado em 7 de agosto de 2015. Arquivado do original em 6 de julho de 2015  União de judeus progressistas da Bélgica, PAUL DELMOTTE, 1 de Dezembro de 2011.
  39. «Egito bombardeia alvos do Estado Islâmico na Líbia após 21 decapitações»  Reuters, Omar Fahmy e Yara Bayoumy, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015.
  40. «Fact Sheet: The Taliban's Betrayal of the Afghan People». Office of International Information Programs. 2001. Consultado em 12 de abril de 2012 
  41. «Massacre in yakaolang». Human Rights Watch. 2006. Consultado em 12 de abril de 2012 
  42. «Afghan powerbrokers: Who's who». BBC News. 19 de novembro de 2001. Consultado em 1 de abril de 2011 
  43. «Sunni extremist group claims Quetta bombing - Central & South Asia». Al Jazeera English. 4 de outubro de 2011. Consultado em 11 de janeiro de 2013 
  44. Death toll of twin blasts in Quetta, Pakistan rises to 82
  45. «Quetta blasts: Death toll reaches 84». Ary News. 17 de fevereiro de 2013. Consultado em 17 de fevereiro de 2013 
  46. At least 142 killed in 'Isil' bombings of Yemen Shia mosques