Fly-by-wire

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A família Airbus A320 foi a primeira dos aviões comerciais a possuir glass cockpit e um sistema de controle de voo fly-by-wire. Os únicos instrumentos analógicos eram o RMI (Radio magnetic indicator) e o indicador de pressão de freio.

Fly-by-wire ou sistema de controle por cabo elétrico é um tipo de controle por computador das superfícies móveis de um avião, que permite qualquer modificação da direção e do sentido de uma aeronave feita pelo piloto seja "filtrada" e repassada para as superfícies móveis (aileron, profundor, leme); o filtro aumenta a velocidade de reação e de manobra de uma aeronave e impede que o piloto ultrapasse os limites da célula. Do ponto de vista de projeto, a implantação do fly-by-wire tem um peso reduzido quando comparado com outras estratégias para aumentar a confiabilidade do sistema de controle, pois os sistemas de controle físicos são substituídos por cabos e comandos dados pelo que são transmitidos por sinais em um sistema computadorizado.

Esse sistema foi usado no caça F-16 Norte Americano, tendo sofrido vários problemas na fase de seu desenvolvimento (um piloto de testes morreu em um acidente relacionado). No entanto, segundo os engenheiros que participaram do projeto do F-16, seria impossível o próprio voo desta aeronave sem esse sistema, pois o projeto é aerodinamicamente instável e para se manter no ar é preciso fazer uso desse controle eletrônico. Jatos comerciais da Airbus também usam esse sistema.

A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) realizou no dia 27 de Novembro de 2012 o primeiro voo da aeronave Legacy 500, a primeira da empresa utilizar o sistema Full Fly by Wire. A empresa utiliza da tecnologia Fly by Wire nas aeronaves Legacy 450 e 500.

Nos carros também é usado um sistema semelhante, denominado drive-by-wire, onde um sistema de controle eletrônico administra os dispositivos de controle (acelerador, freio e direção de um automóvel). Esse sistema é visto em carros de alta performance (Fórmula 1, Ferrari, Mclaren,etc), tendo como exemplo o controle de tração (proibido há algumas temporadas) e o acelerador automático.

História[editar | editar código-fonte]

Avro Canada CF-105 Arrow, a primeira aeronave não experimental que voou com um sistema de controle de voo fly-by-wire

O primeiro teste com superfícies de controle operadas com servos elétricos ocorreu na década de 1930, com a aeronave soviética Tupolev ANT-20[1], onde fios e servos elétricos substituíram longas conexões mecânicas e hidráulicas.

A primeira aeronave com controles fly-by-wire puros e nenhum sistema mecânico redundante foi o Veículo de Pesquisa e de Pouso Lunar (LLRV), que voou pela primeira vez em 1964.[2]

A primeira aeronave não experimental que voou com controles de voo fly-by-wire foi o Avro Canada CF-105 Arrow,[3][4] em 1958, um feito não repetido com aeronaves de linha de produção até chegar o Concorde, em 1969. Esse sistema, que também incluía componentes em estado sólido e sistemas de redundância, foi projetado para ser integrado com um sistema de navegação computadorizado, com pesquisa automática e vigilância radar, sendo controlado por um sistema em solo através de uplink e downlink de dados e provia um sistema de sensação artificial de dureza ao piloto.[4]

Aeronave de teste F-8C Crusader com sistema fly-by-wire

O primeiro teste com uma aeronave de asa fixa usando um sistema fly-by-wire digital sem um sistema mecânico de redundância[5] a decolar (em 1972) foi um F-8 Crusader, que foi transformado eletronicamente pela NASA em uma aeronave de teste.[6] Essa aeronave foi precedida em 1964 pelo Veículo de Pesquisa e de Pouso Lunar (LLRV), que foi pioneiro no voo fly-by-wire sem sistemas de redundância mecânicos. Na União Soviética, o Sukhoi T-4 também voou. Mais ou menos na mesma época, uma variante do caça britânico Hawker Hunter foi modificada para adicionar controles de voo fly-by-wire[7] para o piloto do assento direito.

A primeira aeronave a utilizar por completo o sistema o fly-by-wire foi o caça americano General Dynamics F-16[8].

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Official site of PSC "Tupolev". One of the history page». www.tupolev.ru (em russo). Consultado em 28 de maio de 2018 
  2. «NASA - Lunar Landing Research Vehicle». www.nasa.gov (em inglês). Consultado em 28 de maio de 2018 
  3. SPUD, Władysław P (citação) (2004) [1980]. Avro Arrow: the story of the Avro Arrow from its evolution to its extinction. Erin, Ontario: Boston Mills Press. pp. 83–5. ISBN 1-55046-047-1 
  4. a b WHITCOMB, Randall L (2008). Cold War Tech War: The Politics of America's Air Defense. Burlington, Ontario: Apogee Books. pp. 134, 163. ISBN 978-1-894959-77-3 
  5. «Fly-by-wire for combat aircraft». www.flightglobal.com. 23 de agosto de 1973. Consultado em 28 de maio de 2018 
  6. Gibbs, Yvonne (5 de agosto de 2015). «NASA Armstrong Fact Sheets: F-8 Digital Fly-By-Wire Aircraft». NASA (em inglês) 
  7. «RAE Electric Hunter». Flight International. 10 de julho de 1972. Consultado em 28 de maio de 2018 
  8. D. Helfrick, Albert (2004). Electronics In The Evolution Of Flight No information ed. United States: Texas A&M University Press. p. 164