Economia feminista: diferenças entre revisões

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A '''economia feminista''' é o estudo da [[economia]] com uma perspectiva de [[gênero]]. O entendimento de que na esfera econômica há um tratamento diferente de homens e mulheres derivado de seus papéis sociais historicamente construídos é uma novidade dessa abordagem, que busca ampliar o objeto de estudo da economia. Além disso, aborda a atuação das mulheres na [[Esfera privada|esfera doméstica]] como também produzindo trabalho. Não é apenas o [[trabalho produtivo]], destinado à transação mercantil e à troca no [[mercado]], que deve ser investigado pela economia já que também existe o [[trabalho reprodutivo]].<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572018000300559&lng=pt&tlng=pt |titulo=Economia feminista: metodologias, problemas de pesquisa e propostas teóricas em prol da igualdade de gêneros |data=2018-09-XX |acessodata=2021-04-29 |jornal=Brazilian Journal of Political Economy |número=3 |ultimo=Fernandez |primeiro=Brena Paula Magno |paginas=559–583 |doi=10.1590/0101-35172018-2815 |issn=1809-4538}}</ref> Esses tópicos foram muitas vezes negligenciados como objeto de estudo do campo e como importantes para a construção das teorias econômicas, que poderiam ser refinadas ao incorporarem efeitos e interações de gênero, como os que existem entre setores assalariados e não assalariados da economia.<ref>{{Citar livro|título=Feminist economics|data=2011|editora=Edward Elgar|localização=Cheltenham, UK|isbn=9781843765684|oclc=436265344}}</ref> Nesse sentido, torna-se crucial o desenvolvimento de novas formas de [[Coleção de dados|coleta]] e medição de dados, como o indicador [[medida de empoderamento de gênero]] (GEM), assim como teorias mais conscientes do viés de gênero, como a [[abordagem das capacidades]].<ref name="intro">{{Citar livro|título=Feminist Economics: Volume 1|ultimo=Benería|primeiro=Lourdes|ultimo2=May|primeiro2=Ann Mari|ultimo3=Strassmann|primeiro3=Diana L.|editora=Edward Elgar|ano=2009|localização=Cheltenham, UK and Northampton, MA|capitulo=Introduction|isbn=9781843765684|autorlink1=Lourdes Benería|arquivourl=2013-05-27|arquivodata=https://web.archive.org/web/20130527114151/https://www.e-elgar.co.uk/bookentry_main.lasso?id=3226}}</ref>
'''Economia feminista''' faz parte do pensamento feminista, tem início na década de 90 e seu tema principal é a crítica à

não-incorporação das mulheres, de seu trabalho e de sua ação econômica pela economia.
Economistas feministas incluem pesquisadores acadêmicos, ativistas, teóricos políticas e profissionais de diversas áreas.<ref name="IAFFE">{{Citar web |url=http://www.iaffe.org/pages/about-iaffe/miss/ |titulo=IAFFE - Mission Statement |acessodata=2018-08-01 |website=www.iaffe.org |lingua=en}}</ref> Eles chamam a atenção para as [[Constructo social|construções sociais]] da economia tradicional, questionando até que ponto ela é [[Economia positiva|positiva]] e [[Objetividade (filosofia)|objetiva]], e mostrando como seus modelos e métodos são enviesados por uma atenção exclusiva aos [[Masculinidade|tópicos associados ao masculino]] e um favorecimento unilateral do masculino em suas suposições e em seus métodos.<ref name="beyond">{{Citar livro|título=Feminist Economics Today: Beyond Economic Man|ultimo=Ferber|primeiro=Marianne A.|ultimo2=Nelson, Julie A.|editora=Univ. of Chicago Press|ano=2003|localização=Chicago|páginas=1–32|capitulo=Beyond Economic Man, Ten Years Later|isbn=978-0-226-24206-4|autorlink=Julie A. Nelson|autorlink1=Marianne Ferber}}</ref> <ref name="nelson1">{{Citar periódico |url=http://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/jep.9.2.131 |titulo=Feminism and Economics |data=Spring 1995 |ultimo=Nelson |primeiro=Julie A. |autorlink=Julie A. Nelson |paginas=131–148 |doi=10.1257/jep.9.2.131 |jstor=2138170 |volume=9 |journal=The Journal of Economic Perspectives}}</ref> Enquanto a economia tradicionalmente se concentrava nos mercados e nas ideias masculinas de autonomia, abstração e lógica, os economistas feministas pedem uma investigação mais completa da vida econômica, incluindo tópicos [[Feminilidade|culturalmente vistos como femininos]], como [[Economia da família|economia familiar]], e o exame da importância das conexões, concretude, e emoção na explicação de fenômenos econômicos.<ref name="beyond" />

Muitos estudiosos, incluindo [[Ester Boserup]], [[Marianne Ferber]], [[Julie A. Nelson]], [[Marilyn Waring]], [[Nancy Folbre]], [[Diane Elson]], [[Barbara Bergmann]] e [[Ailsa McKay]] contribuíram para o desenvolvimento do campo da economia feminista. O livro de 1988 de Waring, ''If Women Counted,'' é frequentemente considerado o "documento fundador" da disciplina.<ref>{{Citar web |ultimo=Langeland |primeiro=Terje |url=https://www.bloomberg.com/news/2013-06-18/women-unaccounted-for-in-global-economy-proves-waring-influence.html |titulo=Women Unaccounted for in Global Economy Proves Waring Influence |data=18 June 2013 |acessodata=18 June 2013 |publicado=[[Bloomberg L.P.|Bloomberg]] |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130622033219/http://www.bloomberg.com/news/2013-06-18/women-unaccounted-for-in-global-economy-proves-waring-influence.html |arquivodata=22 June 2013}}</ref> <ref name="Nelson2014">{{Citar livro|título=Counting on Marilyn Waring: New Advances in Feminist Economics|ultimo=Nelson|primeiro=Julie A.|editora=[[Demeter Press]]|ano=2014|editor-sobrenome=Bjørnholt|editor-link=Margunn Bjørnholt|localização=Bradford|páginas=ix–x|capitulo=Foreword|isbn=9781927335277|autorlink=Julie A. Nelson|editor-sobrenome2=McKay|editor-link2=Ailsa McKay}}</ref> Na década de 1990, a economia feminista havia se tornado suficientemente reconhecida como um subcampo estabelecido dentro da economia para gerar oportunidades de publicação de livros e artigos para seus praticantes.<ref name="peterson">{{Citar livro|título=The Elgar companion to feminist economics|ultimo=Peterson|primeiro=Janice|ultimo2=Lewis|primeiro2=Margaret|editora=Edward Elgar|ano=1999|localização=Cheltenham, UK Northampton, MA|isbn=9781858984537}}</ref>


"O leque de temas analisados pela economia feminista é amplo e abarca diferentes aspectos da participação das mulheres no mercado de trabalho, as problemáticas sobre as políticas econômicas e seus efeitos na vida das mulheres, a própria definição de trabalho e economia, a relação entre orçamentos públicos e a manutenção dos estereótipos e desigualdades de gênero, a elaboração de políticas públicas orientadas pela igualdade, novos enfoques e metodologias para a produção de estatísticas, entre outros." <ref>Nobre, M. N. P., Miguel, M. M., Moreno, R., Freitas, T. V. ''Economia feminista e soberania alimentar.'' SOF. p.12. Disponível em: http://www.sof.org.br/artigos/economia-feminista-e-soberania-alimentar-avan%C3%A7os-e-desafios.</ref>
"O leque de temas analisados pela economia feminista é amplo e abarca diferentes aspectos da participação das mulheres no mercado de trabalho, as problemáticas sobre as políticas econômicas e seus efeitos na vida das mulheres, a própria definição de trabalho e economia, a relação entre orçamentos públicos e a manutenção dos estereótipos e desigualdades de gênero, a elaboração de políticas públicas orientadas pela igualdade, novos enfoques e metodologias para a produção de estatísticas, entre outros." <ref>Nobre, M. N. P., Miguel, M. M., Moreno, R., Freitas, T. V. ''Economia feminista e soberania alimentar.'' SOF. p.12. Disponível em: http://www.sof.org.br/artigos/economia-feminista-e-soberania-alimentar-avan%C3%A7os-e-desafios.</ref>


== Modelo Econômico atual ==
== Desenvolvimento do campo ==
[[Ficheiro:Ms._magazine_Cover_-_Spring_1972.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Na primeira edição de 1972 da ''[[Ms. (revista)|revista Ms]]''[[Ms. (revista)|.]], [[Jane O'Reilly]] examinou a economia feminista em um artigo]]
Como em outras disciplinas, a ênfase inicial dos economistas feministas voltou-se para a crítica da teoria, da metodologia e das abordagens políticas estabelecidas. A crítica começou na esfera [[Microeconomia|microeconômica]] do trabalho doméstico e do [[Economia do trabalho|mercado de trabalho]] e se espalhou para a [[macroeconomia]] e [[Comércio internacional|o comércio internacional]], abrangendo, portanto, todas as áreas tradicionalmente analisadas pela economia.<ref name="peterson3">{{Citar livro|título=The Elgar companion to feminist economics|ultimo=Peterson|primeiro=Janice|ultimo2=Lewis|primeiro2=Margaret|editora=Edward Elgar|ano=1999|localização=Cheltenham, UK Northampton, MA|isbn=9781858984537}}</ref> A economia feminista compartilha muitas de suas perspectivas com a [[economia ecológica]] e o campo mais aplicado da [[economia verde]], incluindo o foco na [[sustentabilidade]], [[natureza]], justiça e valores baseados no cuidado.<ref>{{Citar livro|título=Counting on Marilyn Waring: New Advances in Feminist Economics|ultimo=Aslaksen|primeiro=Iulie|ultimo2=Bragstad|primeiro2=Torunn|ultimo3=Ås|primeiro3=Berit|editora=[[Demeter Press]]|ano=2014|editor-sobrenome=Bjørnholt|editor-link=Margunn Bjørnholt|localização=Bradford|páginas=21–36|capitulo=Feminist Economics as Vision for a Sustainable Future|isbn=9781927335277|autorlink1=Iulie Aslaksen|editor-sobrenome2=McKay|editor-link2=Ailsa McKay}}</ref>

Escrito em 1969 e posteriormente publicado no ''Houseworker's Handbook'', Betsy Warrior's ''Housework: Slavery or a Labor of Love e The Source of Leisure Time''<ref>{{Citar web |url=https://www2.cambridgema.gov/Historic/CWHP/bios_w.html |titulo=Cambridge Women's Heritage Project Database, W |website=www2.cambridgema.gov}}</ref> apresenta o argumento de que a [[Trabalho reprodutivo|produção e reprodução do trabalho doméstico realizado por mulheres]] constitui a base de todas as transações econômicas e da sobrevivência. Contudo, esse tipo de trabalho não é remunerado e também não é incluído no [[PIB]].<ref>Radical Feminism: A Documentary Reader, By Barbara A. Crow, Housework: Slavery or a Labor of Love, p 530, NYU Press 2000</ref> De acordo com Warrior, na década de 1960, a economia "carece de qualquer base na realidade, pois deixa de fora o próprio fundamento da vida econômica. Essa base é construída sobre o trabalho das mulheres". Isso é visível, argumenta, no trabalho reprodutivo da vida em si, no qual a primeira mercadoria é o leite materno, que sustenta todo novo trabalhador. Além disso, "o trabalho das mulheres envolve a limpeza necessária dos ambientes, cozinhar para tornar as matérias-primas consumíveis, negociar para manter a estabilidade social e alimentar". São esses aspectos, fundamentalmente, que preparam e mantêm o trabalhador no mercado. Em suma, esses elementos requerem uma atenção "contínua das mulheres, permitindo que os trabalhadores ocupem todas as posições na força de trabalho. Sem esse trabalho e mercadoria fundamentais, não haveria atividade econômica nem teríamos sobrevivido para continuar a evoluir".<ref>http://www.ncdsv.org/images/BH_Modest-Herstory-of-Besty-Warrior_8-2013.pdf</ref>

Warrior também observa que a renda não reconhecida dos homens de atividades ilegais como [[tráfico de armas]], [[Narcotráfico|de drogas]] e [[Tráfico de pessoas|de pessoas]], [[corrupção política]], emolumentos religiosos e várias outras atividades fornece um rico fluxo de receita para os homens, o que invalida ainda mais os números do PIB. <ref>Houseworker's Handbook, Slavery or a Labor of love and The Source of Leisure Time, 1972</ref> Mesmo em economias clandestinas onde as mulheres predominam numericamente, como [[prostituição]] e servidão doméstica, apenas uma pequena fração da receita do [[cafetão]] chega às mulheres e crianças que ele emprega. Normalmente, a quantia gasta com elas é meramente para a manutenção de suas vidas e, no caso das [[prostitutas]], algum dinheiro pode ser gasto em roupas e acessórios que as tornem mais vendáveis aos clientes do cafetão. Por exemplo, apenas nos EUA, de acordo com um relatório encomendado pelo governo feito pelo Urban Institute em 2014, "uma prostituta de rua em Dallas pode ganhar apenas US $ 5 por ato sexual. Mas cafetões podem arrecadar US $ 33.000 por semana em Atlanta, onde o negócio do sexo rende cerca de US $ 290 milhões por ano".<ref>{{Citar jornal |ultimo=Lowrey |primeiro=Annie |url=https://www.nytimes.com/2014/03/12/us/in-depth-report-details-economics-of-sex-trade.html |titulo=In-Depth Report Details Economics of Sex Trade |data=12 March 2014 |website=The New York Times}}</ref>

Em 1970, [[Ester Boserup]] publicou ''Woman's Role in Economic Development'' e forneceu o primeiro exame sistemático dos efeitos de gênero trazidos pela transformação agrícola, [[industrialização]] e outras mudanças estruturais. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=EzXxQOf77K0C&pg=PP1|título=Woman's Role in Economic Development|ultimo=Boserup|primeiro=Ester|editora=St. Martin's Press|ano=1970|localização=New York|isbn=978-1-84407-392-4|autorlink=Ester Boserup}}</ref> Essa evidência iluminou os resultados negativos que essas mudanças tiveram para as mulheres. Este trabalho, entre outros, lançou as bases para a ampla afirmação de que "mulheres e homens resistem à tempestade dos choques macroeconômicos, das políticas [[neoliberais]] e das forças da [[globalização]] de maneiras diferentes". <ref name="berik">{{Citation|last=Berik|first1=Günseli|title=Feminist economics|pages=Vol III, Part 1, B.12|year=2011|editor1=Benería|contribution=Engendering development strategies and macroeconomic policies: what's sound and sensible?|place=Cheltenham, UK Northampton, Massachusetts|publisher=Edward Elgar|isbn=9781843765684|last2=Rodgers|first2=Yana van der Meulen|editor-first=May}} [http://www.unrisd.org/80256B3C005BCCF9/(httpAuxPages)/91E1E3A0620D9D72C12578D5005447DA/$file/1BerikRodgers.pdf (Pdf version).]</ref>

Em 1988, [[Marilyn Waring]] publicou ''If Women Counted: A New Feminist Economics'', uma crítica inovadora e sistemática da [[contabilidade social]], ao padrão internacional de medição do crescimento econômico e às formas pelas quais o trabalho feminino não remunerado assim como valor da [[natureza]] foram excluídos do que foi considerado produtivo na economia.<ref name="Nelson20142">{{Citar livro|título=Counting on Marilyn Waring: New Advances in Feminist Economics|ultimo=Nelson|primeiro=Julie A.|editora=[[Demeter Press]]|ano=2014|editor-sobrenome=Bjørnholt|editor-link=Margunn Bjørnholt|localização=Bradford|páginas=ix–x|capitulo=Foreword|isbn=9781927335277|autorlink=Julie A. Nelson|editor-sobrenome2=McKay|editor-link2=Ailsa McKay}}</ref>

Apoiado pela formação do Comitê sobre o Status das Mulheres na Economia (CSWEP), em 1972, surgiram, nas décadas de 1970 e 1980, críticas ancoradas na perspectiva de gênero da economia como vinha sendo praticada enquanto disciplina acadêmica. Foram também importantes o surgimento subsequente do [[Alternativas de desenvolvimento com mulheres para uma nova era|Alternativas de Desenvolvimento para Mulheres na Nova Era]] (DAWN) e a fundação da [[Economia feminista|Associação Internacional para a Economia Feminista]] em 1992, junto com seu jornal ''[[Economia Feminista (jornal)|Feminist Economics]]'' em 1994.<ref name="intro2">{{Citar livro|título=Feminist Economics: Volume 1|ultimo=Benería|primeiro=Lourdes|ultimo2=May|primeiro2=Ann Mari|ultimo3=Strassmann|primeiro3=Diana L.|editora=Edward Elgar|ano=2009|localização=Cheltenham, UK and Northampton, MA|capitulo=Introduction|isbn=9781843765684|autorlink1=Lourdes Benería|arquivourl=2013-05-27|arquivodata=https://web.archive.org/web/20130527114151/https://www.e-elgar.co.uk/bookentry_main.lasso?id=3226}}</ref><ref name="beyond2">{{Citar livro|título=Feminist Economics Today: Beyond Economic Man|ultimo=Ferber|primeiro=Marianne A.|ultimo2=Nelson, Julie A.|editora=Univ. of Chicago Press|ano=2003|localização=Chicago|páginas=1–32|capitulo=Beyond Economic Man, Ten Years Later|isbn=978-0-226-24206-4|autorlink=Julie A. Nelson|autorlink1=Marianne Ferber}}</ref>

== Críticas à economia tradicional ==
O modelo de economia existente no mundo hoje é totalmente desfavorável às mulheres, posto que foi construído nos moldes do pensamento patriarcal, de forma excludente, negando à mulher a participação no mercado formal como agente econômico. Mesmo após a entrada das mulheres no mercado de trabalho, a economia continua ignorando a importância do trabalho doméstico e dos cuidados do cotidiano, trabalho este que têm sido socialmente atribuído às mulheres.
O modelo de economia existente no mundo hoje é totalmente desfavorável às mulheres, posto que foi construído nos moldes do pensamento patriarcal, de forma excludente, negando à mulher a participação no mercado formal como agente econômico. Mesmo após a entrada das mulheres no mercado de trabalho, a economia continua ignorando a importância do trabalho doméstico e dos cuidados do cotidiano, trabalho este que têm sido socialmente atribuído às mulheres.
Desta forma, "os custos com a produção do viver recaem sobre as mulheres, já que não são incorporados nem por quem
Desta forma, "os custos com a produção do viver recaem sobre as mulheres, já que não são incorporados nem por quem
emprega, nem pelo Estado e, tampouco, pelos homens no ambiente doméstico." (Economia feminista e soberania alimentar, p.&nbsp;12.)
emprega, nem pelo Estado e, tampouco, pelos homens no ambiente doméstico."<ref>{{citar livro|url=http://sof2.tempsite.ws/wp-content/uploads/2015/07/ECONOMIA-FEMINISTA-E-SOBERANIA-ALIMENTAR.pdf|título=Economia feminista e soberania alimentar|ultimo=Nobre|primeiro=Miriam Nobre Pacheco|ultimo2=Miguel|primeiro2=Maysa Mourão|ultimo3=Moreno|primeiro3=Renata|ultimo4=Freitas|primeiro4=Tais Viudes de|editora=Oxfan|ano=2015|página=12}}</ref>


== Produção x Reprodução ==
== Produção x Reprodução ==
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[[Categoria:Feminismo]]
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[[Categoria:!Wikiconcurso Casa Brasileira (artigos)]]
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[[Categoria:Escolas de pensamento econômico]]

Revisão das 23h20min de 29 de abril de 2021

A economia feminista é o estudo da economia com uma perspectiva de gênero. O entendimento de que na esfera econômica há um tratamento diferente de homens e mulheres derivado de seus papéis sociais historicamente construídos é uma novidade dessa abordagem, que busca ampliar o objeto de estudo da economia. Além disso, aborda a atuação das mulheres na esfera doméstica como também produzindo trabalho. Não é apenas o trabalho produtivo, destinado à transação mercantil e à troca no mercado, que deve ser investigado pela economia já que também existe o trabalho reprodutivo.[1] Esses tópicos foram muitas vezes negligenciados como objeto de estudo do campo e como importantes para a construção das teorias econômicas, que poderiam ser refinadas ao incorporarem efeitos e interações de gênero, como os que existem entre setores assalariados e não assalariados da economia.[2] Nesse sentido, torna-se crucial o desenvolvimento de novas formas de coleta e medição de dados, como o indicador medida de empoderamento de gênero (GEM), assim como teorias mais conscientes do viés de gênero, como a abordagem das capacidades.[3]

Economistas feministas incluem pesquisadores acadêmicos, ativistas, teóricos políticas e profissionais de diversas áreas.[4] Eles chamam a atenção para as construções sociais da economia tradicional, questionando até que ponto ela é positiva e objetiva, e mostrando como seus modelos e métodos são enviesados por uma atenção exclusiva aos tópicos associados ao masculino e um favorecimento unilateral do masculino em suas suposições e em seus métodos.[5] [6] Enquanto a economia tradicionalmente se concentrava nos mercados e nas ideias masculinas de autonomia, abstração e lógica, os economistas feministas pedem uma investigação mais completa da vida econômica, incluindo tópicos culturalmente vistos como femininos, como economia familiar, e o exame da importância das conexões, concretude, e emoção na explicação de fenômenos econômicos.[5]

Muitos estudiosos, incluindo Ester Boserup, Marianne Ferber, Julie A. Nelson, Marilyn Waring, Nancy Folbre, Diane Elson, Barbara Bergmann e Ailsa McKay contribuíram para o desenvolvimento do campo da economia feminista. O livro de 1988 de Waring, If Women Counted, é frequentemente considerado o "documento fundador" da disciplina.[7] [8] Na década de 1990, a economia feminista havia se tornado suficientemente reconhecida como um subcampo estabelecido dentro da economia para gerar oportunidades de publicação de livros e artigos para seus praticantes.[9]

"O leque de temas analisados pela economia feminista é amplo e abarca diferentes aspectos da participação das mulheres no mercado de trabalho, as problemáticas sobre as políticas econômicas e seus efeitos na vida das mulheres, a própria definição de trabalho e economia, a relação entre orçamentos públicos e a manutenção dos estereótipos e desigualdades de gênero, a elaboração de políticas públicas orientadas pela igualdade, novos enfoques e metodologias para a produção de estatísticas, entre outros." [10]

Desenvolvimento do campo

Na primeira edição de 1972 da revista Ms., Jane O'Reilly examinou a economia feminista em um artigo

Como em outras disciplinas, a ênfase inicial dos economistas feministas voltou-se para a crítica da teoria, da metodologia e das abordagens políticas estabelecidas. A crítica começou na esfera microeconômica do trabalho doméstico e do mercado de trabalho e se espalhou para a macroeconomia e o comércio internacional, abrangendo, portanto, todas as áreas tradicionalmente analisadas pela economia.[11] A economia feminista compartilha muitas de suas perspectivas com a economia ecológica e o campo mais aplicado da economia verde, incluindo o foco na sustentabilidade, natureza, justiça e valores baseados no cuidado.[12]

Escrito em 1969 e posteriormente publicado no Houseworker's Handbook, Betsy Warrior's Housework: Slavery or a Labor of Love e The Source of Leisure Time[13] apresenta o argumento de que a produção e reprodução do trabalho doméstico realizado por mulheres constitui a base de todas as transações econômicas e da sobrevivência. Contudo, esse tipo de trabalho não é remunerado e também não é incluído no PIB.[14] De acordo com Warrior, na década de 1960, a economia "carece de qualquer base na realidade, pois deixa de fora o próprio fundamento da vida econômica. Essa base é construída sobre o trabalho das mulheres". Isso é visível, argumenta, no trabalho reprodutivo da vida em si, no qual a primeira mercadoria é o leite materno, que sustenta todo novo trabalhador. Além disso, "o trabalho das mulheres envolve a limpeza necessária dos ambientes, cozinhar para tornar as matérias-primas consumíveis, negociar para manter a estabilidade social e alimentar". São esses aspectos, fundamentalmente, que preparam e mantêm o trabalhador no mercado. Em suma, esses elementos requerem uma atenção "contínua das mulheres, permitindo que os trabalhadores ocupem todas as posições na força de trabalho. Sem esse trabalho e mercadoria fundamentais, não haveria atividade econômica nem teríamos sobrevivido para continuar a evoluir".[15]

Warrior também observa que a renda não reconhecida dos homens de atividades ilegais como tráfico de armas, de drogas e de pessoas, corrupção política, emolumentos religiosos e várias outras atividades fornece um rico fluxo de receita para os homens, o que invalida ainda mais os números do PIB. [16] Mesmo em economias clandestinas onde as mulheres predominam numericamente, como prostituição e servidão doméstica, apenas uma pequena fração da receita do cafetão chega às mulheres e crianças que ele emprega. Normalmente, a quantia gasta com elas é meramente para a manutenção de suas vidas e, no caso das prostitutas, algum dinheiro pode ser gasto em roupas e acessórios que as tornem mais vendáveis aos clientes do cafetão. Por exemplo, apenas nos EUA, de acordo com um relatório encomendado pelo governo feito pelo Urban Institute em 2014, "uma prostituta de rua em Dallas pode ganhar apenas US $ 5 por ato sexual. Mas cafetões podem arrecadar US $ 33.000 por semana em Atlanta, onde o negócio do sexo rende cerca de US $ 290 milhões por ano".[17]

Em 1970, Ester Boserup publicou Woman's Role in Economic Development e forneceu o primeiro exame sistemático dos efeitos de gênero trazidos pela transformação agrícola, industrialização e outras mudanças estruturais. [18] Essa evidência iluminou os resultados negativos que essas mudanças tiveram para as mulheres. Este trabalho, entre outros, lançou as bases para a ampla afirmação de que "mulheres e homens resistem à tempestade dos choques macroeconômicos, das políticas neoliberais e das forças da globalização de maneiras diferentes". [19]

Em 1988, Marilyn Waring publicou If Women Counted: A New Feminist Economics, uma crítica inovadora e sistemática da contabilidade social, ao padrão internacional de medição do crescimento econômico e às formas pelas quais o trabalho feminino não remunerado assim como valor da natureza foram excluídos do que foi considerado produtivo na economia.[20]

Apoiado pela formação do Comitê sobre o Status das Mulheres na Economia (CSWEP), em 1972, surgiram, nas décadas de 1970 e 1980, críticas ancoradas na perspectiva de gênero da economia como vinha sendo praticada enquanto disciplina acadêmica. Foram também importantes o surgimento subsequente do Alternativas de Desenvolvimento para Mulheres na Nova Era (DAWN) e a fundação da Associação Internacional para a Economia Feminista em 1992, junto com seu jornal Feminist Economics em 1994.[21][22]

Críticas à economia tradicional

O modelo de economia existente no mundo hoje é totalmente desfavorável às mulheres, posto que foi construído nos moldes do pensamento patriarcal, de forma excludente, negando à mulher a participação no mercado formal como agente econômico. Mesmo após a entrada das mulheres no mercado de trabalho, a economia continua ignorando a importância do trabalho doméstico e dos cuidados do cotidiano, trabalho este que têm sido socialmente atribuído às mulheres. Desta forma, "os custos com a produção do viver recaem sobre as mulheres, já que não são incorporados nem por quem emprega, nem pelo Estado e, tampouco, pelos homens no ambiente doméstico."[23]

Produção x Reprodução

Questiona-se a divisão sexual do trabalho que atribui: Aos homens a atividade produtiva, relativa à produção de mercadorias e bens de consumo - visível, pública, reconhecida, remunerada. Às mulheres a atividade reprodutiva, relativa ao cuidado com as pessoas - invisível, privada, não reconhecida, não remunerada.

Esta divisão sexual do trabalho não é algo natural, mas socialmente construída por longos tempos de patriarcalismo. Como se não bastasse, cria-se uma hierarquia na qual o trabalho produtivo é valorizado em detrimento do trabalho reprodutivo, ao qual não é atribuído valor econômico. Esta hierarquia corrobora para a manutenção da opressão ao gênero feminino.

Ao entrar no mercado de trabalho, por meio das lutas feministas, a mulher pode atualmente exercer o trabalho produtivo, mas não está desobrigada do trabalho reprodutivo, recebendo pouca ou nenhuma colaboração do homem. Desta forma, eles têm seu tempo livre para dedicar-se à economia formal, enquanto elas enfrentam a dupla jornada de trabalho. Isto torna as oportunidades das mulheres menores em relação às dos homens e faz com que haja mais pobreza entre o gênero feminino.

A economia feminista propõe que as atividades de reprodução (trabalho doméstico e familiar) sejam tratadas com a mesma importância das atividades de produção, pois são parte integrante da economia, sem as quais o mercado de trabalho não poderia funcionar.

Invisibilidade feminina

Questiona-se a invisibilidade do trabalho das mulheres. O trabalho feminino, muitas vezes associado à atividades privadas, como as atividades domésticas, o cuidado de crianças, idosos, doentes e deficientes físicos não é contabilizado pelo mercado de trabalho formal, por não ser considerado uma atividade econômica. Desta forma, a energia e tempo que uma mulher dedica ao cuidado do lar e de outras pessoas são ignorados como se esta forma de trabalho não tivesse nenhuma importância econômica ou social.

PIB

Uma questão proeminente que as economistas feministas investigam é o quanto o Produto Interno Bruto (PIB) não mede adequadamente o trabalho não pago realizado predominantemente por mulheres, tal como trabalhos domésticos, cuidados com crianças e idosos.[24] Visto que grande parte do trabalho feminino é declarado como invisível, argumentam que políticas pensadas para incrementar o PIB podem, em muitos casos, realmente piorar a situação de pobreza das mulheres, mesmo se a intenção era incrementar a prosperidade. Por exemplo, abrir uma reserva florestal estatal no Himalaia para a exploração por madeireiras pode incrementar o PIB da Índia, mas as mulheres que apanham lenha da floresta para cozinhar podem ter de encarar condições de vida substancialmente mais adversas.

Importância de um novo modelo de economia

Faz-se necessário mudar o enfoque da economia. Olhar para a economia do ponto de vista puramente material, focado apenas no lucro, causa uma distorção do que seja o bem estar social. Este não pode ser medido apenas pelo PIB de um país, pelo acúmulo de riquezas, pelo aumento dos lucros ou pela circulação do dinheiro.

Há que se considerar que as atividades domésticas e suas relações de cuidado e afeto são de fundamental importância para o bem estar da sociedade e desenvolvimento do ser humano, caracterizando-se assim como atividades de suma importância política e econômica, sem as quais não seria possível que a sociedade continuasse a existir com alguma qualidade de vida.

"(...) é necessário transcender das categorias que refletem a forma como os homens entram na economia capitalista, contribuindo e desenvolvendo ferramentas mais adequadas para compreender melhor as atividades que implicam cuidados e afetos, que são realizadas especialmente por mulheres e que normalmente têm sido caracterizada como “não trabalho”."[25]

Referências

  1. Fernandez, Brena Paula Magno (2018-09-XX). «Economia feminista: metodologias, problemas de pesquisa e propostas teóricas em prol da igualdade de gêneros». Brazilian Journal of Political Economy (3): 559–583. ISSN 1809-4538. doi:10.1590/0101-35172018-2815. Consultado em 29 de abril de 2021  Verifique data em: |data= (ajuda)
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