Paralisia de Bell: diferenças entre revisões

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A '''paralisia de Bell''' é uma [[paralisia]] do [[nervo facial]] ([[nervo craniano]] VII) que resulta em inabilidade para controlar os [[músculo]]s faciais no lado afetado. Várias condições podem causar uma [[paralisia facial]], por exemplo, [[tumor]] cerebral, [[derrame]] e [[doença de Lyme]]. Porém, se nenhuma causa específica pode ser identificada, a condição é conhecida como paralisia de Bell. Nomeada pelo anatomista escocês [[Charles Bell]], que primeiro descreveu-a, a paralisia de Bell é a [[mononeuropatia]] aguda mais comum ([[doença]] que envolve só um [[nervo]]), e é a causa mais comum de paralisia aguda de nervo facial.


A '''paralisia de Bell''' é um tipo de [[paralisia facial]] que resulta em uma incapacidade temporária de controlar os [[Músculo|músculos faciais]] no lado afetado do rosto.<ref name="N">{{citar web |url=http://www.ninds.nih.gov/disorders/bells/detail_bells.htm |titulo=Bell's Palsy Fact Sheet |data=5 de fevereiro de 2016 |acessodata=23 de outubro de 2021 |website=NINDS |lingua=en |titulotrad=Ficha informativa sobre paralisia de Bell |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110408004237/http://www.ninds.nih.gov/disorders/bells/detail_bells.htm |arquivodata=8 de abril de 2011 |urlmorta=no}}</ref> Os sintomas podem variar de leve a grave.<ref name="N"/> Eles podem incluir contração muscular, fraqueza ou perda total da capacidade de mover um ou, em casos raros, ambos os lados do rosto.<ref name="N"/> Outros sintomas incluem a [[Ptose|queda da pálpebra]], alteração do [[paladar]] e dor ao redor da orelha. Normalmente, os sintomas aparecem em 48 horas.<ref name="N"/> A paralisia de Bell pode desencadear uma sensibilidade aumentada ao som conhecido como [[hiperacusia]].<ref>{{citar livro|url=https://neuroscience5e.sinauer.com/index.html|título=Neuroscience|ultimo=Purves|primeiro=Dale|editora=Sinauer|ano=2012|edicao=5ª|local=[[Sunderland (Massachusetts)]]|página=283|titulotrad=Neurociência|isbn=9780878936953|acessodata=23 de outubro de 2021|arquivourl=http://web.archive.org/web/20210309075926/https://neuroscience5e.sinauer.com/index.html|arquivodata=9 de março de 2021}}</ref>
A paralisia de Bell é definida como paralisia de [[nervo facial]] unilateral idiopática (sem causa conhecida), de inicio rápido, geralmente em 2 dias.


A causa da paralisia de Bell é desconhecida.<ref name="N"/> Os fatores de risco incluem [[Diabetes mellitus|diabetes]], recente [[infecção do trato respiratório superior]] e [[gravidez]].<ref name="N"/><ref>{{Citar jornal |ultimo=Hussain |primeiro=Ahsen |ultimo2=Nduka |primeiro2=Charles |url=https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/01443615.2016.1256973 |titulo=Bell's facial nerve palsy in pregnancy: a clinical review |data=Maio de 2017 |acessodata=23 de outubro de 2021 |publicado=Journal of Obstetrics and Gynaecology |paginas=409-415 |lingua=en |titulotrad=Paralisia do nervo facial de Bell na gravidez: uma revisão clínica |doi=10.1080/01443615.2016.1256973 |issn=1364-6893 |pmid=28141956 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20211023193323/https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/01443615.2016.1256973 |arquivodata=23 de outubro de 2021 |urlmorta=no |edicao=4ª |volume=37}}</ref> Resulta de uma disfunção do [[nervo facial]] ([[nervo craniano]] VII)<ref name="N"/> Muitos acreditam que isso se deve a uma infecção viral que resulta em inchaço.<ref name="N"/> O diagnóstico é baseado na aparência da pessoa e descartando outras causas possíveis.<ref name="N"/> Outras condições que podem causar fraqueza facial incluem [[tumor cerebral]], [[acidente vascular cerebral]], [[síndrome de Ramsay Hunt tipo 2]], [[miastenia grave]] e [[doença de Lyme]].<ref name ="T">{{Citar jornal |ultimo=Fuller |primeiro=Geraint |ultimo2=Morgan |primeiro2=Cathy |url=https://pn.bmj.com/content/16/6/439 |titulo=Bell's palsy syndrome: mimics and chameleons |data=Dezembro de 2016 |acessodata=23 de outubro de 2021 |publicado=Practical Neurology |paginas=439–444 |lingua=en |titulotrad=Síndrome da paralisia de Bell: mímicos e camaleões |doi=10.1136/practneurol-2016-001383 |pmid=27034243 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20210427155245/https://pn.bmj.com/content/16/6/439 |arquivodata=27 de abril de 2021 |urlmorta=no |edicao=6ª |volume=16}}</ref>
Acredita-se que é uma condição inflamatória que leva ao inchaço do nervo facial. Acredita-se que o inchaço do nervo e sua compressão no estreito canal ósseo do crânio atrás da orelha possam levar à inibição, lesão ou morte do nervo. Nenhuma causa prontamente identificável para a paralisia de Bell foi encontrada até hoje.


A condição normalmente melhora sozinha com a maioria atingindo a função normal ou quase normal.<ref name="N"/> Verificou-se que os [[Corticosteróides|corticosteroides]] melhoram os resultados, enquanto os [[Antiviral|medicamentos antivirais]] podem ter um pequeno benefício adicional.<ref>{{Citar jornal |ultimo=Gagyor |primeiro=Ildiko |ultimo2=Madhok |primeiro2=Vishnu B |url=https://discovery.dundee.ac.uk/ws/files/743606/Lockhart_2010.pdf |titulo=Antiviral treatment for Bell's palsy (idiopathic facial paralysis) |data=Novembro de 2015 |acessodata=23 de outubro de 2021 |publicado=The Cochrane Database of Systematic Reviews |paginas=CD001869 |titulotrad=Tratamento antiviral para paralisia de Bell (paralisia facial idiopática) |doi=10.1002/14651858.CD001869.pub8 |pmid=26559436 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20210224123552/https://discovery.dundee.ac.uk/ws/files/743606/Lockhart_2010.pdf |arquivodata=24 de fevereiro de 2021 |ultimo3=Daly |primeiro3=Fergus |ultimo4=Somasundara |primeiro4=Dhruvashree |ultimo5=Sullivan |primeiro5=Michael |ultimo6=Gammie |primeiro6=Fiona |ultimo7=Sullivan |primeiro7=Frank |edicao=11ª}}</ref> O olho deve ser protegido contra ressecamento com o uso de [[colírio]] ou [[Tapa-olho|tapa-olhos]].<ref name="N"/> A cirurgia geralmente não é recomendada.<ref name="N"/> Frequentemente, os sinais de melhora começam em 14 dias, com recuperação completa em seis meses.<ref name="N"/> Alguns podem não se recuperar completamente ou apresentar recorrência dos sintomas.<ref name="N"/>
Os médicos podem prescrever drogas [[anti-inflamatórias]] e [[antivirais]]. O tratamento precoce é necessário para que a terapia medicamentosa tenha efeito. O efeito do tratamento ainda é controverso.


A paralisia de Bell é a causa mais comum de paralisia do nervo facial unilateral (70%).<ref name ="T"/><ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=JczaAgAAQBAJ&pg=PA138&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=Primary Care ENT, An Issue of Primary Care: Clinics in Office Practice|ultimo=Dickson|primeiro=Gretchen|editora=Elsevier Health Sciences|ano=2014|página=138|lingua=inglês|titulotrad=Otorrinolaringologia da Atenção Básica, Uma Questão da Atenção Básica: Clínicas na Prática de Consultório|isbn=978-0323287173|acessodata=23 de outubro de 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160820202912/https://books.google.ca/books?id=JczaAgAAQBAJ&pg=PA138|arquivodata=20 de agosto de 2020|urlmorta=não}}</ref> Ocorre em 1 a 4 por 10.000 pessoas por ano.<ref name ="T"/> Cerca de 1,5% das pessoas são afetadas em algum momento de suas vidas.<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=vyLYBAAAQBAJ&pg=PA46|título=Atlas of Surgery of the Facial Nerve: An Otolaryngologist's Perspective|ultimo=Grewal|primeiro=D. S.|editora=Jaypee Brothers Publishers|ano=2014|página=46|lingua=inglês|titulotrad=Atlas de Cirurgia do Nervo Facial: Perspectiva do Otorrinolaringologista|isbn=978-9350905807|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160820201510/https://books.google.ca/books?id=vyLYBAAAQBAJ&pg=PA46|arquivodata=20 de agosto de 2016}}</ref> Ocorre mais comumente em pessoas entre 15 e 60 anos.<ref name="N"/> Homens e mulheres são afetados igualmente.<ref name="N"/> Seu nome é uma homenagem ao cirurgião escocês [[Charles Bell]] (1774-1842), que descreveu pela primeira vez a conexão do nervo facial com a condição.<ref name="N"/>
A maioria das pessoas se recupera espontaneamente e volta a ter funções normais ou próximas do normal. Muitos podem demonstrar sinais de melhora em até 10 dias após do início da paralisia, mesmo sem tratamento.

Geralmente a pessoa não consegue, devido à paralisia, fechar o [[olho]] no lado afetado. Este olho deve ser protegido para que não seque, ou a sua [[córnea]] pode se tornar permanentemente lesada, resultando em problemas de visão.

A incidência anual da paralisia de Bell é de cerca de 20 afetados para cada 100.000 habitantes. A doença costuma ocorrer mais em [[gravidez|grávidas]] e [[diabetes mellitus|diabéticos]].


==Fisiopatologia==
==Fisiopatologia==
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[[Imagem:Cranial nerve VII.svg|thumb|240px|[[Nervo facial]]: os núcleos do nervo facial estão no [[tronco cerebral]] (eles estão representados na ilustração como „θ“). <br><br>Em laranja: nervos oriundos do hemisfério esquerdo do cérebro <br>Em amarelo: nervos oriundos do hemisfério direito do cérebro. <br><br>Obs.: Observe que a inervação da testa recebe fibras de ambos hemisférios cerebrais (representada em amarelo e laranja).]]
[[Imagem:Cranial nerve VII.svg|thumb|240px|[[Nervo facial]]: os núcleos do nervo facial estão no [[tronco cerebral]] (eles estão representados na ilustração como „θ“). <br><br>Em laranja: nervos oriundos do hemisfério esquerdo do cérebro <br>Em amarelo: nervos oriundos do hemisfério direito do cérebro. <br><br>Obs.: Observe que a inervação da testa recebe fibras de ambos hemisférios cerebrais (representada em amarelo e laranja).]]


A paralisia de Bell é caracterizada por um flacidez facial súbita unilateral, que geralmente surge em horas.
A paralisia de Bell é caracterizada por uma flacidez facial súbita unilateral, que geralmente surge em horas.


Os achados mais comuns incluem a flacidez da sobrancelha, incapacidade de fechar o olho, desaparecimento do [[sulco nasolabial]] e o desvio da boca para o lado não afetado.
Os achados mais comuns incluem a flacidez da sobrancelha, incapacidade de fechar o olho, desaparecimento do [[sulco nasolabial]] e o desvio da boca para o lado não afetado.

Revisão das 20h57min de 23 de outubro de 2021

Paralisia de Bell
Paralisia de Bell
Homem com paralisia de Bell à direita tentando mostrar seus dentes e elevar as sobrancelhas
Especialidade Neurologia, otorrinolaringologia, cirurgia bucomaxilofacial
Sintomas Incapacidade de mover os músculos faciais de um lado, mudança no paladar, dor ao redor da orelha[1]
Início habitual Mais de 48 horas[1]
Duração < 6 meses[1]
Fatores de risco Diabetes, recente infecção do trato respiratório superior
Método de diagnóstico Com base nos sintomas[1]
Tratamento Corticosteroides, colírio, tapa-olho[1]
Prognóstico A maioria se recupera completamente[1]
Frequência 1-4 por 10.000 por ano[2]
Classificação e recursos externos
CID-10 G51.0
CID-9 351.0
CID-11 2004402146
DiseasesDB 1303
MedlinePlus 000773
eMedicine emerg/56
MeSH D020330
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A paralisia de Bell é um tipo de paralisia facial que resulta em uma incapacidade temporária de controlar os músculos faciais no lado afetado do rosto.[1] Os sintomas podem variar de leve a grave.[1] Eles podem incluir contração muscular, fraqueza ou perda total da capacidade de mover um ou, em casos raros, ambos os lados do rosto.[1] Outros sintomas incluem a queda da pálpebra, alteração do paladar e dor ao redor da orelha. Normalmente, os sintomas aparecem em 48 horas.[1] A paralisia de Bell pode desencadear uma sensibilidade aumentada ao som conhecido como hiperacusia.[3]

A causa da paralisia de Bell é desconhecida.[1] Os fatores de risco incluem diabetes, recente infecção do trato respiratório superior e gravidez.[1][4] Resulta de uma disfunção do nervo facial (nervo craniano VII)[1] Muitos acreditam que isso se deve a uma infecção viral que resulta em inchaço.[1] O diagnóstico é baseado na aparência da pessoa e descartando outras causas possíveis.[1] Outras condições que podem causar fraqueza facial incluem tumor cerebral, acidente vascular cerebral, síndrome de Ramsay Hunt tipo 2, miastenia grave e doença de Lyme.[2]

A condição normalmente melhora sozinha com a maioria atingindo a função normal ou quase normal.[1] Verificou-se que os corticosteroides melhoram os resultados, enquanto os medicamentos antivirais podem ter um pequeno benefício adicional.[5] O olho deve ser protegido contra ressecamento com o uso de colírio ou tapa-olhos.[1] A cirurgia geralmente não é recomendada.[1] Frequentemente, os sinais de melhora começam em 14 dias, com recuperação completa em seis meses.[1] Alguns podem não se recuperar completamente ou apresentar recorrência dos sintomas.[1]

A paralisia de Bell é a causa mais comum de paralisia do nervo facial unilateral (70%).[2][6] Ocorre em 1 a 4 por 10.000 pessoas por ano.[2] Cerca de 1,5% das pessoas são afetadas em algum momento de suas vidas.[7] Ocorre mais comumente em pessoas entre 15 e 60 anos.[1] Homens e mulheres são afetados igualmente.[1] Seu nome é uma homenagem ao cirurgião escocês Charles Bell (1774-1842), que descreveu pela primeira vez a conexão do nervo facial com a condição.[1]

Fisiopatologia

A paralisia de Bell envolve o comprometimento do nervo facial, também conhecido como sétimo (VII) nervo craniano, e seus ramos. Este nervo controla diversas funções da mímica facial, como o piscar e o fechamento dos olhos, fazer sorrir e enrugar a testa. Também é responsável pela produção de lágrimas e saliva.

Também inerva os músculos estapédios da orelha interna e carrega a sensação de paladar dos dois terços anteriores da língua.

Sinais e sintomas

Nervo facial: os núcleos do nervo facial estão no tronco cerebral (eles estão representados na ilustração como „θ“).

Em laranja: nervos oriundos do hemisfério esquerdo do cérebro
Em amarelo: nervos oriundos do hemisfério direito do cérebro.

Obs.: Observe que a inervação da testa recebe fibras de ambos hemisférios cerebrais (representada em amarelo e laranja).

A paralisia de Bell é caracterizada por uma flacidez facial súbita unilateral, que geralmente surge em horas.

Os achados mais comuns incluem a flacidez da sobrancelha, incapacidade de fechar o olho, desaparecimento do sulco nasolabial e o desvio da boca para o lado não afetado.

Outros achados possíveis incluem lacrimejamento, hiperacusia e perda do paladar nos dois terços anteriores da língua.

Em algumas pessoas pode-se observar o sinal de Bell, que corresponde ao movimento do olho para cima e para fora no lado afetado, quando o paciente tenta piscar. A paralisia ou fraqueza é frequentemente precedida ou acompanhada de dor próxima da região do ouvido.

Os médicos devem determinar se os músculos da testa estão poupados. Devido a uma peculiaridade anatômica, os músculos da testa recebem inervação de ambos os lados do cérebro. A testa pode então ainda estar enrugada (inervada) em um paciente cuja paralisia facial é causada por um problema em um dos hemisférios do cérebro (paralisia facial central). Se o problema reside no próprio nervo facial (paralisia periférica) todos os sinais nervosos são perdidos, incluindo os que vão para a musculatura da testa.

O grau de lesão do nervo pode ser avaliado através da escala de House-Brackmann.

Causas

Acredita-se que alguns vírus estabeleçam uma infecção persistente (ou latente) sem sintomas, como o vírus herpes simplex, herpes zoster [8] e o vírus Epstein-Barr. A reativação de uma infecção viral existente tem sido sugerida[9] como causa da paralisia de Bell aguda. Estudos[10] sugerem que esta nova ativação poderia ser precedida por trauma, fatores ambientais e transtornos metabólicos ou emocionais, sugerindo que por fim, diversas condições podem desencadear a reativação.

Diagnóstico

A paralisia de Bell é um diagnóstico de exclusão, por eliminação de outras causas possíveis. Logo, por definição, nenhuma causa específica pode ser confirmada. A paralisia de Bell é geralmente referida como idiopática ou criptogênica, significando que ela tem causas desconhecidas.

Exames complementares não são necessários em todos os casos. Alguns pacientes podem se beneficiar de exames de imagem, eletroneuromiografia e exames de sangue.

Diagnóstico diferencial

Diversas doenças podem ser confundidas com a paralisia de Bell e entram no diagnóstico diferencial, como, por exemplo: doença de Lyme, infecção pelo HIV, síndrome de Melkersson-Rosenthal, otite média, colesteatoma, sarcoidose, síndrome de Sjögren e tumor da glândula parótida.

Tratamento

Em pacientes com paralisia facial incompleta, nos quais o prognóstico de recuperação é muito bom, o tratamento pode ser desnecessário. Os pacientes que se apresentam com paralisia completa, marcada por uma incapacidade de fechar os olhos e a boca no lado envolvido, são geralmente tratados. O tratamento precoce (dentro de 3 dias a partir do surgimento) é necessário para que a terapia seja efetiva.[11] Os esteróides tem se demonstrado efetivos em melhorar a recuperação, enquanto os antivirais não.

Esteroides

A prednisolona, um corticosteroide, se usada precocemente no tratamento da paralisia de Bell, melhora significantemente as chances de recuperação completa em 3 e 9 dias quando comparada ao tratamento com a droga anti-viral aciclovir ou a nenhum tratamento.[12]

Antivirais

Os antivirais (como o aciclovir e o valaciclovir) são usados no tratamento devido a uma ligação teórica entre a paralisia de Bell e os vírus herpes simples e varicela zoster.[12]

No entanto, alguns estudos não têm demonstrado eficácia em melhorar a recuperação da paralisia de Bell em associação com os esteróides.[13]

Cuidados com os olhos

Em casos de paralisia mais intensa, o fechamento insuficiente da pálpebra e a diminuição da produção de lágrimas podem afetar a córnea. Para evitar lesões de córnea por ressecamento e trauma, costuma-se usar lágrima artificial e/ou pomadas oftalmológicas. Também podem ser utilizados óculos ou tampões protetores.

Tratamentos alternativos

A eficácia da acupuntura permanece desconhecida porque os estudos disponíveis são de baixa qualidade.[14] Os procedimentos cirúrgicos para descomprimir o nervo facial tem sido tentados, mas não tem provado benefícios.

Prognóstico

Mesmo sem nenhum tratamento, a paralisia de Bell tende a ter um bom prognóstico. Em estudo feito em 1982, quando ainda nenhum tratamento estava disponível, 85% de 1.011 pacientes demonstrou os primeiros sinais de recuperação dentro das primeiras 3 semanas após o surgimento da doença. Nos 15% restantes, a recuperação ocorreu nos 3-6 meses restantes. Após uma acompanhamento de pelo menos 1 ano ou até a cura, a recuperação completa ocorre em mais de dois terços (71%) de todos os pacientes. A recuperação foi considerada moderada em 12% e pobre em somente 4% dos pacientes.[15]

Outro estudo demonstrou que a paralisia incompleta desaparece completamente, quase sempre durante um mês. Os pacientes que recuperam movimento dentro das primeiras duas semanas quase sempre recuperam-se completamente. Quando a remissão não ocorre até a terceira semana ou mais tarde, uma significante maioria dos pacientes desenvolve sequelas.[16]

Um terceiro estudo mostrou um melhor prognóstico para pacientes jovens, com idade abaixo de 10 anos, enquanto pacientes acima dos 61 anos apresentaram um pior prognóstico.[10]

Complicações

As principais complicações da paralisia de Bell são perda crônica da gustação (ageusia), espasmo facial crônico e infecções da córnea. Para prevenir estas infecções, os olhos podem ser protegidos por tapadores ou encobertos durante os períodos de sono e descanso. Colírios de composição semelhante à lágrima ou pomadas oftalmológicas podem ser recomendadas, especialmente para casos com paralisia completa. Quando o olho não fecha completamente, o reflexo do piscar também é afetado, e cuidados devem ser tomados para proteger o olho de uma lesão.

Outra complicação pode ocorrer no caso de uma regeneração incompleta ou errônea do nervo facial lesionado. O nervo pode ser considerado como um grupo de pequenas conexões nervosas individuais menores que se ramificam para seus destinos próprios. Durante a regeneração, os nervos geralmente são capazes de localizar seu caminho tradicional para o destino correto - mas alguns nervos podem seguir um caminho colateral levando a uma condição conhecida como sincinesia. Por exemplo, a regeneração de músculos que controlam os músculos anexos ao olho podem fazer um caminho colateral e também regenerar conexões que atingem os músculos da boca. Desta maneira, o movimento de um afetará o outro. Por exemplo, o canto da boca levantar-se involuntariamente em uma pessoa que fecha os olhos.

Além disso, durante a recuperação, uma parcela muito pequena dos pacientes pode exibir a síndrome das lágrimas de crocodilo, também conhecida como reflexo gustolagrimal ou síndrome de Bogorad. Nesta síndrome, as pessoas liberam lágrimas enquanto comem. Isso é creditado a uma regeneração inadequada do nervo facial, um ramo que controla as glândulas salivares e lacrimais. O suor gustativo também pode ocorrer.

Epidemiologia

A incidência anual da paralisia de Bell é de cerca de 20 para 100.000 habitantes, e a incidência aumenta com a idade.[17] A herança familiar tem sido encontrada em 4-14% dos casos.[18]

Não há predileção por raça, sexo ou localização geográfica. No entanto, a paralisia de Bell afeta três vezes mais mulheres grávidas do que mulheres não grávidas, principalmente no terceiro trimestre de gestação ou na primeira semana pós-parto.[19] Também afeta quatro vezes mais pessoas diabéticas do que a população em geral.[20]

Um faixa de diversas taxas de incidência anual já foi descrita na literatura: 15,[18] 24,[21] e 25-53[22] (todas taxas por 100.000 habitantes por ano). A paralisia de Bell não é uma doença que deve ser notificada, o que complica a aferição de suas estatísticas.

História

A lesão foi descrita pela primeira vez por Sir Charles Bell, um cirurgião escocês. Em 1829 ele apresentou três casos na Royal Society of London. Dois casos eram idiopáticos e o terceiro era devido a um tumor na glândula parótida.

Galeria de imagens

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w «Bell's Palsy Fact Sheet» [Ficha informativa sobre paralisia de Bell]. NINDS (em inglês). 5 de fevereiro de 2016. Consultado em 23 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 8 de abril de 2011 
  2. a b c d Fuller, Geraint; Morgan, Cathy (Dezembro de 2016). «Bell's palsy syndrome: mimics and chameleons» [Síndrome da paralisia de Bell: mímicos e camaleões] (em inglês). 16 6ª ed. Practical Neurology. pp. 439–444. PMID 27034243. doi:10.1136/practneurol-2016-001383. Consultado em 23 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 27 de abril de 2021 
  3. Purves, Dale (2012). Neuroscience [Neurociência] 5ª ed. Sunderland (Massachusetts): Sinauer. p. 283. ISBN 9780878936953. Consultado em 23 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 9 de março de 2021 
  4. Hussain, Ahsen; Nduka, Charles (Maio de 2017). «Bell's facial nerve palsy in pregnancy: a clinical review» [Paralisia do nervo facial de Bell na gravidez: uma revisão clínica] (em inglês). 37 4ª ed. Journal of Obstetrics and Gynaecology. pp. 409–415. ISSN 1364-6893. PMID 28141956. doi:10.1080/01443615.2016.1256973. Consultado em 23 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 23 de outubro de 2021 
  5. Gagyor, Ildiko; Madhok, Vishnu B; Daly, Fergus; Somasundara, Dhruvashree; Sullivan, Michael; Gammie, Fiona; Sullivan, Frank (Novembro de 2015). «Antiviral treatment for Bell's palsy (idiopathic facial paralysis)» [Tratamento antiviral para paralisia de Bell (paralisia facial idiopática)] (PDF) 11ª ed. The Cochrane Database of Systematic Reviews. pp. CD001869. PMID 26559436. doi:10.1002/14651858.CD001869.pub8. Consultado em 23 de outubro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 24 de fevereiro de 2021 
  6. Dickson, Gretchen (2014). Primary Care ENT, An Issue of Primary Care: Clinics in Office Practice [Otorrinolaringologia da Atenção Básica, Uma Questão da Atenção Básica: Clínicas na Prática de Consultório] (em inglês). [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. 138. ISBN 978-0323287173. Consultado em 23 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 20 de agosto de 2020 
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