Demóstenes Torres

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Demóstenes Torres
Demóstenes Torres
Senador por Goiás
Período 1º de fevereiro de 2003
a 11 de julho de 2012
(2 mandatos consecutivos)
Legislaturas 52ª (2003–2007)
53ª (2007–2011)
54ª (2011–2012)
Sucessor(a) Wilder Morais
Secretário de Segurança Pública de Goiás
Período 1999 a 2002
Governador Marconi Perillo
Dados pessoais
Nascimento 23 de janeiro de 1961 (63 anos)
Anicuns, GO
Alma mater Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO)
Prêmio(s) Ordem do Mérito Militar[1]
Esposa Flávia Gonçalves Coelho Torres
Partido PFL (2001–2007)
DEM (2007–2012)
PTB (2017–2018)
Sem partido (2018–presente)
Profissão advogado, político

Demóstenes Lázaro Xavier Torres GOMM (Anicuns, 23 de janeiro de 1961) é um jurista e político brasileiro atualmente sem partido. Foi senador de 2003 até 2012, quando foi cassado pelo Senado Federal por quebra de decoro parlamentar. É procurador de Justiça aposentado do Ministério Público do Estado de Goiás e advogado.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Demóstenes Torres formou-se em direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás[2] e ingressou, por concurso, no Ministério Público de Goiás como promotor de justiça em 1983. Foi Procurador-Geral do órgão antes de ocupar o cargo de Secretário de Segurança Pública, entre 1999 a 2002, no governo de Marconi Perillo.[2]

Filiado ao DEM, foi eleito senador da República em 2002 com 1 239 352 votos. Concorreu ao governo de Goiás em 2006 mas obteve apenas 3,5% dos votos, ocupando a quarta posição. Ocupou o cargo de presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, a mais importante Comissão da Casa.

Em 2004, como senador, Demóstenes foi admitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao grau de Grande-Oficial especial da Ordem do Mérito Militar.[1] Foi considerado pela revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.[2]

Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Demóstenes Torres participou do I Congresso Mestiço Brasileiro, promovido pelo Nação Mestiça em Manaus, capital do Amazonas, em 20 de junho de 2011, onde discutiu temas como o Estatuto da Igualdade Racial e o sistema de cotas em universidades públicas.[3]

Assumiu em março de 2011 a liderança da bancada do Democratas no Senado, substituindo José Agripino Maia.[4] Em 13 de julho de 2013 Demóstenes casou-se com a advogada Flávia Gonçalves Coelho.[5]

Foi cassado pelo Senado Federal no dia 11 de julho de 2012 acusado de ligação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Com isso, o ex-senador só poderia concorrer a um cargo político em 2027.[6]

Desde o dia 20 de julho de 2012, Demóstenes reassumiu o cargo de procurador no Ministério Público de Goiás.[7]

Em 2018, foi liberado para disputar as eleições gerais após uma decisão do STF[8] e candidatou-se ao cargo de deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Não conseguindo se eleger, desfiliou-se do partido no dia seguinte às eleições, anunciando sua saída da vida política. Aposentou-se do cargo de procurador de Justiça em 2019[9] e passou a trabalhar como advogado.[10]

Relação com a máfia dos caça-níqueis[editar | editar código-fonte]

Em março de 2012, conforme apurado nas investigações da Operação Monte Carlo, a Polícia Federal (PF) revelou que Demóstenes Torres tinha ligação com Carlinhos Cachoeira, pivô do escândalo que ficou conhecido como "máfia dos caça-níqueis" em Goiás, em 2004. Demóstenes negou que tivesse negócios com Carlinhos, a quem chamou de "empresário", e justificou as 298 ligações telefônicas como "uma grande amizade". A Procuradoria do Ministério Público Federal acredita que o Senador possa ser sócio oculto da empreiteira Delta, que mantém contratos bilionários com entes públicos. Demóstenes afirmou, no entanto, que não sabia do envolvimento de Carlinhos com a máfia dos caça-níqueis.[11][12][13]

No dia 23 de março de 2012, a imprensa noticiou que gravações da Polícia Federal revelaram que o senador Demóstenes Torres pediu dinheiro e vazou informações de reuniões oficiais a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Relatório com as gravações e outros graves indícios foi enviado à Procuradoria-Geral da República em 2009, mas o chefe da instituição, Roberto Gurgel, não tomou qualquer providência para esclarecer o caso.[14]

Em 27 de agosto de 2014, os veículos Diário do Poder e Diário da Manhã noticiaram que a perícia do Ministério Público descartou enriquecimento ilícito e atestou que o patrimônio de Demóstenes era compatível com a sua renda.

O objetivo da perícia era responder a cinco perguntas elaboradas pelo subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do Ministério Público de Goiás, Spiridon Nicofotis Anifantis. A conclusão da perícia realizada pelo Ministério Público de Goiás confirma o que o policial federal Fábio Alvarez já havia dito à Justiça em julho de 2012: “Demóstenes não tinha relações com o jogo”. A declaração ocorreu durante audiência marcada para ouvir testemunhas e réus da Operação Monte Carlo. Isso referendava o que antes já havia concluído o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e sua mulher, a subprocuradora-geral da República para Assuntos Criminais, Cláudia Sampaio, ou seja, Demóstenes Torres nunca havia participado de qualquer esquema referente a jogos.[15]

OAB[editar | editar código-fonte]

Demóstenes foi o relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal que resultou na Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados e daqueles que renunciam a mandatos para não serem cassados. Por conta desta atuação, Demóstenes foi convidado para redigir o prefácio de um livro editado pela OAB em comemoração à Lei da Ficha Limpa, em 2010. No prefácio, Demóstenes elogia a atuação da OAB no processo de aprovação da lei e afirma que há uma quantidade de "bandidos abrigados na vida pública".

Após a divulgação dos escândalos, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, pediu a renúncia imediata de Demóstenes como uma "atitude moral" e manifestou constrangimento:[16][17]

Expulsão do senado[editar | editar código-fonte]

Em 2 de abril de 2012, foi aberto o processo de expulsão de Demóstenes Torres de seu partido. O partido DEM alegou "reiterados desvios éticos". Segundo comunicado do partido, Demóstenes não explicou suas ações, mesmo tendo tido várias oportunidades para tal. A abertura de processo de expulsão do partido foi decidida em reunião realizada na casa do então presidente do DEM, José Agripino Maia.[18][19]

Em 3 de abril, mesmo sem ser expulso do partido, Demóstenes protocolou ofício pedindo seu desligamento do DEM, livrando-se assim do processo de expulsão. Ele alegou que seu partido fez um prejulgamento dele, declaração que foi rebatida pelo presidente do DEM, José Agripino, que disse ter dado uma semana para que Demóstenes fizesse sua defesa, coisa que ele não fez.[20] Com a manobra, Demóstenes permaneceu no Senado, só que sem partido.[21]

Em 11 de julho de 2012, Demóstenes Torres foi cassado do cargo de Senador por 56 votos a favor, 19 contra e 05 abstenções.[6]

Em 27 de agosto, o Ministério Público, após realização de perícia, inocentou o ex-senador da acusação de enriquecimento ilícito.[22]

Retorno ao cargo de procurador[editar | editar código-fonte]

Após ser cassado no Senado, Demóstenes reassumiu cargo de procurador, com salário de 24 mil reais.[23] Seguiu-se aí que Demóstenes foi afastado do cargo pois, pela lei, para ser procurador deve-se "manter conduta ilibada e irrepreensível na vida pública e particular, guardando decoro pessoal".[24] No dia 24 de outubro de 2012 foi aberto pela CNMP um Processo Administrativo Disciplinar contra Demóstenes.[25]

Referências

  1. a b BRASIL, Decreto de 8 de abril de 2004.
  2. a b c «Época 100 - Os brasileiros mais influentes de 2009». Época. 5 de dezembro de 2009. Consultado em 18 de novembro de 2021 
  3. «Congresso Mestiço Brasileiro traz líder do DEM no Senado ao Amazonas». Portal Amazônia.com. 19 de junho de 2011. Consultado em 11 de julho de 2012 
  4. Fernanda Rodrigues (24 de março de 2011). «"Não vamos nos agachar diante do poderia da caneta do governo federal"». Democratas Notícias. Consultado em 11 de julho de 2012 
  5. Marlene Galeazzi (15 de julho de 2011). «Casamento de Demóstenes Torres». Jornal de Brasília. Consultado em 11 de julho de 2012 
  6. a b João Valadares (11 de julho de 2012). «Demóstenes Torres é cassado pelo plenário do Senado Federal». Correio Braziliense. Consultado em 11 de julho de 2012 
  7. «Promotores pedem afastamento de Demóstenes do MP de Goiás». Portal G1. 27 de agosto de 2012. Consultado em 3 de setembro de 2012 
  8. «Liberado para disputar eleição, ex-senador Demóstenes Torres diz não ter mais contato com Cachoeira: 'Coisa do passado'». G1. Consultado em 21 de julho de 2021 
  9. «Demóstenes Torres anuncia aposentadoria do MP e da política partidária». Mais Goiás. 12 de fevereiro de 2019. Consultado em 11 de abril de 2020 
  10. «Cunhado de Demóstenes Torres morre em Goiás vítima do Covid-19». Metrópoles. 6 de abril de 2020. Consultado em 11 de abril de 2020. Cunhado do ex-senador Demóstenes Torres, ele era casado com Lindalva, irmã do hoje advogado... 
  11. «Demóstenes no Senado, a política e a contravenção». Balaio do Kotscho. R7. 7 de março de 2012. Consultado em 11 de julho de 2012 
  12. Iara Lemos (6 de março de 2012). «'Nunca tive negócios com Carlos Cachoeira', afirma Demóstenes». G1. Consultado em 11 de dezembro de 2012 
  13. «Gravações mostram relações de Carlinhos Cachoeira com parlamentares de GO». Diário de Pernambuco. 3 de março de 2012. Consultado em 11 de julho de 2012 
  14. «PF: Demóstenes Torres pediu dinheiro a Carlinhos Cachoeira». O Globo. 22 de março de 2012. Consultado em 11 de julho de 2012 
  15. Redação (27 de agosto de 2014). «Perícia do MP inocenta Demóstenes Torres». Diário do Poder. Consultado em 20 de outubro de 2014 
  16. Marta Salomon (1 de abril de 2012). «OAB pede a renúncia imediata de Demóstenes Torres». IstoÉ Dinheiro. Consultado em 11 de julho de 2012 
  17. «Em 2010, Demóstenes redigiu prefácio de livro da OAB sobre Lei Ficha Limpa». MSN Notícias. 2 de abril de 2012. Consultado em 11 de julho de 2012 
  18. João Domingos (2 de abril de 2012). «DEM abre processo de expulsão de Demóstenes Torres». Agência Estado. Estadão. Consultado em 11 de julho de 2012 
  19. Leonel Ribeiro (2 de abril de 2012). «Líderes do DEM decidem expulsar Demóstenes Torres». No Minuto. Consultado em 11 de julho de 2012 
  20. Marcos Chagas (3 de abril de 2012). «Demóstenes Torres diz em ofício que houve prejulgamento». Agência Brasil. Exame. Consultado em 11 de julho de 2012 
  21. Marcos Chagas (3 de abril de 2012). «Demóstenes Torres pede desligamento do DEM». Agência Brasil. No Minuto. Consultado em 11 de julho de 2012 
  22. Redação (27 de agosto de 2014). «Perícia do MP inocenta o ex-senador Demóstenes Torres». Diário do Poder. Consultado em 23 de janeiro de 2022 
  23. «Demóstenes reassume cargo de procurador e ganhará R$ 24 mil». Terra. Correio do Estado. Consultado em 7 de dezembro de 2012 
  24. «Demóstenes Torres é afastado do cargo de procurador». 11 de outubro de 2012. Consultado em 7 de dezembro de 2012 
  25. «CNMP abre PAD para investigar a conduta de Demóstenes Torres». Conjur. 24 de outubro de 2012. Consultado em 7 de dezembro de 2012 

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