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Língua aungi

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Awngi

ˈawŋi

Falado(a) em: Etiópia
Total de falantes: 488.507[1]
Família: Afro-asiática
 Cuxítica
  Agau
   Awngi
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: awn

A língua aungi (awngi), também chamada em publicações antigas de auia (Awiya; um etnônimo inapropriado),[2] é uma cuxítica falada pelos auis que vive em Gojjam no noroeste da Etiópia. A língua é ainda classificada como Afro-Asiática, cuxítica sul-central ou sul agau na literatura[3].

A maioria dos quase 500 mil falantes vive na Zona Agau da região etíope de Amara, mas há também comunidades falantes em áreas da zona de Metequel da região Benishangul-Gumaz. O estatuto do Cunfal, outra língua Sul-Agau falada a oeste do Lago Tana, não está ainda definido de forma clara. É uma língua muito aproximada ao aungi e poderia ser um dialeto dessa língua.. Na edição 2009 do Ethnologue, o Cunfal teve sua classificação alterada para dialeto do aungi[4]

vogais[5]
Frontal Central Posterior
Fechada i ɨ u
Aberta e a o

A vogal central /ɨ/ é a vogal mais presente na língua (é epentática e sua ocorrência é sempre a mais previsível.[6] De modo similar, /æ/, normalmente um alofone de /a/, é “fossilizada” em algumas palavras e pode se apresentar como um fonema separado.[7]

Consoantes[8]
Labial Alveolar Palato-Velar Uvular
Plosiva Surda plena p t k q
Surda Labializada
Sonora plena b d ɡ ɢ
Sonora labializada ɡʷ ɢʷ
Africada Surda t͡s t͡ʃ
Sonora d͡z d͡ʒ
Fricativa f s ʃ
Fricativa “Post-stop” s͡t ʃ͡t
Nasal Plain m n ŋ
Labializada ŋʷ
Flepe r
Aproximante w l j

Palmer[9] e Hetzron[10] identificaram três tons distintos no falar aungi: Alto, Médio, Baixo. O tom baixo, porém, somente aparece em vogal do final da palavra, sempre no a. Um tom decrescente (alto p/ médio) aparece sempre na sílaba final de palavras. Joswig[11] reanalisou o sistema tonal aungi e considerou a existência de tão somente dois tons, sendo que o tom baixo seria uma variante fonética do médio.

As sílabas aungis na maior parte dos casos seguem o padrão CVC (Consoante-Vogal-Consoante), o que significa que apenas uma consoante (se houver) influi na rima. A exceções a isso na transição entre palavras, onde consoantes extramétricas podem aparecer.

Processos fonéticos

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Em posições outras que não no início de palavras, o aungi contrasta consoantes geminadas e não-geminadas. Esse contraste não se apresentas com as seguintes consoantes: /ɢ, ɢʷ, t͡s, t͡ʃ, j, w, ʒ/.

Harmonia vogal

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Sempre que um sufixo contiver uma vogal mais (fechada), um i é adicionado à raiz e um processo de produtiva harmonia vogal é iniciado. [[Robert Hetzron] chamou esse processo de assimilação regressiva de vogal alta. A harmonia vogal ocorre somente se a vogal oculta da última sílaba for e. Essa vogal e todas demais instâncias de e eo irão assumir uma característica distintiva mais alta, até que uma vogal diferente vier a ocorrer. Nesses caso, a harmonia vogal é bloqueada. Hetzron[12] apresentou o seguinte exemplo: /moleqés-á/ ‘freira’ vs. /muliqís-í/ ‘monge’

Aungi é escrita com uma ortografia com base na Etíope. written with an orthography based on the Ethiopian Script. Fideles do abugida Ge’ez são usados pelo aungi são para o som ŋ, q, ts, ɢ. Vários aspectos da ortografia aungi ainda não foram bem compreendidos. Língua é usada com meio de instrução para a 1ª até 6ª séries do primeiro grau na zona de Agew Awi.

O verbo principal de um sentença fica sempre ao final. A ordem básica das palavras é Sujeito, Objeto, Verbo. A subordinação e coordenação das frases feita somente por meio de afixos.

Os substantivos[13] recebem marcações número gramatical + [gênero gramatical]] (masculino, feminino ou, plural) e por caso gramatical. Tanto o número como o gênero são marcado por sufixos à raiz do substantivo. No caso nominativo não há marcação]] para uma classe de substantivos, ou há marcações para os masculinos (final –i) e femininos (final –a). Outros casos (dativo, acusativo, direcional, ablativo, comitativo, comparativo, invocativo e translativo. Hetzron[14] também mencionou um caso adverbial no aungi, mas uma interpretação derivacional se mostrou mais verossímil.

A morfologia verbal[15] tem um forte sistema de declinação (gramática). Os quatro tempos verbais são o Imperfeito (passado), Imperfeito (não passado), Passado perfeito, Perfeito não-passado. Há outras várias formas cordenadas e subordinadas que são sempre marcadas por sufixos nas raízes verbais. São sete as pessoas gramaticais: 1ªsg, 2ªsg, 3ªmasc, 3ªfem, 1ªpl, 2ªpl, 3ªpl. Hetzron demonstrou que a morfologia verbal aungi pode ser definida de forma mais simples quando se assume que para cada verbo há quatro raízes distintas:

  • Para 3ªmasc, 2ªpl, 3ªpl.
  • somente1ªsg only
  • 2ªsg, 3ªfem
  • somente 1ªpl

Essas quarto raises devem ser percebidas em todos os verbos do léxico aungi e serve de base para todos demais aspectos da morfologia verbal. As raízes ficam as mesmas para todos paradigmas verbais e é possível prever a forma superficial de cada membro do paradigma dessas raízes e com os sufixos de tempos simples.

  1. Census 2007, p. 117
  2. Hetzron (1978), p. 121
  3. Ethnologue report for language code:awn
  4. Hussen Mohammed, Ryan Boone & Andreas Joswig (2005): "News on Southern Agaw"
  5. Joswig (2006), p. 786
  6. Joswig (2006), p. 792
  7. Hetzron, R. (1969) The Verbal System of Southern Agaw. University of California Press, Berkeley and Los Angeles.
  8. Joswig (2010), p. 2
  9. Palmer (1959), p. 273
  10. Hetzron (1969), p. 6
  11. Joswig (2009)
  12. Hetzron (1997), p. 485
  13. Hetzron (1978)
  14. Hetzron (1978), p.125 ff
  15. Hetzron (1969)

Em língua inglesa

  • Appleyard, David L. (1996) "'Kaïliña' - A 'New' Agaw Dialect and Its Implications for Agaw Dialectology", in: African Languages and Cultures. Supplement, No. 3, Voice and Power: The Culture of Language in North-East Africa. Essays in Honour of B. W. Andrzejewski, pp. 1–19.
  • Appleyard, David L. (2006) A Comparative Dictionary of the Agaw Languages (Kuschitische Sprachstudien — Cushitic Language Studies Band 24). Köln: Rüdiger Köppe Verlag.
  • Hetzron, Robert. (1969) The Verbal System of Southern Agaw. Berkeley & Los Angeles: University of California Press.
  • Hetzron, Robert (1976) "The Agaw Languages", in: Afroasiatic Linguistics 3/3.
  • Hetzron, Robert (1978) "The Nominal System of Awngi (Southern Agaw)", in: Bulletin of the School of Oriental and African Studies 41, pt. 1. pp. 121–141. SOAS. London.
  • Hetzron, Robert (1997) "Awngi [Agaw] Phonology", in: Phonologies of Asia and Africa, Volume 1. Ed. Alan S. Kaye. Winona Lake: Eisenbrauns. pp. 477–491.
  • Joswig, Andreas (2006) "The Status of the High Central Vowel in Awngi", in: Uhlig, Siegbert (ed.), Proceedings of the XVth International Conference of Ethiopian Studies, Hamburg July 2003 (Harrassowitz: Wiesbaden), p. 286-793.
  • Joswig, Andreas (2009). «Rethinking Awngi Tone» (PDF). In: Svein Ege, Harald Aspen, Birhanu Teferra, Shiferaw Bekele (eds.). Proceedings of the 16th International Conference of Ethiopian Studies. 4. Trondheim: NTNU. pp. 1417–1425 
  • Joswig, Andreas (2010). The Phonology of Awngi (PDF). Col: SIL Electronic Working Papers. [S.l.]: SIL International 
  • Tubiana, J. (1957) "Note sur la distribution géographique des dialectes agaw", in: Cahiers de l'Afrique et de l'Asie 5, pp. 297–306.