Revolta dos camponeses na Inglaterra em 1381

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fim da Revolta: Wat Tyler, pouco antes de ser morto por Walworth, diante de Ricardo II, e uma segunda imagem de Ricardo, dirigindo-se à multidão de camponeses

A Revolta camponesa de 1381 foi uma das numerosas revoltas populares da Baixa Idade Média, na Europa, e um dos principais eventos da História da Inglaterra, sob o feudalismo. Marca o começo do fim da servidão no país, com a luta por reformas e pelos direitos dos servos.

Desde Eduardo II, que a população de camponeses foi massivamente treinada no manuseamento do arco longo e da besta, possuindo assim os meios necessários para executar ações militares.[1]

Também conhecida como Rebelião de Tyler, teve lugar durante a Guerra dos Cem Anos e não foi apenas a insurreição mais amplamente difundida e radical da história inglesa, como também a mais bem documentada rebelião popular da Idade Média. Os nomes dos seus principais líderes - John Ball, Wat Tyler e Jack Straw - ainda são lembrados embora pouco se saiba sobre eles.

A revolta foi despoletada em parte devido à introdução de um imposto pago por cabeça (poll tax) de um xelim por adulto, introduzido em 1377 como forma de financiar as campanhas militares no continente - uma continuação da Guerra dos cem anos, travada por Eduardo III.

Paralelamente aos aspectos materiais em disputa, existia uma questão ideológica e religiosa: alguns pregadores lollardos estavam ligados à revolta.

O neto de Eduardo, Ricardo II, estava agora no trono, e sua presumida atuação tornou a revolta dos camponeses ainda mais memorável. O imposto era a última gota para os camponeses, que tinham sua remuneração fixa depois de muitos anos e eram proibidos de procurar trabalho noutros sítios, conforme a antiga lei senhorial de servidão. A peste negra tinha reduzido a força de trabalho e, num mercado livre, a remuneração do trabalho teria aumentado.

Em Junho de 1381, um grupo de pessoas comuns dos condados orientais ingleses marcharam em direcção a Londres. O mais estrondoso dos seus líderes era Walter ou "Wat" Tyler, líder do grupo oriundo de Kent. Quando os rebeldes chegaram a Blackheath, a 12 de Junho, o padre renegado lollardo John Ball pregou um sermão que incluiu a famosa questão que ecoou durante séculos "When Adam delved and Eve span, who was then the gentleman?" ("Nos tempos de Adão e Eva quem era o nobre senhor?").

Encorajados pelo sermão, no dia seguinte, os rebeldes atravessaram a Ponte de Londres até ao coração da cidade. Entrementes, os "Homens de Essex" tinham-se reunido com Jack Straw em Great Baddow e marcharam até Londres, chegando a Stepney.

Ao contrário do esperado, houve um ataque sistemático a apenas algumas propriedades, muitas delas associadas a João de Gaunt ou com a Ordem dos Hospitalários. Em 14 de Junho, supõe-se que eles se encontraram com o próprio rei e apresentaram-lhe uma série de exigências, incluindo a demissão de alguns dos ministros mais impopulares e a abolição efectiva do sistema feudal. Ao mesmo tempo, um grupo de rebeldes tomou a Torre de Londres, tendo provavelmente contado com a aquiescência para o efeito, e executaram sumariamente aqueles que ali se escondiam, como o Lorde Chanceler (o Arcebispo, Simon Sudbury, que estava particularmente conectado com o imposto) e o Lorde Tesoureiro (ministro das finanças). O Palácio Savoy, pertencente ao tio do rei, João de Gaunt, foi um dos edifícios de Londres destruídos pelos revoltosos. Ricardo II concordou, então, em introduzir reformas tais como rendas justas e a abolição da servidão.

Em Smithfield, no dia seguinte, seguiram-se novas negociações com o rei, mas nesta ocasião, o assassinato de Wat Tyler, apunhalado na presença do rei pelo próprio xerife de Londres, Walworth, levou à dispersão do grupo rebelde mais ligado a ele, pois outros grupos, inclusive o de John Ball, acreditando nos compromissos reais, já se haviam retirado.

A maioria dos líderes do movimento foi perseguida, capturada e executada, incluindo John Ball. No seguimento do colapso da revolta, as concessões do rei foram rapidamente revogadas e o imposto foi novamente introduzido.

Apesar do seu nome, a participação na revolta não se restringiu aos servos ou mesmo às classes baixas e embora os eventos mais significativos tenham tido lugar na capital, houve recontros violentos por todo o leste de Inglaterra. No entanto, os envolvidos logo se dispersaram nos meses que se seguiram.

Ainda que o movimento em geral seja considerado como um fracasso, teve êxito em mostrar aos camponeses que eles tinham algum valor e poder. Após a revolta, o termo poll tax não foi mais utilizado, ainda que os governos ingleses continuassem a coletar subsídios similares até o século XVII.

A Revolta camponesa de 1381 foi uma das numerosas revoltas populares da baixa Idade Média, na Europa, e um dos principais eventos da história da Inglaterra, sob o feudalismo. Marca o fim da servidão no país, com a luta por reformas e pelos direitos dos servos.

Literatura

Referências

  • Gilles Bongrain, Portrait de l’archer à l’époque d’Azincourt, Moyen Âge hors série n°22 junho-julho-agosto de 2007, ed. Heimdal, p. 12-13

Ver também

Ícone de esboço Este artigo sobre História do Reino Unido é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
  1. Gilles Bongrain, Portrait de l’archer à l’époque d’Azincourt, Moyen Âge hors série n°22 junho-julho-agosto de 2007, ed. Heimdal, p. 12-13