Spirula spirula

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Representação artística do animal conhecido por Spirula spirula com seu órgão de bioluminescência.
Representação artística do animal conhecido por Spirula spirula com seu órgão de bioluminescência.
Conchas de Spirula spirula. Estas conchas flutuantes se espalham pelas praias de todo o mundo, mas a lula em si raramente é avistada.[1]
Conchas de Spirula spirula. Estas conchas flutuantes se espalham pelas praias de todo o mundo, mas a lula em si raramente é avistada.[1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Cephalopoda
Ordem: Spirulida
Subordem: Spirulina
Família: Spirulidae
Owen, 1836[2]
Género: Spirula
Lamarck, 1799[3]
Espécie: S. spirula
Nome binomial
Spirula spirula
(Linnaeus, 1758)[3]
Ilustração demonstrando a disposição e posicionamento interno de uma concha de Spirula spirula em seu animal.
Sinónimos
Nautilus spirula Linnaeus, 1758
Spirula fragilis Lamarck, 1801
Spirula prototypus Péron, 1804
Spirulea prototypos Péron, 1807
Spirula australis Lamarck, 1816
Spirula peroni Lamarck, 1822
Spirula peronii Lamarck, 1822
Spirula reticulata Owen, 1848
Lituus laevis Gray, 1849
Spirula blakei Lönnberg, 1896
(WoRMS)[3]
Ilustração da clava tentacular de Spirula spirula.

Spirula spirula (nomeada, em inglês, common spirula,[4] ram's-horn squid,[5] little post horn squid[6] ou tail-light squid;[7] na tradução para o português, "Spirula comum", "lula chifre de carneiro", "lula chifre pequeno poste" ou "lula de luz de cauda") é uma espécie de molusco marinho mesopelágico[8] da classe Cephalopoda, sendo o único táxon pertencente à ordem Spirulida[9] e à família Spirulidae.[2] Foi classificada por Carolus Linnaeus, como Nautilus spirula, em 1758, na obra Systema Naturae; sendo inicialmente colocada no gênero Nautilus.[3] Sua distribuição geográfica abrange todos os oceanos de clima tropical da Terra.[4][10]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

A concha de Spirula spirula possui uma espiral plana (planispiral), usualmente com menos de 2.5 centímetros de diâmetro, de coloração branca por fora e levemente madreperolada internamente. Ela é calcária, fina, frágil e com suas voltas sem se tocar, internamente seccionadas por câmaras (fragmocone), separadas por septos côncavos, que são usadas como um dispositivo de flutuação. Isto lhe dá a forma de um chifre enrolado. A posição posterior desta concha dentro do corpo faz com que o animal geralmente se oriente verticalmente com a sua cabeça para baixo. As paredes das câmaras são visíveis do lado de fora, como sulcos rasos, em sua superfície, quando a concha é exposta; o que não acontece em vida.[11][12][13][14][15][16]

Descrição do animal e comportamento[editar | editar código-fonte]

Embora as conchas deste Cephalopoda sejam comuns em muitas praias de clima tropical e subtropical, frequentemente em grande número, o animal desta espécie é raramente avistado. Antes de 1922 apenas 13 animais foram encontrados. Seu habitat se estende por uma profundidade de 100 a 1.750 metros, normalmente em regiões escuras, durante o dia, migrando para as águas de menor profundidade à noite, para se alimentar; obtendo tal poder de movimento devido ao ajuste de material gasoso, através de um sifão, no interior das câmaras de suas conchas, que flutuam após sua morte, sendo estas suficientemente fortes para suportarem a pressão hidrostática do mar nas profundezas em que o animal vive; e cuja função é controlar osmoticamente sua flutuabilidade. Muitas vezes ele fica suspenso, com seus pequenos tentáculos abrigados pelo manto e com sua concha interna para cima. Também foram observados retraindo a cabeça e os tentáculos em seu manto, fechando a abertura com as duas abas pontudas localizadas acima e abaixo da cabeça. Como outros cefalópodes, se move por propulsão a jato e, quando perturbado, descarrega uma nuvem de pigmento acinzentado. Possui cerca de 4.5 centímetros e todo o comprimento, com tentáculos, chega até 7 centímetros. Seu manto, intacto, é coberto com fibras de colágeno, regularmente alinhadas, que produzem um brilho prateado. Apresentam um par de grandes olhos e dez tentáculos, sendo dois destes mais desenvolvidos.[1][8][13][17][18][19][20][21]

Bioluminescência[editar | editar código-fonte]

O animal de Spirula spirula é produtor de bioluminescência, apresentando um órgão de luz (fotóforo) situado no topo de seu manto, emitindo luz verde e parecendo estar normalmente ligado, embora repouse em uma dobra que pode ser estendida para desligar sua luz.[8]

Habitat e distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Vivendo a uma profundidade de 100 a 1.750 metros, geralmente esta espécie migra de 550 a 1.000 metros durante o dia e de 100 a 300 metros durante a noite,[18] sendo encontrado em toda a região do Indo-Pacífico Ocidental e Atlântico tropical,[1] incluindo a zona económica exclusiva do território português[22] e nas praias de todo o litoral brasileiro,[11] principalmente nas de mar aberto. Sua temperatura preferida é em torno de 10 graus celsius, e tende a viver ao redor de ilhas oceânicas, perto da plataforma continental.[21]

Primeiro avistamento in situ[editar | editar código-fonte]

No dia 27 de outubro de 2020, um espécime de Spirula spirula fora observado in situ, pela primeira vez, através da câmera de um veículo submarino operado remotamente, pertencente ao Schmidt Ocean Institute. Tal filmagem fora feita na região da Grande Barreira de Coral da Austrália, a uma profundidade aproximada de 850 a 860 metros.[23]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Runck, Allison (21 de novembro de 2010). «Ram's Horn Squid – Spirula spirula (Linnaeus, 1758)» (em inglês). Australian Museum. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  2. a b «Spirulidae» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  3. a b c d «Spirula spirula» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  4. a b ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 377. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  5. «Spirulidae» (em inglês). Tree of Life Web Project. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  6. «Little Post Horn Squid» (em inglês). The Free Dictionary. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  7. «Tail-light Squid Shell (Spirula spirula (em inglês). Queensland Museum. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  8. a b c ROTHSCHILD, Susan B. (2004). Beachcomber's Guide to Gulf Coast Marine Life. Texas, Louisiana, Mississippi, Alabama, and Florida (em inglês). [S.l.]: Taylor Trade Publications - Google Books. p. 45. 179 páginas. ISBN 1589790618. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  9. «Spirulida» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  10. LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 238. 256 páginas. ISBN 84-282-0308-3 
  11. a b RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 311. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  12. DANCE, S. Peter (2002). Smithsonian Handbooks: Shells. The Photographic Recognition Guide to Seashells of the World (em inglês) 2ª ed. London, England: Dorling Kindersley. p. 249. 256 páginas. ISBN 0-7894-8987-2 
  13. a b «Spirula spirula» (em inglês). Encyclopedia of Life. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  14. Photocheck2 (26 de novembro de 2010). «Ram's horn shell on copper» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  15. SABELLI, Bruno; FEINBERG, Harold S. (1980). Simon & Schuster's Guide to Shells. An Easy-to-Use Field Guide, With More Than 1230 Illustrations (em inglês). New York: Simon & Schuster. p. 432. 512 páginas. ISBN 0-671-25320-4 
  16. «fragmocone». Michaelis - UOL. 1 páginas. Consultado em 5 de novembro de 2018. ZOOL. Concha de molusco cefalópode dividida em câmaras por septos transversais. 
  17. WITHERINGTON, Blair; WITHERINGTON, Dawn (2011). Living Beaches of Georgia and the Carolinas (em inglês). [S.l.]: Pineapple Press Inc. - Google Books. p. 136. 342 páginas. ISBN 978-1561644902. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  18. a b «Spirula spirula (Linnaeus, 1758)» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  19. «Critter of the week: Spirula spirula» (em inglês). NIWA: Climate, Freshwater & Ocean Science. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  20. Denton, E. J.; Gilpin-Brown, J. B.; Howarth, J. V. (fevereiro de 1967). «On the buoyancy of Spirula spirula» (em inglês). Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom. Volume 47, Issue 1. (Cambridge University Press). pp. 181–191. Consultado em 28 de agosto de 2018. The shell is sufficiently strong to withstand the hydrostatic pressure of the sea at the depths at which the animal lives. 
  21. a b Warnke, Kerstin; Keupp, Helmut (novembro de 2005). «Spirula — a window to the embryonic development of ammonoids? Morphological and molecular indications for a palaeontological hypothesis» (em inglês). Facies. Volume 51, Issue 1–4. (Springer Science+Business Media). pp. 60–65. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  22. Ferreira-Rodríguez, Noé. «Registro del cefalópodo tropical Spirula spirula (Linnaeus, 1758) en el noroeste peninsular» (em espanhol). ResearchGate. 1 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2018. Ejemplar de Spirula spirula localizado en la Playa de Afife (Viana do Castelo, Portugal) en agosto de 2012. 
  23. Cassella, Carly (29 de outubro de 2020). «Scientists Are Freaking Out Over The First-Ever Footage of This Bizarre Squid» (em inglês). ScienceAlert. 1 páginas. Consultado em 29 de outubro de 2020 
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