Usuário:GualdimG/Aljustrel (vila)

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Aljustrel
  Vila  
Aljustrel
Aljustrel
Aljustrel
Símbolos
Brasão de armas de Aljustrel
Brasão de armas
Localização
Coordenadas 37° 52' 42.481" N 8° 9' 41.033" O
Município Aljustrel
Freguesia Aljustrel e Rio de Moinhos
História
Elevação a vila 1252
Outras informações
Orago Santíssimo Salvador

Aljustrel é uma vila histórica portuguesa situada na freguesia de Aljustrel e Rio de Moinhos, no município homónimo de Aljustrel, Distrito de Beja, região do Sul de Portugal.[1]

A vila de Aljustrel que tem cerca de 4 600 habitantes,[2] enquanto o município de Aljustrel com 458,47 km² de área[3] tem 9 257 habitantes (2011),[4][5] que habitam em 4 freguesias.[6]

Aljustrel é sede de concelho quase ininterruptamente desde de 1252, quando recebe Carta de Foral outorgada pela Ordem de Santiago e confirmada pelo rei D. Afonso III, sendo referida como Aliustre.[7]

Aljustrel é especialmente conhecida nacional e internacionalmente pelas suas Minas classificadas como Património Industrial Mineiro e Geológico.

Caracterização[editar | editar código-fonte]

Geologia[editar | editar código-fonte]

A geologia de Aljustrel é caracterizada por um soco paleozóico da Zona Sul Portuguesa representado pela Formação de Mértola, com cerca de 340 a 330 milhões de anos, e por um complexo Vulcano-Sedimentar da Faixa Piritosa Ibérica, com cerca de 352 a 330 milhões de anos.[8]

A mina de Aljustrel localiza-se na Faixa Piritosa Ibérica (FPI), mundialmente reconhecida pela sua riqueza em jazigos de sulfuretos maciços vulcanogénicos, vulgarmente conhecidos por pirites. Esta província metalogenética forma um arco com uma extensão de 250 km de comprimento e 30 a 60 km de largura, que abrange parte do Alentejo, do Algarve e da Andaluzia. No centro mineiro de Aljustrel conhecem-se reservas superiores a 250 milhões de toneladas de pirite, o que faz desta mina uma das maiores da FPI, a par de Neves-Corvo (mina em actividade localizada próximo de Almodôvar/ Castro Verde), e de Rio Tinto, Los Frailes-Aznalcollar, Tharsis, La Zarza e Sotiel-Migollas (áreas mineiras actualmente abandonadas e situadas em Espanha).[8]

Os jazigos de sulfuretos da FPI encontram-se associados a uma formação geológica constituída por rochas vulcânicas e sedimentares (Complexo Vulcano-Sedimentar), formada na era Paleozóica há cerca de 352 a 330 Milhões de anos. A sua génese está relacionada com a circulação de fluidos hidrotermais (água do mar modificada e fluidos magmáticos) entre as rochas, as quais sofreram por isso intensos processos físico-químicos de lixiviação e troca iónica. Nos locais de descarga destes fluidos formam-se, em ambiente marinho, massas de sulfuretos ricas em ferro, cobre, zinco, chumbo, prata e ouro.[8]

A área mineira de Aljustrel contempla seis massas de pirite dispostas ao longo de uma estrutura do Complexo Vulcano-Sedimentar com cerca de 6km. Os jazigos encontram-se distribuídos por dois alinhamentos principais distribuindo-se da seguinte forma de SE para NW (1Mt = 1 Milhão de toneladas de pirite maciça):[8]

  • Antiforma de Feitais: massas de Feitais (54Mt) e Estação (>20Mt).
  • Antiforma SW: massas de Algares, Moinho (44Mt), S. João (45Mt) e Gavião (25Mt).

As massas de Algares e S. João são aflorantes (Chapéu de Ferro) e foram intensamente exploradas quer em profundidade, quer a céu aberto, em cortas pouco profundas. Durante a época romana de exploração foi edificado o povoado de Vipasca, localizado junto ao Chapéu de Ferro de Algares e desenvolvidos trabalhos mineiros até cerca de 100m de profundidade.[8]

O jazigo do Moinho foi explorado pela companhia Pirites Alentejanas para cobre até 1993, produzindo-se então cerca de 1,2Mt/ano de concentrado.[8]

Clima[editar | editar código-fonte]

A localização de Aljustrel na região alentejana e a fraca influência atlântica cria uma situação contrastante típica desta região com baixa pluviosidade (564 mm é a pluviosidade média anual), elevadas amplitudes térmicas (16.4 °C é a temperatura média), invernos frescos e verões quentes. Da diferenciação entre a estação seca e estação húmida ressalta o domínio do clima mediterrânico.[9]

O número médio de dias no ano com temperatura máxima superior a 25 °C é de aproximadamente 100, não ocorrendo aquelas temperaturas nos meses de dezembro e janeiro, sendo os maiores valores atingidos nos meses de julho e agosto.[10]

História[editar | editar código-fonte]

No território do que é hoje é o município de Aljustrel, está documentada a passagem de grupos de caçadores-recoletores do Paleolítico. Contudo, os primeiros registos arqueológicos de início de povoamento remontam a finais do 3º milénio a.C. e situam-se no morro de Nossa Senhora do Castelo, uma comunidade que já se dedicava à extração e metalurgia do cobre. E foi este minério e a riqueza dos seus solos agrícolas que fizeram com que, a partir daí, a ocupação do território se tenha processado de forma ininterrupta, tendo-se recolhido vestígios de todos os períodos pré-históricos.[7]

Com a chegada dos romanos em finais do século I a.C., a exploração mineira sofreu um grande impulso com uma exploração bastante intensiva. Deste período, recolheram-se inúmeros vestígios dessa atividade para além de outros da vida quotidiana das populações. Foram também encontrados dois textos jurídicos gravados em bronze e que representam os mais antigos textos legislativos conhecidos no nosso país que, embora incompletos, foram exaustivamente estudados por investigadores nacionais e estrangeiros, bem como os restos de uma oficina metalúrgica onde se processava o tratamento do minério e também ruínas de habitações da povoação que se denominava Vipasca.[7]

Após o declínio e queda do Império Romano, outros povos por aqui terão passado, embora sem deixar a sua marca, uma vez que aqui não se fixaram. No século IX, com o domínio muçulmano da Península Ibérica, começaram aqui a fixar-se comunidades mouras, vindas principalmente do norte de África, e o lugar passou a denominar-se Albasturil. Construiram um castelo de taipa, no século XI, que se manteve funcional até à reconquista cristã, em 1234. A praça foi conquistada pelos cavaleiros da Ordem Militar de Santiago da Espada, a quem o rei D. Sancho II fez a doação dos territórios conquistados, com exceção dos rendimentos das minas e das termas de S. João do Deserto.[7]

A partir de 1252, o concelho de Aljustrel assume forma jurídica com a atribuição de Carta de Foral, outorgada pela Ordem de Santiago e confirmada pelo rei D. Afonso III, sendo referida nos textos como Aliustre.[7]

Em setembro de 1510 recebe nova Carta de Foral atribuída por D. Manuel I e que foi escrita por Fernão de Pina, guarda-mor da Torre do Tombo. Só em 28 de Setembro de 1516, é que foi publicado, em Aljustrel, por Álvaro Fragoso, cavaleiro da Casa de El-Rei, na presença do comendador da vila, Martim Vaz Mascarenhas e demais autoridades do concelho[7].

Em 1836, o concelho de Aljustrel vê aumentada a sua área, com a inclusão da freguesia de Ervidel, e em 1855 sofre nova alteração com a anexação de parte do extinto concelho de Messejana. Mais tarde, em 1871, acaba também por ser extinto o concelho de Aljustrel, embora por um curto período de três anos. Em 1910, Aljustrel adere de imediato à República, tendo um filho de Aljustrel, o Dr. Manuel de Brito Camacho, como médico, jornalista, político, deputado e ministro, sido um dos principais líderes do movimento republicano.[11]

Gastronomia[editar | editar código-fonte]

Gaspacho

A gastronomia regional alentejana é rica e variada. Condicionada pela escassez de meios, os alentejanos tiveram de ser criativos: a base da gastronomia sul-alentejana são o pão, a água e os temperos.

Com base no bom pão alentejano, com fermento da massa e cozido em forno de lenha, nos condimentos e ervas aromáticas, dos quais se destacam a hortelã da ribeira, os orégãos, os coentros, a hortelã e a salsa, na qualidade dos ingredientes e, sobretudo, na velha arte da confeção que passa de geração em geração, geram-se as especialidades gastronómicas: os gaspachos, as migas, as açordas, os cozidos de grão e de feijão e as sopas e ensopados são alguns dos pratos mais característicos da cozinha tradicional de Aljustrel.[12]

Património[editar | editar código-fonte]

  • Castelo de Aljustrel e Santuário de Nossa Senhora do Castelo
  • Igreja Matriz (Aljustrel)
  • Igreja Nossa Senhora das Dores (Aljustrel)
  • Casa De Dr. Manuel Brito Camacho (Aljustrel)
  • Igreja da Misericórdia de Messejana (Prisão e Torre)
  • Moinho de Vento (Moinho do Maralhas) em Aljustrel
  • Estádio Municipal de Aljustrel
  • Pavilhão Municipal Dos Desportos Armindo Peneque
  • Piscina Olímpica de Aljustrel (Ar Livre)
  • Parque da Vila- Jardim 25 de Abril (Aljustrel)

Orago[editar | editar código-fonte]

A vila de Aljustrel pertence à Paróquia de Aljustrel que tem por orago o Santíssimo Salvador.[13]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Vista de Aljustrel a partir da Igreja de Nossa Senhora do Castelo
  • Museu Municipal de Aljustrel
  • Museu da Mina de Aljustrel, transformado em núcleo museológico em finais da década de 1990
  • Central Compressor De Algares
  • Núcleo do Moinho de Vento (Moinho do Maralhas) em Aljustrel
  • Biblioteca Municipal de Aljustrel
  • Cementação das Pedras Brancas
  • Teleiras das Pedras Brancas
  • Malacate Poço de Viana
  • Malacate de São João do Deserto
  • Malacate Vipasca
  • Chaminé Transtagana
  • Casa do Procurador
  • Parque Mineiro de Aljustrel (Brevemente Aberto ao Público)

Desporto[editar | editar código-fonte]

O Sport Clube Mineiro Aljustrelense é o clube da vila, clube onde se praticam 4 desportos:

  • Futebol
  • Futsal Feminino
  • Patinagem Artística
  • Hoquei em patins

Feiras e eventos[editar | editar código-fonte]

  • Feira do Campo Alentejano (Aljustrel)
  • Noite Branca em Aljustrel
  • Dia Europeu sem Carros
  • Festicante (Aljustrel)

Colectividades[editar | editar código-fonte]

  • Moto Clube de Aljustrel
  • Associação dos Bombeiros Voluntários de Aljustrel
  • Sport Clube Mineiro Aljustrelense
  • TLA- Telefonia Local Aljustrel (Rádio de Aljustrel)

Heráldica[editar | editar código-fonte]

Brasão: Escudo a negro, fonte de ouro repuxada a prata. Em chefe, um crescente de ouro acompanhado de duas cruzes de Santiago, perfiladas a ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda a maiúsculas a negro: "VILA DE ALJUSTREL".[14]
Bandeira: Esquartelada de púrpura e branco, cordões e borlas de prata e púrpura. Haste e lança de ouro.[14]

Geminações[editar | editar código-fonte]

Aljustrel está geminada com França Hem, Nord, França

Referências

  1. Localização no Google Maps[1]
  2. INE (2013). Anuário Estatístico da Região Alentejo 2012 (PDF). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 31. ISBN 978-989-25-0214-4. ISSN 0872-5063. Consultado em 5 de maio de 2014 
  3. Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013 
  4. INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Alentejo (PDF). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 99. ISBN 978-989-25-0182-6. ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013 
  5. INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_ALENTEJO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013 
  6. Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  7. a b c d e f "CONCELHO - MARCOS HISTÓRICOS", no portal da União de Freguesias de Aljustrel e Rio de Moinhos, Concelho - Marcos Históricos, Junta de Freguesia de Aljustrel, 2010
  8. a b c d e f «Geologia - Município de Aljustrel». www.mun-aljustrel.pt. Consultado em 4 de julho de 2017 
  9. «Clima: Aljustrel - Gráfico climático, Gráfico de temperatura, Tabela climática - Climate-Data.org». pt.climate-data.org. Consultado em 4 de julho de 2017 
  10. «Clima - Município de Aljustrel». www.mun-aljustrel.pt. Consultado em 4 de julho de 2017 
  11. «História Social e Política - Município de Aljustrel». www.mun-aljustrel.pt. Consultado em 4 de julho de 2017 
  12. «Gastronomia - Município de Aljustrel». www.mun-aljustrel.pt. Consultado em 4 de julho de 2017 
  13. Contactos da Igreja Católica em Portugal, no portal Anuário Católico, [2]
  14. a b «Ordenação heráldica do brasão e bandeira de Aljustrel». www.ngw.nl. Consultado em 4 de julho de 2017 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]