Dispersão de sementes
A dispersão de sementes é o movimento ou transporte de sementes para longe da planta-mãe. O mecanismo de dispersão de sementes poderiam ser definidos como os meios pelos quais a espécie vegetal (semente) tenta "conquistar" novas áreas. Essa capacidade de distribuição aleatória da germinação no espaço, conferida pelos mecanismos de dispersão, seria o fator fundamental da heterogeneidade das populações vegetais. essa heterogeneidade, por sua vez, teria sido o fator mais importante na manutenção e na expansão dos vegetais sobre a Terra.[1][2]
Evolução da dispersão de sementes
[editar | editar código-fonte]Sendo as plantas organismos não dispersantes, elas estão sujeitas às variações ambientais e a períodos desfavoráveis, já que não possuem a capacidade de movimentação dos animais, que evitam situações desfavoráveis, migrando para outros locais. Assim, as plantas são organismos mais plásticos e possuem maior tolerância às variações ambientais. No entanto, caso não houvesse migração em nenhum dos estágios das plantas, a competição entre indivíduos de uma população e de populações adjacentes seria extremamente forte, e possivelmente poderia levar espécies à extinção via exclusão competitiva. Logo, a polinização e a dispersão de sementes garantem o movimento das plantas no espaço, e a migração de genes entre populações.[3]
Existem 3 hipóteses principais que explicam a evolução da dispersão de sementes, demonstrando vantagens do evento para as plantas. As hipóteses se baseiam em vantagens como: (a) evitar a mortalidade desproporcional das sementes e plântulas próximas à planta-mãe, (b) aumentar as chances da prole encontrar um ambiente livre de competição, (c) assegurar que a prole encontre um local favorável para se estabelecer.[carece de fontes]
Na natureza
[editar | editar código-fonte]As diferentes maneiras como os diásporos são dispersos e a frequência com que atingem ambientes favoráveis para o estabelecimento da planta é que determinam a riqueza e a distribuição espacial das populações de plântulas. Os padrões de distribuição no espaço dependem de interações diretas e indiretas com as forças seletivas bióticas e abióticas da comunidade. Assim, um dos processos que determinam a riqueza e distribuição das plantas é, sem dúvida, a síndrome de dispersão de frutos e sementes.[4]
A dispersão é caracterizada como o transporte dinâmico, resultando em estado passivo de distribuição dos diásporos desde a planta-mãe até um ambiente que ofereça condições favoráveis para o estabelecimento das espécies; assim, a dispersão torna-se realidade biológica que assegura a expansão das espécies.[4]
O conjunto de processos pelos quais sementes e frutos são dispersos ou transportados, à maior ou menor distância da planta-mãe, é definido como síndrome de dispersão. Existem quatro principais grupos de síndromes: 1) Zoocoria - dispersão realizada por diferentes grupos de animais 2) Anemocoria - síndrome cujo principal agente dispersor é o vento 3) Autocoria – as sementes são dispersas pelas próprias plantas, em que os frutos se abrem por deiscência explosiva e lançam as sementes e 4) Barocoria – dispersão realizada apenas pelo peso do diásporo e por ação da força gravitacional.[4]
Zoocoria
[editar | editar código-fonte]A zoocoria recebe várias denominações de acordo com o animal que dispersa:[5]
- Mirmecocoria: formigas
- Ictiocoria: peixes
- Saurocoria: répteis
- Ornitocoria: pássaros
- Mamaliocoria: mamíferos
- Quiropterocoria: morcegos
- Antropocoria: homem
Referências
- ↑ João, Nakagawa; Carvalho, N. M. " Sementes: Ciência, Tecnologia e Produção". 4. ed. Jaboticabal, SP,2000
- ↑ Howe, H F; Smallwood, J (1982). «Ecology of Seed Dispersal». Annual Review of Ecology and Systematics (1): 201–228. ISSN 0066-4162. doi:10.1146/annurev.es.13.110182.001221
- ↑ Leiner, N. O. "Consequências ecológicas da dispersão de sementes por vertebrados na estrutura de populações de plantas neotropicais", 2002
- ↑ a b c STEFANELLO, D. et al. "Síndromes de dispersão de sementes em três trechos de vegetação ciliar (nascente, meio e foz) ao longo do rio Pindaíba, MT". R. Árvore, Viçosa-MG, v.33, n.6, p.1051-1061, 2009.
- ↑ «Dispersão de frutos e sementes». Consultado em 11 de janeiro de 2018
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cousens, Roger; Dytham, Calvin; Law, Richard (6 de março de 2008). Dispersal in Plants: A Population Perspective. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-929911-9
- Dennis, Andrew J. (2007). Seed Dispersal: Theory and Its Application in a Changing World. [S.l.]: CABI. ISBN 978-1-84593-165-0
- Denslow, Julie Sloan (1987). «Tropical Rainforest Gaps and Tree Species Diversity». Annual Review of Ecology and Systematics. 18: 431–451. ISSN 0066-4162. JSTOR 2097139. Consultado em 1 de novembro de 2016
- Dudley, Robert (8 de janeiro de 2004). «Ethanol, Fruit Ripening, and the Historical Origins of Human Alcoholism in Primate Frugivory». Integrative and Comparative Biology. 44 (4): 315–323. ISSN 1540-7063. PMID 21676715. doi:10.1093/icb/44.4.315. Consultado em 1 de novembro de 2016
- Estrada, Alejandro; Fleming, T. H. (30 de junho de 1986). Frugivores and Seed Dispersal. [S.l.]: Springer. ISBN 978-90-6193-543-8
- Fleming, T. H.; Estrada, Alejandro (6 de dezembro de 2012). Frugivory and seed dispersal: ecological and evolutionary aspects. [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 978-94-011-1749-4
- Gallagher, Robert S. (6 de dezembro de 2013). Seeds, 3rd Edition: The Ecology of Regeneration in Plant Communities. [S.l.]: CABI. ISBN 978-1-78064-183-6
- Herrera, Carlos M. (1995). «Plant-Vertebrate Seed Dispersal Systems in the Mediterranean: Ecological, Evolutionary, and Historical Determinants». Annual Review of Ecology and Systematics. 26: 705–727. ISSN 0066-4162. JSTOR 2097225. Consultado em 1 de novembro de 2016
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- Levey, Douglas John; Silva, Wesley R.; Galetti, Mauro (2002). Seed Dispersal and Frugivory: Ecology, Evolution, and Conservation. [S.l.]: CABI. ISBN 978-0-85199-525-0
- Levin, Simon A.; Muller-Landau, Helene C.; Nathan, Ran; Chave, Jérôme (2003). «The Ecology and Evolution of Seed Dispersal: A Theoretical Perspective». Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics. 34: 575–604. ISSN 1543-592X. JSTOR 30033787. Consultado em 1 de novembro de 2016
- Lugo, Ariel E.; Lowe, Carol (6 de dezembro de 2012). Tropical Forests: Management and Ecology. [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 978-1-4612-2498-3
- Murray, David R. (2 de dezembro de 2012). Seed Dispersal. [S.l.]: Academic Press. ISBN 978-0-323-13988-5
- Pijl, L. van der (9 de março de 2013). Principles of Dispersal in Higher Plants. [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 978-3-662-00799-0
- Ridley, Henry Nicholas (1930). The Dispersal of Plants Throughout the World (em inglês). Kent: L. Reeve & Company, Limited
- Wunderle Jr., Joseph M (dezembro de 1997). «The role of animal seed dispersal in accelerating native forest regeneration on degraded tropical lands». Forest Ecology and Management. 99 (1–2): 223–235. ISSN 0378-1127. doi:10.1016/S0378-1127(97)00208-9. Consultado em 1 de novembro de 2016
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Frutas e dispersão de sementes» (em inglês), Universidade de Vanderbilt
- «Modelo interativo de movimentos de espécies de plantas induzidos por mudanças climáticas» (em inglês)