Equilíbrio Distante
| Equilibrio Distante | |||||||
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| Álbum de estúdio de Renato Russo | |||||||
| Lançamento | Dezembro de 1995 | ||||||
| Gravação | 1995[1] | ||||||
| Gênero(s) | Pop[1] | ||||||
| Duração | 65:12 (conforme fonte principal do artigo)[2] 64:38 (conforme encarte)[3] | ||||||
| Idioma(s) | italiano | ||||||
| Formato(s) | CD | ||||||
| Gravadora(s) | EMI 
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| Produção | Renato Russo, Carlos Trilha | ||||||
| Cronologia de Renato Russo | |||||||
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Equilibrio Distante é o segundo álbum solo de Renato Russo, lançado em dezembro de 1995.[4] Consiste de regravações de canções em italiano, lançadas originalmente por cantores do país europeu.
O álbum foi preparado ao longo de nove meses (sem contar pré-produção, mixagem e masterização), num período conturbado para Renato, que convivia com a depressão àquela altura de sua vida.[5] Atingiu a marca de 200 mil cópias vendidas pouco após seu lançamento.[6]
Produção[editar | editar código-fonte]
Contexto[editar | editar código-fonte]
Renato mencionou o projeto pela primeira vez ao tecladista Carlos Trilha (que acompanhava a sua principal banda, Legião Urbana, e que tinha participado de sua estreia solo, The Stonewall Celebration Concert) após um show da banda no Metropolitan, no Rio de Janeiro.[7]
Viagem à Itália[editar | editar código-fonte]
Por sugestão da gravadora EMI-Odeon, Renato viajou à Itália para aprofundar suas pesquisas para o disco. Inicialmente, ele relutou, pois tinha medo de ser confundido com um terrorista devido à sua aparência - com efeito, acabou selecionado aleatoriamente para uma revista no Aeroporto de Milão.[8]
Acabou aceitando quando viu a oportunidade de convidar Gilda Mattoso para acompanhá-lo. Gilda havia sido assessora de imprensa das gravadoras Ariola Discos e PolyGram e em 1989 havia aberto um escritório com o sócio Marcus Vinícius para assessorar artistas como Gilberto Gil, Cazuza, Caetano Veloso, Elba Ramalho, entre outros. Anteriormente, ela havia estudado e trabalhado na Itália, inclusive auxiliando o produtor Franco Fontana a levar artistas brasileiros para o país europeu. Acabou se casando com um deles - Vinicius de Moraes.[9]
Na comuna de Sesto ed Uniti (mais precisamente no município de Sesto Cremonese[1]), Renato descobriu que seus antepassados eram camponeses, e não nobres como imaginava. Ficou menos incomodado, contudo, ao ser informado que foi naquela região que os violinos Stradivarius foram criados.[8]
A viagem, que consistiu em quatro noites em Milão e outras quatro em Roma[4], resultou em visitas a músicos italianos e uma grande quantidade de discos locais adquiridos[10] - mais de 200.[4] Ele também aproveitou a jornada para buscar documentos necessários para obter a cidadania italiana[8] para ele e para seu filho que pertenciam a seus bisavós Maria e Piero.[4]
O repertório escolhido, segundo italianos que Renato abordou durante suas pesquisas, não representa a Itália. Por outro lado, nomes como Laura Pausini ganharam fôlego no Brasil após serem revelados pelo disco.[7]
Gravação[editar | editar código-fonte]
A gravação do álbum foi realizada ao longo de 1995[1], primeiramente em computador, e depois transferida para fitas magnéticas, pois os arranjos deste disco envolviam mais instrumentos e os canais eram limitados na época.[6]
Os primeiros problemas com a gravação envolveram o baixo: Renato não aprovava o trabalho de Marcos Pessoa. Carlos encontrou a solução em Arthur Maia, que ajeitava as partes desejadas.[11] Bruno Araújo, outro membro de apoio da Legião Urbana, também tocou o instrumento, além do próprio Renato.[11]
Além disso, Carlos lembra que teve de lidar com a imprevisibilidade de Renato, sem nunca conseguir prever se ele ia aprovar ou reprovar algo.[11] O canto se mostrou outro problema: desacostumado com aquele tipo de música (se comparado ao que fazia na Legião Urbana), Renato detestou a primeira gravação, abandonou o estúdio por um tempo e desmarcou sessões. Estava inseguro também por conta do sotaque que ele acreditava ter; para contornar isso, fez aulas particulares do idioma.[12]
Na época de lançamento do disco, contudo, Renato declarou em entrevista à International Magazine que "o estilo de cantar deles [dos italianos] era muito parecido com o meu" e que a temática deles era parecida com a da Legião Urbana, "que é aquela coisa de se falar de ética, canções de amor que têm um fundo social... Sempre aquela coisa do indivíduo confuso com o mundo, tentando resolver as coisas do mundo".[12]
"Passerà" foi uma das primeiras faixas que Renato mostrou a Carlos. Sobre ela, o tecladista comentou:[13]
| “ | (...) é uma música que me deu o maior trabalho. Eu detestei essa música depois, porque ela tem uma harmonia esquisita (...) O caminho mais curto entre dois pontos não é uma reta, mas oito notas. Os italianos têm essa escola de rebuscar a harmonia e ter modulação. No teclado, para preparar um arranjo, quando tem modulação, muda tudo. Deu o maior trabalho. | ” |
Várias outras canções foram gravadas (um total de 21 foram concebidas para o disco[14]), porém, não estavam com seus arranjos prontos e ficaram de fora. Elas foram posteriormente finalizadas e lançadas em O Último Solo, disco solo póstumo de Russo.[15]
A obra chegou às lojas em dezembro de 1995, um mês antes de Renato ter de voltar ao estúdio para iniciar as gravações daqueles que seriam os últimos discos da Legião Urbana.[4]
Capa e arte[editar | editar código-fonte]
A capa do disco é formada por desenhos de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo (que tinha seis anos na época[1]), em papel texturizado.[12] Elas mostram o Pão de Açúcar, o Estádio do Maracanã, o Coliseu e a Torre de Pisa (grafada como "Torre de Pizza").[1]
O encarte veio em forma de livreto (ideia de Renato), com letras capitulares inspiradas na grafia do século XIX, fotos de antepassados de Renato e imagens que retirou de suas pesquisas. O diretor artístico Egeu disse que aquela foi a primeira vez que um álbum brasileiro saía com um projeto gráfico desses. Só havia uma gráfica no Rio de Janeiro com equipamento para imprimir o encarte daquela forma.[12]
Recepção[editar | editar código-fonte]
Em uma breve crítica, a Folha de S.Paulo afirmou que o disco "não consegue repetir o lirismo delicado de The Stonewall Celebration Concert" e o define como "brega", dando como possíveis motivos "a língua, os arranjos melosos e a escolha do repertório".[16]
Faixas[editar | editar código-fonte]
| N.º | Título | Compositor(es) | Artista original[1] | Duração | |
|---|---|---|---|---|---|
| 1. | "Gente" | Cheope, Marco Marati , Angelo Valsiglio | Laura Pausini | 5:30 | |
| 2. | "Strani amori" | Roberto Buti, Cheope, Marco, Angelo | Laura Pausini | 4:10 | |
| 3. | "I Venti del Cuore" | Piero Fabrizi, Massimo Bubola | Fiorella Mannoia | 4:40 | |
| 4. | "Scrivimi" | Nino Buonocore | Nino | 3:58 | |
| 5. | "Dolcissima Maria" | Mauro Pagani, Flavio Franco Premoli, Franco Mussida | Premiata Forneria Marconi | 7:58 | |
| 6. | "Lettera" | Cheope, Marco, Giovanni Salvatori, Angelo | Laura Pausini | 3:36 | |
| 7. | "La solitudine" | Federico Cavalli, Pietro Cremonesi, Angelo | Laura Pausini | 4:10 | |
| 8. | "Passerà" | Falagiani, Bigazzi, Aleandro Baldi | Aleandro | 4:47 | |
| 9. | "Wave (Come Fa Un'Onda)" (contém trecho de "Wave", de Antônio Carlos Jobim) | Nelson Motta, Lulu Santos (versão: Massimiliano de Tomassi) | Massimiliano ("Come Fa Un'Onda") / Tom Jobim ("Wave") | 3:31 | |
| 10. | "La Forza Della Vita" | Dati, Paolo Vallesi | Paolo Vallesi e Beppe Dati | 5:17 | |
| 11. | "Due" | Cheope, Testa, Raf | Raf | 5:06 | |
| 12. | "Più o Meno" | Renato Zero | Renato Zero | 3:23 | |
| 13. | "La Vita è Adesso" | Claudio Baglioni | Claudio | 9:06 | |
Duração total: |
65:12[2] | ||||
Créditos[editar | editar código-fonte]
Adaptados do encarte e do livro usado como fonte principal:[17][3]
Músicos[editar | editar código-fonte]
- Renato Russo
- Vocais em todas as faixas;
- Violão em "Gente", "Dolcissima Maria", "Lettera", "La Solitudine" e "La Forza Della Vita";
- Baixo em "Gente"
- Guitarra de doze cordas em "I Venti Del Cuore";
- teclados em "Gente", "I Venti Del Cuore", "Dolcissima Maria", "Passerà", "Come Fa Un'Onda", "Due" e "La Vita É Adesso";
- Lauto[nota 1] em "I Venti Del Cuore";
- Pandeireta em "La Vita É Adesso".
- Carlos Trilha - teclados em todas as faixas exceto "Più o Meno", na qual tocou piano; programação em todas as faixas exceto "Strani Amori", "Lettera" e "Più o Meno"; rhythm-track em "Due"
- Paulo Lourenço - guitarra em "Strani Amori", "Due"; violão em "Strani Amori"
- Paulo Loureiro - violão em "Scrivimi"[nota 2]
- Ricardo Palmeira - violão em "Dolcissima Maria" e "La Vita É Adesso"
- Cláudio Jorge - violão em "Come Fa Un'Onda"
- Arthur Maia - baixo em "Strani Amori", "Scrivimi", "Passerà", "Come Fa Un'Onda", "La Forza Della Vita" e "Due"
- Bruno Araújo - baixo em "Dolcissima Maria" e "La Vita É Adesso"
- Marcos Pessoa - baixo em "I Venti Del Cuore"
- Eduardo Constant - bateria em "Gente", "Strani Amori", "I Venti Del Cuore", "Dolcissima Maria", "Passerà", "Due" e "La Vita É Adesso"
- Jota Moraes - arranjo e regência em "Più o Meno"
- Pareschi - spalla
- José Alves, Vidal, Daltro, Perrotta e Bernardo Bessler - violinos
- Jairo e Marie Bessler - violas
- Alceu Reis e Marcelo Salles - violoncelos
- Denner Campolina - contrabaixo acústico
- Betina Graziani, Nair de Cândia e Jurema de Cândia - coral
- Robert Shaw, Renato Cellini, Robert Shaw Chorale, RCA Victor Orchestra - coral em "La Vita È Adesso"
Notas
- ↑ O encarte, escrito quase totalmente em italiano, diz que Renato tocou "lauto" nesta faixa, mas a palavra não existe em italiano. Presume-se que pode ser flauta ("flauto") ou alaúde ("liuto").
- ↑ O encarte menciona que "Paulo Loureiro" tocou violão nesta faixa, mas pode ter sido um erro de digitação e se tratar de Paulo Lourenço.
Referências
- ↑ a b c d e f g Ferreira, Mauro (6 de agosto de 2020). «Discos para descobrir em casa – 'Equilíbrio distante', Renato Russo, 1995». G1. Grupo Globo. Consultado em 28 de setembro de 2020
- ↑ a b Fuscaldo 2016, p. 177.
- ↑ a b (1995). "Anotações de Equilíbrio Distante". Em Equilíbrio Distante [encarte do CD]. Rio de Janeiro: EMI.
- ↑ a b c d e Dapieve, Arthur (11 de outubro de 2015). «Disco 'Equilíbrio distante', de Renato Russo, é viagem às raízes familiares». Uai. Diários Associados. Consultado em 4 de julho de 2020
- ↑ Fuscaldo 2016, p. 170.
- ↑ a b Fuscaldo 2016, p. 176.
- ↑ a b Fuscaldo 2016, pp. 170-171.
- ↑ a b c Fuscaldo 2016, p. 172.
- ↑ Fuscaldo 2016, pp. 171-172.
- ↑ Fuscaldo 2016, p. 173.
- ↑ a b c Fuscaldo 2016, p. 174.
- ↑ a b c d Fuscaldo 2016, p. 175.
- ↑ Fuscaldo 2016, p. 171.
- ↑ Ryff, Luiz Antônio (12 de novembro de 1997). «Renato Russo faz seu "Último Solo"». Folha de S.Paulo. Grupo Folha. Consultado em 4 de julho de 2020
- ↑ Fuscaldo 2016, p. 180.
- ↑ «Disco - Renato Russo». Grupo Folha. Folha de S.Paulo (24371). 24 de dezembro de 1995. Consultado em 3 de julho de 2020
- ↑ Fuscaldo 2016, pp. 174-176.
- Fuscaldo, Chris (2016). Discobiografia Legionária. São Paulo: LeYa. ISBN 978-85-441-0481-1
