Escrita artificial

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Uma Escrita artificial (também chamada de escrita construída ou neografia) é um sistema de escrita criado especificamente por um indivíduo ou por um grupo, não sendo fruto de uma evolução conjunta com uma língua, como ocorreu com a escrita natural. Algumas são desenvolvidas para uso com línguas artificiais e também há as que têm uso em experiências linguísticas ou outros objetivos mais práticos nas línguas já existentes.

Dentre as mais importantes escritas artificiais estão o Alfabeto fonético internacional (IPA) e a escrita Hangul do coreano. Outras, como os alfabetos “Shavian”, “26” e “Deseret”, foram criados para reformas ortográficas da Língua inglesa. Houve também escritas como a Visible Speech desenvolvida por Alexander Melville Bell, a “Unifon” de John Malone foram desenvolvida com objetivos pedagógicos. A escrita “Blissymbols” desenvolvida como escrita para uma Língua auxiliar e as diversas Taquigrafias podem também ser consideradas como escritas construídas. Porém, Braille, código Morse e LIBRAS são códigos, não escritas artificiais.

Escritas construídas e naturais[editar | editar código-fonte]

Todas as escritas, sejam "naturais” ou as ditas “construídas”, sejam a Chinesa ou a Árabe, são criações humanas. Porém, as ditas tradicionais evoluíram de outras escritas mais antigas junto com a língua falada, não tendo sido criadas por uma pessoa num momento específico. Na maioria dos casos, os alfabetos foram adotados, ou seja, uma língua passa a ser escrita com um alfabeto já usado por outra, alfabeto que vai sofrer adaptações durante séculos em função do ambiente de atuação (ex.: as letras w e j foram adicionadas ao alfabeto latino ao longo do tempo).

A construção de uma escrita implica o fato de o autor já conhecer um sistema de escrita existente. Caso contrário, a “invenção” implicaria não somente criar uma escrita, mas também criar um conceito para a história da uma escrita. Assim, uma escrita construída é sempre feita com base em pelo menos um sistema mais antigo de escrita, fazendo com que seja difícil distinguir se é uma simples adoção de uma escrita existente ou a criação de uma nova. Como exemplo, temos o Alfabeto cirílico e o Alfabeto gótico, que são bem similares ao Alfabeto grego e que foram criados por autores individuais.

Em casos bem raros uma escrita não evoluiu de uma escrita preexistente, mas é uma “proto-escrita”(casos conhecidos são: escrita cuneiforme, hieróglifos maias, hieróglifos egípcios, escrita chinesa e, possivelmente, Rongorongo). Esses processos se caracterizaram por variação gradual de um sistema de símbolos, não num projeto de criação primária.

Sistemas construídos[editar | editar código-fonte]

Línguas sem escrita prévia[editar | editar código-fonte]

Algumas, como as escritas Hangul, Cherokee, N'Ko, Fraser e Pollard foram criadas para permitir que algumas línguas faladas naturais que não tinham escritas adequadas pudessem ser escritas. Os alfabetos Armênio, Georgiano e Glagolítico podem ser enquadrados nessa categoria, embora não se conheçam suas exatas origens. As escritas Elder Futhark e Ogham também são assumidos como alfabetos criados por alguma pessoa, cada um deles.

A Prof. S. Prasanna Sree[1] da Andhra University, Visakhapatnam, Andhra Pradesh, India, desenvolveu 8 escritas novas para 8 línguas tribais já existentes, Gadaba, Jatapu, Kolam, Konda-dora, Porja, Koya, Kupia, Bagatha, tendo vivido junto a essas tribos durante um período de 19 anos.

Diferentes variantes de alguns alfabetos importantes com modificações para aplicação em línguas sem escrita própria foram desenvolvidas por linguistas e missionários diversos. Foi o caso do Alfabeto latino usado em línguas nativas das Américas, da África e Ásia, o Alfabeto cirílico em línguas da Sibéria e Ásia Central, o Alfabeto árabe em línguas africanas.

Línguas fictícias[editar | editar código-fonte]

KLI pIqaD é uma escrita fictícia para a Língua klingon da série televisiva Star Trek

As mais conhecidas escritas construídas para línguas ficcionais são as elaboradas por J. R. R. Tolkien, Tengwar e Cirth, mas há outras como a escrita da Língua klingon, Aurebesh de Star Wars e a língua “D'ni” da série “Myst” de vídeo games.

Aplicações técnicas[editar | editar código-fonte]

Alguns sistemas de escrita foram desenvolvidos com objetivos técnicos por especialistas de várias especialidades. Um dos principais exemplos é o IPA (Alfabeto fonético internacional), usada pelos lingüistas para descrever os sons das linguagens humanas nos mínimos detalhes. Mesmo usando o Alfabeto latino o IPA contém letras criadas, letras Gregas e muitos diacríticos.

Unicode[editar | editar código-fonte]

Algumas Neografias foram codificadas em Unicode, como, por exemplo, os alfabetos “Shavian” e “Deseret”. Uma proposta para uso do sistema de escrita da Língua klingon, mas isso foi descartado pelo fato da maoria dos falantes de Klingon preferirem usar somente o alfabeto Latino. Uma versão modificada da alocação do kernel do Linux para pIqaD na área de uso privado de Unicode foi adicionada ao Registro Unicode do ConScript (U + F8D0 a U + F8FF) por Michael Everson. Desde então, várias fontes usando essa codificação apareceram, e o software para digitação em pIqaD tornou-se disponível. O texto existente no alfabeto latino também pode ser facilmente convertido em pIqaD. O tradutor do Bing pode transliterar entre as formas pIqaD e latinas[2]; Ainda há intenção de codificar em Unicode as línguas Tengwar e Cirth, bem como um projeto não oficial de coordenar as codificações de muitas “línguas artificiais” em Áreas de Uso Privado Unicode (U+|E000 - U+F8FF e U+000F0000 - U+0010FFFF), chamado “Conscript Unicode Registry”.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Nota[editar | editar código-fonte]

  1. [1] Dr Prasanna Sree
  2. «Klingon scripts». Wikipedia (em inglês). 23 de fevereiro de 2021. Consultado em 11 de maio de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]