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Herta Müller

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Herta Müller

Herta Müller em 2016
Nascimento 17 de agosto de 1953 (71 anos)
Niţchidorf, distrito de Timiş, Roménia
Nacionalidade  Alemanha e Roménia
Cônjuge
  • Richard Wagner (1984–1989)
  • Harry Merkle
Alma mater
Ocupação Escritora e tradutora
Período de atividade 1982 - presente
Prêmios
Magnum opus O rei faz vénia e mata (2003)
Assinatura
Assinatura de Herta Müller

Herta Müller (em alemão [ˈhɛʁta ˈmʏlɐ], Niţchidorf, 17 de agosto de 1953) é uma novelista, escritora, poeta, ensaísta e tradutora alemã nascida na Romênia.

Desde o início dos anos 1990, tornou-se uma figura literária de renome internacional, com suas obras traduzidas para mais de vinte idiomas.

Müller é conhecida por seus trabalhos que retratam os efeitos da violência, da crueldade e do terror, geralmente ambientados na República Socialista da Romênia sob o regime repressivo de Nicolae Ceaușescu, experiência que ela própria vivenciou. Muitos de seus escritos são narrados do ponto de vista da minoria alemã na Romênia e também representam a história moderna dos alemães no Banato e na Transilvânia. Seu aclamado romance Tudo o que Eu Tenho Trago Comigo (Atemschaukel), publicado em 2009, aborda a deportação da minoria alemã da Romênia para os Gulags soviéticos durante a ocupação soviética do país, onde foram utilizados como mão de obra forçada.[1]

Até hoje, Müller recebeu mais de vinte prêmios, incluindo o Prêmio Kleist (1994), o Prêmio Aristeion (1995), o Prêmio Internacional de Literatura de Dublin (1998) e o Prêmio de Direitos Humanos Franz Werfel (2009). Em 8 de outubro de 2009, a Academia Sueca anunciou que ela havia sido laureada com o Prêmio Nobel de Literatura[2], descrevendo-a como uma escritora "que, com a concentração da poesia e a franqueza da prosa, retrata a paisagem dos despossuídos".[3]

A utilização da língua alemã por Herta Müller é um signo de resistência, mas também, uma fonte de preconceito, trauma e violência. A ficção de Müller é moldada pela violência contra a minoria de fala alemã na Romênia da ditadura comunista.[1]

Müller nasceu em uma família de agricultores católicos suábios do Banato, em Nițchidorf (alemão: Nitzkydorf; húngaro: Niczkyfalva), uma vila de língua alemã no Banato romeno, no sudoeste da Romênia, até os anos 1980. Seu avô foi um fazendeiro e comerciante abastado, mas teve suas propriedades confiscadas pelo regime comunista. Seu pai integrou a Waffen-SS durante a Segunda Guerra Mundial e sustentava-se como caminhoneiro na Romênia comunista.[4] Em 1945, sua mãe, Katarina Gion, nascida em 1928 e então com 17 anos, foi uma das 100 mil pessoas da minoria alemã deportadas para campos de trabalho forçado na União Soviética, de onde foi libertada em 1950. No romance Atemschaukel (Tudo o que Eu Tenho Trago Comigo, no Brasil), publicado em Munique em 2009, Herta Müller abordou a deportação de alemães originários da Romênia para a União Soviética. Esse romance, indicado ao Prêmio Alemão do Livro pela "Fundação Robert Bosch", chegou à final entre os seis melhores em 16 de setembro.[5][6]

O idioma nativo de Müller é o alemão, tendo aprendido romeno apenas na escola primária. Ela se formou no Colégio Nikolaus Lenau antes de ingressar na Universidade Ocidental de Timișoara, onde estudou germanística e literatura romena. Em 1976, Müller começou a trabalhar como tradutora em uma fábrica de engenharia, mas foi demitida em 1979 por se recusar a colaborar com a Securitate, a polícia secreta do regime comunista. Após sua demissão, sustentou-se inicialmente dando aulas em um jardim de infância e oferecendo aulas particulares de alemão.[6][7]

Livros editados em português

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  • Niederungen: Depressões. Tradução brasileira de Ingrid Ani Assmann. Globo, 2010.
  • Der Mensch ist ein grosser Fasan auf der Welt: Brasil: O homem é um grande faisão no mundo: um conto / Portugal: O homem é um grande faisão sobre a terra. Tradução brasileira de Tercio Redondo, Companhia das Letras, 2013. Tradução portuguesa de Maria Antonieta C. Mendonça. Cotovia, 1993.
  • Der fuchs war damals schon der Jäger: Brasil: A raposa já era o caçador / Portugal: Já então a raposa era o caçador. Tradução brasileira de Cláudia Abeling, Biblioteca Azul, tradução portuguesa de Aires Graça, Dom Quixote, 2012.
  • Herztier: Brasil: Fera d'alma / Portugal: A terra das ameixas verdes. Tradução brasileira de Claudia Abeling, Biblioteca Azul, 2013. Tradução portuguesa de Maria Alexandra A. Lopes Difel, 1999.
  • Heut wär ich mir lieber nicht begegnet: Brasil: O Compromisso / Portugal: Hoje Preferia não me ter encontrado. Tradução brasileira de Lya Luft. Globo, 2004. Tradução portuguesa de Aires Graça. Dom Quixote, 2011.
  • Der könig verneigt sich und tötet: O rei faz vénia e mata. Tradução portuguesa de Helena Topa. Texto Editores, 2011.
  • Atemschaukel: Brasil: Tudo o que tenho levo comigo / Portugal: Tudo o Que Eu Tenho Trago Comigo. Tradução brasileira de Carola Saavedra. Companhia das Letras, 2011. Tradução portuguesa de Aires Graça. Dom Quixote, 2010.
  • Niederungen, Bucareste (1982); editado em língua inglesa com o título Nadirs pela University of Nebraska Press, Lincoln, NE - EUA. (1999).
  • Drückender Tango, Bucareste (1984).
  • Der Mensch ist ein großer Fasan auf der Welt, Berlim (1986).
  • Barfüßiger Februar, Berlim (1987).
  • Reisende auf einem Bein, Berlim (1989).
  • Wie Wahrnehmung sich erfindet, Paderborn (1990).
  • Der Teufel sitzt im Spiegel, Berlim (1991).
  • Der Fuchs war damals schon der Jäger, Reinbek bei Hamburg (1992).
  • Eine warme Kartoffel ist ein warmes Bett, Hamburgo (1992).
  • Der Wächter nimmt seinen Kamm, Reinbek bei Hamburg (1993).
  • Angekommen wie nicht da, Lichtenfels (1994).
  • Herztier, Reinbek bei Hamburg (1994).
  • Hunger und Seide, Reinbek bei Hamburg (1995).
  • In der Falle, Gotinga (1996).
  • Heute wär ich mir lieber nicht begegnet, Reinbek bei Hamburg (1997).
  • Der fremde Blick oder Das Leben ist ein Furz in der Laterne, Göttingen (1999)
  • Im Haarknoten wohnt eine Dame, Reinbek bei Hamburg (2000).
  • Heimat ist das, was gesprochen wird, Blieskastel (2001).
  • Der König verneigt sich und tötet, Munique (2003).
  • Die blassen Herren mit den Mokkatassen, Munique (2005).
  • Este sau nu este Ion, Iaşi (2005).
  • Atemschaukel, Munique (2009).

Prémios (seleção)

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Referências

  1. a b Klein, Kelvin Falcão (2 de janeiro de 2013). «Um túnel no fim da luz: Tive que fugir». Um túnel no fim da luz. Consultado em 12 de agosto de 2021 
  2. «The Nobel Prize in Literature 2009». NobelPrize.org (em inglês). Consultado em 12 de agosto de 2021 
  3. Graça Magalhães-Ruether (28 de julho de 2009). «Nobel de Literatura em 2009, Herta Müller fala da dura experiência de escrever sobre o passado nazista, refugiado e dissidente de sua família». Consultado em 24 de março de 2025 
  4. Boehm, Interviewed by Philip (2014). «The Art of Fiction No. 225» (em inglês) (210). ISSN 0031-2037. Consultado em 12 de agosto de 2021 
  5. Stefanescu, Cristian (17 de agosto de 2023). «Herta Müller: Master seamstress of words at 70». Deutsche Welle. Consultado em 24 de março de 2025 
  6. a b «Preisverleihung in Frankfurt: Herta Müller rechnet mit evangelischer Kirche ab» (em alemão). Der Spiegel. Consultado em 24 de março de 2025 
  7. «Alumni: Herta Müller». Deutscher Akademischer Austauschdienst. Consultado em 24 de março de 2025 

Ligações externas

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Precedido por
Jean-Marie Gustave Le Clézio
Nobel de Literatura
2009
Sucedido por
Mario Vargas Llosa